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Ciência & Cultura Cast
Ciência & Cultura Cast
Author: Mauricio Domene
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Podcast da revista Ciência & Cultura, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Entrevistas e bate-papos com especialistas em temas de ciência, cultura e suas inúmeras conexões com nossas vidas. Números mensais em publicações temáticas trimestrais. Cada episódio, muitas descobertas.
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A Amazônia é uma das maiores riquezas naturais e culturais do planeta, abrigando imensa biodiversidade, vastos recursos hídricos e populações que há séculos desenvolvem modos sustentáveis de vida. Mais que uma floresta, ela é um sistema vivo que regula o clima global e sustenta milhões de pessoas. Com a realização da COP30 em Belém, o mundo volta seus olhos para a região, onde os saberes tradicionais e as políticas de conservação se unem ao desafio de transformar a preservação em motor de desenvolvimento. “O grande perigo atualmente, com as mudanças climáticas, o crescimento populacional e o uso desenfreado de recursos é que haja um colapso da capacidade de suporte do planeta, então o planeta vai chegar num limite que não consegue mais sustentar as populações que aqui vivem”, alerta Luiz Aragão, Pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Coordenador do Programa Mudanças Climáticas Globais da FAPESP.
A maior parte das cidades do Brasil ainda não tem uma Politica Municipal de Educação Ambiental. Tema é destaque no novo episódio do Ciência & Cultura Cast. Apenas 30% dos municípios brasileiros possuem políticas de educação ambiental, com grandes disparidades regionais, segundo o IBGE. O podcast Ciência & Cultura Cast discute o tema, destacando o papel central da educação frente à crise climática. Apesar de avanços em drenagem urbana, problemas como lixões, baixa coleta seletiva e falta de inovação persistem. “As mudanças climáticas é a ponta do iceberg de escolhas históricas que nós temos feito nos últimos tempos. E a educação tem esse papel fundamental de, primeiro, fazer com que as pessoas compreendam um pouco o papel das cidades e o papel das pessoas e instituições que estão nas cidades”, afirma Edson Grandisoli, consultor e especialista em educação climática e economia circular.
Novo episódio do Ciência & Cultura Cast debate a relação entre água, clima e urbanização, com participação da especialista Marussia Whately. O novo episódio do Ciência & Cultura Cast discute os desafios da gestão da água nas cidades, tema crucial diante das mudanças climáticas e do crescimento urbano. Marussia Whately, diretora do Instituto Água e Saneamento, alerta para a vulnerabilidade das metrópoles e defende a segurança hídrica como direito essencial, que envolve abastecimento, proteção contra poluição e desastres, preservação dos ecossistemas e governança eficiente. “As cidades com grande concentração de pessoas têm se mostrado locais com grande vulnerabilidade e muito mal preparadas na sua grande maioria para lidar com o clima mais extremo. E água e clima são inseparáveis”, alerta.
Altamente emissoras e vulneráveis, as áreas urbanas estão no centro do combate às mudanças climáticas As cidades, responsáveis por mais de 70% das emissões globais de gases de efeito estufa, são peças-chave no combate às mudanças climáticas — mas também sofrem seus impactos de forma aguda, como enchentes, ondas de calor e escassez hídrica, especialmente em áreas vulneráveis. Para enfrentar a crise, é essencial investir em soluções urbanas sustentáveis (transporte limpo, infraestrutura verde e energia renovável) e envolver as comunidades na construção de adaptações justas e eficazes, transformando desafios ambientais em oportunidades de equidade e inovação. “Áreas de infraestrutura verde podem fazer esse papel de mitigar os efeitos das mudanças climáticas, amenizando o calor, absorvendo mais água, porque esse é o papel que a infraestrutura verde ou a natureza faz”, explica Ivan Maglio, pesquisador do Instituto de Estudos Avançados (IEA) no Centro de Síntese Cidades Globais e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, na área de infraestrutura verde.
