Enquanto a política interna francesa dá ideia de estar a patinar, com o terceiro primeiro-ministro indicado por Macron no espaço de um ano, e regressam as manifestações para parar o país, a França desliza para o abismo. Paris tem uma dívida pública que ultrapassa em muito os 100% do PIB, com tendência para crescer como se percebe do défice orçamental que está nos 5,8. Pedir ajuda ao FMI não é cenário que se possa descartar. Isto já seria problema bastante para abanar a Europa, que teima em mostrar-se impotente para ajudar a Ucrânia a chegar à paz e é, agora, sistematicamente provocada pela Rússia. O assunto é mais sério do que nunca e, parecendo querer testar as linhas da NATO, drones russos violaram o espaço aéreo da Polónia. Donald Tusk advertiu que a perspectiva de conflito militar está mais próximo do que em qualquer momento desde a Segunda Guerra Mundial. O primeiro-ministro português está na China. É o primeiro governante ocidental a visitar Pequim depois de na semana passada Xi Jinping ter mostrado a sua força ao mundo em oposição à hegemonia do ocidente liderado pelos Estados Unidos. Nos meios diplomáticos circula a informação de que Trump estaria a pressionar a Europa para aplicar tarifas de 100% à China e à Índia, como forma de acabar com a guerra na Ucrânia. Por cá, a queda do Elevador da Glória mostrou um incumbente sem elevação para participar no debate político, a um mês das eleições autárquicas. Para malhar no PS, deixando na paz do senhor o Chega que apresentou uma moção de censura na Assembleia Municipal, Carlos Moedas insultou e disse umas inverdades — eufemismo usado no debate político para descrever uma mentira. Está com o Bloco Central. Paulo Baldaia modera a conversa em que a opinião que conta é de Pedro Marques Lopes e de Pedro Siza Vieira. A sonoplastia deste podcast é de Gustavo Carvalho. BLOCO CENTRAL DOS INTERESSES PEDRO SIZA VIEIRA É inevitável que nestes dias nos lembremos da canção dos Rádio Macau “O Elevador da Glória”, do álbum do mesmo nome, de 1987. Mas apetece-me sugerir que os nossos ouvintes recordem esta canção por outros motivos. Porque me recorda a Lisboa dos anos 80, onde renascia a vitalidade de uma cidade que há pouco tempo tinha recuperado a liberdade. O Bairro Alto era o sítio onde as coisas aconteciam e onde sentíamos que tinha chegado a modernidade e podíamos ser todos protagonistas. A letra registava isso muito bem, a música estava completamente alinhada com a sonoridade indie pós-punk da altura e a Xana tinha muita pinta. PEDRO MARQUES LOPES “Isto não é Miami”, de Fernanda Melchior (Elsinore, 2019) Belo livro. É um conjunto de ótimas histórias todas passadas em Veracruz, México. Muito ligadas à violência e aos gangues daquela terra. Mas é muito mais que isso. Escrito de maneira fluida, – lê-se num dia — despretensiosa, não se consegue parar. Ficaram-me as histórias da miúda possuída por um demónio, que tem como pano de fundo o primeiro casamento da autora, as da violência dos Zetas, a dos clandestinos que pensam que chegaram a Miami, a dos advogados, mas são todas boas e muito bem contadas. Há ali um misto de ternura, de busca de um quotidiano mesmo no meio daquela violência, de normalidade. Encantador. “A vida não vale nada” (de uma das histórias). “Os Cúmplices”, de Georges Simenon (Dom Quixote, 1955, edição de 1989) É tão absurdamente genial que nem sei que diga. Lembrei-me do que o Julian Barnes disse sobre ele, qualquer coisa sobre ele entrar nas almas mais negras. Mas não deve ser bem essa a expressão. Este é sobre um tipo amargurado, estranho, infeliz, com uma vida que tem tanto de vulgar (apesar de bem sucedida) como de estranha. Um casamento infeliz, uma família de que não gosta, sem filhos e com uma história de amor estranhíssima com a secretária. Ele provoca, involuntariamente, um acidente em que morrem 48 crianças, num autocarro escolar. No fundo são os dias dele e o resumo da sua vida desde esse dia até ao dia em que se mata. Curiosamente, reli sem ter relido o anterior do Simenon, de que disse não ter gostado, a “A Neve Estava Suja”, e percebi-o melhor. Esse é muito mais negro, um tipo mesmo mau. Este é bem mais humano, menos preto e branco. De cada vez que leio este tipo mais percebo o absoluto génio que foi.See omnystudio.com/listener for privacy information.
