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Larvas Incendiadas

Larvas Incendiadas
Author: Thiago Coacci
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© Thiago Coacci
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Um podcast de divulgação científica de estudos de gênero e sexualidade. A cada quinze dias entrevistamos um pesquisador ou pesquisadora sobre seus trabalhos. #LGBTPodcast
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Nessa semana, conversamos com Francisco Miguel, que é doutor em antropologia pela UNB. Nossa conversa foi sobre seu artigo Maríyarapáxjis: língua, gênero e homossexualidade em Moçambique, publicado em 2021 pela revista Mana. Por meio de uma etnografia desenvolvida na província de Maputo, em Moçambique, Francisco observou os usos da linguagem, em Português e Changana, para se referir ao campo semântico da homossexualidade. O pesquisador retraçou um processo de institucionalização da homossexualidade no sul daquele país, demonstrando que apesar das categorias específicas para se referir a subjetividades centradas na sexualidade sejam relativamente recentes e parte de um processo de mudança social, essas comunidades frequentemente acionam ou desenvolvem outras categorias, mais descritivas de gênero, para dar conta desse campo semântico. Dessa forma, Francisco intervem no frutífero debate sobre os usos das categorias analíticas de gênero e sexualidade em África, questionando as teses de que gênero não seria um conceito útil para a análise das sociedades africanas ou de que a homossexualidade seria uma prática colonial imposta àquela região.
Nessa semana, conversamos com a Rayani Mariano dos Santos, que é doutora em Ciência Política e professora da Universidade Federal de Goias. Nossa conversa foi sobre sua tese de doutorado As disputas em torno das famílias na Câmara dos Deputados entre 2007 e 2018: Familismo, conservadorismo e neoliberalismo. Por meio da análise dos discursos proferidos na Câmara dos Deputados durante o processo de tramitação do Projeto da Lei da Palmada (PL 7672/2010), do Estatuto(s) da(s) Família(s) (PL 674/2007 e PL 6583/2013), do Escola Sem Partido (PL 7.180/2014) e sobre a ideologia de gênero, Rayani analisou a maneira como a família foi mobilizada nesses debates, demonstrando como conservadorismo e neoliberalismo tem se articulado. Seu trabalho contribui para os estudos sobre gênero, sexualidade e política, oferecendo um excelente mapa dos debates no legislativo brasileiro e algumas possibilidades interpretativas.
Quem pesquisa sobre políticas públicas com as lentes feministas ou acompanha o ativismo feminista transnacional com certeza já ouviu falar em transversalização de gênero, mas final o que é isso? Qual a origem dessa estratégia? E como implementá-la? Essas e outras questões são respondidas em nosso mais novo episódio da linha de breves introduções incendiadas.
Para aprofundar o estudo:
BANDEIRA, Lourdes. Fortalecimento da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres: avançar na transversalidade da perspectiva de Gênero nas Políticas Públicas. Brasília: SPM; CEPAL, 2005.
CAGLAR, Gülay. Gender Mainstreaming. Politics & Gender, v. 9, n. 3, p. 336–344, set. 2013.
HANKIVSKY, Olena. Gender vs. Diversity Mainstreaming: A Preliminary Examination of the Role and Transformative Potential of Feminist Theory. Canadian Journal of Political Science/Revue canadienne de science politique, v. 38, n. 4, p. 977–1001, dez. 2005.
LOMBARDO, Emanuela; MEIER, Petra. Gender Mainstreaming in the EU: Incorporating a Feminist Reading? European Journal of Women’s Studies, v. 13, n. 2, p. 151–166, 1 maio 2006.
LOMBARDO, Emanuela; MEIER, Petra; VERLOO, Mieke (Org.). The discursive politics of gender equality: stretching, bending and policymaking. London; New York: Routledge, 2012.
MATOS, Marlise; PARADIS, Clarisse. Los feminismos latinoamericanos y su compleja relación con el Estado: Debates actuales. Iconos. Revista de ciencias sociales, n. 45, p. 91–107, 2013.
MOSER, Caroline; MOSER, Annalise. Gender mainstreaming since Beijing: A review of success and limitations in international institutions. Gender & Development, v. 13, n. 2, p. 11–22, 1 jul. 2005.
OECD. OECD Toolkit for Mainstreaming and Implementing Gender Equality: implementing the 2015 OECD Recommendation on Gender Equality in Public Life. Paris: OECD Publishing, 2018
WALBY, Sylvia. Gender Mainstreaming: Productive Tensions in Theory and Practice. Social Politics: International Studies in Gender, State & Society, v. 12, n. 3, p. 321–343, 1 out. 2005.
Nessa semana, conversamos com o Lucas Lauriano, que é professor da escola de negócio IESEG em Paris, sobre seu mais recente artigo Perdendo o Controle: a incerta gestão de estigmas ocultáveis quando o trabalho e as redes sociais colidem. Por meio de uma etnografia da uma grande montadora de carros, Lucas e eu investigamos a maneira como o colapso de contextos provocado pelas redes sociais dificultou a gestão da identidade de trabalhadores gays. Nosso trabalho coloca em cheque a ideia de que as pessoas possuem controle sobre seus estigmas ocultáveis, especialmente com a onipresença das redes sociais, e demonstra que isso tem consequências graves para pessoas LGBT em suas vidas pessoais e no trabalho.
Nessa semana, Regina Facchini e eu conversamos com a analista do discurso Beatriz Pagliarini Bagagli e a antropóloga Brume Dezembro Iazzetti sobre o conceito de cisgeneridade. Apesar da crescente difusão do termo cisgeneridade, que atualmente já está dicionarizado na língua inglesa e é utilizado até mesmo para a produção oficial de dados em países como Austrália e Estados Unidos, permanecem existindo confusões e disputas sobre seus usos. Bia e Brume nos contaram as origens do conceito, suas várias definições e ainda explicaram sobre essas críticas e disputas contemporâneas.
Esse episódio faz parte da nossa parceria com o Núcleo de Estudos de Gênero PAGU, da UNICAMP, e foi inicialmente transmitido como uma live do projeto Gênero e Desigualdades, que conta também com parceria do Núcleo de Estudos sobre Marcadores Sociais da Diferença, o NUMAS, da USP. O que você vai ouvir é uma versão editada das falas iniciais de Bia e Brume, após essa apresentação ainda ocorreram duas rodadas de perguntas e respostas. Caso você queira ouvir o conteúdo na íntegra, ele está disponível no youtube do NUMAS ou do PAGU.
Além disso, temos mais dois pequenos avisos. O primeiro é que o Larvas está completando 3 anos no ar. Isso mesmo, dia 5 de dezembro agora é o terceiro aniversário da publicação do nosso primeiro episódio. Tem sido um prazer passar esse tempo todo com vocês. Muito obrigado a quem sempre nos acompanha.
Nessa semana, conversamos com Livia Ciabatti sobre seu mais recente artigo Sexismo científico: o viés de gênero na produção científica da Universidade de São Paulo, publicado na Revista de Saúde Pública. Lívia e suas parceiras de pesquisa coletaram as métricas de publicação de todos os professores e professoras da USP para avaliar os efeitos da desigualdade de gênero na carreira científica. Os resultados revelam que os homens vem apresentando métricas melhores que as mulheres em todas as etapas da carreira nos últimos 70 anos e se nada for feito para alterar a situação, a tendência é de que a desigualdade não será superada. Dessa maneira, seu trabalho nos oferece dados empíricos de qualidade que escancaram o sexismo na ciência brasileira.
Nos últimos anos, a interseccionalidade se popularizou. A palavra aparece no título de vários livros, em documentos oficiais de governos e até em artigos de opinião analisando o Big Brother, publicados em revistas de grande circulação, mas afinal o que é a interseccionalidade? Qual a origem dessa ideia? E como aplicá-la? Esse episódio, que inaugura nossa linha de breves introduções incendiadas, buscará responder essas questões. O objetivo não é esgotar o assunto, mas oferecer uma introdução rápida, porém de qualidade, além de indicar uma trilha de leitura.
Para aprofundar o estudo:
AKOTIRENE, Carla. Interseccionalidade. São Paulo: Pólen, 2019.BILGE, Sirma. Intersectionality Undone: Saving Intersectionality from Feminist Intersectionality Studies. Du Bois Review: Social Science Research on Race, v. 10, n. 2, p. 405–424, ed 2013.
COLLINS, Patricia Hill. Intersectionality as critical social theory. Durham: Duke University Press, 2019.
COLLINS, Patricia Hill; BILGE, Sirma. Interseccionalidade. São Paulo: Boitempo Editorial, 2021.
