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Em Discurso Directo I
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Em Discurso Directo I

Author: adelina moura

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Obras e épocas da Literatura Portuguesa em análise.
Estrutura da obra literária - Episódio 2
Hist. da Literatura Portuguesa - Episódio 3
Barroco - Episódios 4 a 21
Romantismo - Episódios 22 a 61
Realismo - Episódios 62 a 103
Continua neste endereço: http://discursodirecto.podomatic.com
Cesário Verde - Episódio 118 a
Antero de Quental
Felizmente Há Luar
Aparição
Memorial do Convento
35 Episodes
Reverse
Adaptação do Manual “Sentidos 12”, Asa
Adaptação do Manual “Sentidos 12”, Asa
Organização da História- Da História à metafição historiográfica • Reescrita da História oficial: de uma maneira descomplexada e livre, paródica e subversiva: com objectivos de reavaliação crítica e desconstrutiva, sempre na óptica do dominado/explorado da narrativa história oficial. Relevância dos grandes episódios, em vários campos: • Religião (procissões católicas: Quaresma, Corpo de Deus, etc.) • Justiça (Autos de Fé, no princípio e no fim da narrativa) • Trabalho (transporte épico da grande pedra de Benedictione) • Ciência (experiências da Passarola – Pe. Bartolomeu Lourenço) • Diversão (Carnaval, touradas, etc. – “pão e circo”...) • Amor humano (longa demanda de Blimunda, à procura de Baltasar) Entrelaçamento de três fios diegéticos CONVENTO: história de um rei, poderoso e muito rico (D. João V), que manda construir grandes obras e sobretudo o Convento-Palácio de MAFRA (poder autoritário, riqueza ostentatória, fausto e megalomania) – farsa palaciana. AMOR: história de uma relação genuína entre Baltasar e Blimunda, duas figuras do Povo, simples e trabalhadoras – o soldado e a vidente (poder do sentimento e simplicidade do amor) – epopeia do trabalho. UTOPIA: história do sonho de voar, personificado na figura do padre-cientista Bartolomeu Lourenço de Gusmão (poder do sonho e da vontade) – elogio do Sonho/Utopia.
Título e linhas de acção "Era uma vez um rei que fez promessa de levantar um convento em Mafra. Era uma vez a gente que construiu esse convento. Era uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes. Era uma vez um padre que queria voar e morreu doido. Era uma vez." Assim começa Saramago o seu romance Memorial do Convento. A história não se perde em reais ostentações, antes vive nas ruas ao lado do povo, levada por Baltazar e Blimunda e um padre voador. Ao intitular o seu romance Memorial do convento, Saramago pretende, acima de tudo, tornar memorável e inesquecível o verdadeiro obreiro da construção do edifício – o povo –, que a História ignora, celebrando apenas o seu promotor – o rei D. João V. Como forma de homenagear e resgatar do esquecimento estes homens sofridos, Saramago enumera, simbolicamente, nomes iniciados por todas as letras do alfabeto. A ação do romance Memorial do convento, de José Saramago, centra-se na construção, levada a cabo por milhares de trabalhadores, do convento de Mafra, que foi mandado edificar por D. João V. Na história intervêm também Baltasar e Blimunda que, com o padre Bartolomeu Lourenço, empreendem o projeto de construção de uma máquina voadora – a passarola – cuja invenção era apoiada pelo rei. Podemos encontrar 4 linhas de ação Promessa de D. João V de construir um convento em Mafra. Construção do convento pelo povo. Relacionamento amoroso de Baltasar e Blimunda. Sonho do padre Bartolomeu Lourenço de construir a passarola.
A poema a quem recorrer Ao verso que a aramem viva Ou ao poeta que nela morre? há hoje razões de sobra pra que a razão se desforre nas respostas que desdobra nestas questões de mio de obra: a poesia a quem morre? se os sentimentos desata ou prende a dor que se esquiva e a frouxa oficina a mata. o próprio excesso a arrebata no verta que a mantém viva. e assim lançada no voo desde que as regras não borre, algumas vezes passou ou à vida urna, ou ao poeta que nela morre.
Mote Se Helena apartar do campo seus olhos, nascerão abrolhos. voltas A verdura amena, gados que paceis, sabei que a deveis aos olhos d' Helena. Os ventos serena, faz flores d' abrolhos o ar de seus olhos. Faz serras floridas, faz claras as fontes... Se isto faz nos montes, que fará nas vidas? Trá-las suspendidas, como ervas em molhos, na luz de seus olhos. Os corações prende com graça inumana; de cada pestana uma alma lhe pende. Amor se lhe rende e, posto em giolhos, pasma nos seus olhos.
Mote Saudade minha. Quando vos veria? Voltas Este tempo vão, Esta vida escassa, Para todos passa, Só para mim não. Os dias se vão, Sem ver este dia, Quando vos veria. Vede esta mudança Se está bem perdida: Em tão curta vida, Tão longa esperança! Se este bem se alcança, Tudo sofreria, Quando vos veria. Saudosa dor, Eu bem vos intendo; Mas não me defendo, Porque ofendo Amor. Se fosseis maior, Em maior valia Vos estimaria. Minha saudade. Caro penhor meu, A quem direi eu Tamanha verdade? Na minha vontade, De noite e de dia, Sempre vos teria.
