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Boa Noite Internet
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Author: Ampère
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É possível ser feliz no trabalho? Essa pergunta, que parece tirada de um cartaz de RH com fonte Comic Sans e fundo azul piscina de bolinhas, foi o ponto de partida da minha conversa com a Renata Rivetti, especialista na ciência da felicidade e fundadora da Reconnect. Mas calma, aqui felicidade não é clichê motivacional. Não tem dancinha nem Sonho de Valsa como recompensa por bater a meta.A gente falou sobre o que significa, de fato, ter uma relação mais saudável com o trabalho. E já começamos mandando a real: a empresa não tem que te fazer feliz. Mas ela também não pode ser mais um fator de desgaste da sua saúde mental.A Renata explica como a ideia de felicidade foi sequestrada por discursos que vendem alegria constante como sinônimo de sucesso. E isso, longe de ajudar, tem deixado todo mundo mais ansioso, mais cansado e mais frustrado. Felicidade, de verdade, tem mais a ver com três coisas: alegria (sim, mas não o tempo todo), satisfação (ter metas, sentir que está realizando algo) e significado (entender que o que você faz importa, mesmo que não seja salvar as baleias).Falamos também sobre o papel do Chief Happiness Officer — não como animador de festa corporativa, mas como um cargo estratégico que olha pra sobrecarga, pra segurança psicológica, pra cultura de bem-estar que vai muito além de sexta-feira da bermuda. Ah, e se você acha que isso é coisa de empresa “Nutella”, Renata traz dados, estudos e exemplos práticos que mostram como ambientes saudáveis dão resultado, sim.Ainda rolou papo sobre semana de quatro dias, ghost working, dopamina rápida, cultura da produtividade tóxica e aquele velho conhecido: o culto ao workaholic. Um episódio para repensar não só o trabalho, mas a vida que a gente está construindo em volta dele.O Boa Noite Internet é uma publicação apoiada por pessoas como você, nosso público. Para receber novos posts e apoiar meu trabalho, considere tornar-se um assinante gratuito ou pago. This is a public episode. If you'd like to discuss this with other subscribers or get access to bonus episodes, visit boanoiteinternet.com.br/subscribe
“Inovação” é o tipo de palavra que todo mundo fala, mas nem sempre entende. Por isso, convidei Amanda Graciano, economista e estrategista de negócios, para conversar não só sobre inovação, mas para saber o que é fazer inovação no Brasil e como isso pode ser um diferencial. Será que só nos resta seguir os “guias de tendência” de eventos como SxSW? Ou o famoso jeitinho brasileiro é, na verdade, nossa arma secreta?O Boa Noite Internet é uma publicação apoiada por leitores. Para receber novos posts e apoiar meu trabalho, considere tornar-se um assinante gratuito ou pago. This is a public episode. If you'd like to discuss this with other subscribers or get access to bonus episodes, visit boanoiteinternet.com.br/subscribe
O mundo do trabalho mudou — e quem lidera precisa mudar junto. Neste episódio do Boa Noite Internet, a psicóloga e escritora Mariana Clark, especialista em lutos corporativos, fala sobre um novo jeito de exercer liderança: menos “controle e comando”, mais “escuta e cuidado”.A gente cresceu achando que trabalho era lugar de performance. Que quem lidera tem que dar exemplo de força, segurar as pontas e “resolver”. Mas e quando alguém do time está passando por uma perda? Quando não tem resposta pronta? Quando o silêncio pesa mais que qualquer planilha?Por isso, Clark propõe uma mudança de postura: não é ter que virar terapeuta, é reconhecer a humanidade do outro — e a sua também. Acolher não é “passar pano” nem “baixar a régua”. É criar espaços seguros onde as pessoas possam ser inteiras, mesmo quando estão quebradas.Falamos de saúde mental, de escuta ativa, de como o modelo tradicional de liderança já não dá conta do que a vida real exige. Também conversamos sobre as novas gerações que rejeitam a lógica do “aguenta firme” e sobre como construir ambientes de trabalho que cuidam — sem perder a entrega. Além de analisar pessoas usando IA como terapeuta e até para resolver seus lutos.Uma conversa pra quem lidera, pra quem quer liderar e pra quem acredita que trabalho não precisa ser sinônimo de sofrimento calado.Nova turma do meu cursoAgora em outubro começa a nova turma do meu curso, Apresentashow: Como fazer apresentações corporativas que são um espetáculo.É um curso ao vivo onde, durante 3 dias, vou te ensinar tudo que aprendi sobre como contar histórias no ambiente de trabalho. Vamos muito além do “slide bonito”: é um curso sobre narrativas e como encontrar sua história, um método anti-ansiedade para vencer o desespero da página em branco e o medo do palco (nem que seja na tela da videoconferência).Técnicas, inclusive, que usei para preparar a Mariana Clark (entre outros) para falar no TEDxBlumenau!Até o fim desta semana, o curso está com 20% de desconto então vem logo que você vai curtir. Olha o que quem já fez o curso tem a dizer:“Me inscrevi no curso com o objetivo de melhorar minhas apresentações, mas, na verdade, aprendi a aprimorar minha comunicação de forma geral. Percebi que tudo o que comunicamos é, de certa forma, uma apresentação, independentemente de usarmos slides ou não. Essa mudança de perspectiva ampliou minha visão sobre diferentes formas de transmitir ideias. O curso foi realmente valioso!”