No Ano Internacional da Ciência e das Tecnologias Quânticas, arte e ciência se entrelaçam em sons, ideias e possibilidades. No Ano Internacional da Ciência e das Tecnologias Quânticas, Moreno Veloso — cantor, compositor e produtor musical – fala sobre como a arte traduz conceitos científicos, como a improvisação musical dialoga com a incerteza quântica e como a música pode aproximar o público dos mistérios da ciência moderna. “A física quântica começou a, de uma certa forma, abrir mais os horizontes da ciência de uma forma geral”, pontua Moreno Veloso, que também é formado em Física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “E essa abertura, essa estranheza, pode ser preenchida com todos os tipos de arte e de pensamento. Ela só não pode ser preenchida com a ignorância”, conclui
Dos átomos aos circuitos eletrônicos, a teoria quântica ultrapassa fronteiras e transforma nossa compreensão do universo — e do presente. Em 1925, os físicos Werner Heisenberg, Max Born e Pascual Jordan inauguraram a mecânica quântica com a formulação da mecânica matricial, revolucionando a física e abrindo caminho para uma compreensão mais profunda do universo — dos átomos às galáxias. Um século depois, a teoria quântica é essencial não apenas para a ciência, mas para a tecnologia cotidiana, viabilizando desde lasers e ressonâncias magnéticas até os chips que alimentam celulares e computadores. Em reconhecimento a esse impacto, a Unesco declarou 2025 como o Ano Internacional da Ciência e Tecnologia Quânticas. Mais recentemente, pesquisas como as do brasileiro Amir Caldeira mostram que fenômenos como superposição e emaranhamento não se limitam ao mundo subatômico, podendo ocorrer também em sistemas maiores — o que amplia ainda mais o potencial da física quântica para gerar inovações e moldar o futuro da tecnologia. Tudo que você vê em física hoje – tem algumas exceções, claro – mas o que está envolvido com tecnologia, em geral, envolve mecânica quântica. E isso não é de hoje, isso vem de muito tempo, como o laser e o transistor. Isso está aí, permeando nossas vidas”, explica Amir Caldeira, professor do Instituto de Física da Unicamp e membro da Academia Brasileira de Ciências.
Como a física quântica inspira a literatura e amplia a imaginação científica Buscar relações entre física e arte pode parecer improvável, mas ambas partilham o desejo de compreender e expressar o mundo, ainda que por caminhos distintos. A física quântica, com seus paradoxos como o emaranhamento e a incerteza, há tempos inspira escritores a explorar metáforas sobre a subjetividade e a instabilidade do real, enquanto a literatura ajuda a popularizar conceitos complexos, tornando-os parte do imaginário coletivo.Para Marco Lucchesi, presidente da Biblioteca Nacional e imortal da Academia Brasileira de Letras, a separação radical entre ciência e cultura empobrece o conhecimento: “Senão, vamos departamentalizar de forma radical o conhecimento, burocratizá-lo, e nisso saímos todos perdendo. Na melhor das hipóteses, sairemos todos tristes e melancólicos, porque não teremos mais a aventura do inesperado, que é o que determina a física quântica”, afirma. Em 2025, essa conexão ganha ainda mais destaque com o Ano Internacional da Ciência e Tecnologia Quântica, proclamado pela ONU, celebrando um século da mecânica quântica e seu impacto na ciência e na cultura.
Especialistas destacam a necessidade de políticas de Estado para garantir avanços consistentes na ciência abertaA ciência aberta no Brasil é tema do Ciência & Cultura Cast. As professoras Fernanda Sobral, da UnB, e Claudia Bauzer Medeiros, da Unicamp, que atuam como editoras científicas da edição da Ciência & Cultura sobre “Ciência Aberta”, debatem com Ricardo Galvão e Débora Menezes, do CNPq, e Denise Carvalho, da Capes, os desafios e oportunidades das políticas de ciência aberta no Brasil. Destaca-se a necessidade de políticas de Estado para democratizar o conhecimento, promover transparência e colaboração, enquanto se equilibram questões éticas e investimentos em infraestrutura e capacitação.
