A Arte da Guerra

O mundo como nunca o ouviu. O podcast semanal do Jornal Económico, "A Arte da Guerra", conduzido pelo jornalista António Freitas de Sousa, conta com a análise do embaixador Francisco Seixas da Costa aos temas internacionais mais pertinentes.

“Estratégia de Segurança dos EUA é uma corporização do ‘trumpismo’ à escala internacional”

A nova Estratégia de Segurança dos Estados Unidos abre um novo capítulo da presença dos EUA no mundo ou será apenas uma ‘manifestação de interesses’ por parte do atual presidente, eventualmente para esquecer com a próxima administração? Partindo-se do princípio que é uma estratégia que ‘veio para ficar e ficou mesmo’, o que será da NATO? E da União Europeia? E do Médio Oriente? Por falar em Médio Oriente, vale a pena percorrer um ano de Síria sem a presença venenosa da família al-Assad. Como também vale a pena perceber-se em que ponto está a persistente crise política em França – num quadro em que ‘macroonistas’ e socialistas testam a possibilidade de um alinhamento circunstancial, mas em que todos já só pensam nas presidenciais de 2027.

12-10
40:23

“A diplomacia norte-americana está partida em relação à Ucrânia"

Num quadro em que um acordo de paz para a Ucrânia está ainda muito longe, não ajuda o facto de o lado norte-americano – onde não há vestígio da “excelente escola de diplomacia” dos Estados Unidos – apresentar diversos discursos, pontos de vista e posturas, conforme os envolvidos.A Ucrânia e os países europeus que apoiam o país têm um caminho cada vez mais estreito para fazerem valer os seus pontos de vista. Estreito é também o caminho dos palestinianos – que todos os dias morrem em Gaza apesar do cessar-fogo – que assistem a novas peripécias do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, desta vez na frente da Justiça.Como estreito é também o caminho de entendimento entre os Estados Unidos e a Venezuela – que a administração Trump considera, contra todas as evidências, um narco-Estado.

12-04
35:16

"Será muito difícil a Zelensky aceitar esta espécie de humilhação"

O plano de paz de 28 pontos – que é o tema único do programa desta semana – que se transformou num segundo e num terceiro plano, é uma forma de constatação de que a guerra foi ganha pela Rússia e que, nesse contexto, é a Ucrânia que tem de ceder. Território, perspetivas e futuro e identidade. O plano, que começou mal (ninguém sabia dele senão nos círculos mais restritos da Casa Branca e do Kremlin), parece neste momento estar condenado ao fracasso, como estiveram todos os outros, se é que alguma vez chegou a haver um. Para já, ninguém acredita que possa vir a ser um plano eficaz.

11-27
34:55

“Há uma mudança substantiva dos EUA” em relação à Arábia Saudita

Num quadro em que o Irão continua a ser ‘o’ inimigo dos Estados Unidos no Médio Oriente, a visita de ‘estadão’ do príncipe-herdeiro da Arábia Saudita à Casa Branca assume os seus verdadeiros contornos. E percebe-se melhor a razão que leva Donald Trump a correr o risco de intranquilizar os seus amigos israelitas ao permitir a venda de caças F-35 ao reino árabe. Com a União Europeia prestes a tomar uma decisão sobre o uso dos ativos russos congelados em Bruxelas, percebe-se melhor a razão que leva o presidente ucraniano a fazer um périplo de compras que o levou a Atenas, Paris e Madrid. Mais a norte, e perante as inesperadas dificuldades do primeiro-ministro britânico em ‘singrar’ à frente do executivo apesar de anos e anos seguidos de governos conservadores, percebe-se melhor a razão que leva o povo a apostar cada vez mais no extremista Nigel Farage.

11-21
33:51

"COP30? Lula quer projetar-se como um líder do sul”

A COP30 tem todos os ingredientes para voltar a ser uma deceção, dez anos depois do Acordo de Paris: o mundo não consegue responder sustentadamente aos desafios do clima e da sustentabilidade. O presidente do Brasil fez o ‘trabalho de casa’, pelo menos na perspetiva de ser um líder dos países do sul, que se querem libertar das direções políticas do norte desenvolvido.Em regime de sobrevivência política está também outro presidente, Volodymyr Zelensky, novamente a braços com um escândalo de corrupção, mais um, que pode colocar em causa o plano da Comissão Europeia – para muitos altamente inaceitável – de criação de um empréstimo para financiar o apoio externo com base nos ativos russos congelados no espaço do bloco.Outro presidente, o angolano João Lourenço, liderou as comemorações dos 50 anos da independência do seu país.

