O destino de um dos principais envolvidos na morte de Pedro Jorge não foi selado após o julgamento dos acusados. Essa história e o Escândalo da Mandioca se arrastaram por anos até chegarem a um desfecho. Será que houve justiça? E qual é o legado do trabalho do procurador da República para o Ministério Público Federal 40 anos depois de seu assassinato?
Ex-seminarista, Pedro Jorge era um intelectual. Chamava a atenção pela inteligência e simplicidade. Era um homem público com imagem irretocável. E quem era o Pedro Jorge pai, marido e filho? Ele sabia que estava no corredor da morte?
Uma multidão se espremia dentro e fora do tribunal, no Recife, para acompanhar o destino dos acusados pela morte brutal de Pedro Jorge. Foi um julgamento histórico. O recado da sociedade estava dado: a democracia se avizinhava e a Justiça não poderia falhar. Mas a resposta demorou demais. Por quê?
Gente influente, políticos e militares conseguiram uma bolada inimaginável do Banco do Brasil dizendo que os empréstimos eram para investir no plantio de mandioca. Tudo uma grande mentira. Os desvios eram esbanjados em fazendas de luxo, caminhonetes e festas num sertão faminto do início dos anos 1980. Como funcionava o esquema? O que um arqui-inimigo de Lampião teve a ver com isso?
O Escândalo da Mandioca levou uma pequena cidade sertaneja ao noticiário nacional. Terra do xaxado e de Lampião, Serra Talhada já foi palco de inúmeras brigas violentas em defesa da honra e moral de famílias locais. Foi lá que o assassinato do procurador foi tramado e encomendado, por gente que fazia da pistolagem profissão. Quem mandou matar Pedro Jorge?
Poderia ser mais uma morte encomendada, com as características típicas desse crime nada incomum à época no sertão do Pajeú, Pernambuco, Nordeste: tiro à queima-roupa, com espingarda de cartucho calibre 12, sem chance de defesa da vítima. Mas, no caso, o assassinato ocorrido em Olinda, em 3 março de 1982, foi um ponto de inflexão na história do Brasil. Não caiu no esquecimento e nem na impunidade. Por quê?
Em 3 de março de 1982, um homem foi morto a tiros quando saía de uma padaria em Olinda. Era a procurador Pedro Jorge, assassinado por combater o interesse dos poderosos em meio à Ditadura Militar. Ele havia denunciado o Escândalo da Mandioca. O jornalista Tonico Ferreira cobriu o caso na época para a TV Globo. E agora, quase 40 anos depois, relembra o episódio. Do assassinato ao julgamento dos pistoleiros, este podcast conta a história desse evento que mudou a realidade de trabalho dos procuradores da República. Um marco na história política recente do Brasil, quando o país começava a retomar o caminho da democracia. Um projeto da Fundação Pedro Jorge e da ANPR, a Associação Nacional dos Procuradores da República.
Samuel
Excelente edição.
Selvia Ribeiro
Muito bons os episódios, mas acho que na montagem do podcast a vida do Pedro Jorge deveria ter sido mais no início da história do que agora, no fim.
Vitória Lima
Interessante, para não dizer, estranho, que não me lembro nada desse caso, morando tão perto, na Paraíba.