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Lavando Louça com Sócrates

Lavando Louça com Sócrates

Author: Lavando Louça com Sócrates

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E aí, já lavou a louça hoje? Já deu aquela ajeitada na casa? Não? Então pega o fone de ouvido, aperte o play e garanta já a sua crise existencial na companhia do filósofo, historiador e apaixonado por doguinhos, @yuri_socrates. Garantimos, a cada episódio, uma dose confortável de desconforto existencial!
37 Episodes
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Eu amo o tédio. Amo aqueles momentos em que, aparentemente, não temos nada para fazer e posso, assim, voltar-me a mim, aos meus pensamentos, aos meus sentimentos. No tédio é que posso, enfim, conhecer um pouco mais sobre quem sou e o mundo ao meu redor. A sociedade atual, porém, atua na contramão do tédio: são informações, sons e imagens incessantes, com uma verdadeira demonização do ócio e do tédio. Portanto, venha comigo e com o filósofo francês Guy Debord discutir sobre os problemas oriundos da nossa Sociedade do Espetáculo, que nos afasta do tédio e de nós mesmos.
"Viver, naturalmente, nunca é fácil. Continuamos fazendo os gestos que a existência impõe por muitos motivos, o primeiro dos quais é o costume." Hoje analisamos criticamente a conflituosa relação entre a pessoa e o meio, o ator e seu cenário, buscando compreender de que forma encaramos, consciente ou inconscientemente, os diversos sofrimentos, medos e angústias da vida. Venha colocar as louças em dia comigo, com Arthur Schopenhauer e com Sigmund Freud.
O maior motor das redes sociais é o narcisismo, influenciado pela busca constante por atenção, likes e compartilhamentos. Este mecanismo, entretanto, não nasceu hoje, mas se aprimorou com o avanço dos smartphones e a popularização da internet. A partir daí levantamos algumas perguntas principais: quais os limites do narcisismo das redes sociais? De que forma abdicamos da própria identidade em favor da construção de uma imagem superficial e que é orientada pelo "engajamento"? Venha lavar louças comigo, Bauman, Han e Marcuse para mais um devaneio filosófico!
Arte e filosofia caminham juntas e não haveria de ser diferente. Ambas existem no mesmo vão, no mesmo limiar da vida: o campo da incerteza, da dúvida, da dor e da angústia. A arte comunica sem comunicar, assim como a filosofia responde sem responder. A arte não é uma opção, mas o único caminho possível para uma vida bem vivida, para uma vida sem garantias de um amanhã ou de um além. Venham comigo, com Emil Cioran, com Albert Camus e com Charles Bukowski para mais um (dionisíaco) devaneio existencial.
Quanto mais episódios você ouve, quanto mais livros você lê, quanto mais você conhece, menos você sabe. Parece que quanto mais nadamos, mais distantes nos sentimos de qualquer praia. Será que há uma praia? Será que há um porto seguro? Ou será que a nossa principal constante é, justa e paradoxalmente, a incerteza? Diante da dúvida é que buscamos conhecer, mas é por conta do desconforto frente às incertezas que nos jogamos naquilo que Soren Kierkegaard chamava de "salto de fé". Mas não seria o salto de fé apenas mais um suicídio filosófico, como sugeria Albert Camus?
São manuais, regras e padrões, a todo instante, instigando o que devemos fazer para sermos bem sucedidos e bem reconhecidos. São caminhos, métodos e dicas sobre como viver, mas pouco se fala sobre saber respeitar o fim, seja da vida, da experiência ou de um momento específico. O quanto não deixamos de realmente degustar da existência pelo fato de termos o amanhã e o depois de amanhã como certos? Venham comigo, com Merleau-Ponty e com outros pensadores, para refletirmos, juntos, sobre a importância de sabermos morrer e de sabermos respeitar a morte e o fim de tudo o que existe.
