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Bendita Sois Vós

Bendita Sois Vós
Autor: Vós
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A ideia por trás do Bendita Sois Vós é discutir política e sociedade de uma forma provocadora, como todo o conteúdo do Vós. Haverá entrevistas, debates entre a equipe do portal, reportagens e muita experimentação com novos formatos e linguagens.
195 Episodes
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Tá no ar o Bendita Sois Vós … não, pera, não é o Bendita. Hoje, a gente traz pra vocês uma novidade: a Reunião de Pauta
Já era assim quando a gente gravava os episódios remotamente, mas desde que a gente retomou o modelo presencial, as conversas que antecedem a gravação do Bendita, as conversas em que a gente ajusta as ideias antes de ligar o microfone, tem se tornado mais extensas e mais interessantes.
Desde então, eu deixo o gravador ligado. Às vezes a gente só fala sobre o tema do episódio de maneira menos comprometida e mais debochada. Outras vezes, são devaneios diversos. Hoje, nessa estreia extraoficial do reunião de pauta - sim, vocês são nossas cobaias -, vocês vão poder ouvir um desses devaneios e talvez, quem sabe, gostar.
Compartilhar esses momentos é uma ideia antiga. E, convenhamos, fica mais fácil quando o presidente não é o antecessor do atual e a gente consegue variar a pauta.
E dia desses, antes da gravação oficial, nós - Marcelo Nepomuceno, Igor Natusch e eu, Geórgia Santos, começamos a filosofar sobre dinheiro e eu me perguntei quanto é suficiente. Qual o limite do acúmulo de capital? A partir de quanto começa a ser obsceno? E será que o milionário - ou bilionário - filantropo se redime?
E tu? Tu que tá nos ouvindo, como é que tu lidas com esse conflito interno. Quer dizer, não sei se tu também pensa nisso. Escreve pra gente no Twitter e bora trocar essa ideia. E já que eu tenho tua atenção, que tal apoiar o jornalismo independente. Acesse catarse.me/vos_social
Semana que vem o Bendita tá de volta.
Nesta semana, será que o presidencialismo de coalizão acabou?
Nos últimos dias, as atenções estiveram voltadas à atuação do Congresso Nacional. Primeiro, com a boiada passando, quando os deputados aprovaram a urgência do PL que discute o famigerado Marco Temporal, inclusive com votos do PT de Lula, e uma comissão mista aprovou textos que desidratam ministérios, inclusive do Meio Ambiente.
E agora com a aprovação do próprio PL-490. Um projeto controverso e inconstitucional até que o STF determine o contrário. Segundo a tese jurídica do Marco Temporal, os povos indígenas têm direito de estar apenas nas terras que já ocupavam em 1988 - e comprovar isso. Mas a questão a se discutir, ao fim e ao cabo, é o imenso poder de Artur Lira, que até ameaçou a base governista.
Para entender melhor esse turbilhão institucional, conversamos com o cientista político Augusto Neftali de Oliveira, professor da PUC-RS.
Apesar da instabilidade na relação entre Legislativo e Executivo, o presidente delega a tarefa de negociar com um Congresso em que tem absoluta minoria ao ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, enquanto foca na política externa.
Lula reuniu dez chefes de Estado em Brasília nesta semana para falar de integração na América do Sul, em mais um passo para retomar o protagonismo do Brasil no cenário internacional. Até aí, tudo bem. Porém, um dia antes, formalizou o restabelecimento de relações diplomáticas com a Venezuela, recebeu Nicolas Maduro no Palácio do Planalto e minimizou a tragédia do país, dizendo que era uma questão de narrativa.
A manifestação de Lula repercutiu mal entre os outros presidentes que participariam da reunião de cúpula e em diversos setores da sociedade civil e da imprensa. Como resposta, Lula reforçou a defesa a Maduro.
Mais tarde, a jornalista Delis Ortiz, da Rede Globo, afirmou ter sido agredida pela segurança de Maduro e por agentes a serviço do Gabinete de Segurança Institucional. Em nota, o governo federal afirma que o GSI abriu sindicância para investigar a agressão.