Descalça vai para a fonte Lianor pela verdura; Vai fermosa, e não segura. Leva na cabeça o pote, O testo nas mãos de prata, Cinta de fina escarlata, Sainho de chamelote; Traz a vasquinha de cote, Mais branca que a neve pura. Vai fermosa e não segura. Descobre a touca a garganta, Cabelos de ouro entrançado Fita de cor de encarnado, Tão linda que o mundo espanta. Chove nela graça tanta, Que dá graça à fermosura. Vai fermosa e não segura.
Endechas a Bárbara escrava A üa cativa com quem andava d´amores na Índia chamada bárbora. Aquela cativa Que me tem cativo, Porque nela vivo Já não quer que viva. Eu nunca vi rosa Em suaves molhos, Que pera meus olhos Fosse mais fermosa. Nem no campo flores, Nem no céu estrelas Me parecem belas Como os meus amores. Rosto singular, Olhos sossegados, Pretos e cansados, Mas não de matar. U~a graça viva, Que neles lhe mora, Pera ser senhora De quem é cativa. Pretos os cabelos, Onde o povo vão Perde opinião Que os louros são belos. Pretidão de Amor, Tão doce a figura, Que a neve lhe jura Que trocara a cor. Leda mansidão, Que o siso acompanha; Bem parece estranha, Mas bárbara não. Presença serena Que a tormenta amansa; Nela, enfim, descansa Toda a minha pena. Esta é a cativa Que me tem cativo; E. pois nela vivo, É força que viva.
Alma minha gentil, que te partiste Tão cedo desta vida descontente, Repousa lá no Céu eternamente, E viva eu cá na terra sempre triste. Se lá no assento Etéreo, onde subiste, Memória desta vida se consente, Não te esqueças daquele amor ardente, Que já nos olhos meus tão puro viste. E se vires que pode merecer-te Algũa cousa a dor que me ficou Da mágoa, sem remédio, de perder-te, Roga a Deus, que teus anos encurtou, Que tão cedo de cá me leve a ver-te, Quão cedo de meus olhos te levou.
Transforma-se o amador na coisa amada, Por virtude do muito imaginar; Não tenho logo mais que desejar, Pois em mim tenho a parte desejada. Se nela está minha alma transformada, Que mais deseja o corpo de alcançar? Em si somente pode descansar, Pois consigo tal alma está ligada. Mas esta linda e pura semidéia, Que, como o acidente em seu sujeito, Assim como a alma minha se conforma, Está no pensamento como idéia; O vivo e puro amor de que sou feito, Como a matéria simples busca a forma.
Tanto de meu estado me acho incerto, Que em vivo ardor tremendo estou de frio; Sem causa, juntamente choro e rio; O mundo todo abarco e nada aperto. É tudo quanto sinto um desconcerto; Da alma um fogo me sai, da vista um rio; Agora espero, agora desconfio, Agora desvario, agora acerto. Estando em terra, chego ao Céu voando; Nu~a hora acho mil anos, e é de jeito Que em mil anos não posso achar u~a hora. Se me pergunta alguém porque assim ando, Respondo que não sei; porém suspeito Que só porque vos vi, minha Senhora.
Que me quereis, perpétuas saudades? Com que esperança inda me enganais? Que o tempo que se vai não torna mais, E se torna, não tornam as idades. Razão é já, ó anos, que vos vades, Porque estes tão ligeiros que passais, Nem todos pera um gosto são iguais, Nem sempre são conformes as vontades. Aquilo a que já quis é tão mudado, Que quase é outra cousa, porque os dias Têm o primeiro gosto já danado. Esperanças de novas alegrias Não mas deixa a Fortuna e o Tempo errado, Que do contentamento são espias.
Ao desconcerto do Mundo Os bons vi sempre passar No Mundo graves tormentos; E pera mais me espantar, Os maus vi sempre nadar Em mar de contentamentos. Cuidando alcançar assim O bem tão mal ordenado, Fui mau, mas fui castigado. Assim que, só pera mim, Anda o Mundo concertado.
O dia em que nasci moura e pereça, O dia em que nasci moura e pereça, Não o queira jamais o tempo dar; Não torne mais ao Mundo, e, se tornar, Eclipse nesse passo o Sol padeça. A luz lhe falte, O Sol se [lhe] escureça, Mostre o Mundo sinais de se acabar, Nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar, A mãe ao próprio filho não conheça. As pessoas pasmadas, de ignorantes, As lágrimas no rosto, a cor perdida, Cuidem que o mundo já se destruiu. Ó gente temerosa, não te espantes, Que este dia deitou ao Mundo a vida Mais desgraçada que jamais se viu!
Para este episódio servimo-nos dos “Aponatamentos Europa-América”, Eça de Queirós, Os Maias por José Tomaz Ferreira
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