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Arto Lindsay viveu entre o Brasil e os Estados Unidos, atravessando momentos definitivos para as artes visuais, a contracultura e a música experimental. Músico, compositor, produtor e artista multimídia, iniciou sua relação com o Brasil aos três anos, quando a família missionária se mudou para Pernambuco.
Sua condição de proximidade e ao mesmo tempo distanciamento das produções que se davam entre os dois países, fez com que sua criação refletisse tanto as formas presentes na bossa nova, na tropicália, no carnaval, quanto no free jazz, no pós-punk e na arte sonora.
Nessa conversa sem tema, perseguimos o repertório de Lindsay que vem de encontros com William Burroughs, passando por sua busca pela elaboração de uma forma diferente com DNA, Ambitious Lovers e seu projeto solo, chegando ao seu encontro com o que há de novo sendo produzido, seja o último disco de Tyler the Creator ou as produções de Gabriel do Borel.
Um episódio – ou uma convocação – para a próxima @punkreggaeparty, que acontece domingo, 10 de novembro, de graça!
Em conversa com @felixbarreira e @arielinvasor, comentamos a edição da festa que terá a reunião da primeira banda punk do Brasil, Restos de Nada, lançamento do novo álbum em vinil da @sistahchilli e o segundo show do @cismacisma_.
Na discotecagem em vinil, a seleção conhecida do residente @felixbarreira , acompanhado de @thiagor.osa na frente reggae e @ja1.jao & @allangcieri na frente punk.
Basta retirar o ingresso e colar: https://www.sympla.com.br/evento/punk-reggae-party-com-restos-de-nada-sistah-chilli-cisma-na-tarantino-cervejaria/2682596
Nos vemos lá!
A popularização do disco de vinil como forma dominante de distribuição musical em meados do século XX foi importante não apenas para que artistas conseguissem difundir sua música de forma independente, mas também para que movimentos de libertação, campanhas de solidariedade, organizações comunitárias e iniciativas de conscientização ampliasssem o alcance de suas mensagens.Radical Records – Uma enciclopédia da música independente e lutas por libertação, de Josh MacPhee, é um livro que reúne informações sobre música política e produção cultural radical. Ele articula selos que atuaram em conjunto nas lutas sociais, utilizando a cultura como uma plataforma ativa em processos revolucionários e experimentando na prática novas relações de trabalho, distribuição, linguagem e estética.Das lutas anticoloniais na África e Palestina, passando pelas campanhas de solidariedade com os países sob ditadura da América Latina, chegando aos selos de jazz, punk, cumbia, merengue, dub e seu compromisso com as lutas locais, essa conversa visita experiências pessoais e históricas que apresentam outras formas de se consumir, distribuir e fazer cultura e política.Radical Records está em uma campanha de financiamento coletivo e você pode contribuir com a publicação em: benfeitoria.com/radicalrecords
Quando a nossa noção de uma elite capitalista brasileira, antes industrial e urbana, se desloca para a ideia de uma elite do interior do país dada a produção de commodities, a difusão ainda mais marcante do sertanejo (ou "agronejo") opera como expressão que corrobora com o desejo de representação dessa elite no imaginário cultural.
Agora, o sujeito que trabalha com a terra é representado como proprietário, que ocupa lugar de poder e é politicamente articulado.
Essa conversa surge a partir do texto "O agro realmente é pop: sobre a hegemonia do sertanejo na era da pós-música", de Douglas Rodrigues Barros, publicado em 2023 na Revista Rosa. Hoje, novas camadas podem ser acrescentadas sobre a reflexão do monopólio que tornou o sertanejo uma expressão inescapável nos últimos 15 anos, e cada vez mais aliada das representações neoliberais, reacionárias e conservadoras.
Para ler o texto mencionado, acesse https://revistarosa.com/7/agro-realmente-pop
Ao nos voltarmos para a história das comunidades negras dos Estados Unidos, podemos facilmente identificar inspirações no campo da cultura, da produção política e artística, vindas de referências do leste asiático.
Da relação entre os Black Panthers e o maoísmo, passando pela Blaxploitation e os filmes de kung-fu, continuando através de grupos e artistas como Wu-Tang Clan, Afu-Ra, Planet Asia, Jeru the Damaja, entre outros nomes do rap dos anos 90/2000, vemos essa influência na temática das letras, nas capas dos discos e em filosofias pessoais.