11-13
35:41

“Trump prepara-se para boicotar Nova Iorque”

A ‘onda democrata’ que se verificou nas eleições locais norte-americanas esta semana é uma péssima notícia para a administração Trump – principalmente no que diz respeito a Nova Iorque, a capital social e económica do país. Com um ‘mayor’ que Trump apelida de comunista e jihadista, tudo indica que a administração federal fará tudo o que estiver ao seu alcance para boicotar a agenda e o desenvolvimento da carreira política de Zohran Mamdani. Numa operação que os brasileiros consideram maioritariamente justificável, a polícia do Rio de Janeiro realizou uma intervenção armada nas favelas que deixou ficar para trás mais de uma centena de mortos. Uma péssima notícia para o presidente Lula da Silva, que quer transmitir ao mundo a imagem de um Brasil moderno e alinhado com os valores da democracia. A República Checa ‘guinou’ à direita e é apenas o mais recente país a infletir para esse contexto político, no que é uma péssima notícia para a União Europeia.

11-06
34:58

“Trump quer dizer ao mundo que tudo depende da sua vontade”

O grau de arbitrariedade com que o presidente Donald Trump gere a agenda mundial está a tornar-se um modo de operar dos Estados Unidos, mas, pior que isso, está a ter a capacidade de instituir uma forma nova de fazer política. Uma vez instalada, essa fórmula tem todas as condições para acabar com a forma como a diplomacia superintendia o negócio global até aqui. Antes disso, vale a pena um exemplo prático: Javier Milei, presidente da Argentina, cuja retórica e maneirismos saíram reforçados das eleições desta semana. Alheio a tudo isto, Timor-Leste entrou na ASAEN – o que é um bom sinal. Mas há também um mau sinal vindo daquele jovem país: a geração da Revolução tarda em dar lugar às novas gerações.

10-29
34:08

Guerra na Ucrânia: “Há uma falta de preparação diplomática incrível”

Os estados de alma matinais dos líderes mundiais não são um bom pretexto para a condução dos processos em curso ao nível da agenda internacional. A suspensão de mais uma cimeira entre Donald Trump e Vladimir Putin revela uma impreparação da diplomacia norte-americana insustentável – com que, aliás, o muito experiente Sergey Lavrov não está disponível para pactuar. O mesmo se passa no que tem a ver com Israel e o enclave de Gaza – por onde circulam promotores imobiliários e filhos (ou genros) de família sem qualquer preparação. Os ‘velhos’ diplomatas estarão todos acantonados num lugar qualquer, a perder tempo com quaisquer outras coisas. Entretanto, passa-se qualquer coisa no Japão, que importa observar.

10-22
33:49

“Os socialistas franceses estão na pior posição possível”

Ainda não estamos perto do fim da crise política em França e da sua consequente guerra sem quartel – mas, para já, os socialistas já estão identificados como estando na pior posição política possível, que lhe trará consequências nefastas a prazo. Numa posição igualmente muito delicada estão os palestinianos, emparedados entre a irrelevância política e o desaparecimento físico. Com o acordo gizado por Donald Trump a favorecer os propósitos de Israel, vale a pena recordar que um dos responsáveis pelo estado a que os palestinianos chegaram – porque não fez o suficiente para conseguir a paz – chamava-se Yasser Arafat. Delicada é também a posição do resto do mundo face ao embate entre titãs na área do comércio – que serve de esteio a uma batalha bem mais vasta: China e Estados Unidos, as duas maiores economias do globo, continuam a desentender-se. Tudo para ver no programa desta semana de A Arte da Guerra, com o embaixador Francisco Seixas da Costa e condução do jornalista António Freitas de Sousa.

10-16
40:00

“Macron foi teimoso” e não aceitou as mudanças à sua volta

O quadro político em que o presidente de França, Emmanuel Macron, se move mudou muito entre o primeiro e o segundo mandatos. Mas talvez Macron, com certeza um forte adepto do macronismo se tenha recusado a aceitar que o núcleo que o apoiava divergiu em várias direções. O estrago está feito. O estrago também está feito em Gaza e nada indica que, uma vez os reféns regressados a casa, o governo israelita resista a acabar de vez com as pretensões palestinianas de ter um lugar no mundo para viver. Do outro lado do Atlântico, Donald Trump assegura uma perseguição metódica aos seus opositores e aos Estados democratas. E talvez o maior estrago ainda esteja por fazer – só faltando perceber-se para que lado ‘caem’ as eleições de novembro de 2016.

10-09
41:40

Acordo para Gaza: “Trump tenta completar o percurso para o Nobel da Paz”

Um inesperado consenso internacional e a perceção generalizada de que, desta vez, as coisas podem funcionar. Está tudo nas mãos do Hamas, mas o certo é que, quando todos esperavam mais uma palermice originada na Casa Branca, Donald Trump gizou um plano que faz sentido, que tem o apoio de todos os países que sobre ele se pronunciaram e que é fundamentalmente o renascer da esperança. Esperança parece ser também o resultado das eleições na Moldávia – mesmo que fiquem marcadas por claros atropelos à democracia, desta vez vindos do lado certo: o ocidental. Esperança ainda: o Brasil está prestes a resolver um problema complicado e Lula da Silva regressa ao lote dos que têm a possibilidade de serem eleitos presidentes em novembro do próximo ano.