Apresentação de Geórgia Santos e participação de Marcelo Nepomuceno e Flávia Cunha na Palavra da Salvação. Você também pode ouvir o episódio no Spotify, Itunes e Castbox.
Imagem: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
Fonte: Agência Câmara de Notícias
Nesta semana, a gente passa pela graça de quem quer pular da barca lavajatista, mas também fala de algo que não tem graça nenhuma, o racismo contra Vinícius Júnior.
O jogador do Real Madrid vem sendo vítima de ataques racistas há algum tempo. Constantemente. Violentamente. E o problema escalou de tal forma que tornou a desumanidade dos atos explícita, obscena. No último domingo, durante um jogo contra o Real Madrid de Mini, torcedores do Valência não economizaram nas ofensas racistas. O jogador reagiu. Foi expulso.
No mesmo dia, o jogador reagiu também nas redes sociais, dizendo que não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. Segundo ele escreve no texto, o racismo é normal na La Liga. “A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi, hoje é dos racistas. Uma nação linda, que me acolheu que amo, mas que aceitou exportar a imagem para o mundo de um país racista. Lamento pelos espanhóis que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país racista.”
E é interessante que o Vini fale do Brasil, porque o Brasil reagiu. De torcedores ao presidente da República, passando por uma homenagem no Cristo Redentor. Será que nós estamos mesmo à frente? Afinal, no mesmo final de semana, o goleira do Ypiranga de Erechim, Caíque, também sofreu um ataque racista. Aqui, no nosso país. Pois a gente perguntou isso para o Marcelo Carvalho, coordenador do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, que também falou sobre a luta antirracista no futebol e a representatividade do caso Vini Jr.
Enquanto isso, na política brasileira, novidades no front lavajatista.
O juiz da Lava Jato, Eduardo Appio, foi afastado cautelarmente depois que uma investigação apontou que ele teria acessado um processo com o contato do filho de Marcelo Malucelli, desembargador afastado da operação, e feito uma ligação a João Malucelli, sócio do senador e da esposa dele em um escritório.
O afastamento de Appio foi celebrado pela bolha lavajatista, que estava prestes a implodir depois da cassação de Deltan Dallagnol.
Tanto que o senador Sergio Moro (União Brasil), ex-juiz da Operação Lava Jato, falou em entrevista ao Estúdioi, na GloboNews, que Eduardo Appio foi revanchista em suas ações. Era uma entrevista para lavar a alma. Pra quem não lembra, no final de março, Appio enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a acusação do advogado Rodrigo Tacla Duran, réu na Lava Jato, de que havia ocorrido extorsão por parte de Moro. Uma entre várias rixas. Mas a entrevista que poderia ser a redenção rendeu mais memes do que frutos.
Nesta semana, chuva de CPIs. E a cassação de um deputado, aí.
Depois do sucesso - de audiência - da CPI da Covid, o Brasil testemunha agora uma chuva das famigeradas Comissões Parlamentares de Inquérito. Acertei no Plural? Algumas muito recomendadas, outras com pouco ou nenhum fundamento e ainda as que já nascem sem futuro.
Nesta semana, apenas, a Câmara está às voltas com a CPI das Apostas Esportivas - na categoria das muito recomendadas; com a CPI do MST, na categoria das sem fundamento; e com a CPI das Americanas, que já nasce morta, tadinha. Isso sem falar na CPI do Golpe, que ninguém mais sabe se quer.
A gente conversa, então, sobre as possibilidades de cada CPI e sobre a imensa chance de a oposição dar um tiro no pé ao mirar no Movimento dos Sem-Terra. Afinal, a tentativa de virar o jogo sobre o oito de janeiro já não está funcionando e toda a semana é uma lapada diferente de Flávio Dino e outros membros do governo.
E a cereja do bolo é a surpresa da terça, que foi quase um sextou. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou, por unanimidade, o pedido de cassação do mandato de Deltan Dallagnol, ex-procurador da Lava Jato e ex-deputado, segundo a rápida Wikipédia. Mas eterno fazedor de Power Points.