CRENSHAW, Kimberlé. Demarginalizing the Intersection of Race and Sex: A Black Feminist Critique of Antidiscrimination Doctrine, Feminist Theory and Antiracist Politics. University of Chicago Legal Forum, v. 1989, n. 1, p. 139–167, 1989.
CRENSHAW, Kimberlé. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Estudos feministas, Florianópolis, v. 1, 2002.
CRENSHAW, Kimberlé. Mapping the Margins: Intersectionality, Identity Politics, and Violence against Women of Color. Stanford Law Review, v. 43, n. 6, p. 1241–1299, 1991.
HANCOCK, Ange-Marie. Intersectionality: an intellectual history. New York, NY: Oxford University Press, 2016
HIRATA, Helena. Gênero, classe e raça Interseccionalidade e consubstancialidade das relações sociais. Tempo Social, v. 26, p. 61–73, jun. 2014.
KERGOAT, Danièle. Dinâmica e consubstancialidade das relações sociais. Novos estudos CEBRAP, p. 93–103, mar. 2010.
PUAR, Jasbir. “Prefiro ser um ciborgue a ser uma deusa”: interseccionalidade, agenciamento e política afetiva. Meritum, Revista de Direito da Universidade FUMEC, 2013.
YUVAL-DAVIS, Nira. Intersectionality and Feminist Politics. European Journal of Women’s Studies, v. 13, n. 3, p. 193–209, 1 ago. 2006.
Nessa semana, conversamos com Renan Quinalha, que é doutor em relações internacionais e professor de direito da UNIFESP. Nossa conversa foi sobre seu mais recente livro Contra a moral e os bons costumes: a ditadura e a repressão à comunidade LGBT, publicado pela editora Companhia das Letras. Por meio de uma extensa e cuidadosa pesquisa documental nos acervos da Comissão Nacional da Verdade, do Arquivo Nacional e dos arquivos públicos do Rio de Janeiro e São Paulo, Renan investigou a maneira como a ditadura militar brasileira desenvolveu um conjunto articulado e coerente de políticas sexuais para controlar a moral sexual, os corpos e as identidades das pessoas LGBT. Dessa maneira, seu trabalho oferece uma interpretação original para a relação entre a ditadura e a comunidade LGBT, contrariando a tendência de reduzir a repressão da ditadura aos movimentos políticos de oposição e à luta armada.
Nessa semana, conversamos com Helena Monaco, que é doutoranda em antropologia social pela UFSC e uma das idealizadoras da Bi-Biblioteca. Nossa conversa, foi sobre sua dissertação de mestrado intitulada A gente existe: ativismo e narrativas bissexuais em um coletivo monodissidente. Por meio da etnografia de um coletivo de pessoas bissexuais e
monodissidentes, seu trabalho opera dois movimentos de pesquisa. Em um primeiro, Helena explora a maneira como o coletivo desenvolve estratégias para lidar com as disputas identitárias sobre a sujeita do movimento, analisa também como as pessoas que integram o coletivo compreendem e buscam alternativas para enfrentar a invisibilidade bi, os estereótipos e a vulnerabilidade da saúde mental. Em um segundo movimento, foca no processo de construção da subjetividade de suas interlocutoras, mostrando a importância dos encontros com o coletivo nesse processo e questionando algumas narrativas de essencialização da bissexualidade. Dessa maneira, seu trabalho contribui para aprofundarmos nosso olhar sobre o movimento de pessoas bissexuais e monodisidentes.
A dissertação da Helena está entre as finalistas do Concurso ANPOCS de Teses e Dissertações, na categoria dissertações. Parabéns Helena!
Indicações
Ao final da conversa, Helena indicou o seu perfil de divulgação
científica sobre bissexualidade no instagram, a Bi-Bilioteca, o Grupo Amazônida de Estudos sobre Bissexualidade (GAEBI) e o evento que estão organizando: o I Seminário Nacional de Estudos Bissexuais. Não deixe de conferir!
Nessa semana conversamos com Vera Gasparetto, que é doutora em Ciências Humanas pela UFSC. Nossa conversa foi sobre seu mais recente artigo O campo dos estudos de gênero em Moçambique/África, publicado em 2020 pela Revista Estudos Feministas. Por meio de uma pesquisa de campo e entrevistas com pesquisadoras e ativistas moçambicanas, Vera retraça um quadro da organização do campo dos estudos de gênero em Moçambique, desde seu início nos anos 1980 até a atualidade. A luta pela independência, as tradições e culturas locais, e mais recentemente as linhas de financiamento internacionais, são algumas das influências que autora destaca como afetando esse processo de constituição e consolidação desse rico e disputado campo de pesquisa. Seu trabalho contribui para alargarmos esse corredor de saberes entre Brasil e Moçambique.
Eu gostaria de agradecer a todas as pessoas pelo carinho e
compreensão nesse tempo que o Larvas deu uma pausa. Trabalhar, ter uma vida acadêmica e ainda manter um podcast em plena pandemia não é nada fácil e as coisas meio que se enrolaram no mês passado. Precisei dessa pausa para colocar alguma ordem na vida e agora voltamos. Obrigado!
Nessa semana recebemos a Nilma Lino Gomes, que é doutora em antropologia pela USP, professora da UFMG e ex-Ministra da Igualdade Racial. A Nilma tem se consolidado como uma das principais pesquisadoras do país sobre relações raciais, além de já ter atuado diretamente na gestão das políticas de igualdade racial. Nilma nos contou sobre sua trajetória acadêmica e seu mais recente livro O Movimento Negro Educador, que investiga como o movimento negro tem produtivo e sistematizado conhecimento produzido sobre a população negra. Além disso, convidamos várias pesquisadoras que estudam sobre o movimento negro, ações afirmativas e produção de conhecimento para discutir como suas reflexões dialogam ou são influenciadas pela obra de Nilma. Participaram conosco dessa conversa: Luciana de Oliveira Dias (UFG), Regimeire Oliveira Maciel (UFABC), Stephanie Pereira de Lima (UNICAMP) e Tayná Victória de Lima Mesquita (UNICAMP). Regina Facchini e Thiago Coacci mediaram o debate.
Esse episódio é fruto da nossa parceria com o Núcleo de Estudos de Gênero Pagu, da UNICAMP, e o Núcleo de Estudos sobre Marcadores Sociais da Diferença, da USP. A conversa foi originalmente transmitida ao vivo pelo youtube no ciclo de debates Gênero e Desigualdades e agora se torna esse episódio.
Minutagem do episódio:
10:30: Início da homenagem à Nilma. Nilma conta sobre sua trajetória e sobre o livro O Movimento Negro Educador36:25: Fala inicial Luciana 56:54: Fala inicial de Regimeire1:15:01: Fala inicial de Stephanie 1:30:35: Fala inicial de Tayna1:46:24: Nilma reage às falas1:58:30: Perguntas e respostas
Nessa semana, conversamos com Mirani Barros, que é nutricionista e mestra em Saúde Coletiva pela UERJ. Nossa conversa foi sobre sua dissertação de mestrado Um lugar para ser gorda: afetos e erotismo na sociabilidade entre gordinhas e seus admiradores. Através de uma cuidadosa etnografia de um grupo online e encontros presenciais de gordinhas e admiradores, Mirani nos mostra como nesses grupos ocorre uma expansão de possibilidades e sentidos para os corpos gordos, operada por um complexo jogo de sociabilidade, erotismo, exibição e elogios. Seu trabalho contribui para repensar a magreza como única opção para a saúde e a beleza, além de fornecer elementos empíricos para a construção de um pensamento teórico acerca da diversidade corporal.
Nessa semana, conversamos com Samuel Araújo, que é doutorando em demografia pela UFMG, pesquisa sobre a saúde da população LGBT e ativista no coletivo #VoteLGBT. Samuel foi um dos pesquisadores responsáveis pelo Diagnóstico LGBT+ na Pandemia, pesquisa do #VoteLGBT que vem desde o ano passado produzindo dados sobre os impactos da pandemia de COVID-19 na população LGBT+. Em 2020, a pesquisa apontou que a piora da saúde mental, o afastamento da rede de apoio e a falta de fonte de renda foram os principais impactos para essa população. Essa nova rodada, infelizmente, deixa claro que o prolongamento da pandemia provoca um aprofundamento da vulnerabilidade nesses eixos, que dificilmente se resolverá com o controle da doença.
