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Navio dos Loucos

Navio dos Loucos

Autor: Navio dos Loucos

Inscrito: 35Reproduzido: 835
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Descrição

Três professores de História se juntam com uma única missão: te fazer rir e descobrir os encantos da matéria mais incrível do mundo. Os integrantes são: Mateus Gusmão, um filósofo pavunense; Douglas Coutinho, o homem, uma máquina, uma besta enjaulada com ódio, ensina y ensina. E eu, autor dessa descrição, Matheus Viug, o blogueiro e fanfarrão do grupo. Nossas redes sociais são @naviodouloucos @mateusggusmao @coutinho92 e @viugdehistoria.
65 Episodes
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A terra é cruzada. O mar é cruzada. E o coração dos islâmicos, hereges e de toda sorte dos desviantes da moral cristã ocidental são cruzados pelas espadas e lanças dos cavalheiros. O mundo ocidental se debruça sobre o oriente, naquele que foi o maior embate religioso do mundo medieval, o de maior proporção. Que de tão grandioso mudou os rumos da história. Ponto de inflexão. Não triunfa o cristianismo sobre o islamismo. Mas muito se apropria, as moedas, o intelecto, os temperos e o comércio. Intolerante e transformadora. Ali fora reiventado e reavivado o olhar violento sobre o outro. Para o triunfo de um, a necessária queda do outro. Um sentimento reinterpretado historicamente mas que insiste em reaparecer a cada invasão sobre o Oriente Médio, Ásia, América, África. Uma cruzada imperialista. Uma cruzada ocidental. O navio mergulha em mais um tema com aquela assinatura que você já conhece.
Voa o homem. O homem liga e sua voz corre por distâncias, mas não grita. E molda o ferro como massa de modelar. O homem encurta o tempo. E parece que ele não terá limites. Os burascos que rasgam o chão, acabam com as fronteiras. O limite é cavado a sangue, fezes e barro. As trincheiras são o limite humano e moral. E ela é recheada por um nacionalismo exacerbado. Homem sobre o homem. Não é um francês morto, não é um marroquino morto, é um homem morto. Mas os canhões parecem não ter sentimentos. Versalhes não é um tratado de paz, é um armistício de vinte anos. De um mundo que não terá mais onde se esconder. Não haverá mais trincheiras. Não haverá refúgio. E sobre os escombros de um mundo combalido se erguerá o Nazi-fascismo. O Navio dos loucos apresenta aquela que foi a Grande Guerra. O marco do século XX. Solta o play!
Lovers rock é o dono do corpo. O samba é o dono do corpo. O blues é o dono corpo. A diáspora é a dona do corpo que insiste em resistir e não se entrega. A resistência é a dona do corpo. Steve McQueen em mais um episódio da série Small Axe desvela de uma maneira sútil e despretensiosa a sociabilidade negra na Inglaterra dos anos 70. O amor negro, a música negra, a amizade negra, a estética negra, as identidades negras. Longe de clichês, longe sobretudo de estereótipos, Lovers Rock é uma aula de cinema, história e militância. Viver e ser feliz na Inglaterra dos 70 era um ato revolucionário, ainda mais se fosse feito no transe de uma equipe de Dub ou num canto coletivo do refrão. Solta o play, o navio está de volta!