Todos passamos por momentos em que os dias parecem se repetir. Cópias dos dias anteriores. Porém, ainda assim, percebemos gradativamente que algo muda. Olhamos para pessoas, lugares e objetos que nos eram familiares e que parecem ter mudado. Ou será que a mudança está em nós? Esta é a questão central sobre a qual divagamos hoje: a existência precede a essência. Arregace as mangas e venha lavar louças comigo e com Jean-Paul Sartre para um desmembramento da obra "A Náusea", romance existencialista de 1938.
Ficar em silêncio não é apenas se calar, mas também desafogar os sentidos a fim de realmente ouvir, ver e tocar. A contemplação e o manuseio são fundamentais para que eros - o desejo e a curiosidade - sejam alimentados. Porém, em uma sociedade barulhenta, sonora e visualmente, desaprendemos o silêncio em prol do incessante entretenimento e do vício em produtividade. Sem o silêncio o indivíduo se torna a coisa diante dos entes e se quece, até mesmo, da própria mortalidade. Lavemos a louça hoje acompanhados por Martin Heidegger e Byung Chul Han em mais uma crítica à casca da existência, rumo sempre ao seu âmago!
Na sociedade do excesso de produtos e informações, tudo pode ser banalizado, inclusive as pessoas e as relações. Diante da suposta necessidade de ter sempre uma opinião pronta sobre tudo ou de participar de toda e qualquer tendência virtual: qual é o espaço dado ao atemporal, àquilo que subsiste ao tempo, àquilo que se solidifica na reflexão e na dúvida? O atemporal é representado pelos dramas amorosos de Orfeu e Eurídice, pelos "Sofrimentos do Jovem Werther", pela vingança do capitão Ahab contra Moby Dick, dentre outros exemplos. O atemporal é o fruto maior da capacidade reflexiva do ser humano, um atributo que parece perder mais espaço conforme mais recebemos informações e conforme mais exigimos uma finalidade e um sentido claro e objetivo pelo qual devemos fazer, ser ou viver. De Sócrates a Goethe e Melville, venha comigo para mais uma pilha de louças!
O que o vincula a outro ser humano? O sofrimento e a solidão. Ambos sofrem. Ambos já se sentiram e se sentirão sozinhos. Porém, pergunto a vocês: o quão importante é o sentimento de solidão para a totalidade da vida de uma pessoa? A solidão, o silêncio e a percepção da própria existência (somada à constatação da aparente falta de sentido da vida) libertam a pessoa da ânsia do entretenimento e da hiperprodutividade. Viver é incerto. Viver é fugaz. Sentir é visceral. A não ser que a consciência do indivíduo esteja silenciada e anestesiada pelos sons do entretenimento e do medo da solidão.
O que há em comum entre as obras 1984, Admirável Mundo Novo e Fahrenheit 451? Dentre outros aspectos, as três denunciam com veemência práticas anti-intelectuais e de desvalorização cultural, ao passo que criticam os maus usos do consumo superficial de informações e suas consequências: alienação, obediência cega a líderes, desenvolvimento da agressividade, busca do prazer através do consumo. As práticas de demonização da cultura, da arte e da literatura não são novas na história e também não se encerraram: nada amedronta mais a vaidade do Grande Irmão do que o senso crtítico de um Winston qualquer.
Viver é um ato de revolta, dizia Albert Camus. E a arte é o caminho de revolta que subsiste ao movimento destrutivo da história. Para muitos autores, pintores e músicos o sentimento atribuído à arte é vital, de tal forma que produzir artisticamente nunca foi uma opção, mas a maneira pela qual puderam resistir às dores do mundo e dos séculos.
Hoje eu, Bauman, Han e Adorno perguntamos a você: sabe quando você tem aquele olhar distante pela janela, desejando o silêncio, revivendo em sua cabeça certos momentos e relações? Sabe quando você ama visceralmente? Sabe quando você se vincula na totalidade com algo, alguém ou algum lugar, sem esperar que este algo, alguém ou lugar satisfaça às suas vaidades? Então, se você sabe o que é isso, posso inferir algumas coisas sobre você: você sabe o que é amor; você sabe o que é felicidade e você sabe o que é melancolia. A melancolia é uma consequência de uma vida vivida na profundidade, sem a expectativa de positividades e vaidades, porém acompanhada de reais felicidades. Vem comigo contemplar a melancolia!