— Luciana Sombrio Soares“Eu quis fazer o curso para conseguir entender melhor quais são as técnicas usadas para construir uma boa apresentação. Saí sabendo isso e muito mais, porque o curso não se limitou apenas ao PPT: o Cris abordou outros temas super relevantes, como a construção de narrativas, a entender o público e como engajá-lo, além de boas práticas na hora de apresentar.”— Paulo Koja, Product Manager“Saí do curso com ferramentas práticas, como o leave behind e as dicas de design para não designers, entre outras - mas também com um conhecimento mais aprofundado e estratégico sobre estrutura, impacto emocional, conexão com o público, e outros elementos essenciais para uma boa apresentação. Assistir as aulas do Apresentashow foi um prazer.”— Barbara Axt, Especialista em comunicação"Foi então que me deparei com o curso APRESENTASHOW, do amigo Cris Dias, que dispensa apresentações. O título já diz tudo: 'Como fazer apresentações corporativas que são um espetáculo'. Era exatamente o que eu precisava, e o curso superou todas as minhas expectativas. O conteúdo não foi só útil, mas extremamente prático. Consegui aplicar imediatamente o que aprendi, e os resultados foram impressionantes."— Alexandre Kavinski, AI & Innovation Lead @ WPP This is a public episode. If you'd like to discuss this with other subscribers or get access to bonus episodes, visit boanoiteinternet.com.br/subscribe
A temporada de entrevistas do Boa Noite Internet voltou com tudo e temos nosso primeiro repetente! Não porque ele mandou mal na primeira vez que veio ao programa, mas porque se não fosse pelo incentivo dele sabe-se lá quando íamos voltar. Sim, estou falando do antropólogo do luxo: Michel Alcoforado.E que conversa. A gente falou do livro novo dele, Coisa de Rico, que é daquelas leituras que dá de presente ao mundo uma nova lente para se ver o mundo. Você termina o livro vendo coisa de rico em tudo: do LinkedIn ao almoço em família, na série da academia e na harmonização facial.Sabe o meme “quando ficar rico não direi nada, mas haverá sinais?”. Pois o Michel explica que “coisa de rico” não é só Ferrari ou casa em Angra, são justamente os sinais que mandamos para o mundo da nossa riqueza. Pode ser o filho que passou na Olimpíada de Matemática, o diploma de Harvard, o vinho certo dado na hora certa. É, também, a hora certa de rir. Porque existe uma risada de rico.Falamos dos ricos que se acham pobres, dos pobres que acham que vão ficar ricos, dos emergentes que performam riqueza com força (e harmonização) e dos tradicionais que fingem que são ricos desde sempre. Tem coach vendendo “potencial desbloqueado”, tem influencer ensinando como ter atitude de rico, e tem a gente aqui tentando entender esse Brasil onde ninguém é rico, mas mundo tem seu “rico de estimação”.Nessa conversa, aproveitei para desabafar, contando que o livro me fez feliz pelas escolhas que fiz na vida, até aquelas que me fizeram ganhar menos dinheiro. Porque, no fim das contas, como diria o próprio Michel, dinheiro não traz felicidade — mas ajuda a pagar a conta do sushi com o professor de cultura japonesa em Tóquio. E esse jantar não se agenda sozinho.Vem ver ou ouvir, porque esse episódio está fino. E me conta depois: qual é a sua coisa de rico?Ouça também:Obrigado por ler. Aqui não tem algoritmo nem feed, então não deixe de enviar este artigo para quem você acha que pode gostar. This is a public episode. If you'd like to discuss this with other subscribers or get access to bonus episodes, visit boanoiteinternet.com.br/subscribe
Na primeira semana de agosto, ganhei um presentão e nem foi de Dia dos Pais. Fui convidado pela Pina a passar 20 minutos com o escritor estadunidense Ted Chiang e perguntar sobre tecnologia, IA, arte e por que temos medo do futuro. No dia seguinte, Chiang falou para uma plateia de 80 pessoas na Casa Manioca e lá estava eu mais uma vez encontrando o cara que é dos meus maiores ídolos na literatura, parte de uma nova geração de escritores de sci-fi e fantasia que não contam apenas a história do homem branco genial que precisa vencer obstáculos para concretizar sua genialidade, que também tem nomes como N.K. Jemisin, Robin Sloan, R.F. Kuang, Nnedi Okorafor e muito mais gente legal. (Ou nem tão nova assim, Chiang nasceu em 1967.)A conversa foi o empurrão que faltava para voltar com o Boa Noite Internet neste segundo semestre, que você escuta agora em toda sua glória… em língua inglesa, porque Chiang não speak Brazilian.Nada tema! A seguir, você encontra a tradução da nossa conversa. Mas o podcast não traz só nossos 20 minutos de papo, mas outras conversas que tivemos sem microfone durante os dois dias de Chiangpalooza. Falamos de criatividade, tecnologia e o que nos faz humanos (spoiler: a arte). Nesta conversa, Chiang apresenta a visão da professora Anna Rogers sobre diferentes usos da IA para escrita, como “incômodo” ou como “pensamento”. This is a public episode. If you'd like to discuss this with other subscribers or get access to bonus episodes, visit boanoiteinternet.com.br/subscribe