“Descendente de Yasuke” é a quarta música do segundo álbum do rapper Nill, um exemplo que ilustra o momento em que uma nova gama de referências estéticas reflete em uma geração de MCs e produtores influenciados especialmente por animes.
Essa é uma conversa sobre trilhas sonoras, enredos, produção e possíveis conexões entre o universo da cultura pop japonesa e o rap.
Pode a música ser um elemento catalisador de mobilizações coletivas, ocupações, revoltas e criação de outras formas de vida?
Em "Abalar a cidade – música e capitalismo, espaço e tempo", livro lançado pela @sobinfluencia mês passado, Alexander Billet examina as interações entre música e movimentos de libertação, retomadas de espaços públicos e criação de coletividades que podem escapar aos monopólios da indústria cultural e das iniciativas políticas hegemônicas.
Esse episódio é uma conversa com Malu de Barros e Caio Silva, tradutores da obra, sobre os encontros e articulações possíveis entre "Abalar a cidade" e nossa realidade ao sul global.
Link na bio.
@marialuizabr
@_fantsmao
A popularização da internet no começo dos anos 2000 foi responsável não só por revolucionar a forma e a velocidade com que as pessoas se comunicavam e compartilhavam informação, como também influenciou linguagens, modos de produção e distribuição do que era produzido.
No Brasil, o coletivo de rap carioca Quinto Andar foi a representação máxima desse espírito do tempo, que refletia a ruptura estética com o que havia de estabelecido no rap nacional; que incorporava a internet como um elemento fundamental na sua forma de produzir e distribuir música e que era absolutamente associada às iniciativas que buscavam usar essa nova tecnologia contra os monopólios da indústria cultural e política.
Uma conversa que vai do mirC ao Napster, do hiphopunderground.com à lista de visitas do site do Quinto Andar, passando pelo Centro de Mídia Independente e pelo revés plataformizado a partir dos streamings.
@mcdeleve
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Em junho, De Leve se apresenta em São Paulo no @solysobrabar. Siga para saber mais informações.
É comum percebermos a potência do punk a partir de suas diversas manifestações políticas e estéticas, de sua interlocução com movimentos sociais variados e com vanguardas artísticas, mas apesar de ser tão explícito em sua história e produção, a infância é algo que fica invisível em discussões que tem o punk como tema.A história do punk foi construída por pessoas que tiveram acesso à essa cultura antes mesmo dos 15 anos. Por pessoas que aos 11, 12 ou 13 anos de idade já tinham bandas, faziam fanzines, participavam de protestos e tinham abandonado suas crenças em deuses e na palavra dos adultos.Essa não é uma conversa que trata o punk como instrumento pedagógico, nem mesmo uma conversa entre especialistas da infância, mas sim uma troca entre pessoas que muito jovens começaram a produzir suas vidas nessa cultura, que tem como elemento central a crítica à vida burocratizada e especializada – que é o que qualifica o mundo das pessoas crescidas.
A história da música jamaicana nos diz muito sobre a história da própria Jamaica.
Se no início dos anos 60 o processo de libertação do colonialismo britânico implicou na necessidade do desenvolvimento de um gênero musical que representasse a identidade jamaicana, dando origem ao Ska, e nos anos 70, o Roots vem aliado à temáticas que remetiam aos movimentos de libertação da África e de consciência espiritual e política, nos anos 80 o Dancehall retrata uma Jamaica que ginga entre o sexo e a violência, as drogas e os bailes, em um contexto em que há a intensificação do neoliberalismo e a transformação nos processos de produção musical advindos de novas tecnologias.
Considerar essa mistura de elementos nos leva a romper com qualquer purismo, e voltar à história do Dancehall é se deparar com a criatividade e desejo de vida de músicos, Djs e MCs que a partir de samples, riddims e soundsystems criam na música jamaicana aquilo que no baile faz o grave bater forte.
Essa conversa que retoma à contrapelo a história do jazz, se desenvolve não só na intenção de demonstrar a presença das mulheres na construção do som e do pensamento, mas também no exercício de trazer à vista o que há de belo e estranho nessas elaborações sonoras e intelectuais, combatendo a ideia de "diva" e "musa" e celebrando o potencial no que há de experimental, no controle das formas de produção, na genialidade e na maneira diversa que essas mulheres criaram sobre o jazz.