O Bloco Central regressa de férias e, pertencendo ao passado o tempo em que em agosto não acontecia nada, desta vez o que não falta são assuntos para debate. Depois de Trump se ter encontrado com Putin no Alasca e ter vindo de lá sem qualquer plano de paz, o presidente russo foi à China, conversou e tirou fotos com os líderes chinês, indiano e norte-coreano, a mostrar que o isolamento internacional que o Ocidente gostava de lhe impor, simplesmente não existe. A Europa ainda acabou acusada, tanto por fontes da Casa Branca como pelo porta-voz do Kremlin, de não querer a paz. Marcelo a falar com miúdos da universidade de Verão do PSD referiu-se a Trump como activo da Rússia ou da União Soviética, nada que vários analistas internacionais não tenham dito antes, nem que a realidade desminta, mas dá-se o caso de Marcelo ser Presidente da República. Houve quem temesse retaliação trumpista ao nível do que aconteceu com o Brasil, mas nem Marcelo é Lula, nem Portugal é o Brasil e a coisa passou. Em Brasília, Bolsonaro começou a ser julgado por tentativa de golpe de Estado e por tentativa de abolir violentamente o Estado Democrático de Direito, coisa que na América seria impossível fazer com Trump. Juntamente com o recomeço do julgamento de Sócrates, há aqui matéria para pensar na actuação da justiça, no contexto das democracias, quando os réus são antigos líderes políticos ou políticos no poder. Por cá, o governo estava de férias e não parece ter percebido a gravidade de um país a arder no norte e no centro. A Saúde nunca parou de dar notícia, com casos e casinhos. O Tribunal Constitucional deu razão ao Presidente e considerou inconstitucionais várias normas da Lei dos Estrangeiros e logo apareceu um vencido a acusar a maioria dos outros juízes de terem decidido por convicção pessoal e ideológica. Há aqui pano para mangas, a que se podia acrescentar ainda, por exemplo, o projecto do governo para rever a legislação laboral, mas como mantemos o compromisso de manter estas conversas com cerca de uma hora de duração, temos de fazer opções.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Afinal, o que é o liberalismo? A resposta parece fácil, mas as respostas fáceis são muito simplistas e, por isso, o nosso convidado de hoje resolveu escrever um livro para explicar uma ideia que começou a nascer cerca de 500 anos, mas que só se começou a impor, sobretudo, no ocidente, um ou dois séculos depois. Será esta a ideia que mudou o mundo, como a classifica o autor? Quando falamos de democracia liberal para definir uma democracia plena, será que os conceitos se confundem? Faz sentido que exista como partido? É de direita? O liberalismo é um espectro, onde cabem várias correntes? É a defesa radical desta ideia que nos leva até às democracias iliberais, como sistema político em que existem eleições e aparência de democracia, mas sem pleno respeito pelas liberdades civis, direitos individuais e pelo Estado de direito. Carlos Guimarães Pinto é o autor do livro “Liberalismo: A ideia que mudou o mundo” e está no Bloco Central para conversar com Pedro Siza Vieira e Pedro Marques Lopes. A sonoplastia do episódio é do Gustavo Carvalho. A moderação da conversa é de Paulo Baldaia. As sugestões de Carlos Guimarães Pinto: Worten Mock Fest 2025 A comédia de stand-up é uma das formas de arte mais subestimadas, embora seja das mais exigentes para os artistas. Para um bom espetáculo de stand-up não basta ter um bom texto, o desempenho do artista é fundamental. Um segundo a mais ou a menos entre palavras, um engano numa palavra e um bom texto transforma-se num desempenho artístico. Ao contrário de outras formas de arte, esta está permanentemente a ser julgada. A cada 20 segundos, o público dá o seu feedback sobre a qualidade da obra. Também ao contrário de outras formas de arte, essa resposta não resulta de cortesia. Em espetáculos de teatro ou música, as pessoas podem aplaudir por cortesia ou respeito pelo artista, mesmo que não tenham gostado muito. Na comédia de stand-up, a reação que comprova o sucesso do artista – o riso – é natural e imediata, muito mais difícil de simular por parte do público. A somar a isso, o artista está ali sozinho, sem rede. Como se tudo isto não fosse o suficiente, dificilmente alguém aprecia a mesma arte de stand-up muitas vezes como acontece com uma escultura, uma música ou um quadro. O inesperado acrescenta valor, um valor que quase desaparece numa segunda vez. O artista precisa, por isso, de estar sempre a criar para ser artista. Muitas pessoas não o sabem, mas o stand-up português está a viver o seu momento alto. Nunca houve tantos talentos e tão bons abaixo dos 40 anos. Reflexo disso, teremos este ano o primeiro festival dedicado a stand-up: o Worten Mock Fest (não fui pago para fazer esta publicidade, mas os organizadores merecem). Ainda estamos longe de ter um Fringe Fest como Edimburgo, mas, quem sabe, com eleições autárquicas à porta, não haverá um candidato a prometer isso. Teria muitas dificuldades em não votar nele. “Estado febril”, dos A Caruma A Caruma foi uma banda que nunca teve um grande sucesso, mas cujas letras transpiravam uma insatisfação latente que só mais tarde se refletiu politicamente. É um grupo que estava ali perdido no seu estilo, que tenta ser rural e popular soando citadino e elitista. Em retrospetiva, algumas letras hoje parecem gritos de aviso às elites para um sentimento de um povo que não sente que as suas insatisfações, as reais e as imaginárias, são ouvidas. Vale a pena relembrar. Talvez lhes dê vontade de voltar quase 10 anos depois. Suspeito que hoje teriam muito mais sucesso. A música é “Estado Febril”. See omnystudio.com/listener for privacy information.