Boa noite, RESUMIDO, bom dia Brasil!O Boa Noite Internet voltou com a colab que ninguém esperava, um programa especial com Bruno Natal, do RESUMIDO com um bate-bola, um pá-pum, um toca-y-me-voy, sobre assuntos relevantes no cruzamento entre a vida digital e o mundo real.Falamos de enshittification, que já passou por aqui, de “cozy web” (mas também pode chamar de internet gourmet), da Netflix 16 do sogro do meu amigo e do cansaço de publicar sempre — você também tem postado menos?Esta colab traz várias perguntas: a gente devia fazer mais vezes esse tipo de programa? E, a mais importante:Gostou do que ouviu? Vem conversar no Discord do Boa Noite Internet.O podcast do Boa Noite Internet estava fora do ar, mas o conteúdo não parou. O site aqui tem ensaio novo toda semana e segue forte o Clube de Cultura do Boa Noite Internet, benefício exclusivo para quem apoia a gente aqui por menos do que uma coquinha zero (que tá cada vez mais cara!). This is a public episode. If you'd like to discuss this with other subscribers or get access to bonus episodes, visit boanoiteinternet.com.br/subscribe
This is a free preview of a paid episode. To hear more, visit boanoiteinternet.com.brUm herdeiro de vida boa. Um condenado a trabalhar sem recompensa nem sentido. Um exterminador de zumbis. Todos descobriram, de um jeito ou de outro, o que acontece quando esforço e recompensa se desencontram. Quando nada mais parece depender da nossa vontade — e até as vitórias perdem o gosto.Neste episódio do Boa Noite Internet, vamos falar sobre desamparo, meritocracia, conforto demais, e aquela sensação incômoda de que talvez a vida não tenha um código-fonte pra ser decifrado. Mas mesmo assim — ou justamente por isso — a gente segue empurrando a pedra.* O Mito de Sísifo — Albert Camus* O Estrangeiro — Albert Camus* The Tyranny of Convenience — Tim Wu* The Grand Experiment — artigo da Universidade de Richmond sobre os “ratinhos herdeiros”* Clube de Cultura do Boa Noite Internet
This is a free preview of a paid episode. To hear more, visit boanoiteinternet.com.brNeste episódio do Boa Noite Internet, eu te convido a encarar uma verdade desconfortável: perdoar não é esquecer, nem "superar" — é se jogar no caos de admitir que a dor existiu e mesmo assim escolher continuar. Falamos sobre culpa, orgulho, revolta e esse milagre improvável de dar uma nova chance, para os outros e pra nós mesmos. Uma reflexão sem manual de instruções, mas com muita história, filosofia e aquelas perguntas que a gente evita fazer.
Falar o óbvio é o maior pecado no mundo do conteúdo? Neste episódio decidi encarar um medo que muita gente carrega: o de repetir o que “todo mundo já sabe”. Mas será que todo mundo sabe mesmo? E será que isso importa?Do papel da originalidade na história da arte à estética das TED Talks, da busca por inovação como distração ao culto do “ser inédito” nas redes sociais. Tem Tomás de Aquino, Mark Twain, George Orwell e, de bônus, uma dica de como descascar alho facinho, facinho.Um episódio que olha para nossa obsessão pelo novo e que tenta descobrir o valor de lembrar o que já estava aí o tempo todo.Links🔗 Innovation is a distraction — tante.🧑🏫 Falta uma semana para a próxima turma do Apresentashow, meu curso onde vou ensinar meu método de criação de histórias — que eu uso não só aqui no Boa Noite Internet, mas também no mundo dos negócios. Vem aprender como organizar suas histórias sem estresse e capturar a atenção do público.📙 Esta semana começa a nova temporada do nosso Clube de Cultura, um dos benefícios de quem apoia o Boa Noite Internet e me ajuda a seguir contando histórias. 🗣️ Tem também episódio novo do É sobre isso, meu outro podcast, uma produção Ampère e Beet sobre os desafios da comunicação neste quarto de século. O episódio da vez é sobre Atenção. This is a public episode. If you'd like to discuss this with other subscribers or get access to bonus episodes, visit boanoiteinternet.com.br/subscribe
Nos anos 90, um site dos primórdios da internet esfregou na minha cara que Alexandre, o Grande, já havia construído um império com a mesma idade que eu. E também que Donald Trump já tinha conquistado seu primeiro milhão antes de mim. Me senti um fracassado… e só depois me dei conta de que ambos tiveram uma “ajudinha” do papai.Neste áudio-ensaio, vamos falar sobre a nossa obsessão com legado e imortalidade simbólica. O que fica quando não estamos mais aqui? A busca pela glória mudou ao longo dos séculos — da morte heroica em batalha ao nome em uma lista de bilionários. Mas será que precisamos mesmo deixar algo para trás?De Júlio César a Carmen Berzatto, passando pelo produtor Lorne Michaels e pelo autor Chuck Palahniuk, vamos conversar sobre várias maneiras de lidar com a nossa finitude.A primeira regra do Boa Noite Internet é… falamos muito do Boa Noite Internet! Se você gostou, comente, espalhe, cite, tire print, encaminhe este e-mail. Seja você o algoritmo “for you” que deseja ao mundo.Em abril vem aí a nova turma do Apresentashow, meu curso aonde vou te ensinar meu processo criativo de contar histórias para você usar no trabalho, defendendo a sua ideia ou apresentando resultados.São 3 aulas ao vivo, saindo da página em branco até o design de slides — mesmo para quem não entende nada de design. A primeira turma foi um sucesso. E nem sou eu quem está falando, olha o que um dos alunos falou no Linkedisney.As aulas acontecem nos dias 7, 9 e 11 de abril, das 19h às 21h, totalmente online e com gravações disponíveis por 1 mês após o curso.Bônus especial: As primeiras 10 inscrições ganham uma sessão de mentoria individual comigo de 1 hora, onde poderemos trabalhar em uma apresentação específica sua!As vagas são limitadas e só essa semana, desconto de 20% na matrícula. This is a public episode. If you'd like to discuss this with other subscribers or get access to bonus episodes, visit boanoiteinternet.com.br/subscribe