Do continente Africano às Américas. De Mary Lou Williams, de Atlanta à Tânia Maria, de São Luís do Maranhão. De Jeane Lee, de Nova York à Emahoy Tsegué-Maryam Guèbrou, de Adis Abeba. Elas estiveram lá e permanecem aqui.
O exercício de pensar o lugar da música instrumental em associação ao seu contexto histórico demanda mais que uma especulação voltada aos artistas e às suas obras, demanda considerar as minúcias das entrelinhas, os procedimentos das produções, o vocabulário que permeia a universo dessas expressões.
Nessa conversa com Renan Ruiz, percebemos que a Vanguarda Paulista Instrumental não só foi fundamental para pensarmos a história da música instrumental/jazz no Brasil, como também representou os primórdios das produções musicais independentes durante os anos de chumbo.
Mais do que a capital do reggae no Brasil, a história do Maranhão é marcada também pela produção jazzística que desde os anos 1920 não só se demonstra a partir da aparição de exímios músicos, como também é instrumento para leitura das contradições e lutas presentes entre as classes subalternizadas no Brasil de ontem e hoje.
De Adhemar Corrêa à Tânia Maria, de New Orleans a São Luís, nessa conversa tratamos da potência que transcende e combate qualquer noção de regionalismo, tendo todo sotaque da produção legitimamente maranhense.
Acompanhe Tonny Araújo Jr. (@tonnyaraujojr) e Isaías Alves (@isaiasalvesmusic):
Os negros na história do jazz do Maranhão:
https://agenciatambor.net.br/opiniao/os-negros-na-historia-do-jazz-do-maranhao/
Cultura, música, literatura e jazz no Maranhão:
https://www.youtube.com/live/zKfGRYBwNdA?si=1642xMXvYEJFpP3u
De St. Louis a São Luís: os primeiros vestígios do jazz no Maranhão:
https://www.sobreotatame.com/de-saint-louis-a-sao-luis-os-primeiros-vestigios-do-jazz-no-maranhao/
Escute Isaías Alves:
https://open.spotify.com/intl-pt/artist/1KqNJYcYfLtszc3g1aoCVN
Em fevereiro, encontramos @kikodinucci na Intercommunal Music, em uma escuta coletiva/processo de troca que toma seu último disco, “Rastilho”, como referência para desbravar aquilo que compôs suas referências estéticas, poéticas, sonoras e visuais na materialização desse disco.A Discotecagem Comentada é uma atividade que visa promover um espaço de encontro, audição e troca sobre obras e expressões que incorporam em sua forma diferentes tipos de luta, experimentos, invenções e alternativas para os meios de produção, de criação e de vida.
Captação e edição por @igorsouzadbk
Enquanto o Balanço e Fúria segue matutando formas de existir para além do podcast e novos episódios não surgem, trazemos aqui um material precioso.
No dia 5 de abril, na @intercommunalmusic, a Discotecagem Comentada teve o músico e produtor Adrian Younge (EUA) como convidado, em uma celebração mediada por @marialuizabr que atravessou sua formação enquanto pesquisador musical e suas produções, de Ghostface Killah à Marcos Valle.
Adrian é um dos fundadores da gravadora Jazz Is Dead, na qual, junto com Ali Shaheed Muhammad (A Tribe Called Quest), produz álbuns com músicos consagrados do jazz. Entre nomes como Roy Ayers, Lonnie Liston Smith, Jean Carne, Doug Carn, Gary Bartz, os brasileiros Marcos Valle e a banda Azymuth estão no catálogo.
Em breve o @jazzisdead chegará ao Brasil com um evento histórico, reunindo alguns dos principais nomes de nossa música em uma experiência de festa e formação.
Fiquem atentos!
Sigam @jazzisdead/@adrianyounge, acompanhem as pesquisas de @marialuizabr e visite a @intercommunalmusic, responsável pelas pontes e abrigando essas atividades valiosas.