E ainda tem depoimento do Bolsonaro. E baixou o preço da gasolina e do gás.
A apresentação é de Geórgia Santos. Marcelo Nepomuceno participa do debate e Flávia Cunha traz a Palavra da Salvação.
Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados
Nesta semana vamos falar do famigerado PL 2630/2020. O PL das Fake News, ou PL da Liberdade de Imprensa, ou PL… não, esse último apelido eu não vou falar. E ainda a operação da PF contra Bolsonaro em função de fraude no cartão de vacinação.
O PL 2630/2020 institui a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet. O projeto é de autoria do senador Alessandro Vieira (PSDB) e tem o deputado Orlando Silva (PCdoB) como relator. A votação do polêmico PL das Fake News estava marcada para essa terça, 02, mas foi adiada depois de forte pressão das big techs, entre outras coisas. O texto foi bastante alterado ao longo dos últimos tempos, também após discussões entre diversas entidades da sociedade. Ele torna crime a promoção ou financiamento de divulgação em massa de mensagens com conteúdo mentiroso por meio das chamadas contas-robôs.
Além disso, estabelece que provedores tenham representação por pessoa jurídica no Brasil; sejam responsabilizados por conteúdos cuja distribuição tenha sido impulsionada por meio de pagamento; que as plataformas digitais mantenham regras transparentes de moderação; exige a retirada imediata de conteúdos que violem direitos de crianças e adolescentes; determina que conteúdos jornalísticos deverão ser remunerados; além da extensão da imunidade parlamentar às redes sociais.
A proposta começou a tramitar no Congresso em 2020 e chegou a ser aprovada pelo Senado no mesmo ano. Mas parou na Câmara. Desde então, o relator tem trabalhado na construção de um texto que seja palatável para a maioria das bancadas. Até pouco tempo atrás, acreditava-se que havia maioria para aprovação da proposta, mas o clima não foi favorável e a votação foi adiada.
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Os dias que antecederam a data marcada para a votação foram marcados por um forte embate, especialmente depois que as big techs entraram na jogada
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Google e outras grandes empresas de tecnologia se empenharam em um lobby intenso contra o projeto. Ao mesmo tempo que grandes veículos de comunicação também se empenharam em defender a proposta. Além, é claro, da disputa de narrativas justamente nas redes sociais. Na arena de apoiadores de Lula versus Bolsonaristas, temos os governistas defendendo o projeto de lei e os apoiadores de Bolsonaro tentando derrubar a proposta. Quem diria, google e igrejas evangélicas do mesmo lado.
Pra não dar palpite furado, nós convidamos o professor Marcelo Träsel pra participar do episódio de hoje. Träsel é professor do departamento de Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e ex-presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).
Mas não para por aí, porque estamos gravando em um grande dia. Na quarta-feira, 03, a Polícia Federal (PF) realizou uma operação na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro. Os agentes ainda prenderam o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, e outros cinco suspeitos. Suspeita é que grupo tenha agido para fraudar cartões de vacinação de Bolsonaro, familiares e assessores.
A apresentação é de Geórgia Santos. Marcelo Nepomuceno participa do debate e Flávia Cunha traz a Palavra da Salvação. Você também pode ouvir o episódio no Spotify, Itunes e Castbox.
Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Nesta semana, um assunto que quase ninguém comenta por aí: a comunicação do governo Lula
Pois resolvemos largar o absoluto factual de mão neste episódio para abordar uma questão que vem incomodando aliados e apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: a estratégia de comunicação do governo. Ou a falta de.
Desde o início do mandato, há certa frustração com a maneira como as coisas tem sido conduzidas nessa área. Primeiro, há críticas direcionadas especificamente à Secom, comandada pelo ministro Paulo Pimenta, deputado federal eleito pelo PT do Rio Grande do Sul. Mas há outras coisas.