Meu nome é trabalho mas eu tô quebrado, afim de um cascalho vou pra todo lado, tem cinco pirralhos chorando um bocado, vê se quebra um galho doutor, tô desempregado, me arranja um trabalho doutor, tô desempregado. Através da poesia do grupo Fundo de Quintal podemos perceber que o trabalho na sociedade contemporânea antes de ser um direito é um privilégio. E que além de privilégio ele não se realiza de acordo com a vontade daquele que trabalha e sim com a oportunidade disponibilizada por um "mercado". Mas, afinal, o que essa expressão repetida a exaustão nos demonstra? Nós trabalhadores ficamos em prateleiras, nos enchendo de diferenciações profissionais para embelezar o rótulo no afã de sermos selecionados. E os trabalhadores que não são? E aqueles que são mas o mercado os contrata por um baixíssimo salário? Um salário que mal sustenta uma pessoa. No livro de Thiago Muniz Cavalcanti, Sub-humanos, o capitalismo e a metamorfose da escravidão, o autor descortina para nós como funciona esse mercado, quais as suas relações com os trabalhadores, como eles são classificados e como o trabalho é entendido e organizado na sociedade. Um livraço que nos faz compreender já no subtítulo como a liberdade supracitada em documentos oficiais de estado pode ser apenas uma ficção jurídica. Você que nos escuta, você que nos lê, é um semi-livre ou um sub-humano? Resistamos! Solta o play!
Já pensou em empreender? Mas empreender com a tua cara, levantar o teu negócio, colocar a tua origem, tua cultura, todo os seus sonhos num empreendimento? O Frank pensava. O Frank tinha um estilo meio Zé do Caroço, só que o cenário não era o morro do Pau da Bandeira, era a Inglaterra dos anos 70 e 80. O Frank era nascido nas antigas colônias inglesas do Caribe (não é possível que você depois de 60 episódios ainda ache que a Inglaterra só colonizou os EUA) e veio pra Inglaterra em busca de uma melhor qualidade de vida. Seu restaurante era fabuloso, a comunidade daqueles que como ele vinham do Caribe encontravam ali o familiar, a raíz, a diáspora. O problema para esse filme não ser uma ode a cultura e culinária caribenha está em outro Frank. Frank Pulley, policial inglês, representante, síntese individual do racismo produzido pela expansão marítima e comercial. Pulley odeia por odiar, estigmatiza, caricatura e reduz Frank a marginalidade. Os embates entre os Franks são embates raciais entre o norte colonial e o sul que busca a liberdade. The Mangroove é qualquer buteco nas periferias, favelas e bairros pobres do rio de janeiro e do Brasil. E estamos cheios de Franks por aí que incomodam por ascender e não se conformar com o papel atribuído pela branquitude. A resenha sobre Os Nove do Mangrove está ar. O filme, fabuloso, você encontra no globoplay. Solta o play, família!
O Navio dos Loucos resolveu inovar e como sempre agradar o nosso público. Escolhemos pra isso o melhor tema das aulas de história, aquele que você tem mais saudade. A famosa e querida MESOPOTÂMIA. Dos rios tigres e eufrates, do código de Hamurábi, da escrita cuneiforme, dos jardins da babilônia, do mito de Gilgamesh e de muitas outras referências. É claro que você não tem saudade da mesopotâmia, afinal como gostar de um assunto distante e complexo aos 11 anos? Por isso resolvemos fazer esse episódio, pretendemos superar esse mito de uma matéria chata e desinteressante. Falar de Mesopotâmia é falar do conceito de civilização, é desmistificar a superioridade ocidental, é compreender a teoria e produção da história, é descobrir a maneira como homens e mulheres se organizaram pela primeira vez em sociedades complexas no tempo e no espaço dominando a natureza. A mesopotâmia está longe de ser um dos temas mais amados, mas um olhar atento pode mostrar que é apaixonante. A história te proporciona o prazer de entender que uma sociedade de três milênios antes de nós é assustadoramente presente e próxima da nossa. O navio é pra isso, te fazer pensar e enxergar a história além do utilitarismo. Educação bancária é o c*r@%#, Viva Paulo Freire. E viva a Mesopotâmia!