Os relatórios das pesquisas de 2020 e 2021 podem ser baixados gratuitamente no site do coletivo #VoteLGBT
Nessa semana, conversamos com Natália Lago, que é mestra e doutora em Antropologia Social pela USP. Nossa conversa foi sobre seu artigo Nem mãezinha, nem mãezona. Mães, familiares e ativismo nos arredores da prisão, publicado no ano de 2020 na revista Sexualidad, Salud y Sociedad. Natália realizou uma etnografia com familiares de presos, acompanhando o processo de visitação das famílias nas prisões e também a atuação de algumas mães em uma associação de familiares de presos chamada Amparar. De forma bastante cuidadosa, seu trabalho nos mostra como os vínculos familiares e essa categoria da maternidade podem funcionar tanto como articuladora do ativismo na reivindicação contra o Estado, quanto para criar estigmas, promover a exclusão de determinados espaços e provocar sofrimento.
Referências
LAGO, Natália Bouças. Nem mãezinha, nem mãezona. Mães, familiares e ativismo nos arredores da prisão. Sexualidad, Salud y Sociedad (Rio de Janeiro). 2020, n. 36, pp. 231-254.
LAGO, Natália Bouças. Jornadas de visita e de luta: tensões, relações e movimentos de familiares nos arredores da prisão. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2019
Dossiê Mães e Processos de Estado, da Revista Sexualidade, Salud y Sociedad
Nessa semana, conversamos com Maíra Kubík Mano, que é doutora em ciências sociais pela UNICAMP e professora na Universidade Federal da Bahia. Retomando nossa linha de episódios clássicos, Maíra nos contou sobre a vida e a extensa obra de Heleieth Saffioti, socióloga pioneira dos estudos feministas no Brasil, sintetizando alguns argumentos presentes no clássico livro A mulher na sociedade de classe: mito e realidade e em outros trabalhos. Em seus mais de 40 anos de atividade acadêmica e militância feminista no Brasil, Saffioti desenvolveu pesquisas sobre o trabalho doméstico, a violência contra as mulheres e outros temas, contribuindo para a nossa compreensão das dinâmicas de opressão que atravessam as vidas das mulheres e apontando caminhos de luta.
Referências
MANO, Maíra Kubík; SARDENBERG, Cecilia. Heleieth e as diferentes gerações de feministas do NEIM/UFBA. Revista Estudos Feministas, v. 29, p. 1-14, 2021.
MANO, Maíra Kubík; CARNEIRO, T. PRÁXIS FEMINISTA: a presença de Heleieth Saffioti nos estudos e nas lutas no Brasil. Caderno CRH (Online), v. 33, p. 1-12, 2020.
SAFFIOTI, Heleieth. A mulher na sociedade de classe: mito e realidade. São Paulo: Expressão Popular, 2013 [1969]
Dossiê Heleieth Saffioti – 50 anos d’A mulher na sociedade de classes, na Revista Estudos Feministas
Dossiê 50 anos de A mulher na sociedade de classes: o pioneirismo de Heleieth Saffioti e suas contribuições teóricas para os estudos feministas e de gênero, nos Cadernos CRH
Dossiê A mulher na sociedade de classes 50 anos depois: a atualidade de Heleieth Saffioti, na Revista Lutas Sociais
Nessa semana, conversamos com Letícia Carolina Nascimento, que é pedagoga e professora da Universidade Federal do Piauí. Nossa conversa foi sobre o seu mais recente livro Transfeminismo, que acabou de ser publicado e integra a coleção Feminismos Plurais. Letícia nos oferece uma breve apresentação do transfeminismo, uma corrente feminista pensada a partir da experiência das pessoas trans. Dessa maneira, o livro passeia por temas como a demanda pela despatologização dos gêneros, a autonomia corporal, a luta contra o transfeminicídio, o conceito de cisgeneridade e outros.
O livro Transfeminismo pode ser adquirido no site da editora Jandaíra.
Nessa semana, conversamos com Paula Dornelas, que é jornalista, mestra e doutoranda em Ciência Política pela UFMG. Nossa conversa foi sobre sua dissertação de mestrado Tanto por ser mulher, quanto por ser estrangeira: lutas por reconhecimento e formas de resistência de mulheres migrantes no Brasil. Paula realizou um trabalho de campo em Belo Horizonte e São Paulo com mulheres que migraram de países da América Latina para cá. Usando as lentes da teoria do reconhecimento, olha para a experiência dessas mulheres destacando como gênero e origem se atravessam para produzir suas identidades, constituir quadros de desrespeito e injustiça, mas também possibilitar alianças e resistências. Dessa maneira, esse trabalho nos auxilia a compreender melhor as vidas das mulheres migrantes no Brasil, bem como alguns limites das respostas estatais às demandas das populações migrantes.
Nessa semana, conversamos com Felipe de Baére, que é psicólogo, mestre e doutorando em psicologia pela Universidade de Brasília. Suas pesquisas tem investigado de que maneira gênero e sexualidade atravessam o comportamento suicida e os discursos que construímos sobre esse. Por meio de um conjunto de entrevistas com pessoas que já manifestaram a tentativa do suicídio e da análise de dados epidemiológicos sobre esse fenômeno, Felipe identifica as diferentes maneiras com que o sistema de gênero cria expectativas normativas para homens, sejam heterossexuais ou não, de masculinidade, afetividade e até mesmo financeiras, que ao não ser cumpridas podem provocar sofrimento psíquico e até aumentar o risco de um comportamento suicida. Além disso, seu trabalho contribui para uma compreensão do fenômeno do suicídio que transcende as explicações individuais, se atentando para o papel do descaso do Estado com as populações sexo e gênero-diversas.
Os artigos que serviram de base para essa nossa conversa foram:
BAÉRE, Felipe. de; ZANELLO, Valeska. Suicídio e masculinidades: uma análise através do gênero e das sexualidades. Psicologia em Estudo, v. 25, p. 1-15, 2020
BAÉRE, Felipe. de. A mortífera normatividade: o silenciamento das dissidências sexuais e de gênero suicidadas. REBEH – Revista Brasileira de Estudos da Homocultura, v. 2, p. 128-140, 2019
Nessa semana, conversamos com Brune Medeiros, que é licencianda em Letras – Português/Francês pela UFRJ e ativista trans e transfeminista e também com Rodrigo Borba, que é doutor em linguística aplicada pela UFRJ e professor na mesma universidade. Brune e Rodrigo vêm desenvolvendo uma série de pesquisas sobre linguagem neutra, elus me contextualizaram sobre as várias propostas de tornar a língua mais inclusiva ou neutra em termos de gênero, apresentando tanto críticas quanto as defesas formuladas por linguistas e pelos movimentos sociais feministas e de pessoas trans não-binárias. Além disso, conversamos sobre uma relação mais recente entre gênero, política e linguagem e como as disputas em torno da linguagem neutra tem mobilizado direita e esquerda e funcionado como um novo gatilho para pânicos morais.
Esse episódio é um pouco diferente dos anteriores e não tem como base um único texto. Alguns dos textos que foram utilizados na conversa:
BORBA, Rodrigo; LOPES, Adriana Carvalho. Escrituras de gênero e políticas de différance: Imundície verbal e letramentos de intervenção no cotidiano escolar. Revista Linguagem & Ensino, v. 21, n. 0, p. 241–285, 2018.
BORBA, Rodrigo. Discursos transviados: por uma linguística queer. São Paulo: Cortez, 2020.
CAMERON, Deborah. Linguagem inclusiva não é só para inglês ver. Contxt, 2020.
Nessa semana, conversamos com Caio Maia, que é
jornalista, mestre e doutorando em antropologia social pelo Museu Nacional da UFRJ. Nossa conversa foi sobre sua dissertação, intitulada Entre armários e caixas postais: escritas de si, correspondências e constituição de redes na imprensa lésbica brasileira. A partir de uma etnografia de documentos com as 21 edições do boletim Um Outro Olhar, publicados entre 1987 e 1994, pelo Grupo Ação Lésbica Feminista, Caio investigou como a circulação desse material permitiu a criação de redes de ativismos, de afetos e de conhecimentos entre mulheres lésbicas e bissexuais. Caio dedica especial atenção para as cartas recebidas e publicadas, em que algumas assinantes contam sobre si, apresentam suas opiniões sobre assuntos do momento, buscam amores e amizades e assim acabam por revelar a complexa teia produzida pelo boletim.
O trabalho de Caio pode ser baixado gratuitamente aqui.
Nessa semana, conversamos com a Sofia Favero, que é psicóloga, ativista e pesquisadora. Nossa conversa foi sobre seu livro Crianças Trans: infâncias possíveis, publicado em 2020 pela Editora Devires. Em seu trabalho, Sofia se recusa a dar uma resposta definitiva para a perguntar “quem são as crianças trans” e, no lugar, reconstrói uma rede de atores, sujeitos, práticas, normas e objetos que permitiram a emergência e a estabilização dessa categoria, focando especificamente nos discursos da área da saúde e de ativistas trans encontrados em notícias e sites. Dessa maneira, nos mostra como as lógicas da cisgeneridade e do adultocentrismo se combinam criando olhares que buscam normalizar e enrijecer as experiências de gênero e sexualidade na infância.