O livro que serve de mote à conversa de hoje parte de cinco aulas/conferências proferidas por Rui Tavares num curso sobre a história das guerras culturais, complementadas por crónicas publicadas na imprensa portuguesa e brasileira. “Hipocritões e Olhigarcas - Passado e futuro das guerras culturais” começa há dois mil anos e termina nos dias de hoje, com a apresentação destes novos monstros e onde somos convocados para um debate sobre a melhor forma de gerir o medo da mudança. Ou melhor, das mudanças que estão a acontecer em todo o mundo. O autor, que é hoje o convidado do Bloco Central para uma conversa com Pedro Marques Lopes e Pedro Siza Vieira, escreve na contracapa que “o passado das guerras culturais ensina-nos a olhar para o nosso futuro imediato - e diz-nos que precisamos de novas palavras para entender os novos monstros”. Partimos daqui para uma conversa sobre as guerras culturais do presente e dos monstros que se alimentam dessas guerras. A sonoplastia deste episódio é de Gustavo Carvalho. A moderação é de Paulo Baldaia. As propostas de Rui Tavares: “Apocalipse nos trópicos”, de Petra Costa (disponível na Netflix) Documentário com acesso sem precedentes a duas figuras centrais da atualidade brasileira: Lula da Silva e, especialmente, Silas Malafaia, o pastor evangélico mais poderoso do país. O filme explora a dinâmica entre religião e política, mostrando, em particular, como as políticas sociais podem ser sequestradas por uma visão teológica. Quando a vida melhora, milhões saem da pobreza e conquistam a primeira casa, o primeiro carro ou o acesso à universidade — mas o sucesso não é atribuído às políticas públicas, e sim ao mérito pessoal e a Deus. O documentário termina com imagens impressionantes dos acontecimentos de 8 de janeiro na Praça dos Três Poderes, em Brasília — ponto de confluência paroxístico dessa tensão política e religiosa. “Aventurera”, de Natália Lafourcade “Aventurera” é uma das faixas do álbum “Mujer Divina”, composto por versões de clássicos do cancioneiro mexicano de Agustín Lara, com duetos que incluem Gilberto Gil, Devendra Banhart e muitos outros. Vale a pena ouvir o disco inteiro, mas esta é a canção mais alegre de todas — e um excelente convite para o verão. See omnystudio.com/listener for privacy information.