Wilson Gomes, professor da UFBA, discute o papel estratégico da comunicação no combate à desinformação em episódio do Ciência & Cultura Cast Wilson Gomes, professor da UFBA e coordenador do INCT-DD, destaca, em entrevistas conduzidas por Renato Janine Ribeiro para a revista Ciência & Cultura, a importância da comunicação de qualidade e do jornalismo ético no combate à desinformação e à defesa da democracia. Em um contexto de polarização e fake news, o psquisador defende que o jornalismo baseado em dados e na ética é essencial para preservar a confiança pública nas instituições e o bem-estar social. Ele também enfatiza a necessidade de investir em educação midiática para capacitar a população a distinguir informações confiáveis, além de destacar o papel da ciência e da arte na criação de narrativas que unam a sociedade e fortaleçam a democracia. “A democracia exige tolerância, mas, infelizmente, estamos vivendo em uma sociedade onde cada lado vê o outro como um inimigo a ser eliminado”, pontua.
Margareth Dalcolmo, pesquisadora da Fiocruz, defende a informação para proteger o bem-estar social e a democracia em episódio do Ciência & Cultura Cast A desinformação na saúde representa uma grave ameaça ao bem-estar da população e à democracia, prejudicando campanhas de vacinação e minando a confiança nas instituições e na ciência. Na edição especial da revista Ciência & Cultura sobre “Desinformação, Democracia e Autoritarismo”, Margareth Dalcolmo, da Fiocruz, destaca que a comunicação de qualidade, ética e acessível é essencial para combater fake news e proteger o bem comum. Defendendo a ciência como ferramenta de transformação social, a pesquisadora alerta que uma sociedade bem informada é menos vulnerável a retrocessos e mais capaz de garantir direitos fundamentais, como a saúde pública. “Não podemos aceitar que discursos nocivos comprometam a saúde pública e ampliem o sofrimento coletivo”, defende.
Eugênio Bucci, professor da ECA-USP, defende o jornalismo ético e plural para proteger a democracia no episódio do Ciência & Cultura Cast A edição especial da revista Ciência & Cultura, com o tema “Desinformação, Democracia e Autoritarismo”, destaca em entrevistas conduzidas por Renato Janine Ribeiro, professor da USP e presidente da SBPC, a importância da comunicação de qualidade, ética e plural para proteger a democracia e o bem-estar social. Especialistas como Eugênio Bucci alertam que a desinformação, ao fragmentar a sociedade e minar a confiança pública, compromete não apenas o diálogo público, mas também a saúde emocional coletiva. “Essa corrosão da credibilidade afeta instituições fundamentais como a ciência, as universidades, a perícia judicial, o trabalho dos historiadores e a imprensa. Quando essa rede epistêmica implode, a verdade perde seu valor e sua autoridade natural”, afirma. Nesse cenário, o jornalismo responsável, fundamentado em evidências e comprometido com a pluralidade, é apresentado como ferramenta essencial para enfrentar manipulações, defender as instituições democráticas e promover o equilíbrio entre diferentes perspectivas.
Médica infectologista Luana Araújo alerta sobre os perigos da desinformação para a saúde pública no episódio do Ciência & Cultura Cast A edição especial da revista Ciência & Cultura destaca como a desinformação ameaça não apenas a democracia, mas também a saúde pública, com foco nos desafios enfrentados durante a pandemia de Covid-19. Em entrevista conduzida por Renato Janine Ribeiro, presidente da SBPC, a infectologista Luana Araújo reflete sobre o impacto devastador das narrativas falsas, que comprometeram a resposta à crise sanitária no Brasil e resultaram em mais de 720 mil mortes. Para ela, uma comunicação baseada em ciência é essencial para salvar vidas, reconstruir a confiança nas instituições e enfrentar desigualdades, reforçando o papel estratégico da informação de qualidade para o bem-estar da população. “Estamos imersos em um ambiente onde há uma produção massiva de informações de baixíssima qualidade – ou, pior, de desinformação feita dolosamente, com intenção clara”, alerta.