Vai o pai e fica o filho. Cena cotidiana na política brasileira. Como ser diferente? Se no nascimento, na gênese do Estado brasileiro, largamos o posto de colônia e fomos entregues ao príncipe regente, filho do antigo algoz, e, por conseguinte, ele também algoz. Um país forjado na herança e na tradição, perceba que aqui essas palavras não tem nenhuma conotação positiva. Forjado pela elite colonial que via a manutenção da ordem colonial como um obstáculo ao seu desenvolvimento. Até que veio a noite da agonia. Até que veio a Outorgada, em 1824. Até que veio a morte de Dom João e a possibilidade de uma reunificação. Até que veio a Guerra da Cisplatina. Até que veio a abdicação. Gestado por 9 anos, o Brasil não nasceu no Primeiro Reinado, mas foi definitivamente marcado por ele. Solta o play!
Platão, aquele de ombros largos! Seguidor fiel, discípulo, encantado e enamorado pela figura de Sócrates. Autor de mais de 30 diálogos. Uma vida dedicada a reflexões filosóficas, muito devido a condição confortável de playboy/aristocrata. É incontornável pensar a intelectualidade do ocidente sem Platão. Desde a influência no cristianismo à grande parte dos filósofos e intelectuais do medievo e do mundo moderno. Se indigne na República, se apaixone no Banquete, só não se perca na Metafísica. O Navio segue suas navegações pela filosofia, e por essa Platão não esperava. Solta o play pra sair da caverna!
Como pode de tão inofensivo ser tão cruel, o cafézinho com duas colheradas de açúcar? O pastélzinho de Belém, que coisa esplêndida. E o chá inglês, sem o ouro branco? Seria só mais uma bebida amarga. Mas, como pode? Tão doce, que te faz sorrir, que te faz feliz, que te vicia como droga (aliás, é droga), produzir um mundo tão amargo? Tão violento! Tão hierarquizado! O açúcar invadiu mercados europeus, adoçou a boca da nobreza e encheu os bolsos da burguesia. E simplesmente destruiu as Américas. Um café adoçado era um braço de escravizado que ficava preso na moenda. Um confeito europeu valia o genocídio dos povos originários do sul ao norte da América. O Brasil não era açucareiro porque não existia Brasil. Mas a violência da açucarocracia, do alto escalão dos senhores de engenho que fizeram do Brasil sua casa grande forjou as bases da nossa sociedade. Violentada e violenta. Doce para pouquíssimos, amarga para milhões. É preciso experimentar um Brasil que tenha outro paladar. É preciso se indignar com o passado, não para um futuro, mas para um presente melhor. Solta o play
Uma mãe atarefada, afinal a jornada é tripla, dois empregos mais o trabalho doméstico. Uma criança que sonha em ser astronauta e pilotar foguetes. Um pai consumido pelo trabalho extenuante. Uma irmã talentosa que sonha em ser uma grande estilista. A história é de uma família inglesa nos anos 70. Na verdade a história é uma família negra inglesa dos anos 70, mais especificamente uma família negra inglesa vinda das antigas colônias do caribe dominadas pelo Império Inglês. A mãe é chamada no colégio porquê o filho não vai bem e recebe a notícia que o pequeno seria direcionado para uma outra escola, onde ele teria mais atenção. Uma escola para crianças "sub-normais". O que seu filho teria para ser considerado um sub-normal?? Uma rede de apoio de mulheres negras se organizam para movimentar a sociedade e demonstrar como o conceito de sub-normais era uma forma de controle dos corpos e da intelectualidade negra. O filme Education faz parte de antologia chamada Small Axe, do diretor Steve Mcqueen, e conta com cinco filmes que fazem reflexões sobre como era ser negro na Inglaterra do século XX e todas os desdobramentos na cultura, educação, violência. Education é o primeiro filme que analisamos da antologia, e seguiremos analisando os outros. Assistam e acompanhem junto conosco! Solta o play!