No mesmo dia em que estreia este episódio do Bloco Central, os membros do governo e os deputados dos diferentes grupos parlamentares debatem o estado da Nação. Uns estarão mais otimistas e outros mais pessimistas, uns puxarão mais pela imigração, outros pela saúde ou pela habitação. A montante e a jusante, o estado da economia, como está e para onde caminha. É igualmente um bom momento para aferir se há uma inclinação governamental para a direita ou se a AD se mantém o partido do meio, verdadeiramente disponível para negociar os grandes dossiês com o PS. Num podcast com sonoplastia de Salomé Rita, eu sou o Paulo Baldaia na moderação de uma conversa em que a opinião que conta é de Pedro Marques Lopes e Pedro Siza Vieira. Sugestão de Pedro Marques Lopes: Estreou esta quarta-feira, 16 de Julho, o espetáculo Audição, do Teatro Praga. É uma peça comemorativa dos 30 anos desta companhia. A Praga é das companhias de teatro mais importantes da cena teatral portuguesa deste século e é com certeza a mais importante do teatro experimental. Espetáculos fundamentais como super gorila, sonho de uma noite de verão, turbo folk, ego sistema, tropa fandanga, jângal, timão de atenas, bravo 2023, resposta a antígona e muitos mais. Espetáculos sempre desafiantes, arriscados, que fogem a todos os cânones e convenções, mas sempre belos e com um cheiro intenso a liberdade e criatividade. A Praga é um projeto mesmo muito especial e de uma profunda sensibilidade artística. Quatro figuras que eu quero destacar: André Teodósio, Claúdia Jardim, o Diogo Bento e o José Maria Vieira Mendes que são, perdoem-me os restantes, a alma da companhia. Vão celebrar com a Praga. Sugestão de Pedro Siza Vieira: Há 40 anos foi publicado Rum, Sodomy and the Lash, o segundo álbum dos Pogues e aquele que os tornou numas improváveis estrelas. A banda era liderada pelo já falecido Shane McGowan, que neste álbum criou uma fórmula muito original de conjugar a música tradicional irlandesa com a música pop. Neste álbum os Pogues ainda tocam músicas tradicionais, como Dirty Old Town ou I’m a Man You Don’t Meet Everyday, mas sobretudo revelou-se o talento do Shane MacGowan como um dos grandes criadores de canções do nosso tempo. Nos meus tempo de universidade ouvi muitas vezes este álbum e continuo a revisitá-lo com enorme prazer. Sugiro que ouçam uma das grandes canções dos Pogues - A Pair of Brown Eyes - em homenagem aos 40 anos do álbum que revelou o Shane MacGowan ao mundo.See omnystudio.com/listener for privacy information.
O Governo transformou a questão da imigração na questão central da política portuguesa e o Chega toma balanço e sobe a parada. Do final da semana passada vem o discurso do ódio, agora dirigido a crianças filhas de pais imigrantes por frequentarem a escola pública em Portugal. A análise de Pedro Marques Lopes e Pedro Siza Vieira no Bloco Central moderado por Paulo Baldaia. SIZA VIEIRA PROPÕE PARA VER A Longa Noite - uma série italiana que passou na RTP2 e pode ser vista na RTP Play. É uma dramatização dos últimos dias de Mussolini como Duce de Itália, muito fiel aos factos. A queda de Mussolini decorre de uma decisão do Conselho Fascista, que aprova uma moção de censura que leva o rei a demiti-lo e prendê-lo em 25 de julho de 1943, afastando-o do poder ao fim de 21 anos. É uma excelente recordação dos riscos que um país corre ao entregar o poder absoluto a um homem, com um programa de salvação nacional contra o caos que ele próprio criou - e que construiu o seu poder pela defesa da superioridade da nação face a outros povos, do culto da força e da masculinidade, e pela repressão da dissidência e da imprensa livre e a supressão do parlamento e dos tribunais. No limite, são os seus próximos que, temerosos da chegada dos exércitos aliados e do povo cansado da guerra, acabam por o afastar. MARQUES LOPES PROPÕE PARA OUVIR Estreou recentemente o filme Homem com H, na Netflix, um biopic de Ney Matogrosso que aconselho. O Ney foi e é um artista fundamental da música brasileira, melhor, da musica cantada em português. Foi revolucionário em muitos sentidos: no modo de cantar, na escolha de reportório e sobretudo na forma de se apresentar em palco. Escancarou muitas portas, contribuiu para o reconhecimento de direitos de minorias, mas é sobretudo um extraordinário artista e performer. Proponho a audição de um dos primeiros temas que ouvi dele e que ainda hoje adoro, é do Feitiço de 1978: Bandolero.