Juremir Machado da Silva, escritor e professor da PUC-RS, discute o combate à desinformação em episódio do Ciência & Cultura Cast A edição especial da Ciência & Cultura, sob a liderança de Renato Janine Ribeiro, presidente da SBPC, destaca como a comunicação de qualidade é crucial para proteger a saúde pública e fortalecer a democracia frente à ameaça da desinformação. Em entrevista, Juremir Machado, professor da PUC-RS, alerta que a disseminação de fake news enfraquece a confiança nas instituições e prejudica a adoção de medidas essenciais, como a vacinação. Ele defende que uma comunicação baseada em evidências, clara e empática, é indispensável para combater manipulações que comprometem o bem-estar coletivo, reforçando a conexão entre ciência, jornalismo e o direito à informação verdadeira. “Acredito que o papel do jornalista é buscar a verdade factual, aquela que pode ser demonstrada”, defende.
Martin Grossmann, professor da USP, defende a importância da comunicação e da arte no combate à desinformação e ao autoritarismo em episódio do Ciência & Cultura Cast Em um cenário de crescente polarização política e avanços autoritários, a comunicação de qualidade e a arte desempenham papéis essenciais na defesa da democracia e no combate à desinformação. Na edição especial da revista Ciência & Cultura, Renato Janine Ribeiro entrevista importantes pensadores como Martin Grossmann, professor do Departamento de Informação e Cultura da Escola de Comunicações e Artes da USP, que destaca como a comunicação pode ser uma ferramenta contra fake news e ameaças às liberdades civis, enquanto a arte, como forma de resistência, amplifica vozes marginalizadas e questiona estruturas opressivas. Ambos enfatizam que, em tempos de polarização, é urgente garantir um diálogo saudável, baseado em informações precisas e acessíveis, e combater os efeitos da desinformação, que enfraquecem a confiança nas instituições e prejudicam o bem-estar da população. “Esses discursos utilizam a democracia para se promover, mas, ao mesmo tempo, afetam negativamente a própria estrutura que sustenta o sistema democrático”, pontua.
Descobertas pioneiras da cientista na fixação biológica do nitrogênio continuam a impulsionar a agricultura brasileira e inspirar a pesquisa moderna Johanna Döbereiner revolucionou a agricultura no Brasil ao desenvolver estudos sobre a fixação biológica do nitrogênio, contribuindo para a sustentabilidade agrícola e economias anuais bilionárias ao país. Suas pesquisas impulsionaram a criação do programa de melhoramento da soja e consolidaram o Brasil como um dos maiores produtores globais, além de fortalecer a produção de etanol. “Eu posso dizer que, se não fosse trabalho dela, nós não seríamos hoje o maior produtor mundial da soja”, afirma a engenheira agrônoma Mariângela Hungria, pesquisadora da Embrapa e professora do programa de pós-graduação em Biotecnologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Sua trajetória não só destacou a importância da ciência na resolução de problemas sociais e ambientais, mas também inspirou mulheres na ciência, rompendo barreiras em um campo dominado por homens e motivando mudanças em busca de maior representatividade feminina na pesquisa científica.
Etnomusicóloga usa trilha sonora para contar história da antropóloga brasileira e revela como a música pode dar novas dimensões à preservação e valorização das culturas indígenas Berta Gleizer Ribeiro, antropóloga brasileira, é uma figura central na antropologia e etnologia do Brasil. Seu trabalho pioneiro, especialmente na valorização e preservação das culturas indígenas da Amazônia, teve um impacto duradouro na ciência brasileira. No ano de seu centenário, sua trajetória é celebrada como um exemplo de dedicação à pesquisa e defesa dos direitos dos povos originários. Em homenagem a sua vida e obra, o documentário “Para Berta, com Amor” retrata sua contribuição à antropologia. A trilha sonora, composta pela musicista e etnomusicóloga Ollivia Maria Gonçalves, é um elemento fundamental que ajuda a contar a história de Berta. A combinação de imagem e som no documentário não só reforça o impacto do legado de Berta Ribeiro, como amplia sua visibilidade para novas gerações. Sua contribuição à antropologia continua a influenciar o campo, e a música agora emerge como uma ferramenta poderosa para dar ainda mais vida à sua obra.