No ano em que cada mês parece ter 3000 dias, chegou o carnaval. Exceto nos lugares que já têm blocos e festas desde a virada do ano. Quem sou eu para julgar? Esse é o assunto de hoje, mas antes…Recadinhos➡ Estou publicando cris dicas em geral — mas normalmente livros — no meu canal do Instagram e no site crisdicas.com.br. Algumas indicações podem ter link de afiliados para eu ganhar uma comissão, mas todas são sinceras.➡ Não se esquece do nosso Discord, o melhor canto da Internet. O mais novo canal é o #comidinhas, onde o Robinho Bravo meio que ressuscitou o Coisas da Rua e todo mundo dá dicas de restaurantes e receitas.➡ Amanhã começa a nova fase do Clube de Cultura do Boa Noite Internet, com o livro Nação Dopamina.➡ Depois do carnaval, vou abrir a nova turma do Apresentashow, meu curso ao vivo que vai te ensinar a fazer apresentações no trabalho que são um espetáculo. Já deixa seu e-mail na lista de espera para ficar sabendo antes de todo mundo. Como sempre faço, vou dar sessões de mentoria grátis para as primeiras 10 pessoas que se matricularem.O Boa Noite Internet é uma publicação apoiada pelos leitores. Para receber novos posts e apoiar meu trabalho, cadastre-se em uma assinatura gratuita ou paga.Qual vai ser sua fantasia de carnaval?Quando eu era criança, eu tinha uma boa relação com o carnaval — tirando a parte de que meu aniversário muitas vezes era “atrapalhado” pela data. Porque… né? Carnaval! Verão, música, todo mundo alegre. Tentar ficar acordado para ver os desfiles na Globo, ser mandado pro quarto quando começavam as transmissões dos bailes de clube. Ir nas versões infantis destes bailes fantasiado de policial americano. Fora que a semana de carnaval era mais uma desculpa para ir encontrar a primalhada em Miguel Pereira e só curtir a vida mágica dos anos 1970 e 80.Na adolescência, me achei O Inteligentão quando entendi a conexão entre carnaval e quaresma. Não era a páscoa que vinha 40 dias depois do carnaval, mas o carnaval que acontecia 40 dias antes da páscoa. A festa era a despedida dos prazeres antes do período de abstinência radical. Foi assim que virei o adolescente chato que dizia: “Sabia que o carnaval é uma festa religiosa?” Já sou palestrinha desde cedo, como vocês podem ver.Até que, não tem tanto tempo assim, entendi que o carnaval não é só uma despedida da farra antes do jejum, é mais que a famosa “festa de Baco”. É um momento em que estamos autorizados a experimentar identidades diferentes das dos outros 360 dias do ano. De deixar de “ser” para somente “estar”.Sempre me chamou a atenção a contradição de o mesmo homem que seria considerado menos masculino (a maior desgraça possível na nossa sociedade) por usar uma camiseta rosa no trabalho poder sair de Sabrina Sato completa no bloco e ninguém questionar. Na quarta-feira, a fantasia volta para o armário (ou direto pro lixo), assim como a mudança. O que aconteceu no carnaval, acaba no carnaval.Ou uma pessoa com quem me relacionei no século passado, que hoje entendo que era uma das figuras mais conservadoras que já conheci. Mas que contava com orgulho como adorava sair em trio elétrico cheirando loló e competindo com as amigas pra ver quem beijava mais. E tudo bem, não havia conflito nem hipocrisia. É só carnaval.O carnaval não é só a festa da bebida ou da pegação — mas se quiser, pode. É o festival do “viva outras vidas”, materializado nas fantasias, só que muito mais do que “eu sou o Superomi”.Essa ideia de troca de papéis é antiga. Em Roma, séculos antes de Cristo, a Saturnália já promovia uma inversão social temporária. Durante esta festa, celebrada no solstício de inverno (a época do Natal, que também foi influenciado pelo festival de Saturno), os romanos suspendiam as regras da sociedade. Escravos e senhores trocavam de lugar — não só simbolicamente, mas em aspectos práticos da vida. Os escravos podiam comer à mesa com seus senhores, vestir suas roupas, falar sem restrições e até dar ordens. Os senhores os serviam. Lojas, escolas e tribunais fechavam. Guerras eram interrompidas.Os romanos usavam o pileus — um chapéu cônico que simbolizava a liberdade — e trocavam presentes simples como velas e pequenas estatuetas. As ruas se enchiam, a cidade inteira se entregava a banquetes, bebedeiras e jogos de azar, normalmente restritos. Um “rei da folia” era escolhido por sorteio para presidir o caos festivo.Quando o cristianismo virou a religião oficial do império, a igreja tentou substituir essas festas pagãs por celebrações em nome de Jesus, mas o espírito de inversão social já estava enraizado na cultura. Assim, o desejo humano de escapar temporariamente das regras encontrou novos caminhos, novos nomes e novas datas no calendário, mesmo na própria estrutura eclesiástica. Na Europa medieval, a mais famosa destas festas foi a festum fatuorum, a “Festa dos Tolos”, celebrada por clérigos em igrejas da França. Durante um dia, os padres de menor hierarquia zombavam de seus superiores, escolhiam um “Bispo dos Tolos” e realizavam paródias de cerimônias religiosas. Não só o sagrado virava profano, o sério se transformava em cômico.Existia também a Festa do Asno (festum asinorum, porque tudo fica mais católico em latim), onde um burrico era levado para dentro da igreja e celebrado como figura central, em homenagem ao corajoso animal que carregou a Sagrada Família