Declarações desnecessárias - ou desastrosas de Lula são parte do problema. Vão desde a Guerra na Ucrânia até videogames violentos. Não se sabe o quanto é possível controlar ou combinar o que o presidente diz, mas traçar essa estratégia também é prerrogativa da Secom.
Outro ponto crítico é a interferência da primeira-dama. Mais recentemente, Janja resolveu responder ao perfil Choquei, no Twitter, sobre a questão da isenção de impostos para compras no exterior e desencadeou um problemão para o governo. Aliás, esse é o exemplo perfeito do que estamos falando aqui. É um problemão para vários ministérios, porque se trata de uma medida polêmica, que foi mal comunicada, piorada pelo tuíte da primeira-dama e agora agravada pelo presidente, que resolveu voltar atrás, segundo ele, porque Janja alertou que era uma medida impopular. De novo, não há alinhamento.
É preciso dizer, no entanto, que também se espera da Secom uma função que não é dela, que é a de defender o presidente ou atacar o antecessor. Algo que é, nitidamente, uma consequência do governo Bolsonaro, que misturou a comunicação institucional com a político-partidária.
Foto: Ricardo Stuckert/PR
Nesta semana, o pepino da política externa brasileiro e o pedido de prisão de Sérgio
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou a China na semana passada e, apesar de o país ser o principal parceiro comercial do Brasil e a viagem estar programada há algum tempo, a atitude causou espécie a determinados setores da sociedade brasileira e da comunidade internacional.
Lula participou da posse da ex-presidenta Dilma Rousseff como presidente do banco dos Brics, bloco econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. No discurso, ele apontou para um mundo mais plural e que os países não precisam ficar sempre atrelados ao dólar nas transações internacionais.
Bom, foi o suficiente para os liberais - ou meio liberais - apontarem a declaração como o primeiro equívoco. Ou o segundo, porque houve quem entendesse que a viagem em si era um problema, como se o Brasil precisasse escolher entre Estados Unidos e China e como se a China fosse prescindível. De todo modo, o que era para marcar um novo momento da diplomacia brasileira poderia se tornar um problema. Mas a coisa não para por aí.
Já na viagem de volta, quando estava nos Emirados Árabes, Lula voltou a comentar a questão da guerra na Ucrânia. Lula disse que a “decisão da guerra foi tomada por dois países”.
E assim chegamos segundo - ou terceiro - equívoco. Mas a gente não vai cometer o mesmo erro das redes sociais, em que os especialistas em epidemiologia dos últimos três anos tornaram-se especialistas em política externa. Por isso, vamos conversar com o Doutor André Luiz Reis da Silva, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
E como a gente não é de ferro, a gente não vai deixar passar em branco o pedido de prisão do conje - desculpe, de Sérgio Moro. Pois é, o Supremo Tribunal Federal (STF) recebeu na última segunda-feira (17) uma denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o senador e ex-juiz. Isso aconteceu depois da divulgação de um vídeo em que Moro aparece conjecturando sobre a possibilidade de se "comprar um habeas corpus do Gilmar Mendes (ministro do STF)”.
Nesta semana, os cem dias de governo Lula. Cem dias de um governo que, inclusive, sobreviveu a um golpe de estado.
Nesse meio tempo, houve erros; houve acertos; houve retomadas; cutucos adequados - outros nem tanto. Mas, acima de tudo, houve e há democracia.
A apresentação é de Geórgia Santos. Marcelo Nepomuceno e Igor Natusch participam do debate e Flávia Cunha traz a Palavra da Salvação. Você também pode ouvir o episódio no Spotify, Itunes e Castbox.
Foto: Ricardo Stuckert/PR
Estavam com saudade? Afinal, a gente ficou um tempo fora do ar para reorganizar as coisas.
Mas esse tempo de ausência foi importante pra reestruturar o Vós e o Bendita, que volta hoje com nova formação. Tu deve ter notado que o episódio é mais curto do que costuma ser, isso é porque hoje a gente veio aqui só pra te contar as novidades, apresentar o novo integrante e dar um spoiler pra semana que vem, que é quando a gente volta com tudo.