O livro da Sofia faz parte da coleção Saberes Trans, da editora
Devires, que reúne quatro obras sobre transexualidade, escritas por pesquisadoras trans. Confira todos os livros da coleção no site da Devires.
Além disso, para ajudar a divulgar a coleção, estaremos sorteando uma cópia do livro da Sofia. As regras para participar do sorteio são as seguintes: segue o nosso perfil no instagram e comenta o post desse episódio marcando um amigo ou amiga que precisa conhecer a coleção Saberes Trans. No dia 21 de março, às 18h, sortearemos o livro.
Esse episódio faz parte da campanha #opodcastédelas2021 que busca promover maior participação de mulheres na mídia podcast. Conheça todos os programas e episódios que integram a campanha procurando pela hashtag nas redes sociais.
Nessa semana, conversamos com a Elizabeth Sara Lewis, que é doutora em Estudos da Linguagem pela PUC Rio e professora de inguística na UNIRIO. Nossa conversa foi sobre seu artigo Por uma linguística cu(ir), publicado nos Cadernos de Linguagem e Sociedade. Em seu trabalho, Elizabeth propõe uma virada cuir na linguística, que possa observar com mais atenção para a relação da linguagem com as práticas sexuais e identidades não hegemônicas. Além disso, ela põe em prática sua perspectiva a partir de dois estudos de caso: o da negociação do uso de dildos por mulheres bissexuais e dos debates sobre o pegging entre homens adeptos da prática. Dessa maneira, demonstra como o dildo pode tanto construir quanto desestabilizar noções e identidades, mostra também como os sujeitos se reorganizam e desenvolvem estratégias linguísticas para justificar o seu desejo pela penetração que podem ora tensionar, ora reforçar os padrões cisheteronormativos.
Nessa semana, conversamos com a Barbara Pires, que é pesquisadora, professora e consultora em projetos que envolvam gênero, sexualidade e políticas públicas. Doutora em Antropologia Social no Programa de Pós-Graduação do Museu Nacional (PPGAS/MN/UFRJ). Pesquisadora vinculada ao NUSEX – Núcleo de Estudos em Corpos, Gêneros e Sexualidades (PPGAS/MN) e ao Observatório Intersexo (em formalização). Nossa conversa foi sobre seu artigo O legado das regulações esportivas. Diagnóstico e consentimento na elegibilidade da categoria feminina, publicado na revista Sexualidad, Salud y Sociedade. A partir da história de vida da judoca Edinanci Silva, Barbara analisa as regulações esportivas sobre os corpos femininos, demonstrando como essas são estratégias normativas de controle, articulando categorias científicas e também morais sobre o que seria um corpo feminino ideal. Além disso, problematiza as possibilidades de consentimento e autonomia corporal que as pessoas que se encontram fora desse padrão supostamente normal, como é o caso das pessoas intersexo, possuem ao se aventurar no esporte de alto rendimento. É um trabalho que contribui para uma compreensão mais densa das relações entre ciência, gênero, corporalidade e esportes.
Nessa semana, conversamos com Luiz Morando, que é doutor em estudos literários pela UFMG e professor no Centro
Universitário de Belo Horizonte. Nossa conversa foi sobre seu mais recente livro Enverga, mas não quebra: Cintura Fina em Belo Horizonte, publicado agora em 2020 pela editora O Sexo da Palavra. A partir de uma pesquisa minuciosa com arquivos de jornais, de entrevistas e coleta de depoimentos em comunidades online, Luiz resgatou a história de Cintura Fina, uma travesti negra cearense que viveu em Belo Horizonte entre as décadas de 50 e 80. Cintura era uma figura intrigante que ganhou fama nas páginas policiais dos jornais por não levar desaforo para casa e enfrentar com sua navalha quem quer que fosse, mas como Luiz demonstra esse é apenas um lado de sua complexa personalidade. Apesar da pesquisa ter como foco Cintura Fina, sua vida é representativa das condições de marginalidade de tantas outras travestis brasileiras e também das estratégias que desenvolveram para sobreviver e fruir, contribuindo assim para adensar a história do gênero e da sexualidade em nosso país.
O livro está a venda no site da editora: https://www.osexodapalavra.com/cinturafina
Esse episódio conta com notícias narradas generosamente pelo ator Bruno Pontes e áudios do curta-metragem Derivado da Minha Beleza, dirigido por Fernanda Gomes e Luciana Barros.
Nessa semana, conversamos com Brenda Cardoso de Castro que é doutora em Sociologia e Antropologia pela UFPA e professora do bacharelado em relação internacional da Universidade da Amazônia. Nossa conversa foi sobre sua tese de doutorado, intitulada Mulheres descolonizando a Amazônia pelos caminhos de vida: produção de subjetividades atravessadas pelo projeto de nação desenvolvimentista. A partir de uma pesquisa de campo na Vila de Alter-do-Chão, Santarém; a comunidade de Jamaraquá, na Floresta Nacional do Tapajós; e a comunidade de Coroca, no rio Arapiuns e também de entrevistas com mulheres que vivem nas localidades, Brenda nos mostra como gênero, colonialidade, nação e raça se entrelaçam nas instituições, nos discursos sobre a região e na produção de subjetividades das pessoas que vivem na Amazônia. De forma bastante sensível, nos mostra a maneira como esse complexo tramado de relações de poder produz sujeições e faltas de reconhecimento, mas também permite que as mulheres ainda encontrem linhas de fugas em seus cotidianos. Assim, contribui para escaparmos de algumas armadilhas fáceis para a análise da Amazônia e principalmente das vidas das mulheres que ali vivem.
Você pode acessar gratuitamente a tese de Brenda clicando aqui.
Nessa semana, conversamos com Ananda Winter, que é mestra e doutoranda em Ciência Política. Nossa conversa, foi sobre seu recente artigo Os sentidos da paridade de gênero na Bolívia e os elementos da sua constante transformação, publicado em 2019 pela revista Novos Rumos Sociológicos. Diferentemente do Brasil, que possui um baixíssimo número de mulheres em nosso congresso nacional, a Bolívia se destaca por ter instituído a paridade de gênero na política, ao menos do ponto de vista numérico, a partir da constituição de 2009 e das legislações que se seguiram. Por meio de um conjunto de entrevistas com mulheres bolivianas envolvidas na disputa pela paridade e da análise documental, Ananda analisa esse processo e mostra como a paridade assumiu três sentidos no debate político daquele país: o de chachawarmi, o de um princípio democrático e, por fim, de representação substantiva. Sua pesquisa é fundamental para entendermos mais profundamente as desigualdades de gênero na política e os mecanismos que possuímos para enfrentá-la, ressaltando que a igualdade numérica é um horizonte desejável, mas está longe de ser o fim dos problemas. Essa pesquisa acabou de ser premiada como o melhor artigo sobre gênero e política no premiação conjunta da Associação Brasileira de Ciência Política e da ONU Mulheres.
O artigo que é pano de fundo do episódio pode ser lido gratuitamente aqui.
Nessa semana, conversamos com o antropólogo, professor da Universidade Federal do Ceará e cantor Marcelo Natividade sobre seu recente artigo Uma família como outra qualquer: casamento igualitário e novas famílias em igrejas evangélicas LGBT, publicado em 2019 na revista Sexualidad, Salud y Sociedad.
A partir de etnografias de igrejas LGBT e de uma longa pesquisa bibliográfica e documental, Marcelo nos descreve como essas igrejas fazem uma amarração complexa entre religiosidades, política e subjetividade. Suas teologias operam um deslocamento de sentido das experiências LGBT valorizando-as como positivas e parte da natureza, simultaneamente criam um enlace com categorias e discursos do campo dos direitos sexuais, projetando-os como parte de um projeto divino. Esses enlaces, no entanto, não deixam de carregar em si tensões e paradoxos entre a subversão e a normalização das experiências LGBT. Seu trabalho nos ajuda a superar visões muito simplificadoras das relações entre gênero, sexualidade e religiosidades.
O artigo que é pano de fundo do episódio pode ser lido gratuitamente aqui.
Marcelo ainda nos contou que acabou de lançar seu álbum Dádiva. Você pode adquirir a cópia física na loja da Metanóia ou ouvido diretamente em qualquer plataforma de áudio.