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Finalmente, vai começar o julgamento do século. O ex-primeiro-ministro José Sócrates senta-se no banco dos réus, 10 anos depois de ter sido detido no aeroporto de Lisboa, numa altura em que, alega ele, quiseram impedi-lo de ser candidato a presidente da República. Ele não foi, mas na área socialista avançou Maria de Belém e Sampaio da Nóvoa, que pode voltar a ser candidato, agora que Augusto Santos Silva, depois de ter colocado por duas vezes a hipótese de avançar, decidiu, em definitivo, não o fazer. A história repete-se, mas, do outro lado do Atlântico, há uma nova estrela na política, muçulmano candidato a presidente da Câmara de Nova Iorque pelos democratas. Mamdani já está a ser ameaçado pelo governo de Trump com a possibilidade de vir a perder a cidadania norte-americana. Enquanto isso, o presidente dos Estados Unidos conseguiu aprovar no Senado o 'Grande e Bonito' projecto de lei orçamental, com JD Vance a desempatar. Os ricos vão pagar menos impostos, mas mudam muito mais coisas na vida dos norte-americanos. O Bloco Central conta com Paulo Baldaia na moderação de uma conversa onde a opinião que conta é de Pedro Marques Lopes e Pedro Siza Vieira. A sonoplastia é de Gustavo Carvalho.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Quem faz a guerra, faz a paz e isso foi muito visível no Irão com os Estados Unidos a entrarem na guerra ao lado de Israel e a impor, depois, a paz aos dois lados, enquanto viajava de Washington para Haia. Antes deste desfecho, os iranianos já tinham feito mais um simulacro de retaliação, desta vez contra uma base militar norte-americana no Catar. Chegamos aqui porque, pela enésima vez, Telavive entendeu que Teerão estava a um passo de ser uma potência nuclear e resolveu atacar o regime dos ayatolas, enquanto eles faziam uso das duas semanas oferecidas por Donald Trump para reflectir. O presidente norte-americano foi recebido como herói numa cimeira da NATO feita à medida para lhe agradar, mas como tudo foi feito para americano ver, ninguém está à espera que se cumpra a despesa militar de 5% do PIB. Não vai cumprir, antes demais, Washington e, para não arranjar problemas com os parceiros de extrema-esquerda, o governo de Madrid. O Executivo liderado pelo socialista Pedro Sánchez, que chegou ao poder há sete anos com a queda do PP envolto em corrupção, atravessa hoje uma crise com problemas sérios na justiça. Por cá, mais do que tema central, às vezes parece tema único, a imigração mereceu o primeiro conselho de ministros extraordinário do novo governo. A AD, que encheu o país com cartazes a gabar-se de, em 11 meses, ter resolvido os problemas da imigração, continua a resolver os problemas da imigração. Será mesmo assim? É isso que vamos saber neste episódio do Bloco Central, ouvindo Pedro Marques Lopes e Pedro Siza Vieira. A moderação da conversa é de Paulo Baldaia. A sonoplastia é de João Luís Amorim.See omnystudio.com/listener for privacy information.
O mundo está a ficar cada vez mais perigoso e o todo poderoso que prometia a paz em todo o lado, o mais que tem conseguido é dar um novo impulso aos mais fortes. Na guerra entre Israel e o Irão, especula-se com o envolvimento directo dos Estados Unidos e o senador democrata Tim Kaine está a tentar fazer com que o congresso diminua os poderes de guerra de Donald Trump. O Mal está no meio de nós e anda disfarçado das profissões que se fardam para o combater. Lobo com pele de cordeiro. O movimento neo-nazi que recebeu a visita da unidade anti-terrorismo da Polícia Judiciária não só estava fortemente armado, como teve entre os seus detidos um chefe da policia em efectividade de funções na municipal de Lisboa. Tudo isto tem servido também para deixar para segundo plano o Programa do Governo, viabilizado à direita e à esquerda, mesmo sendo um programa bastante mais à direita que o anterior. Do tanto que há para falar sobre ele é por aí que começamos a conversa de hoje no Bloco Central, onde a opinião que conta é de Pedro Marques Lopes e Pedro Siza Vieira. A moderação da conversa é de Paulo Baldaia e a sonoplastia de João Luís Amorim.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Até à revolução de Abril, o 10 de junho era o Dia da Raça, depois passou a ser o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Em 2008, o 10 de Junho voltou a ser também o dia da raça, num aparente descuido do então Presidente da República Aníbal Cavaco Silva. Desta vez, sem equívocos, primeiro Lídia Jorge, depois Marcelo Rebelo de Sousa, vieram deixar claro que, quando muito, somos arraçados dos muitos que nos procuraram e de outros tantos que buscamos.See omnystudio.com/listener for privacy information.