Nesta semana chegamos a um mês de governo Lula. E que mês.
Desde que Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse, em primeiro de janeiro de 2023, muita coisa aconteceu. Já no dia da posse foi possível perceber a diferença do petista para o antecessor. Subindo a rampa, ao lado de Lula e do vice, Geraldo Alckmin, estavam representantes do povo brasileiro. Mais especificamente, de camadas mais agredidas pelas medidas de Jair Bolsonaro - ou falta delas. Também na posse, o prestígio do novo presidente era evidente pela fila das delegações estrangeiras, o que indicava, de fato, um novo tempo. Até o dólar caiu, apesar dos faniquitos do mercado.
Mas muita coisa aconteceu ao longo do mês. Primeiro, a história sendo feita com posses como as de Sonia Guajajara no Ministério dos Povos Indígenas e de Aniele Franco no Ministério da Igualdade Racial. Ou ainda mensagens fortes para setores negligenciados, como a posse da Marina Silva no Ministério Meio Ambiente ou de Nísia Trindade no Ministério da Saúde.
Aconteceu tanta coisa ao longo do mês de janeiro que teve até tentativa de Golpe de Estado.
Depois disso tudo ainda houve intervenção federal em Brasília, golpistas e o ex-ministro Anderson Torres presos, e o bolsonarismo empenhado em dizer que os bolsonaristas golpistas não são bolsonaristas. Segundo eles, os apoiadores de Bolsonaro que passaram meses dizendo que fariam o que de fato fizeram não eram … apoiadores de Bolsonaro.
Muita coisa aconteceu em janeiro, e uma delas é que o rastro de destruição do governo anterior é cada vez mais evidente. Agora materializado na morte dos Yanonamis, que estão sendo dizimados por meio da fome causada pelo garimpo ilegal.
E, virando o mês, temos eleição para a presidência da Câmara e do Senado. A Câmara deve permanecer nas mãos de Artur Lira (PP-AL). Já o Senado é uma incógnita. Estão na disputa o atual presidente, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o bolsonarista Rogério Marinho (PL-RN). E tem também o glorioso senador Eduardo Girão (Podemos - CE), que só faz figuração. De todo modo, é o bolsonarismo se organizando - com sucesso - sem Bolsonaro, que continua nos Estados Unidos.
A apresentação é de Geórgia Santos. Participam Flávia Cunha, Igor Natusch e Tércio Saccol.
Foto: Ricardo Stuckert / Palácio do Planalto
Nesta semana, “golpe não vai ter”.
No dia oito de janeiro de 2023, os brasileiros assistiram estarrecidos a um espetáculo de barbárie na forma mais pura. A materialização da ignorância se deu em Brasília em um domingo vazio de gente e idéias quando cerca de 6 mil pessoas invadiram e depredaram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal.
As sedes dos três poderes foram destruídas por bolsonaristas. E aqui eu faço questão de ressaltar algo: o bolsonarismo é radical por essência. Bolsonarismo radical, portanto, é redundância. Isso significa que, aqui, pra gente, as pessoas que cometeram toda sorte no final de semana serão chamadas de golpistas.
Os golpistas destruíram muito mais que janelas e cadeiras, a tentativa era desmantelar a materialidade da democracia brasileira. Destruir o parlamento, a réplica da Constituição de 88, rasgar obras de arte, urinar e defecar em objetos da casa povo, tudo isso é uma tentativa de enfraquecer o tecido social e institucional da democracia brasileira. Mas eles fracassaram.
Apesar da conivência do governo do Distrito Federal e da policia militar, os golpistas fracassaram. Ainda no domingo, o presidente Lula decretou intervenção federal e o Ministro Flávio Dino tomou as rédeas da situação. Alexandre de Moraes decretou a prisão do que até aquela tarde era secretário de segurança, Anderson Torres, e o afastamento do governador do DF, Ibaneis Rocha. O presidente se manifestou ainda no domingo deixando claro que todos seriam punidos e dando nome aos bois, com o perdão do trocadilho. Ou não.