na fuga para o Egito. Ao final da missa, em vez de dizer “vão em paz”, o padre zurrava três vezes, e o público respondia também com zurros no lugar do tradicional “amém”. A Igreja acabou proibindo as duas celebrações nos anos 1400, mas a ideia de um período de licença social não desapareceu.O nosso Rei Momo é a personificação moderna desta tradição de troca-troca. Ele não é o rei de verdade, mas por quatro dias recebe as chaves da cidade e instala seu reinado temporário. A confusão começa, a ordem é invertida, a zoeira impera. A origem do personagem está em Momo, deus grego da zombaria e do sarcasmo, o primeiro sarcasticuzão, sempre pronto pra apontar defeitos, mesmo nos outros deuses — que levou, ora ora, à sua expulsão do Olimpo. Quando a figura chegou ao Brasil no século 19, a ideia era coroar um homem gordo, bonachão, comilão e beberrão para simbolizar os excessos permitidos naqueles dias. É o anti-rei perfeito, que governa não pela austeridade, mas pela permissividade. A escolha do Momo carioca é evento oficial da prefeitura.E tem que ser. A coroação do Rei Momo é um ritual carregado de significado. O prefeito entrega as chaves da cidade ao rei da folia, numa encenação que diz algo como: “O poder real fica suspenso. Agora quem manda é a festa.”Em um mundo cada vez mais centrado na identidade, o carnaval é a hora de ser quem você não é, em uma sociedade que, ali, não funciona mais nas regras anteriores. Mas nem todo mundo se aproveita disso e fica preso nos seus personagens. É por isso que tenho uma leve implicância com um bloco de São Paulo que só toca “punk e rock pesado” (em ritmo de carnaval). Porque seus fundadores não querem ouvir essas “músicas chatas”, sejam elas marchinhas, sambas ou Ivete. Era pra ser inclusivo, achei só preconceituoso.Se o carnaval é o momento de dissolvermos nossas identidades para tentar outras experiências, toca Arerê sim, pô! Deixa os Ratos de Porão pro resto do ano. Mas tudo bem, sábado pularemos lá, porque carnaval também é estar com a nossa galera. Tenho até amigos que são roqueiros.Toda essa história de inversão da ordem se encaixa com o cristianismo ser considerado “a religião do perdão”. Jesus morreu pelos nossos pecados. Jesus existe para perdoar nossos pecados. E o carnaval é o maior perdão do ano. Enquanto aquela prefeita do Maranhão quer trocar o carnaval por um evento gospel (parece que vai rolar mesmo), dá para tentar ver o feriado não como uma contradição aos valores cristãos, mas seu complemento necessário. E se a reza ficasse pra, sei lá, pensando alto aqui, os 40 dias depois do carnaval? Desruptei agora, diz aí.Mas calma. Carnaval não é bagunça. É o famoso “se combinar direitinho…”, mas tem que combinar. Quando eu era um garoto juvenil, comecei a namorar uma menina poucas semanas antes do carnaval. Ela já estava com viagem marcada para a Região dos Lagos e, quando nos encontramos na quarta-feira, tinha um cara na porta da casa dela. Foi o primeiro “é meu primo” da minha carreira. Tudo bem, eu sobrevivi. Era só ter combinado.Então, apesar de todo esse papo de inversão, o carnaval também tem que ter muito respeito. Não é porque na quarta-feira tudo está perdoado que você vai beijar quem não quer ser beijado, ou abusar do espaço do amiguinho. Fantasia não é salvo-conduto. “Não é não” segue valendo. A inversão de papéis funciona ao haver consentimento de todas as partes envolvidas.O que me traz de volta ao cara que se veste de mulher no carnaval, mas não “vira gay” no resto do ano. A questão não é tão simples quanto parece. Ele pode se vestir de mulher, de indígena ou de qualquer fantasia sem consequências de longo prazo. A quarta-feira chega, ele volta ao terno, à vida normal, ao privilégio. O mesmo não acontece no sentido inverso, né? Eu fico aqui imaginando uma cena de carnaval onde um cara vestido de mulher é assediado por uma mulher vestida de homem.O carnaval é uma tentativa de quebra das relações de poder, mas essas relações continuam existindo, é claro. O cidadão romano sabe que não virou escravo para sempre. É só brincadeirinha. Idolatramos drag queens e pessoas trans por quatro dias para, logo depois, voltarmos a uma sociedade que as marginaliza. Vivemos no país que lidera o ranking de assassinatos de pessoas trans.Lá atrás, o carnaval era um jeito dos reis e papas dizerem “aproveitem aí, acreditem que vocês agora estão no poder”. Será que mudou? O negro vira estrela da TV, a mulher vira rainha (da bateria), o morador da comunidade é destaque do samba-enredo. Até mesmo o contraventor que financia a escola é aplaudido na avenida. Ali pode, depois volte para onde você veio, por favor.Se é assim, o carnaval é uma verdadeira quebra ou
Feliz 2025… já com novidades!Ainda estamos aqui nos preparando para a nova temporada do Boa Noite Internet, mas não é por isso que vamos ficar sem novidades. Chegou na rede mundial de podcasts o É sobre isso, o novo podcast da Ampère, produzido junto com a Beet. A cada 2 semanas eu, o Alexandre Maron e o Gui Pinheiro (meus sócios aqui na Ampère) com a Catarina Cicarelli e a Gaía Passarelli da Beet, vamos falar sobre atualidades na comunicação contemporânea em um podcast mais interessado em colocar perguntas do que trazer respostas (quem conhece o Boa Noite Internet, sabe).Pra você conhecer o É sobre isso eu trago aqui o primeiro episódio, mas se quiser acompanhar as conversas segue nóis nas plataformas: Spotify, Apple, Pocket Casts e, se você é do vídeo, no YouTube. This is a public episode. If you'd like to discuss this with other subscribers or get access to bonus episodes, visit boanoiteinternet.com.br/subscribe