O novo ciclo político acelerou, os deputados ocuparam os seus lugares e aguardam agora pela posse do novo governo que será muito parecido com o que continua em funções. Depois disso, votarão, por iniciativa do PCP, uma moção de rejeição ao programa de governo que está condenada ao fracasso. Não tarda, estamos de férias e quando regressarmos vamos de novo a votos para elegermos 308 presidentes de câmara, milhares de vereadores, presidentes de junta e deputados municipais. Mas as eleições que parecem estar ao virar da esquina são as presidenciais. O PS já tem um candidato, mas não sabe se o quer apoiar. O PSD apoia dois, mas um dizem que é por vingança. O Chega promete prejudicar o almirante, admitindo manifestar-lhe apoio. A IL já anunciou candidata mas, se calhar, precisa dela para outras funções. E a esquerda anda, nesta matéria mas não só, a apanhar bonés. Antes de nos dedicarmos à política caseira, vamos sobrevoar a Rússia que sofreu dois ataques humilhantes da Ucrânia e revisitar Elon Musk que agora, livre como o passarinho do twitter, já dispara em direção à Casa Branca por causa do orçamento. Ouça aqui o novo episódio. See omnystudio.com/listener for privacy information.
Depois do tsunami eleitoral que derrubou o PS e deu ao Chega o lugar de segundo maior partido português, os socialistas resolveram não fazer ondas. Os militantes, tanto quanto se sabe até hoje, não vão ter nem escolha, nem debate. O senhor que se segue é José Luís Carneiro, que contou com os votos dos costistas para enfrentar Pedro Nuno há pouco mais de um ano, apoiantes que agora optam por assistir na bancada a uma travessia no deserto, mas não deixam de dizer que o rei vai nu. Escolhido para o altar do sacrifício, Carneiro já garantiu apoio ao governo, pedindo em troca que a AD escolha o PS para as questões de regime. Do outro lado, cheio de si mesmo, André Ventura apresenta-se como líder da oposição e próximo primeiro-ministro. Também viabilizará o programa de governo e o que pede em troca à AD é que se liberte do PS. Montenegro será indigitado primeiro-ministro esta quinta-feira e tem o ás de trunfo. Nada que necessite de dois terços dos votos (revisão constitucional, leis orgânicas, nomeações institucionais) pode ser feito sem a AD, enquanto que qualquer um dos restantes oito partidos é dispensável. As eleições que se seguem são as autárquicas, mas as eleições de que se fala são as presidenciais. Gouveia e Melo apresenta oficialmente a sua candidatura esta sexta-feira. Ventura volta a admitir dar ao almirante o apoio que o almirante não quer, enquanto o PS se arrisca a ter em António José Seguro um candidato que parte do partido não quer. No Bloco Central, a moderação é de Paulo Baldaia, numa conversa entre Pedro Marques Lopes e Pedro Siza Vieira, com sonoplastia de Gustavo Carvalho. See omnystudio.com/listener for privacy information.
O Presidente da República começou a ouvir os partidos parlamentares e vai voltar a ouvir os três maiores partidos depois de 28 de Maio, dia em que se ficarão a conhecer os resultados dos dois círculos eleitorais da emigração, e em que o mais provável é a confirmação de que o Chega passou a ser o segundo maior partido no Parlamento. Ventura vai mudar alguma coisa para ficar mais perto do governo? Quem vai continuar a governar é a AD, beneficiando desde já do PS estar nos cuidados intensivos, proibido de contribuir para qualquer percepção de instabilidade. Os socialistas têm agora de decidir se escolhem rapidamente um sucessor/sucessora de Pedro Nuno Santos ou se esperam pelas autárquicas e só depois tratam da liderança. Estas eleições que há dois meses pareciam relativamente fáceis para o PS podem causar mais um facto inédito na democracia portuguesa: o poder político pode ficar todo na mão de um só partido: Presidência da República, governo nacional, governos regionais da Madeira e dos Açores e liderança da ANMP. Nunca tal aconteceu. Está com o Bloco Central, segunda edição esta semana, fizemos um episódio extra logo na segunda-feira. Paulo Baldaia faz a moderação de uma conversa com os comentadores residentes Pedro Marques Lopes e Pedro Siza Vieira. A sonoplastia é de Gustavo Carvalho.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Se estava em Portugal no domingo, dia 18 de maio, às oito da noite, deve ter dado conta do terramoto político com epicentro no sul do país, algures entre o Algarve e Portalegre, Setúbal e Beja, mas com estragos em todo o território, honrosa excepção ao distrito de Bragança. Devo avisar que este episódio contém números chocantes para gente de esquerda mais sensível, pelo que se aconselha trabalho árduo nos próximos actos eleitorais se não querem sofrer novos dissabores. Conselho idêntico pode ser dado à direita democrática com vitórias poucochinhas e a necessitar de um melhor entendimento sobre a adopção da narrativa de extrema-direita que pode estar a ajudar o Chega nesta caminhada. Como lhe disse, o terramoto provocou um tsunami à esquerda que quase fez desaparecer o Bloco, salvou in extremis o PCP e fez colapsar o Partido Socialista. O país está de novo a precisar de ser salvo pelo Bloco Central? Nós aqui o mais que podemos fazer é pedir aos comentadores residentes, Pedro Marques Lopes e Pedro Siza Vieira, que opinem sobre a matéria. A moderação é de Paulo Baldaia e a sonoplastia de Gustavo Carvalho.See omnystudio.com/listener for privacy information.