Na segunda-feira, dia 09, Luiz Inácio Lula da Silva disse em alto e bom que golpe não vai ter.
No mesmo dia, reuniu os governadores e representantes dos três poderes para um manifesto em prol da democracia. E todos, de braços dados, se dirigiram ao STF em um recado que é mais que simbólico.
A apresentação é de Geórgia Santos. Participam Flávia Cunha, Igor Natusch e Tércio Saccol. Você também pode ouvir o episódio no Spotify, Itunes e Castbox.
Foto: Ricardo Stuckert
Nesta semana, Pelé, Lula e a Historia do Brasil. Porque entre a última semana de 2022 e os primeiros dias de 2023, todo brasileiro vivo pôde ser testemunha da História.
No dia 29 de dezembro, recebemos a notícia da morte de Edson Arantes do Nascimento, o homem a quem coube ser Pelé. O maior e melhor jogador de futebol de todos os tempos, provavelmente a pessoa mais conhecida do mundo, partiu dizendo love, love, love.
A gente vai falar um pouco sobre o legado de Pelé e o apagamento que inclusive este homem negro sofreu em vida quando teve suas ideias escondidas, fazendo com que o brasileiro não enxergasse o Edson político.
E vamos falar da despedida daquele que é sinônimo de Brasil mas que foi, no fundo, o Rei de todo o mundo. Foram poucos os jogadores presentes no velório de Pelé, que ocorreu entre os dias dois e três, mas o povo esteve lá.
O mesmo povo que passou a faixa presidencial a Luiz Inácio Lula da Silva no dia primeiro. Em um dia histórico do nosso país, Lula subiu a rampa ao lado da esposa, Janja; do vice, Geraldo Alckmin, que estava com a esposa Lu; e com representantes do povo brasileiro.
Em um discurso carregado de simbolismo, Lula deu início a um governo de reconstrução e prometeu olhar para este mesmo povo que lhe confiou o posto mais alto da República.
E essa promessa, no que depender do time de ministros, não será vazia. Silvio Almeida, novo ministro dos Direitos Humanos, emocionou o país com um discurso que não poderia ser mais distante de tudo o que o antecessor representou ao longo de quatro anos.
O governo eleito em 2018 acabou. O ex-presidente fugiu. É hora de recomeçar e dar novos contornos à História do Brasil. Vamos em frente.
A apresentação é de Geórgia Santos. Participam Flávia Cunha, Igor Natusch e Tércio Saccol. Você também pode ouvir o episódio no Spotify, Itunes e Castbox.
Nesta semana, aguenta firme, só mais 72 horas. Faltam 72 horas para acabar, de fato, o pior governo da história da democracia brasileira.
Durante a eleição de 2018, a gente começou a ouvir, da boca de um candidato à presidência da República, o impensável. No palanque, ameaçava fuzilar a oposição, em entrevistas, não escondia a homofobia, o machismo e ainda lançava mão de narrativas racistas. Elogiava ditadores e idolatrava torturadores diante de um microfone. Ele foi eleito. À época não sabíamos se apesar disso ou por causa disso.
O governo que se desenhou nos quatro anos seguintes refletiu todo o discurso autoritário e retrógrado da eleição. Foi uma administração que desmantelou a educação, a pesquisa e a ciência. Que acabou com a cultura a tal ponto que, em certo momento, colocou um homem que se prestou a fazer uma ode pública ao nazismo. Foi um governo que tinha uma ministra das mulheres que perseguiu uma criança de onze anos que havia sido abusada sexualmente e estava grávida. Foi um governo cujo ministro do Meio Ambiente quis aproveitar um momento de pânico para “passar a boiada” e flexibilizar a legislação ambiental. Foi um governo que, diante da pior pa ndemia dos últimos cem anos, deixou que 700 mil brasileiros morressem. Debochou da doença, debochou dos cuidados, debochou dos mortos, debochou da vacina.