Escrevo no aniversário de Fidel Castro. E retomo a sua pergunta: fala-se tanto do socialismo, onde foi que o capitalismo deu certo, na África, na Ásia e na América Latina? E com a licença do comandante, acrescento, onde foi que o capitalismo deu certo dentro das próprias potências capitalistas? O livro de hoje, Estrela Vermelha, nos convida a fazer o caminho inverso, e imaginar como seria a sociedade organizada sobre as bases do pensamento comunista. Onde a organização do trabalho tem a finalidade de produzir uma vida feliz, digna e frutífera. Onde as máquinas obedecem aos homens, onde a terra em que se planta é a mesma em que se brinca, onde a água que se bebe é a mesma que se banha. Onde? Como? Alexander buscou nas estrelas, ou melhor, na estrela vermelha de marte, uma sociedade pós capitalista, igualitária e feliz. Tecnológica, organizada, livre nas suas escolhas. Alexander Bogdanóv, militante da pena, da ciência e do comunismo apontou um caminho possível quando nem as revoluções haviam irrompido. Alexander demonstra que os sonhos mudam a realidade. Sonhou com uma marte comunista em 1908, enquanto um certo empresário vai em 2021 em busca de colonização e lucros. Solta o play, pra conferir mais um episódio do navio em parceria com a Editora Boitempo!
Jovem Werther amou. Amou como se não houvesse amanhã. Mas não se engane, não se trata aqui de um amor qualquer. Primeiro ele amou a natureza, o clima bucólico e a maneira como as montanhas recortavam os céus. O camponês, que coisa linda, na sua simplicidade da lida e de mãos na enxada arando a terra. Quanta paz, quanta tranquilidade. Amou a cultura e a simplicidade do povo. Amou a escrita e a riqueza dos detalhes descrito nas epístolas ao amigo a quem amava. E sobretudo a amou. Um amor arrebatador, insadecido, intenso, apaixonado e apaixonante. Por vezes sufocante, até que sufocado. O primeiro grande sucesso da literatura que impactou e suscitou o debate de quanto a arte poderia influenciar a sociedade. Provocador, cientista e poeta, Goethe marcou a literatura alemã e mundial. Hoje analisamos sua obra em mais uma parceria com a @companhiadasletras. Solta o play!
Um mineiro no meio do deserto. Sujo e maltrapilho, sozinho com seu equipamento precário, a poeira e a vontade de achar a riqueza o movimentam. Uma queda quase abrevia suas chances, mas foi apenas uma perna quebrada. Na virada do século XIX para o XX, bem no auge tecnológico da segunda revolução industrial, a febre por descobrir poços de petróleo movimenta homens ávidos pela riqueza. O mineiro maltrapilho acha o ouro negro. De mineiro à empresário, uma escalada de sucesso, o self made man norte americano na sua essência. Na sua ganância, na sua matança, na sua arrogância. Como uma espécie de midas perverso, tudo que toca o capitalismo vira morte. E então o ouro negro passa a ser sangue. Sangue negro premiou Daniel Day Lewis com o Oscar de melhor ator, e nos premiou com um filmaço que descortina a violência do capitalismo. Um filme, uma história. Solta o play!
O que seria propriamente uma contrarreforma? Uma reação a reforma? Uma espécie de contra ataque católico sobre um mundo novo que se erguia com base numa releitura cristã? É interessante perceber como a maneira de ler o mundo europeu se constrói muitas vezes como um cachorro que corre atrás do próprio rabo. Se explica as transformações da igreja católica pela cisão operada dentro da igreja por padres católicos. É uma redução grosseira do mundo ao universalismo cristão. É uma redução e uma limitação do campo de visão à Europa centro ocidental e de sua cultura. No episódio de Contrarreforma te desafiamos a contextualizar mais essa Igreja Católica dentro de um mundo mais humano, de um mundo mais herege, mais islâmico, mais indígena, mais ortodoxo, mais africano. O mundo europeu vinha sendo atravessado por novos mundos que colocavam sua hierarquia e valores em xeque. A igreja ameaçada se reforma. A igreja através do tempo se reforma. Ortodoxa, protestante, ou mesmo católica, são várias as reformas. A partir do tempo, da cultura, da economia. O mundo mudou, o mundo é moderno, e a igreja Católica também quer sê-lo. Pela violência da Inquisição, pela violência da catequização, pela reforma intelectual, Trento dita as regras de um novo acordo e de um novo catolicismo. Solta o play!