10-02
35:42

“Há um estado de tensão hiperbolizado nos Estados Unidos”

Dias estranhos são vividos nos Estados Unidos, com o assassinato de Charlie Kirk e a censura a Jimmy Kimmel. Merece a pena perceber-se para onde vai aquela que é considerada (por alguns) como a maior democracia do mundo – que todos os dias ganha novos contornos de estar a deixar de o ser.Tudo isso, ou parte disso, ficou claro na intervenção do presidente norte-americano na 80ª Assembleia-Geral da ONU, onde, por entre acusações à Europa e às próprias Nações Unidos, testemunhos de negação face às alterações climáticas e repetições de clichés relativos à imigração, prevaleceu uma queixa com motivações… imobiliárias.Nesse mundo que se vai desfazendo perante o espanto de cada vez maior número dos seus habitantes, a Rússia – que, como os Estados Unidos, são governados em regime unipessoal – testa os medos de uma Europa que não tem como viver encolhida e atolada em receios, que despertam, ironicamente, saudades da cómoda previsibilidade da velha União Soviética.

09-25
35:37

“Donald Trump condiciona tudo à sua volta”

Com a Cidade de Gaza a desaparecer do mapa, Israel tenta convencer o resto do mundo da justeza das suas opções.O que só não é verdade porque Israel não está minimamente preocupado em convencer quem quer que seja. O benefício do espaldar norte-americano serve também para isso.O espaldar norte-americano também serve para ajudar o Reino Unido – onde Trump se encontra mais uma vez de visita – a sobreviver à ‘onda’ das tarifas, sendo certo que a União Europeia percebe o que faz correr Downing Street. Sem espaldar de qualquer espécie está o primeiro-ministro francês – o novo como o anterior – perante o assédio da direita e da esquerda, que lhe promete vida política curta. Macron, como antes dele Gosbachev, é tão admirado no exterior das fronteiras francesas como é desprezado no seu interior.

09-18
01:10:25

“França: 5ª República está esgotada”

A França enfrenta uma das piores crises do pós-guerra, num quadro em que não há uma solução política no seio da Assembleia Nacional. O presidente Emmanuel Macron vai ganhando tempo ao ritmo vertiginoso da máquina de ‘triturar’ primeiros-ministros, até ao momento aparentemente inevitável em que a extrema-direita tomará conta do poder. Poder é o que não falta ao primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, a quem Donald Trump outorgou carta branca para fazer exatamente tudo o que lhe apetecer, em qualquer parte do mundo. Foi a vez do Qatar – e a dúvida é saber-se quando chegará a vez do Egipto. Também vale a pena perguntar-se quando chegará a vez da paz na Ucrânia. Ninguém sabe a resposta, mas está claro para todos que não é para breve – até porque há bom dinheiro envolvido.

09-10
34:39

“União Europeia vive em subserviência aos EUA”

Enquanto o Brasil enfrenta uma crise democrática com o julgamento de um ex-presidente, os Estados Unidos tentam bloquear a resolução sobre o reconhecimento da Palestina na ONU. Em resposta à instabilidade do Ocidente, a Organização de Cooperação de Xangai surge como alternativa.

09-04
37:46

França: “François Beyrou deitou gasolina no fogo”

A França enfrenta uma crise política e financeira, com uma moção de confiança marcada para 8 de setembro. No Brasil, a tensão governamental é influenciada por Donald Trump e a crescente autocracia nos EUA. Esses temas estarão em destaque no programa A Arte da Guerra, com o embaixador Francisco Seixas da Costa.

08-28
36:19

“Nem Putin nem Zelensky querem uma cimeira”

Num programa que volta a ser monotemático, Francisco Seixas da Costa percorre os dias difíceis que começaram com a cimeira do Alasca e culminaram no regresso taciturno de alguns líderes europeus a suas casas depois de um almoço na Casa Branca de onde cada um terá tido a oportunidade de trazer uma pequena lembrança.

08-21
38:16

Cimeira do Alasca: “Quando um país não está sentado à mesa, é sinal de que faz parte do menu”

Estamos a horas do início da cimeira do Alasca entre Trump e Putin, e com a provável ausência de partes tão interessadas como o são a própria Ucrânia e os países europeus que fazem parte do grupo que a apoiou desde a primeira hora. O embaixador Francisco Seixas da Costa analisa ainda a a guerra das tarifas.

08-14
37:35

“A guerra com o Irão não está fechada”

Nem a guerra com o Irão acabou, nem o cessar-fogo em Gaza tem qualquer hipótese de vir a ser bem sucedido. O embaixador Francisco Seixas da Costa analisa ainda a crise de crescimento dos BRICS e o golpe de asa de Pedro Sanchez.

07-10
31:00

“5% para a defesa não é democraticamente sustentável”

Num quadro em que a defesa subiu ao topo da agenda da União Europeia – mimetizando a agenda externa da administração Trump – Seixas da Costa diz que 5% do PIB gastos na defesa não tem enquadramento dentro das possibilidades e das opções inadiáveis da União Europeia. Estes e outros temas em destaque nesta edição.

07-03
32:21

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