Não há tempo ou espaço para um relato que contemple o horror dos quatro anos de Jair Bolsonaro no poder. Então basta dizer que foi um governo que nunca se preocupou com Deus, Pátria ou Família - aliás, um lema fascista. Foi um governo que tentou reescrever a história política e social do Brasil por meio do apagamento e da desumanização de quem não se parece com eles.
Mas também é um governo derrotado. Derrota, aliás, que trouxe à tona o fruto da semeadura golpista que já dura quase 1460 dias. Fruto mofado e estragado que de fato não caiu longe do pé e agora apodrece aos pés de uma árvore morta. Mas é um governo derrotado. Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito ao lado de Geraldo Alckmin, algo impensável há alguns anos, e promete reconstruir o Brasil. Não sabemos como será, se será bem sucedido, mas sabemos que não será Bolsonaro e, mesmo parecendo ingênuo, isso basta.
E agora, com o novo governo batendo à porta, emprestamos o mantra dos golpistas prostrados em frente aos quartéis e dizemos: só mais 72 horas.
Nesta semana, um novo governo começa a aparecer - enquanto um velho governo só faz chorar.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá 37 ministérios. A nova estrutura será oficializada em medida provisória em 1º de janeiro de 2023, quando Lula e o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), tomarão posse. Uma das principais mudanças é o desmembramento do atual Ministério da Economia em outros quatro: Fazenda, Indústria e Comércio Exterior, Planejamento e Gestão. Além da criação de pastas novas, como dos Povos Originários, e a recriação de outros ministérios extintos por Bolsonaro, como o Ministério da Cultura e o das Cidades.
O presidente eleito Lula começou a anunciar os nomes para os ministérios no dia 9 de dezembro. Os primeiros confirmados foram o ex-ministro e ex-prefeito Fernando Haddad, para a Fazenda; o governador da Bahia Rui Costa na Casa Civil; o ex-governador do Maranhão e senador eleito Flávio Dino para o Ministério da Justiça e Segurança Pública; o ex-ministro José Múcio Monteiro na Defesa; e o diplomata Mauro Vieira para Relações Exteriores.
A apresentação é de Geórgia Santos. Participam Flávia Cunha, Igor Natusch e Tércio Saccol. Você também pode ouvir o episódio no Spotify, Itunes e Castbox.
Nesta semana, o diploma. O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, foi diplomado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em uma cerimônia que foi especialmente emocionante para o petista, que compartilhou o diploma com todos aqueles que defendem a democracia.
O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, muito aplaudido, reafirmou o compromisso do tribunal com a proteção do sistema democrático e garantiu, sem mensagens subliminares ou meias palavras, que não haverá anistia para golpistas. "Essa diplomação atesta a vitória plena e incontestável da Democracia e do Estado de Direito contra os ataques antidemocráticos, contra a desinformação e contra o discurso de ódio proferidos por diversos grupos organizados que, já identificados, garanto serão integralmente responsabilizados", disse o ministro Moraes.
Durante a tarde, quando ocorreu a diplomação de Lula, havia meia dúzia de gatos pingados uniformizados insistindo no golpe. Nada demais. Mas à noite, viu-se outra coisa nas ruas de Brasília: bolsonaristas radicais tentaram invadir a sede da Polícia Federal (PF) e atearam fogo em ônibus e carros particulares.
Até o momento em que esse podcast foi gravado, não há informações sobre prisões. Tampouco de alguma ação por parte do poder público federal para conter os atos golpistas. O futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, diz que todos serão responsabilizados.
A apresentação é de Geórgia Santos. Participam Flávia Cunha, Igor Natusch e Tércio Saccol. Você também pode ouvir o episódio no Spotify, Itunes e Castbox.
Doações de alimentos a projetos sociais caem no momento mais extremo da fome no país. Enquanto na pandemia de Coronavírus, a mobilização para ajudar pessoas vulneráveis e sem amparo alcançou expressivos níveis de engajamento, seja entre empresas, famílias, instituições e igrejas, agora, diante dos 33 milhões de brasileiros que passam fome segundo dados da Rede Penssan, a mobilização é bem mais escassa.