Dormir ainda é um dos grandes mistérios da saúde. Por que dormimos? Para que serve o sonho? Mas uma coisa a gente sabe e nem precisa ser cientista: se você quiser estragar o seu dia, é só dormir mal.Só que se vivemos na tal da sociedade do cansaço, estamos dormindo cada vez menos, cada vez pior. É a tela do celular na cara o dia todo, é o barulho na rua, ou então doenças respiratórias e até eles, os boletos, tirando o sono. Dormir é o melhor remédio que a gente segue ignorando.Para entender a ciência do sono — e levar na cara por conta de tudo que eu estou fazendo de errado — a gente recebe desta vez no Boa Noite Internet Monica Andersen, Professora Associada da UNIFESP e diretora do Instituto do Sono, uma das maiores especialistas em sono no Brasil, para nos ajudar a desvendar os mistérios do sono e como podemos melhorar nossa qualidade de vida com hábitos saudáveis.Links do episódio* Instagram da Dona Ciência.* Clube de Cultura Boa Noite Internet — nesta temporada, Nexus: Uma breve história das redes de informação, da Idade da Pedra à inteligência artificial. This is a public episode. If you'd like to discuss this with other subscribers or get access to bonus episodes, visit boanoiteinternet.com.br/subscribe
“Tóxica”, “frágil”, “opressora”. Muitas palavras são usadas para descrever a masculinidade — todas corretas. O machismo não é bom para ninguém, nem para os homens. 83% das mortes por homicídios e acidentes no Brasil têm homens como vítimas. Homens vivem 7 anos a menos que as mulheres. Homens se suicidam quase 4 vezes mais que as mulheres.De uns anos para cá, a masculinidade começou a ser discutida abertamente, buscando uma “desconstrução”. O tempo passou, ainda há muito o que se desconstruir (incluindo aí muita gente que ainda precisa aceitar isso), mas a história segue seu rumo. Estamos melhor do que 20 anos atrás.E agora? Para onde vamos? Quais são os modelos possíveis de masculinidade? O que ensinar para os adolescentes perdidos, para que não caiam no discurso red pill? Estamos fazendo as perguntas certas?Para me ajudar a entender tudo isso, eu convidei Tulio Custodio, sociólogo e sócio da Inesplorato, para entender como o sistema velho ainda não morreu e o novo ainda não consegue nascer.Links do episódioDocumentário: O silêncio dos homens do Papo de Homem.Tulio no TEDxMacedoSérie: Macho Alfa This is a public episode. If you'd like to discuss this with other subscribers or get access to bonus episodes, visit boanoiteinternet.com.br/subscribe
Quanto mais inteligente se é, mais fácil deveria ser entender o mundo, conseguir realizar coisa e, no fim de tudo, ser feliz, certo?Infelizmente não. Pesquisas de várias áreas da ciência indicam que a felicidade não tem nenhuma conexão com inteligência — ou, se tiver, é ligeiramente negativa.Neste ensaio do Boa Noite Internet vamos tentar entender o que é inteligência, afinal de contas, quais tipos de problema ela é boa em resolver e se tem algum jeito de usar o intelecto para ser mais feliz.Chega de não ir adiante na sua carreira por não dominar a arte de contar histórias. Por isso vou te ensinar tudo o que eu sei como como contar histórias no meu curso Apresentashow, como fazer apresentações corporativas que são um espetáculo.A próxima parada do Clube de Cultura do Boa Noite Internet é com o novo livro de Yuval Noah Harari, Nexus: Uma breve história das redes de informação, da Idade da Pedra à inteligência artificial.Toda semana quem apoia o Boa Noite Internet recebe um resumo comentado do livro e depois a gente conversa nos comentários. O prólogo já está disponível de graça para você ver como esse clube é incrível.O Boa Noite Internet é uma publicação apoiada por leitores. Para receber novos posts e apoiar meu trabalho, considere tornar-se um assinante gratuito ou pago. This is a public episode. If you'd like to discuss this with other subscribers or get access to bonus episodes, visit boanoiteinternet.com.br/subscribe
Este programa é dedicado à minha palavra inventada preferida: Sincericídio. Eu acho que eu já cometi alguns sincericídios, que é quando você está num lugar, você começa a falar alguma coisa pra alguém, você percebe o que você está falando e a vontade é botar as palavras pra dentro com a mão — é se abrir demais, é o oversharing. Eu tenho um medo de que alguém isso algum dia vai usar isso contra mim. Mas, por outro lado, eu sigo fazendo porque não dá para controlar. E, claro, tudo isso aqui nesse programa é só uma brincadeira pra gente discutir sobre o quanto devemos e podemos expor nossas vidas em tempos de redes sociais.Para tentar me livras das garras do sinceridício eu convidei uma das maiores contadoras de histórias do país, Camila Fremder, podcaster, escritora e roteirista — uma máquina de contar histórias no É Nóia Minha?, no E os Namoradinhos? , na newsletter Associação dos Sem Carisma… e muito mais.Apresentashow!Olha só quem chegou, é o Apresentashow: o curso que vai te ensinar como fazer apresentações corporativas que são um espetáculo, da página em branco ao "obrigado". Dias 6, 8 e 11 de novembro.Nesse meu curso você vai aprender a dar um show nas apresentações do trabalho, indo da ideia, estrutura, slides até a entrega. Aqui eu vou ensinar tudo o que aprendi e vivi em décadas de carreira não só como podcaster, mas em empresas como Meta, BuzzFeed e como palestrante e preparador de palestras no TEDx.São 3 aulas ao vivo, comigo, interagindo, criando, com conteúdo gravado disponível para você ver se não conseguir entrar na hora.Atenção para as promoções!* Lote limitado com 20% de desconto!* As 10 primeiras inscrições levam 1 hora de mentoria individual comigo, por videoconferência. Não dá bobeira.Links do episódio This is a public episode. If you'd like to discuss this with other subscribers or get access to bonus episodes, visit boanoiteinternet.com.br/subscribe