Em junho de 2023, as revoltas de junho de 2013 completam 10 anos, e se debruçar sobre este momento sem considerar pelo menos 10 anos antes e as composições artísticas e contraculturais que se somaram aos movimentos sociais e autônomos em diversas lutas anticapitalistas, que iam de manifestações contra o G8 até mobilizações pela tarifa zero, é um erro.
Nessa conversa não relembramos apenas dos grupos, coletivos, bandas, festivais e canções que se associaram no começo dessas lutas e da formação do Movimento Passe Livre, mas também especulamos sobre os desdobramentos dessas lutas protagonizadas pela juventude que tinha no exercício das novas linguagens, da música, da tecnologia e da prática autônoma, formas de se fazer política e de se infiltrar nas brechas do poder.
A música eletrônica legitimamente brasileira é aquela que radicaliza sua forma em espaços próprios, dispensando os centros, as grandes gravadoras e produtores tradicionais, para se dar em experimentos diversos que são desdobramentos do funk, do forró e de uma linguagem absolutamente sintonizada com o que interessa aos seus criadores e público.São as batidas de funk com texturas estranhas, agudos extremos ou formados só por graves, é o forrózin se materializando de forma 100% eletrônica, é a interação mais ampla com outras plataformas como o TikTok, o instagram e com o "viral".Nessa conversa, Gg Albuquerque nos apresenta a conjunção que compõe a forma livre da música eletrônica brasileira contemporânea que faz o Rick Bonadio chorar.
Uma conversa que visita coisas entre Brigada do Ódio e Jocy de Oliveira.
Aline Vieira e Yuri Bruscky pesquisam, pensam e fazem ruído. Tem no experimento desse espaço que aqui chamamos amplamente de "música experimental" um lugar composto não só de crítica estética, mas também de crítica política, não só da expressão sonora, mas também de performance e de desafio em relação aos procedimentos da criação disso que atravessa tanto as perspectivas da academia, quanto das artes, tanto as vertentes do punk, quanto da música eletrônica.
Masterização por @igorsouzadbk / Edição por @transfonico
A palavra é trânsito, e nessa conversa com Rodrigo Ogi somos apresentados ao percurso que compõe sua expressão como alguém da escrita em constante interlocução com a rua.
Das histórias da avó às audições dos discos da Clara Nunes com a mãe, do começo da pixação em 1995 às madrugadas dedicadas ao hip-hop nos primórdios da internet no começo dos anos 2000, de Ndee Naldinho à Quinto Andar... essa conversa foi acima de tudo sobre palavra, forma e linguagem.
No fim dos anos 90, uma fita K7 com algumas músicas de bandas punks sem identificação chega às mãos de jovens do interior do Amazonas, mais especificamente no território do povo Baniwa. Denilson é um desses jovens arrebatado pelo conteúdo da fita que imediatamente criava uma identificação entre a visão de seu povo e a lírica apresentada por aquelas bandas.
O caos, geralmente rechaçado pelos valores ocidentais/judaico-cristãos, é um elemento considerado tanto pelos Baniwa quanto pelos punks em sua composição de sua visão de mundo, e talvez essa seja uma das principais razões para especularmos uma vida permeada pela busca de reconhecimento, justiça e dignidade tendo o enfrentamento na arte como plataforma.
Denilson Baniwa é artista plástico e nessa conversa nos conta um pouco sobre sua juventude que teve o punk como um dos atravessamentos que foram fundamentais em sua formação.
Se a virada do milênio prometia a possibilidade de outro mundo à uma juventude que, para além da prática política, experimentava outras formas que questionavam a estrutura do poder, da cultura e da comunicação tendo a música como vetor, nos anos 2010 esse horizonte começa a nublar e as mobilizações políticas e estéticas à esquerda sofrem um revés que culmina na ascensão da extrema-direita no Brasil.
2023 começa com desafios imensos, que mistura a necessidade de superar a nostalgia, de reorganizar os desejos de encontro/mobilização/criação e de combater da direita que não tão cedo voltará para o esgoto.
Nessa conversa com Rodrigo Lima visitamos algumas obras de sua banda, o Dead Fish, e como os atravessamentos políticos refletiram na sua escrita e na organização das cenas, coletivos, selos, artistas e da indústria fonográfica.
Masterização por Igor Souza/@mitrarecs
Arte de Flávio Grão
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