Nesta semana, a gente vai falar dos patriotas que odeiam o Brasil. Porque no álbum de figurinhas dos defensores da pátria, é possível encontrar de tudo um pouco, menos alguém que goste do nosso país.
A Copa do Mundo está on fire, o Pombo tá com tudo e o Brasilzão já está classificado para as oitavas de final. Mas contrariando a história do país do futebol, há um grupo de brasileiros que resolveu boicotar a Seleção. Não, não é o povo que tava usando camiseta vermelha há um mês, é justamente o grupo que sequestrou a Amarelinha.
Os patriotas que estão acampados em frente aos quartéis se recusam a assistir aos jogos da Seleção, boicotam o time do Brasil e já até orientam a não usar mais o manto amarelo ouro. Pois é, os patriotas estão boicotando a Seleção nacional.
Mas não é só isso, olhando bem, já reparou que eles detestam o Brasil?
Nesta semana, o que fazer com o multiverso Bolsonarista?
Passadas três semanas da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, ainda há meia dúzia de gatos pingados em frente aos quartéis. Mas antes fossem meia dúzia os que acreditam em teorias da conspiração e contos estapafúrdios sobre o presente e o futuro do Brasil.
Se em 2018 o ápice do ridículo era a mamadeira de piroca, agora fica até difícil de escolher o delírio coletivo favorito. Há quem pense que Lula morreu e foi substituído por um andróide controlado por um álien. Ou que Bolsonaro morreu e reencarnou em Lula. Há quem acredite que Trump vai salvar a nossa pátria. Ou que ao se colocar o celular na cabeça é possível enviar mensagens aos ETs.
A apresentação é de Geórgia Santos. Participam Flávia Cunha, Igor Natusch e Tércio Saccol. Você também pode ouvir o episódio no Spotify, Itunes e Castbox.
Nessa semana, o novo normal, o governo do Brasil. E ainda, o futuro dos movimentos golpistas.
Pouco mais de duas semanas desde o resultado da eleição, o incumbente Jair Bolsonaro segue desaparecidos. Há relatos de que estaria com uma infecção na perna e mesmo deprimido. Fato é que não atua como presidente do Brasil desde o dia 30 de outubro. Mas não há vácuo no poder, não. Já temos um novo governo Lula.
A transição comandada por Geraldo Alckmin é entediante como deve ser e um excelente retorno à normalidade. Sem agressividade, ofensas ou abusos, sem misoginia, homofobia ou pura e simples grosseria. Há problemas a se apontar? Sim. Problemas normais, uma lufada de ar fresco.
Quanto à Lula, é a estrela da COP-27, no Egito. Não que o presidente eleito já não esteja envolvido em polêmicas, está. Alguns questionamentos são válidos, como a carona em avião de empresário. Outros, como o custo da roupa de Janja, apenas um indicativo de que vida de Lula não será moleza daqui para frente. Ainda assim, estamos aqui discutindo a sugestão do novo presidente de a COP de 2025 ser realizada na Amazônia, e não a recomendação de se fazer cocô dia sim, dia não.
A apresentação é de Geórgia Santos. Participam Flávia Cunha e Tércio Saccol. Você também pode ouvir o episódio no Spotify, Itunes e Castbox.
As mulheres nunca estiveram tão endividadas no Brasil. Em cada 100 lares do país, 79 têm dívidas a vencer. No Rio Grande do Sul, o dado é muito pior: 95%. As causas são inúmeras: queda do rendimento, desemprego flagrante e a falta de letramento financeiro são as mais visíveis. Um problema histórico, com raízes sociais e econômicas.
Neste documentário, a equipe do Vós se debruça sobre os números para analisar as causas, fatores, contextos e realidades que permeiam o mais alto endividamento na história do estado e do país, ouvindo relatos, análises e debates que permitam vislumbrar soluções de médio e longo prazo. Ações emergenciais e políticas públicas aparecem como ideias para minimizar um problema grave, que afeta a cidadania e os Direitos Humanos.