Mudanças climáticas e eventos extremos ameaçam recursos hídricos e colocam em risco a saúde e a sobrevivência da população O Brasil, que detém a maior reserva de água doce do mundo, enfrenta desafios cada vez maiores devido às mudanças climáticas. As alterações nos padrões climáticos estão causando eventos extremos, como secas e inundações, tornando a disponibilidade de água imprevisível e agravando a escassez hídrica em várias regiões. Esses impactos têm consequências devastadoras, especialmente para as populações vulneráveis. Quando eventos extremos ocorrem, como enchentes ou secas severas, o abastecimento de água pode ser destruído ou contaminado, elevando o risco de doenças, comprometendo a segurança da água potável e agravando ainda mais o estresse hídrico. “Temos muitas doenças de veiculação hídrica. E à medida que aumenta a precipitação, você aumenta a quantidade dessas doenças, como a proliferação de larvas de mosquitos, por exemplo, que crescem em poças de água com temperatura mais elevada. Assim há um crescimento muito grande, por exemplo, da dengue, como foi constatado este ano no Brasil. Mas não só a dengue, como outras doenças causadas por bactérias e protozoários. Então há reflexos bastante sérios na saúde humana”, alerta José Galizia Tundisi, professor do Instituto de Estudos Avançados da USP e presidente do Instituto Internacional de Ecologia e Gerenciamento Ambiental (IIEGA).
Aquecimento global está forçando comunidades a abandonarem suas terras e exacerbando crises sociais e econômicas As mudanças climáticas no Brasil estão agravando crises sociais e econômicas, levando ao aumento de deslocamentos forçados, especialmente em regiões afetadas por secas no Norte e inundações no Sul. Esses “deslocados ambientais”, embora não reconhecidos oficialmente no direito internacional, enfrentam a perda de seus meios de subsistência e a ameaça aos seus direitos humanos. As mudanças climáticas também amplificam outras vulnerabilidades, como a pobreza e a escassez de recursos, criando um ciclo que pode gerar novos conflitos e mais deslocamentos, destacando a necessidade de políticas urgentes para proteger essas populações. “Os nossos deslocados ambientais internos são invisíveis e não recebem proteção nenhuma. Não há nem lei, nem política pública para protegê-los”, alerta Andrea Pacheco Pacífico, professora do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Universidade Estadual da Paraíba e coordenadora do Núcleo de Estudo e Pesquisa sobre Deslocados Ambientais (Nepda).
Pesquisadora defendeu a regulamentação da psicologia e promoveu o avanço científico em tempos desafiadores. Carolina Bori foi uma pioneira na ciência e na política científica brasileira. Ela introduziu a Análise Experimental do Comportamento no Brasil em uma época em que a psicologia ainda era um campo de estudo novo e pouco explorado no país. Em 1987, Carolina Bori quebrou barreiras ao ser eleita a primeira mulher presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), superando um espaço historicamente dominado por homens. Sua coragem, determinação e habilidade diplomática a destacaram como uma das grandes cientistas do país. Bori sempre defendeu com fervor a importância da ciência se aproximar do público e do poder, e de se espalhar por todos os setores da sociedade. Ela acreditava na ampliação do conhecimento científico e em seu alcance. Participou da criação de cursos de Psicologia Experimental na USP, em Rio Claro, e nas universidades federais de São Carlos, Bahia, Pará e Rio Grande do Norte. Na Universidade de Brasília (UnB), criou o Laboratório de Psicologia Experimental e coordenou o Instituto de Psicologia entre 1963 e 1965. “Ela recebeu o registro número um de psicóloga no Brasil porque ela teve um papel muito importante nas comissões que se empenharam para criar os cursos de psicologia no país e criar a profissão de psicólogo”, conta Deyse das Graças de Souza, professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e coordenadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia sobre Comportamento, Cognição e Ensino. Sua atuação política foi notável, desde a defesa da regulamentação da profissão de psicólogo e o estabelecimento do primeiro currículo mínimo para a formação de psicólogos no Brasil, até a mobilização da comunidade científica para a elaboração de