Está no ar o podcast narrativo da Ampère e Globo, Portas Fechadas, o true crime do CNPJ, que vai investigar como as empresas mais icônicas do país, consideradas sinônimos de sucesso, fecharam as portas. Na primeira temporada, a Varig, que foi de orgulho nacional a objeto de processos jurídicos.Neste especial do Boa Noite Internet Cris Dias, Alexandre Maron e Letícia Toledo contam como foi criar e produzir esta série documental. Da ideia à trilha sonora, da pesquisa aos personagens mais marcantes, você vai saber como funciona mais de um ano de produção de um podcast narrativo.Links do episódioO Boa Noite Internet é uma publicação apoiada por leitores. Para receber novos posts e apoiar meu trabalho, considere tornar-se um assinante gratuito ou pago. This is a public episode. If you'd like to discuss this with other subscribers or get access to bonus episodes, visit boanoiteinternet.com.br/subscribe
E aí, tudo bem? É, eu sei. Corrido. Dizer isso que “tá corrido”, é quase que um aperto de mão secreto de quem vive em 2024, especialmente aqui em São Paulo, não sei como é aí onde você mora. Tá corrido, tem muita coisa acontecendo, não estou dando conta.Fora que isso é dito quase que com um ar de orgulho. “Tá puxado mas eu aguento”, como se por causa disso a gente merecesse um prêmio, um… bônus.E não é que tá corrido. Tá acelerado, que na aula de física a gente aprendeu que é quando a velocidade aumenta, metros por segundo por segundo, o ponteiro subindo mais e mais — porque foguete não tem ré. (Mas explode.)O resultado é que a gente não admite perder tempo e tudo vira motivo pra irritação. O tempo esperando o porteiro do prédio anotar nosso CPF é um minuto a menos produzindo na reunião. Outro dia um cara buzinou porque eu parei no sinal amarelo. “Dava pra ter passado!” Ou então o caixa de supermercado com a placa “atenção, funcionário em treinamento”, avisando que ali o atendimento vai ser mais lento do que o normal, desculpem a nossa falha.Além disso, você Já reparou que até no descanso a gente tenta ser produtivo? Quando vai sair de férias faz uma lista de todos os lugares que precisa ir, provavelmente pra postar foto no Instagram provando que foi lá. Que todos aqueles dias do ano correndo foram bem gastos ali, vendo o por do sol naquele lindo templo de meditação. Pronto, vai, cadê minha iluminação espiritual?E aí? Senta e chora? Tem saída? Dá pra desacelerar?Pra falar disso eu convidei essa semana minha querida amiga, a jornalista Helena Galante, que é diretora de portfólio de Claudia e Boa Forma, criadora do podcast Jornada da Calma; autora do livro “Jornada da Calma - Caminhos Possíveis para Viver com Menos Correria”; é TEDx Speaker e agora é, junto comigo e uma turminha do barulho, preparadora do TEDx Blumenau (o melhor TEDx da América Latina, sem clubismo).Você já entrou para o Clube de Cultura do Boa Noite Internet? Este mês estamos resumindo e conversando sobre o livro Quatro mil semanas: Gestão de tempo para mortais.Links e transcrição em https://boanoiteinternet.com.br/ This is a public episode. If you'd like to discuss this with other subscribers or get access to bonus episodes, visit boanoiteinternet.com.br/subscribe
Até hoje muita gente ainda me pergunta por que não faço mais as “quartas desmotivacionais” no meu Instagram: um prensadão de memes que iam do autodepreciativo à indução de ansiedade. Finalmente hoje revelarei a verdade: é porque eu estava entrando no personagem.Precisamos usar máscaras para transitar produtivamente pelo mundo? É saudável quando os outros nos dão máscaras? E o que acontece quando elas são daquele tipo de porcelana, caem e se quebram em mil pedacinhos?Este é o tema do ensaio da vez do Boa Noite Internet, nos vemos do outro lado.Entre já para o Clube de Cultura do Boa Noite Internet, onde eu resumo um livro e a gente conversa sobre ele, aqui mesmo no site. Este mês estamos falando de “Resista: não faça nada: A batalha pela economia da atenção”, da Jenny Odell.O Boa Noite Internet é uma publicação sustentada pelos leitores, sem patrocinadores ou feed algorítmico. Para receber novos posts e apoiar meu trabalho, considere se tornar um assinante gratuito ou pago. This is a public episode. If you'd like to discuss this with other subscribers or get access to bonus episodes, visit boanoiteinternet.com.br/subscribe