A situação em Gaza é catastrófica, a fome espalha-se à medida que o tempo passa desde que há mais de dois meses Israel determinou um embargo total. Faltam medicamentos, alimentos e água. Como entender tamanha desumanidade perante uma crise que a história registará como genocídio, mas que agora é apenas um rodapé noticioso? Tem mais destaque a viagem de negócios de Trump ao Médio Oriente, com a polémica do super Boeing de luxo oferecido a Trump pelo Catar, a compra de armamento norte-americano pelos sauditas no valor de 140 mil milhões de dólares, o fim das sanções à Síria acompanhada do direito a construir uma Trump Tower em Damasco. Enquanto isso, cresce a convicção de que a paz pode chegar à Ucrânia, mas no momento em que gravamos este episódio não é certo que Putin vá à Turquia e assim também não vão Zelensky e muito menos Trump. Haverá pelo menos um cessar-fogo. A Europa diz que sem isso, vem aí um reforço de sanções à Rússia. Por cá, onde oito líderes de partidos com assento parlamentar a desfilar em campanha não esbarram com uma ideia para mudar o país e onde o que é bom é ir a programas de entretenimento ou conversar com comediantes e nunca dar uma entrevista a jornais de referência, as sondagens indicam que vai ficar tudo mais ou menos na mesma. O que Marcelo espera é que, sendo assim, o PS volte a viabilizar um governo de Montenegro. Será possível? E se o PS vencer com maioria à direita, que reciprocidade vai valer? A do ano passado, governa quem ganha, ou a de 2015, governa quem tem apoio maioritário no Parlamento? No Bloco Central, o Paulo Baldaia faz as perguntas, os comentadores residentes Pedro Marques Lopes e Pedro Siza Vieira comentam.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Num mundo em que tudo pode acontecer, era suposto não haver grandes surpresas, mas isso era só até chegarmos ao momento em que a Alemanha tinha de escolher um novo chanceler. Como as negociações para garantir que essa votação acontecia à primeira foram longas, ninguém esperava que uma coligação que tem maioria de 328 deputados não fosse capaz de obter 316 votos secretos. Foi à segunda tentativa. Ainda assim, na Alemanha quem ficou a rir foi Alice Weidel, da AfD, partido considerado pelas secretas alemãs como uma organização extremista que ameaça a Constituição. A ilegalização deste partido, segundo mais votado nas últimas eleições, e primeiro em sondagens recentes, é assunto para os tribunais alemães. Extremismos e populismos versus democratas à volta do mundo, com destaque esta semana para a Austrália, a Roménia e o Reino Unido, é tema para a conversa do Bloco Central, onde os comentadores residentes, Pedro Marques Lopes e Pedro Siza Vieira, também vão conversar sobre a intenção declarada por Netanyahu de tomar posse de Gaza. Por cá, terminaram os debates, começou a campanha propriamente dita, dando destaque às questões da imigração, e a incógnita que nos vai acompanhar até à noite de dia 18 tem a ver com as condições de governabilidade. Cavaco Silva apareceu para apelar ao voto no PSD e caucionar a ética e a moral de Montenegro.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Num tiro que lhe saiu pela culatra, Trump assistiu no inicio da semana à derrota dos seus amigos conservadores canadianos, quando há três meses tinham 25 pontos percentuais de vantagem sobre os liberais que se mantiveram no poder. Começou mal a semana, mas termina bem com o acordo que dá aos Estados Unidos uma parte das terras raras na Ucrânia. Será sempre preciso esperar para se conhecerem as letras mais pequenas do contrato, mas as duas partes dizem-se muito satisfeitas. Kiev vai poder contar com a ajuda norte-americana para se defender da Rússia? Seria uma espécie de milagre da Basílica de São Pedro, onde Zelensky e Trump conversaram no dia do funeral do Papa. Por cá, um apagão que veio de Espanha revelou as fragilidade estruturais do país e confirmou que a improvisação e o amadorismo são características muito portuguesas para lidar com os problemas, mesmo quando o assunto é sério. O apagão adiou o frente a frente entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos, mas não foi o assunto dominante nesse debate que aconteceu na quarta-feira. Numa semana de transcendências, a Spinumviva ressuscitou com uma actualização feita por Montenegro no Portal da Transparência e o melhor momento de Pedro Nuno no debate. Está com o Bloco Central, onde os comentadores residentes são o Pedro Marques Lopes e o Pedro Siza Vieira.See omnystudio.com/listener for privacy information.