propostas para a nova Constituição Federal de 1988. Carolina Bori entregou pessoalmente a proposta oficial da comunidade científica à Assembleia Constituinte em abril de 1987. Ela também ocupou diretorias em diversas sociedades científicas, como a Associação Brasileira de Psicologia, a Sociedade de Psicologia de São Paulo, a Associação de Modificação de Comportamento e a Sociedade Brasileira de Psicologia, além da SBPC. “Ela tinha essa profunda convicção de que era o desenvolvimento científico, o desenvolvimento das diferentes áreas da ciência, que levaria o país adiante”, pontua Deyse de Souza, que foi orientanda de Carolina Bori. O ativismo marcou toda a trajetória de Carolina Bori. No início de sua carreira, ela lutou pela consolidação da psicologia como ciência no Brasil e, posteriormente, pelo desenvolvimento científico e tecnológico como um todo. Ela acreditava que a ciência e a educação eram os caminhos para o desenvolvimento do país. Após a regulamentação da profissão, Carolina Bori participou ativamente da elaboração do currículo mínimo para os cursos universitários de psicologia e da criação de cursos na UFSCar e na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL) de Rio Claro, hoje parte da Universidade Estadual Paulista (Unesp). “Ela investiu muito tempo para ver o desenvolvimento científico, para promover, para criar condições, para criar discussões, para criar bases e possibilidades para que as pessoas se desenvolvesse e ao se desenvolverem cientificamente, também desenvolvessem a ciência em geral no Brasil”, finaliza Deyse de Souza.
Educação matemática de qualidade é um fundamental para o desenvolvimento do país A matemática desempenha um papel crucial na sociedade moderna, sendo fundamental para o avanço científico, tecnológico e econômico. No Brasil, a superação dos estigmas associados à matemática é essencial para promover a educação de qualidade e impulsionar o desenvolvimento nacional. Muitos estudantes enfrentam dificuldades com a matemática, frequentemente percebida como uma disciplina inacessível. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), uma das razões para essa percepção é a formação precária de professores, especialmente nas séries iniciais do ensino fundamental. Este déficit na formação impacta negativamente a habilidade dos alunos em compreender conceitos matemáticos de forma significativa, muitas vezes limitando o aprendizado a memorização de regras sem entendimento profundo. Mas a SBM vem trabalhando para mudar esse cenário. “Acredito que é muito importante desmistificar isso e mostrar que a matemática pode sim ser acessível a todos e todas que queiram estudar matemática”, afirma Jaqueline Godoy Mesquita, professora do Departamento de Matemática da Universidade de Brasília (UnB) e presidente da SBM. Para ela, a popularização da ciência, incluindo a matemática, é fundamental para criar uma sociedade mais informada e curiosa. Iniciativas como museus de ciência e tecnologia desempenham um papel vital nesse processo. Especialmente porque, segundo Jaqueline Mesquita, a matemática é uma ferramenta indispensável no cotidiano. “Nós usamos a matemática para tudo, desde a senha do banco até para atravessar uma rua”. Assim, desde a gestão financeira pessoal até a tomada de decisões informadas em diversas áreas profissionais, a compreensão matemática capacita os indivíduos a resolver problemas e inovar. A educação matemática de qualidade é um pilar para o desenvolvimento nacional. Superar os estigmas associados à matemática e promover sua popularização são passos essenciais para preparar uma geração capaz de enfrentar os desafios do futuro e contribuir para o progresso científico e social do Brasil. “Temos visto nesses últimos anos, com essas emergências climáticas e também com o período da pandemia, que estamos enfrentando vários desafios globais. E justamente quando olhamos para esses desafios globais, vemos que não tem como avançarmos sem a matemática. Porque as tomadas de decisão (desde período de quarentena, tempo entre as vacinas, ou mesmo previsão do tempo) são baseados em modelos matemáticos”, pontua Jaqueline Mesquita. “Então vemos que, de fato, é importante que a nossa população tenha esse conhecimento matemático mais aprofundado, inclusive para atuar em outras áreas do conhecimento”, conclui.