Nessa semana, conversamos com Helena Santos Assunção, que é antropóloga e atualmente cursa o doutorado em antropologia social no Museu Nacional da UFRJ. Nossa conversa foi sobre seu mais recente artigo, Reflexões sobre perspectivas africanas de gênero, em que através de um movimento duplo de aproximação crítica entre o pensamento das nigerianas Ifi Amadiume e Oyèrónké Oyěwùmí e algumas feministas euroamericanas como Françoise Heritier, Judith Butler, Marilyn Strathern e Signe Arnfred, nos permite aprender com certos equívocos, evitar falsas perguntas e imposições epistêmicas. Helena exemplifica com uma análise dos ritos de iniciação feminina em Moçambique, demonstrando como levar em conta esses saberes africanos pode alterar a maneira como observamos e intervimos nessa controvérsia.
O artigo pode ser lido na íntegra aqui.
Helena indicou o site Filosofia Africana que vem traduzindo artigos da Oyèrónké Oyěwùmí e de outras autoras africanas
Nessa semana, conversamos com a cientista política Marlise Matos (UFMG) sobre a pesquisa que desenvolveu em parceria com as professoras Sonia Alvarez (UMASS) e Solange Simões (EMICH) sobre as Conferências Nacionais de Políticas para Mulheres (CNMP). Por meio da aplicação de um survey nas 3ª e 4ª CNMP, as pesquisadoras investigaram quem são as mulheres das políticas para mulheres no Brasil, quais suas características, quais suas concepções de feminismo, quais suas trajetórias ativistas e muito mais. É um trabalho fundamental para quem estuda as relações entre o feminismo e as políticas públicas ou o feminismo e o Estado. Os resultados da pesquisa estão publicados em dois livros Quem são as mulheres das políticas para as mulheres no Brasil: o feminismo estatal participativo brasileiro e Quem são as mulheres das políticas para as mulheres no Brasil: expressões feministas nas Conferências Nacionais de Políticas para as Mulheres. Os dois volumes podem ser baixados gratuitamente no site do NEPEM.
Ao final de sua fala, a professora Marlise Matos recomendou como dica o Curso Mulheres Rumo ao Poder, uma formação remota, aberta e gratuita, voltada para mulheres candidatas a cargos dos poderes Legislativo e Executivo nas próximas eleições. As aulas já estão disponíveis aqui.
O episódio dessa semana traz a terceira e última parte da nossa série sobre Lélia Gonzalez, que foi uma das grandes intérpretes do Brasil e das pioneiras do pensamento feminista negro em nosso país. Nesse episódio, Flávia e Alex nos contaram sobre as dinâmicas de apagamento e do recente resgate do trabalho de Lélia Gonzalez, sobre como o trabalho da feminista negra influencia seus próprios trabalhos e por último responderam algumas perguntas da plateia que assistiu a gravação. Com isso, encerramos essa série, na esperança de ter ajudado a levar o nome e a riqueza do trabalho de Lélia Gonzalez para uma nova geração de pessoas na academia e nos movimentos sociais.
O formato dessa série é um pouco diferente dos nossos episódios convencionais e foi uma conversa entre quatro pessoas. Gleicy Silva e eu entrevistamos o antropólogo e geógrafo Alex Ratts e a socióloga Flávia Rios. Além de especialistas na obra de Lélia, Alex e Flávia foram responsáveis pela escrita de sua biografia, que esse ano completa dez anos de publicação. A conversa foi originalmente transmitida ao vivo pelo youtube no ciclo de debates Gênero e Desigualdades e agora se torna essa série de episódios que você ouvirá a primeira parte.
Essa série é fruto da nossa parceria com o Núcleo de Estudos de Gênero Pagu, da UNICAMP, e o Núcleo de Estudos sobre Marcadores Sociais da Diferença, da USP. Agradeço imensamente à Regina Facchini e à Carol Parreiras pela organização e produção desse debate.
Recentemente, a obra de Lélia Gonzalez foi reunida em uma coletânea publicada pela União dos Coletivos Pan Africanistas. O livro pode ser adquirido diretamente em contato com o coletivo: ucparbg@gmail.com
O episódio dessa semana traz a segunda parte da
nossa série sobre Lélia Gonzalez, que foi uma das grandes intérpretes do Brasil e das pioneira do pensamento feminista negro em nosso país. Conheceremos um pouco mais da Lélia pesquisadora, principalmente a obra que desenvolveu a partir dos anos 1980. Como veremos, a contribuição dessa intelectual é vasta: questiona o mito da democracia racial, analisa as complexas dinâmicas de entrelaçamento entre raça e gênero, além de propor novos conceitos que permitem simultaneamente analisar a dominação colonial da nossa região por um olhar que não seja o do colonizador e criar uma solidariedade transnacional. O próximo e último episódio da série focará na recepção contemporânea de Lélia por ativistas e pela academia.
O formato dessa série é um pouco diferente dos nossos episódios convencionais e foi uma conversa entre quatro pessoas. Gleicy Silva e eu entrevistamos o antropólogo e geógrafo Alex Ratts e a socióloga Flávia Rios. Além de especialistas na obra de Lélia, Alex e Flávia foram responsáveis pela escrita de sua biografia, que esse ano completa dez anos de publicação. A conversa foi originalmente transmitida ao vivo pelo youtube no ciclo de debates Gênero e Desigualdades e agora se torna essa série de episódios que você ouvirá a primeira parte.
Essa série é fruto da nossa parceria com o Núcleo de Estudos de Gênero Pagu, da UNICAMP, e o Núcleo de Estudos sobre Marcadores Sociais da Diferença, da USP. Agradeço imensamente à Regina Facchini e à Carol Parreiras pela organização e produção desse debate.
Recentemente, a obra de Lélia Gonzalez foi reunida em uma coletânea publicada pela União dos Coletivos Pan Africanistas. O livro pode ser adquirido diretamente em contato com o coletivo: ucparbg@gmail.com
O episódio dessa semana inicia uma série sobre
Lélia Gonzalez, que foi uma das grandes intérpretes do Brasil e das pioneiras do pensamento feminista negro em nosso país. Nesse primeiro episódio, focaremos em sua trajetória de vida, desde a infância e chegando até seu engajamento com os movimentos negros e feministas na década de 1970. Sua obra acadêmica e a recepção contemporânea desses trabalhos serão alvo dos próximos episódios.
O formato dessa série é um pouco diferente dos nossos episódios convencionais e foi uma conversa entre quatro pessoas. Gleicy Silva e eu entrevistamos o antropólogo e geógrafo Alex Ratts e a socióloga Flávia Rios. Além de especialistas na obra de Lélia, Alex e Flávia foram responsáveis pela escrita de sua biografia, que esse ano completa dez anos de publicação. A conversa foi originalmente transmitida ao vivo pelo youtube no ciclo de debates Gênero e Desigualdades e agora se torna essa série de episódios que você ouvirá a primeira parte.
Essa série é fruto da nossa parceria com o Núcleo de Estudos de Gênero Pagu, da UNICAMP, e o Núcleo de Estudos sobre Marcadores Sociais da Diferença, da USP. Agradeço imensamente à Regina Facchini e à Carol Parreiras pela organização e produção desse debate.
Recentemente, a obra de Lélia Gonzalez foi reunida em uma coletânea publicada pela União dos Coletivos Pan Africanistas. O livro pode ser adquirido diretamente em contato com o coletivo: ucparbg@gmail.com
Nessa semana, conversamos com a socióloga Helena Hirata, que é diretora de pesquisa emérita do CNRS, na França. Helena é uma das mais influentes sociólogas do trabalho e do gênero, com pesquisas que nos ajudaram a compreender melhor as dinâmicas da divisão sexual do trabalho e mais recentemente o trabalho do cuidado. Dentre seus vários trabalhos publicados em português eu destacaria os livros Nova divisão sexual do trabalho? Um olhar voltado para a empresa e a sociedade e também a coletânea Cuidado e cuidadoras: as várias faces do trabalho do care, organizado em parceria com a professora Nadya Araujo Guimarães. Nossa conversa abordou as várias fases da trajetória acadêmica de Helena, seu engajamento com o feminismo, além de outros temas como os conceitos de interseccionalidade e consubstancialidade, e os reflexos da pandemia da covid-19 para o trabalho do cuidado. Quem conduziu essa conversa foi a também socióloga Yumi Garcia dos Santos, que é professora do Departamento de Sociologia da UFMG.