A Semana começou, manhã cedo, com a notícia da morte do Papa Francisco. Partindo um líder que ousou confrontar a Igreja com os seus pecados - abusos sexuais ou ganância, por exemplo - saberão os cardeais que vão escolher o sucessor de Francisco viver com arrependimento e seguir em frente, não fazendo marcha-atrás em nenhum dos caminhos recentemente percorridos pelo Vaticano? A Igreja Católica é o espelho de tensões políticas e religiosas que se vivem também fora dela. As questões da vida - aborto, procriação medicamente assistida, eutanásia -; as questões de género - igualdade entre homens e mulheres e direitos da comunidade LGBT -; as migrações. Enquanto isso, a guerra vai-se fazendo, seja em Gaza, seja na Ucrânia, onde Trump fez saber que, talvez desiludido consigo próprio, se prepara para bater em retirada, desistindo da paz que prometia conseguir em 24 horas, já lá vão mais de três meses. Por cá, a semana passada acabou com o anúncio de uma averiguação preventiva à compra de duas casas por Pedro Nuno Santos e a equivalência que sectores da política e do comentário se apressaram a fazer com os casos e as casas de Luís Montenegro. E na terça-feira, o líder do PS admitiu que a prometida CPI da próxima legislatura, afinal, pode não conhecer a luz do dia. Os frente-a-frente estão a chegar ao fim. Montenegro, que teve apenas dois, terá os dois debates mais importantes. Esta quinta-feira com André Ventura e na segunda com Pedro Nuno. Bloco Central é uma conversa entre Pedro Marques Lopes e Pedro Siza Vieira com moderação de Paulo Baldaia e sonoplastia de Gustavo Carvalho.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Donald Trump continua apostado em aproveitar todas as oportunidades para mostrar que, na guerra da Ucrânia, está do lado de Putin ao mesmo que prossegue com a sua guerra das tarifas, agora concentrando no braço-de-ferro com a China, que não cede aos interesses norte-americanos nem aos caprichos de Trump. A União Europeia está naturalmente mais disponível para negociar, mas também tem deixado claro que pretende ir à luta. Por cá, é certo que, a 18 de Maio, o voto dos comentadores vale o mesmo que o de qualquer português e é altamente improvável que o último lugar de André Ventura nas avaliações aos debates venha a corresponder a um lugar idêntico na Assembleia da República. Fizemos a meia maratona e vamos entrar na pausa da Páscoa para fechar depois a maratona de debates. O online da CNN fez as contas às notas que os seus comentadores deram a cada um dos debatentes, juntaram as notas do Expresso, da SIC e do Observador e chegaram à conclusão que os líderes dos dois maiores partidos estão melhor na média da avaliação, seguidos de Rui Tavares e Rui Rocha. No Bloco Central, a opinião que conta é de Pedro Marques Lopes e Pedro Siza Vieira.See omnystudio.com/listener for privacy information.
A guerra das tarifas fez estalar o verniz na Casa Branca levando Elon Musk a chamar "burro que nem uma porta" ao principal conselheiro de comércio de Donald Trump. Este é só o exemplo máximo de uma divisão que já se faz sentir entre a base de apoio do presidente dos Estados Unidos. Quem não está a gostar mesmo nada do caminho seguido, que teve impacto nas bolsas em todo o mundo, são os multimilionários que ajudaram a levar Trump à presidência. Com ironia deve dizer-se que os dramas do mundo não parecem ter afectado o optimismo com que os líderes partidários se apresentam na pré-campanha. Os debates começaram e começou a caça ao voto útil, do que ninguém quer falar é de más notícias. Nós por aqui não damos para esse peditório e a conversa com os dois comentadores residentes faz-se com muito realismo. No Bloco Central, a opinião que conta é do Pedro Siza Vieira e do Pedro Marques Lopes.See omnystudio.com/listener for privacy information.