As pessoas não querem ser livres. Elas querem ser salvas. E em nome da segurança de não se responsabilizar pelas próprias escolhas e pela própria existência, abdicam da liberdade, consumindo "liberdades" voláteis, superficiais. Para o sujeito não-livre, o maior alimento é a ilusão da liberdade, servida através do desejo de ser livre.
"Deus está morto. Deus continua morto. E nós o matamos", escreveu Friedrich Nietzsche. O que acontece quando o homem derruba a figura divina e toma o seu lugar? Quais as responsabilidades advindas de tamanho poder? Afinal, se nada é verdadeiro, tudo é permitido? Esta indagação marca um dos pilares de discussão do existencialismo desde finais do século XIX até os nossos dias: tornar-se deus é ser um senhor ou ser o próprio juiz, capaz de julgar a si mesmo? Vem lavar a louça comigo em mais uma viagem filosófica!
Você acredita que o mundo é dividido entre o bem e o mal? Você acredita que há pessoas inclinadas ao mal e que estas devem ser combatidas por aquelas que são naturalmente boas? Qual o papel do senso crítico diante da maldade? O que é ser conivente com o mal? O nazismo foi praticado por Hitler, apenas, ou também por seus apoiadores? Todos que apoiaram o nazismo eram pessoas exclusivamente ruins? E, por fim, pergunto-lhe: quem é você? Hoje devanearemos sobre a banalização do mal, conceito de Hannah Arendt, e a forma como nos inclinamos a olhar o mundo sob uma perspectiva maniqueísta e, também, excludente.
Por que você levantou hoje da cama, passou o seu café e fez tudo o que fez? Por que você tá lavando a louça nesse momento? Por que você tá ouvindo novamente esse podcast, sendo que tudo vai acabar um dia? Eu respondo: pois viver é, por si só, um ato de constante rebeldia, discutida pelo antropólogo americano Ernest Becker como uma incessante "negação da morte". Dito isso, querido ouvinte, aperta o play e vem comigo entender sobre como tudo o que nós - humanos - já fizemos e faremos advem diretamente do nosso medo e incompreensão da morte. Ah! E mais uma coisa: agradeço de coração aos mais de 10 mil ouvintes! :)
"O excesso de positividade também é uma forma de violência". Somos todos afetados pela forma como a nossa sociedade é viciada pela postura "good vibes", pela ansiedade por produtividade e pela escravidão à vida instagramável. No episódio de hoje eu te convido pra bater um papo comigo e com Han sobre o quão problemático o excesso de positividade e de facilidades pode ser às pessoas. Mergulhemos juntos nas obras "A sociedade do cansaço", "A sociedade da transparência", "A agonia de Eros" e a "Topologia da violência".
Por quê tememos tanto o fracasso e o desespero? Por quê tememos tanto a monotonia e o ócio? Estas sensações e momentos são comuns a todos os seres e responsáveis por construir quem somos. O otimismo, o conceito social de sucesso e a crença em um padrão de felicidade são, para Emil Cioran, destrutíveis à vitalidade da vida, pois é justamente na dor, na tristeza e na frustração que nos conhecemos e nos descobrimos. Vem comigo pra mais uma dose de desconforto existencial e um bate-papo entre Cioran, Camus e Han!
Existe um certo e um errado objetivos? Ou será que, invariavelmente, julgamos o mundo ao nosso redor com base em nossas subjetividades? Ellie e Abby, de "The Last of Us", sentiram em suas peles este embate entre objetivo e subjetivo. Vem comigo esmiuçar este título de videogame e toda a pesada e crua filosofia que carrega em sua narrativa.
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