Indicação de leitura: Dossiê sobre Trabalho, Gênero e Cuidado da Revista Estudos Avançados, da USP
Nessa semana, conversei com Layla Carvalho, que é
doutora em Ciência Política pela USP e professora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira. Nossa conversa foi sobre a sua tese de doutorado intitulada Da esterilização ao Zika: interseccionalidade e transnacionalismo nas políticas de saúde para as mulheres. A partir do estudo de caso da elaboração do Programa de Assistência Integral a Saúde da Mulher, na década de 1980, da elaboração do Programa Rede Cegonha e da resposta brasileira à epidemia do vírus Zika, ambos na década de 2010, Layla analisa a maneira como os movimentos sociais e o Estado dialogam estrategicamente com os discursos transnacionais. Seu estudo contribui para uma visão mais crítica dos processos transnacionais, demonstrando como esses podem criar oportunidades políticas tanto para movimentos sociais quanto para o Estado. Contribui ainda para reforçar a importância de uma análise interseccional das políticas públicas. Além disso, conversamos sobre a pandemia da covid-19 e traçamos alguns paralelos com a epidemia do Zika.
O trabalho de Layla pode ser acessado gratuitamente aqui.
Nessa semana, para celebrar o Orgulho LGBT+, conversei com Regina Facchini sobre o seu clássico livro Sopa de Letrinhas: movimento homossexual e produção de identidades coletivas nos anos 90. Por meio de uma etnografia do grupo CORSA, de São Paulo, realizada entre os anos de 1997 e 2001, e a análise de vasto material documental, Facchini analisou os processos de construção e reconstrução das identidades coletivas do movimento que hoje chamamos de LGBT ou até mesmo de LGBTQIA+. O Sopa é provavelmente mais conhecido pela maneira como organizou a história do movimento LGBT em três ondas distintas, mas mais do que recontar essa história, observar a dança das letrinhas permite analisar uma série de disputas e relações tanto internas ao movimento quanto externas e que envolvem distintos projetos políticos, conexões com organizações internacionais, com o mercado e também com o Estado. É no meio desse processo e atravessado por todos esses fios que as identidades L, G, B e T se constituem e se reconfiguram, nunca como algo essencial, mas sempre relacional.
Esse episódio faz parte campanha #AlémDoArcoÍris que busca incentivar cada vez mais a participação de pessoas LGBTQIA+ na podosfera. A campanha é uma iniciativa da rede #LGBTPodcasters, que nós dos Larvas também participamos.
Nessa semana, conversamos sobre o clássico livro Morte em Família, de Mariza Corrêa. Esse livro, publicado originalmente em 1983, foi fruto de sua pesquisa de mestrado em ciências sociais na UNICAMP, desenvolvida entre os anos de 1973 e 1975. Mariza analisou os processos judiciais de homicídio e tentativa de homicídio entre casais, que foram julgados pelo Tribunal do Juri de Campinas, entre os anos de 1952 e 1972. Sua pesquisa revela uma complexa dinâmica entre as regras formais do Direito e as normas sociais e de gênero. O que estava em julgamento ali não era apenas se uma violência havia ocorrido, mas uma disputa narrativa sobre a adequação das pessoas envolvidas a determinados papéis sociais e de gênero, de maneira que a violação a esses papeis parecia, de alguma forma, justificar a violação da Lei. Essas conclusões contribuíram para desbancar, no Brasil, o argumento da legítima defesa da honra, que foi frequentemente utilizado para absolver ou diminuir a pena de homens que cometiam violência doméstica. No entanto, as contribuições desse trabalho não se encerram por aí e, como vocês verão, ainda podemos aprender com Mariza sobre uma maneira mais densa e complexa de pensar sobre a violência, sobre a metodologia da pesquisa com processos judiciais e outros documentos oficiais, dentre outras tantas coisas.
Para realizar essa conversa, Regina Facchini e eu conversamos com Adriana Piscitelli, Larissa Nadai e Roberto Efrem Filho.
Esse episódio faz parte de uma parceria maravilhosa entre o Larvas Incendiadas, o Núcleo de Estudos de Gênero Pagu, da UNICAMP, e o Núcleo de Estudos Sobre Marcadores Sociais da Diferença, o NUMAS da USP e está sendo lançado simultaneamente em nosso feed no formato de áudio, no facebook do Pagu e no canal de youtube do NUMAS, no formato vídeo.
Nessa semana, conversei com Daniela Leandro Rezende, que é doutora em Ciência Política pela UFMG e professora da Universidade Federal de Viçosa. Experimentei nesse episódio um novo formato, um pouco mais livre que os tradicionais. Começamos conversando sobre os estudos de gênero e sexualidade na Ciência Política. Abordamos os desafios e resistências dessa área aos nossos temas de pesquisa, mas também sobre como algumas brechas foram e ainda tem sido produzidas. Depois, Daniela nos contou um pouco sobre as pesquisas sobre mulheres e partidos políticos no Brasil e mais especificamente sobre seu recente trabalho que investiga o funcionamento e os efeitos dos departamentos ou setoriais de mulheres nos partidos. Daniela ainda comentou sobre a recente decisão do TSE que recomenda a adoção de cotas de 30% para as candidaturas aos cargos internos aos partidos. Por fim, conversamos brevemente sobre a Rede de Pesquisas em Feminismos e Política, que busca reunir e fomentar pesquisadoras da Ciência Política e áreas afins que trabalham sobre feminismo, gênero e sexualidade.
Antes de passar para o episódio, tenho alguns recadinhos. Sei que vocês já devem estar sentindo saudades de episódios com a Regina, mas em breve ela volta. Nesse período de quarentena ela, em parceria com a Carol Parreiras, tem tocado um projeto maravilhoso que é o ciclo de debates Gênero e Desigualdades, que vai ao ar toda semana simultaneamente na página do facebook do núcleo Pagu, da UNICAMP, e no youtube do NUMAS, da USP. Alguns desses debates ocorrerão em parceria conosco e se tornarão episódios aqui.
O livro Feminismos em Rede, mencionado no episódio pode ser adquirido no site da editora Zouk.
Nessa semana, trazemos mais um episódio da nossa série Incendiando os Clássicos. Incendiar os clássicos, como quero fazer aqui, deve ser entendido numa chave de renovação, de fazer com que circulem uma vez mais para que possamos continuar a aprender com eles, sem que isso signifique uma sacralização. Afinal, a renovação pelo fogo é sempre um pouco de destruição.
Convidei Guilherme Passamani, que é professor da UFMS, para
entrevistar a antropóloga Guita Grin Debert sobre seu clássico livro A Reinvenção da Velhice: Socialização e Processos de Reprivatização do Envelhecimento. Por meio da análise de políticas públicas e do discurso da gerontologia, Guita investigou as mudanças na construção social da velhice no Brasil, da década de 1990, argumentando pela existência de um processo complexo e paradoxal que por um lado constrói uma ideia positiva e de ganhos da velhice e, por outro, a recoloca como uma responsabilidade individual de sujeitos que supostamente teriam “falhado” em manter seus corpos jovens e saudáveis. Apesar do livro não ter como eixo central o gênero, a obra e a pesquisadora influenciaram e ainda influenciam nosso campo de estudos, sendo peça fundamental para disparar uma série de pesquisas recentes sobre gênero, sexualidade e envelhecimento.
Nessa semana, conversamos com Rafaela Vasconcelos, que é doutora em psicologia pela UFMG e atualmente realiza seu pós-doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Nossa conversa foi sobre sua tese de doutorado, intitulada “Nunca fui FEM”. Interseções entre militarismo e normas de gênero na trajetória de combatentes transexuais. A partir de uma etnografia que acompanhou a trajetória de dois homens trans militares, sendo um bombeiro e outro policial militar, Rafaela analisou a maneira como as normas de gênero e as normas da hierarquia militar se relacionam, ora se reforçando mutuamente, ora se chocando, produzindo certas suspensões. Seu trabalho contribui para entendermos melhor como essas instituições militares fazem a gestão das pessoas e dos gêneros, bem como sobre as estratégias que as pessoas trans usam para sobreviver e até perseverar nesses ambientes altamente regulados. É um trabalho que já seria importante por si só, mas que nesse contexto de crescente militarização da segurança pública, da política e da vida ganha uma nova camada de sentido e de relevância.
Nessa semana, conversamos com a antropóloga Larissa Pelúcio, que é professora da Universidade Estadual Paulista, a UNESP, campus Bauru. Nossa conversa foi sobre seu mais recente livro Amor em Tempos de Aplicativo – Masculinidades Heterossexuais e a nova economia do desejo, publicado pela editora Annablume. A partir de uma série de relações construídas por meio dos aplicativos Adote um Cara, Happn e Tinder, Larissa buscou analisar as maneiras como os afetos, o amor e as masculinidades se transformaram na atualidade, seja pela onipresença das mídias sociais digitais como mediadoras das nossas relações, ou seja por outras mudanças sociais como a emergência pública do discurso feminista e a penetração da lógica neoliberal na esfera social e da intimidade.