Após um longo dia de trabalho mandando e-mail, escrevendo roteiro, aprovando edições, fazendo reunião, enfim, olhando para uma tela, nada melhor para relaxar do que… olhar para mais telas! Pode ser na TV, mas provavelmente no telefone. E muitas vezes no mesmo computador que trabalhei o dia todo, só que agora jogando.Tá, eu sei. Não precisa ser assim. Eu posso ler um livro, fazer… sei lá, artesanato? Só que eu não sei você, eu não consigo. Não dá. A cabeça não consegue focar, é que nada tem graça, é tudo um grande tédio. E quando a gente está com tédio, por menor que seja, faz o quê? Tira o telefone do bolso!Nem futebol eu consigo mais ver direito. Quem tem tempo de ver noventa minutos de pessoas correndo atrás de uma bola. Fora os intervalos! Como assim, intervalo?O resultado é que eu e muita gente acaba fazendo mais de uma coisa ao mesmo tempo. Olha para TV e para o telefone. Joga alguma coisa ouvindo podcast. (Eu sei que você está fazendo outra coisa enquanto ouve esse podcast aqui, tudo bem.) Será que a gente está viciado em dopamina?Segundo o crítico cultural americano Ted Gioia, em um artigo que ele publicou em fevereiro, a cultura mundial passou séculos produzindo arte, a criação pela criação em si, para agradar a Deus — ou o nobre que pagou as contas. Em algum ponto do século XX esta arte passou a ser entretenimento, precisou ser divertida, interessante. Foi mais ou menos nessa época, por exemplo, que a política mundial mudou e a gente passou a votar nos políticos mais carismáticos, que iam bem na TV, especialmente em debates.Até aí tudo bem! Quem não gosta de um filminho ou série divertida? O problema, segundo o Gioia, é que na hora que o controle da cultura sai de empresas de mídia e vai para empresas de tecnologia, o grande negócio, o big business passa a ser a distração. Aquelas coisas que a gente consome "só para passar o tempo". Só para dar uma risada, ou para ver que fofinho aquele cachorro. Não existe história, não existe arte, nem conversa, nem sentimento, só há reação, estímulo e conteúdo, essa palavra que nivela toda a produção cultural por baixo. Somos criadores de conteúdo, eu, o Luva de Pedreiro ou o Martin Scorsese.Se os “patronos das artes”, dos Medici de Florença aos Moreira Salles do Brasil eram admirados por usar sua fortuna em nome da arte, os bilionários de hoje são idolatrados pelo simples fato de serem ricos. Porque geraram valor, inventaram aplicativos e empresas que faturam bilhões. Não precisa de arte. E o melhor jeito de fazer isso é otimizando seus aplicativos para que a gente passe cada vez mais tempo neles, com constantes doses de dopamina, um neurotransmissor importante para nossa sobrevivência, mas que hoje nos deixa viciados em conteúdo vazio.Só tem um problema de falar nisso aqui. Se tem uma coisa que eu odeio é ser o cara do "antigamente é que era bom". Até porque não era. A TV tinha muita porcaria, a sociedade era muito mais cruel com quem não nasceu na família certa e por aí vai.Eu não quero ser o saudosista chato nem o podcaster que chega com uma lista de reclamações para mostrar como o mundo todo está errado. Porque isso também é parte da indústria de distração atual: usar nossos medos e vieses para gerar mais clicks, mais views.Por isso chamei para conversar esta semana o Michel Alcofrado, antropólogo e pesquisador de comportamento e cultura — tanto é que ele tem um podcast chamado É tudo culpa da cultura, além de ser palestrante, comentarista da rádio CBN, colunista do Uol e fundador do Grupo Consumoteca. Ele me ajudou muito a entender esse cenário atual, o que é verdade, o que é só exagero e o que é melhor eu só deixar acontecer.Além de tudo isso, o Michel também é o cara que me ajudou, no dia da entrevista, a arrumar na minha cabeça a nova novidade das Indústrias Boa Noite Internet, o nosso Clube de Cultura! Pois é.Funciona assim: todo mês a gente vai pegar um filme, livro, série, sei lá, qualquer coisa que estimula a nossa cultura e inteligência — que não é só distração — e conversar juntos lá no site do Boa Noite Internet.Agora em agosto a conversa é sobre um livro que tem muito a ver com o episódio de hoje, é o Resista, não faça nada: A batalha pela economia da atenção, da americana Jenny Odell, meu livro preferido de 2020, que também entrou na lista dos livros do ano do Barack Obama em 2019. Então a cada semana eu vou resumir dois capítulos do livro, comentar no meio o que cada história me fez pensar e depois a gente se pega nos comentários.Mas atenção para um detalhe muito importante.Se não quiser ler o livro, não precisa. (Mas se quiser, pode.)Eu leio e comento para você. Tudo isso já incluído no seu apoio ao Boa Noite Internet.Links do episódio* As grandes cidades e a vida do espírito — Georg SimmelThanks for reading Boa Noite Internet! This post is public so feel free to share it. 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Esse episódio me bateu forte rsrs, tenho pensado muito nisso recentemente. Obrigadaaa.
Muito bom o conteúdo, mas infelizmente esse episódio tem picos aleatórios de áudio estourado
Cris cadê vc? novos episódios 2025
que episódio sensacional, mudou minha perspectiva de trabalho aqui. no melhor dos sentidos
Sempre pertinentes as observações do Michel.
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mlk o lol
mlk o l
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Sensacional. Muito bem feito com ótimas histórias e bate papos.
Saudades de episódios assim.
Obrigada por voltar. Força na força.
incriveu. Eu Estou Amando ( Boa Noite Internet ) ☺🤗🙃
Mais uma vez, obrigada Cris.
ótima reflexão! gostei do episódio, apesar de ter ficado um pouco confusa
seu podcast faz sentido sim, eu amo o boa noite internet! ótimas reflexões pro dia a dia.
Confesso que fiquei confuso kk. Um confuso bom.
emocionado aqui, depois de um episódio após dois anos, mais um já tá deixando eu sonhar que o boa noite internet voltou pra ficar!
Cris, tu é muito massa! adoro teu trampo!
mto bomm