Nessa semana, conversamos com Gabriel Galil que é advogado, mestre em Direito Internacional pela UERJ e consultor em Direito Internacional. Nossa conversa foi sobre sua dissertação intitulada Fora do armário, além das fronteiras: a proibição de discriminação com base em orientação sexual e identidade de gênero no sistema global de direitos humanos e que em breve será lançada como livro pela editora Lumen Juris. Apesar da inexistência de tratados internacionais que explicitamente prevejam proteções com base em orientação sexual e identidade de gênero, poderíamos afirmar que essa proteção existe no Direito Internacional? É com essa pergunta de partida que Gabriel vai se debruçar sobre os debates e produções normativas da ONU analisando em que medida nas últimas décadas vai se criando um costume internacional que serviria como fonte do direito para a proteção das pessoas LGBTI no mundo.
Queria ainda deixar aqui um abraço carinhoso para todas as pessoas que estão ouvindo esse episódio nesse momento difícil em que estamos vivendo. Espero que a minha voz e a do Gabriel possam te fazer companhia no isolamento ou no trabalho, e permita, ao menos por alguns minutos, espairecer.
O Larvas faz parte da #LGBTPodcasters um movimento criado para divulgar podcasts brasileiros produzidos e direcionados para pessoas LGBTQI+. Busque em nosso site os podcasts parceiros e busque pela hashtag nas redes sociais para encontrar diversos conteúdos.
Nessa semana, conversamos com Cristiano Rodrigues que é doutor em Sociologia pelo IESP/UERJ e professor do Departamento de Ciência Política da UFMG. Nossa conversa foi sobre seu mais novo livro Afro-Latinos em Movimento: Protesto Negro e Ativismo Institucional no Brasil e na Colômbia. Em seu trabalho, Cristiano analisa e compara as formas de organização, estratégias de ação e relação com o Estado dos movimentos negros do Brasil e da Colômbia, entre as décadas de 1970 e meados de 2010. É um trabalho interessantíssimo e que se diferencia de outros por comparar dois casos latino-americanos e por se interessar em analisar as relações entre movimentos sociais, Estado e a produção de conhecimento sobre pessoas negras.O livro está a venda no site da editora e outras plataformas virtuais.
Além disso, estamos sorteando uma cópia do livro assinada por
Cristiano. Para participar, vá em nosso instagram, comente no post do episódio e marque duas pessoas. O resultado do sorteio será divulgado na segunda-feira, dia 30 de março de 2020.
O episódio dessa semana é um repost do Olhares Podcast.
Quando a Aline Hack me avisou que iria passar suas férias em Viçosa (Minas Gerais), e que iria gravar com a Elisabeth Cardoso, eu fiquei tão feliz com a ideia que fui logo avisando: eu vou querer respostar esse episódio! Depois que escutei o episódio pronto, tive ainda mais certeza que precisava compartilhar com vocês.
A Aline conversou com a Elisabeth Cardoso e a Liliam Telles. A
Elisabeth é agrônoma do Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA ZM) e parte do grupo de trabalho de mulheres na Articulação Nacional de Agroecologia (ANA). A Liliam é militante da Marcha Mundial das Mulheres, engenheira florestal, integrante do Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata e também compõe o GT de mulheres da ANA.
A agroecologia é produção de conhecimento e movimento social ao mesmo tempo, defendendo um outro modo de produção agrícola e de relação com o alimento, o território e o mundo. Falando assim parece algo utópico, mas é uma realidade em diversos lugares do mundo, inclusive alguns bem próximos de nós. Além disso, como perceberemos nesse episódio as mulheres tem um lugar central na agroecologia.
O episódio inteiro está muito bom, mas eu gostaria que vocês dessem especial atenção ao momento em que a Elisabeth fala das Cadernetas Agroecológicas. Esse instrumento, para mim, é genial. Além de ter sido uma excelente ferramenta de pesquisa, é política pura. Por meio da anotação cotidiana do que as mulheres consumiam, vendiam, doavam ou trocavam, essa caderneta deu visibilidade ao valor daquilo que as mulheres produzem em seus quintais, criando reconhecimento para um trabalho que é quase sempre não considerado. Isso ajuda a avançar no conhecimento sobre a vida das mulheres e sobre a produção de renda nessas famílias, mas também efetivamente empodera as mulheres que participaram da pesquisa. Você pode baixar o relatório da pesquisa com as cadernetas no site do CTA ZM: https://ctazm.org.br/bibliotecas/caderneta-agroecologica-e-os-quintais-270.pdf
Agradeço enormemente à Aline Hack, do Olhares Podcast, pela
autorização para repostar esse episódio. Aliás, se você que está ouvindo aqui ainda não é ouvinte do Olhares, corre e assina o feed lá também.
No episódio de hoje, Luan Cassal entrevistou Thiago Ranniery. Luan é doutor em psicologia pela UFF e atualmente faz um novo doutorado em educação na Universidade de Manchester, na Inglaterra. Já Ranniery é biólogo, com doutorado em educação pela UFRJ. A conversa foi sobre a pesquisa de doutorado de Thiago Ranniery que resultou na tese Corpos feitos de plástico, pó e glitter: currículos para dicções heterogêneas e visibilidades improváveis. Em sua pesquisa, Ranniery buscou operar um deslocamento queer do pensamento curricular, combinando algumas andanças e experiências em escolas e cenas lgbt de Aracaju, com um forte diálogo com as teorias queer e póscoloniais. Seu trabalho contribui para o campo de estudos de educação, gênero e sexualidade ao oferecer uma narrativa sobre a escola que se recusa a pensá-la única e exclusivamente como o local da violência e da reprodução dos comportamentos normativos. Além disso, oferece um olhar para o contexto de Aracaju, revelando como gênero, sexualidade, raça, modernidade e colonialismo se atravessam.
O trabalho de Thiago Ranniery pode ser baixado gratuitamente em: https://www.academia.edu/30134853/Corpos_feitos_de_pl%C3%A1stico_p%C3%B3_e_glitter_curr%C3%ADculos_para_dic%C3%A7%C3%B5es_heterog%C3%AAneas_e_visibilidades_improv%C3%A1veis
O episódio de hoje é uma homenagem a Fernanda Benvenutty, travesti, paraibana, ativista, mãe, técnica de enfermagem e carnavalesca. Fernanda nos deixou no domingo, dia 02 de fevereiro de 2020, entre o carnaval e o dia da visibilidade trans, duas datas que tanto marcaram quanto foram marcadas por ela.
A forma que temos de homenagear Fernanda é fazendo sua voz ser ouvida mais uma vez, para que ecoe e possamos aprender com a sua experiência. É difícil apresentar Fernanda, pois essa foi e fez muitas coisas em sua vida. Nasceu no interior da Paraíba na década de 1960, saiu de casa ainda adolescente, trabalhou de doméstica, babá, artista circense e tantas outras profissões para sobreviver. Estudou técnica de enfermagem e se tornou parteira, trabalhou em diversos hospitais e dedicou muito da sua vida à luta pela saúde pública.
Na militância, teve importância em seu estado e também em âmbito nacional. Em outubro de 2002 fundou a ASTRAPA – Associação de Travestis e Transexuais da Paraíba, organização que até hoje existe e atua naquele estado na defesa dos direitos das pessoas trans. Durante os anos de 2004 a 2008 se tornou vice-presidenta da ANTRA – Associação Nacional de Travestis e Transexuais. Representando a ANTRA participou da elaboração do Programa Brasil Sem Homofobia, do Processo Transexualizador e de tantas outras políticas públicas para a população LGBT. Acreditava na ocupação dos espaços institucionais como forma de promover mudanças sociais mais amplas e por mais de uma vez se lançou candidata pelo Partido dos Trabalhadores. Seu legado para esse país é amplo e não será esquecido.
Selecionei algumas gravações de falas da Fernanda que assisti para compartilhar com vocês. São falas que a ativista fez durante eventos públicos que acompanhei e gravei para a minha pesquisa de doutorado. Mais especificamente, estou utilizando um pedaço de uma fala feita no XXII ENTLAIDS, realizado no ano de 2017, na cidade de Teresina (PI). E dois pedaços de falas que Fernanda fez, em 2016, em um evento organizado pela profa. Flávia Teixeira da Universidade Federal de Uberlândia. Como a gravação não foi feita pensando em publicar em um podcast, a qualidade do som não é perfeita e há uma série de ruídos ou barulhos da plateia.
É claro que o que vocês ouvirão é apenas um recorte de quem foi a Fernanda, a partir dos meus encontros com ela. Eu era um estudante de doutorado pesquisando o movimento trans e Fernanda, uma das ativistas centrais daquele movimento. Ela foi uma figura importante nessa minha trajetória, não apenas pelo local que ocupava no movimento, mas também pelo conteúdo de suas falas, por nossas conversas e trocas de carinho. Fernanda era extremamente inteligente, alegre, enérgica e dona de uma personalidade forte. Mesmo sem querer acabava por se destacar nos lugares. Não se calava quando via ou ouvia algo que não concordava, mesmo quando sabia que suas posições eram consideradas polêmicas ou controversas. Nossas conversas eram intensas, Fernanda discordava radicalmente de várias das minhas ideias e aprendi muito com essas discussões.
Tenho insistido em minhas produções que o conhecimento não é produzido apenas nas universidades e espaços formais de saber. Fernanda e o movimento trans produziram e ainda produzem muito conhecimento. Espero que com esses pedacinhos áudio eu possa honrar a sua história e compartilhar com vocês o conhecimento que ela ainda tem a nos passar.
Depois de um período de férias, retornarmos as atividades e com mais energia do que nunca. Para começar 2020, trazemos mais um episódio da nossa série Incendiando os Clássicos. Essa semana, Regina Facchini conversou com Benedito Medrado que é professor do Departamento de Psicologia da UFPE. A conversa costurou um balanço dos estudos de masculinidade do Brasil com a história do Instituto Papai, uma organização pioneira nos trabalhos sobre masculinidades na América Latina e que no último 10 de janeiro comemorou 23 anos de atuação.
Antes de passar para nossa conversa, temos alguns lembretes e avisos. Em 2020, continuaremos publicando nossos episódios quinzenais às quartas-feiras. Nosso trabalho é e sempre será disponível gratuitamente para todas as pessoas. Se você gosta dos nossos episódios, ajude compartilhando com amigos e amigas, comentando nas redes sociais ou se tornando um dos nossos financiadores. Você encontra mais informações na aba apoie de nosso site.
O Larvas faz parte do Portal Desaprender, uma rede de podcasts que abordam o tema da educação por diversas perspectivas. Além de nós, integra o Desaprender o Entre Fraldas e o Dadtalks, dois podcasts sobre paternidade e que tem tudo a ver com esse nosso episódio. Também fazemos parte da recém criada rede LGBTPodcasters para fortalecer e divulgar podcasts feitos por e para pessoas LGBT. Procure pela #lgbtpodcasters nas redes sociais para encontrar os conteúdos de nossos podcasts parceiros.
Por fim, gostaríamos de agradecer publicamente ao Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher (NEPEM) da UFMG e o Núcleo de Estudos de Gênero Pagu da UNICAMP. A parceria com esses núcleos tem sido fundamental para o sucesso de nosso podcast.
Nessa semana, conversamos com Maíra Marcondes Moreira que é psicóloga, mestra em psicologia pela UFMG e doutoranda em processos psicossociais pela PUC Minas. Nossa conversa foi sobre seu livro O Feminismo é Feminino? A inexistência da mulher e a subversão da identidade, publicado pela editora Annablume. Com essa pergunta instigante e com diversos sentidos possíveis, Maíra se propõe a fazer uma aproximação entre a psicanálise lacaniana, em especial a noção de feminino em Lacan, com a teoria queer da filosofa feminista Judith Butler. É um trabalho que busca, a partir dessa dupla aproximação, repensar os modos contemporâneos de se fazer política e expandir os nossos horizontes de possibilidades.
O livro de Maíra pode ser comprado no site da editora.
Com esse episódio, nos despedimos de 2019. Foi um ano muito intenso para nós. Foram 28 episódios, divulgando algumas das melhores pesquisas recentes em gênero e sexualidade. Alcançamos todos os estados do Brasil e mais de 14 países estrangeiros. E isso só em nosso primeiro ano de existência. Agora, vamos dar um pequeno intervalo para descansar, mas não se esqueçam da gente! Em janeiro retornaremos com novos episódios para vocês.
Aviso
Essa é a segunda parte de nossa conversa com a Gabriela Junqueira Calazans que é psicóloga e doutora em Medicina Preventiva pela USP. Se você ainda não escutou a primeira parte, corre e escuta porque a Gabriela nos contou sobre a história da epidemia e das políticas da aids no Brasil. Agora nessa parte, vamos aprofundar na análise que a pesquisadora desenvolveu em sua tese de doutorado intitulada Políticas públicas de saúde e reconhecimento: um estudo sobre prevenção da infecção pelo HIV para homens que fazem sexo com homens na cidade de São Paulo. É um trabalho muito rico que ajuda a avançar na nossa compreensão das políticas públicas para HIV e Aids no Brasil, permitindo observar com clareza alguns aspectos em que a política fracassou e aprimorá-la. Você pode baixar gratuitamente o trabalho da Gabriela em: http://bit.ly/2RCsNwW
Antes de passar para o episódio, temos um anúncio. Nós já usávamos a #lgbtpodcasters para divulgar nossos episódios, agora, inspirados pelas mulheres podcasters estamos buscando ir além da hashtag e construir uma rede de apoio entre podcasters LGBT. Procure por lgbtpodcasters em todas as redes sociais para conhecer mais do nosso trabalho. Além disso, se você é uma pessoa lgbt que produz conteúdo em podcast, vem colar com a gente nessa iniciativa e use a #lgbtpodcasters para divulgar seu conteúdo.
Conversamos com Gabriela Junqueira Calazans que é psicóloga, mestra em psicologia e doutora em Medicina Preventiva pela USP. Atualmente, é pesquisadora vinculada ao Laboratório Processamento de Dados Biomédicos do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Nossa conversa foi sobre sua tese de doutorado intitulada Políticas públicas de saúde e reconhecimento: um estudo sobre prevenção da infecção pelo HIV para homens que fazem sexo com homens na cidade de São Paulo. Tivemos um papo tão gostoso e importante que acabou durando horas. E aí, resolvemos dividir a conversa em dois episódios especiais que integram nossa campanha para o Dezembro Vermelho contra à AIDS. No episódio de hoje, Gabriela vai nos contar sobre a história das políticas de prevenção ao hiv e aids no Brasil. História essa que fez parte da sua vida e também da sua pesquisa de doutorado. No próximo episódio, adentraremos na maneira como ela analisa criticamente como essas políticas tem funcionado.
O trabalho de Gabriela pode ser baixado gratuitamente aqui: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-22102018-120508/pt-br.php
No episódio de hoje, Regina Facchini entrevistou Júlio Simões, que é antropólogo, professor da Universidade de São Paulo e pesquisador do NUMAS – Núcleo de Estudos sobre Marcadores Sociais da Diferença. A conversa foi sobre o clássico livro O Negócio do Michê, do poeta e antropólogo argentino Néstor Perlongher. Entre os anos de 1982 e 1985, Perlongher se jogou nas ruas de São Paulo para etnografar a prostituição viril que ali ocorria, buscando analisar as dinâmicas de poder e desejo que atravessavam essa prática, além dos processos de territorialização e desterritorialização do espaço urbano, dos corpos e das identidades. Esse rico trabalho até hoje influencia diversos campos do saber como a antropologia urbana e os estudos de gênero e sexualidade.
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gostei do episódio Thiago, meu xará. Obrigado. Acho o larvas um podcast muito bom! Você faz muito bem as perguntas. os entrevistados e os temas, tudo ajuda muito especialmente pra gente que tá estudando.
podcast bão viu! parabéns! cheguei aqui há alguns dias por indicação da minha professora de antropologia para a disciplina de "antropologia e gênero" aqui no Piauí. sou graduando. esse episódio curti bastante. a Helena tem uma fala agradável e eloquente e seu trabalho é interessante. um beijo pra minha irmã, professora de história em BH que assim como a Helena se formou na UFMG e também foi pra África naquele período. bons tempos finais do ciências sem fronteiras para a área da humanas.
Boa noite , meu Iris de Fátima Coordenadoria do comitê Institutocional Pró Lésbica e Mulher Bissexual de Pernambuco ligado a Sec. Mulher de Pernambuco. muito interessante esse novo . um tema no novo sentindo do diálogo com esse olhar espero te retorno
Muito bom, adorei. Mamá
Vocês deveriam entrevistar alguém que trate da história do HIV. Minha pesquisa de doutorado na UFPR trata da história do trauma da epidemia de AIDS/HIV no Brasil entre os anos 80 e 90... pano pra manga viu!!!
ótima entrevista !
Esses pós modernos. Discurso radical, prática conservadora. De praxe são pessoas muito privilegiadas, que podem se dar ao luxo de negar as instituições; e as transformações institucionais. Servem como critica cultural, mas não mudam a vida das pessoas.