Em 1517 o mundo cristão rachou! A rachadura foi providencial, profunda e jamais seria restaurada. Martinho Lutero até então padre, pensador de linhagem agostiniana, desafiara publicamente a igreja e a doutrina. Até aqui nenhuma novidade, outros desafiaram, foram mortos, queimados, excomungados. Lutero não foi queimado, embora a igreja tenha queimado as suas traduções da bíblia. Porquê? Se John Huss, John Wycliff e outros tantos foram perseguidos e subjugados pela Igreja Católica. O mundo havia mudado, os interesses também. Indivíduos, burgueses, reis, territórios, comércios, impostos, são fatores que passam a fazer parte da ordem do dia. Lutero, Calvino, Zwinglio e outros tantos fizeram parte dessa nova correlação de forças que mudou a história do mundo ocidental. No episódio de hoje o navio apresenta o pensamento reformado e o seu contexto histórico. Reforma e modernidade. Política e religião. Capitalismo e religião. Solta o play!
O que é a felicidade? O que é a honra? O que é a política? O que é o amor? Perguntar não ofende, mas causa uma sensação desconfortável ao nos fazer parar para pensar sobre temas, sentimentos e relações que normalmente não pensamos. Na Grécia antiga, entre os séculos V e IV antes de Cristo, um filósofo grego chamado Sócrates perturbava a consciência da sociedade com perguntas contundentes. Eram os diálogos socráticos que revolucionariam o modo de pensar e conceber a filosofia no mundo ocidental. Divisor de águas na filosofia, Sócrates e seus discípulos constituem a base de grande parte do debate filosófico de pensadores posteriores. Controverso nos seus atos e homem de seu tempo, desafiou a tradição em nome da liberdade de expressão. Dizia em alto e bom som: "Só sei que nada sei!". Você ao contrário de Sócrates, já sabe pelo menos que vai dar play nesse episódio!
O que te faz brasileiro? O que te faz branco? O que te faz negro? O que te faz indígena? Você é proletário? E aquela culpa burguesa, te cabe?  Num livro sensacional, Étienne Balibar e Immanuel Wallerstein em ensaios precisos, concisos e desconcertantes te convidam a repensar conceitos fundamentais para a compreensão do nosso tempo. Os conflitos que emergem com roupagens nacionais têm muitas vezes uma tensão intrínseca na própria construção do conceito. O universalismo europeu é afinal de contas tão universal assim? O fascismo incomoda o liberalismo por uma questão de princípios ou por apenas desnudar a farsa liberal de que todos são tratado com igualdade de fato? Como se forma a burguesia, quanto ela ganha, o que é ser burguês? São perguntas levantadas nos ensaios, uma coletânea reunida nos anos 80 e 90, fruto do trabalho intelectual de ambos os autores. Mais um livraço editado com o selo da Boitempo. Mais um livraço pra você ler e se indignar. Ler e se inconformar. Ler e sentir aquela vontade de mudar o mundo. Mas antes, aperta o play e vem pensar e se indignar com a gente!
Tudo aquilo que não é normal te choca. Na verdade, tudo aquilo que foge ao seu padrão te choca. Um sabor, uma imagem, uma cor, uma expressão facial. O que é normal? Uma convenção estabelecida socialmente. O que fazemos com o que não achamos “normal”? Excluímos! Exilamos! Matamos! É perverso, mas ao que queremos nos referir quando dizemos “todos somos iguais” é na verdade “todos que nós consideramos iguais a nós merecem a igualdade”, quem não se enquadra é enquadrado em tipificações legais. Um estranho no ninho conta para nós a história de um detento que de tanto sofrer punições é enviado para um manicômio para averiguar o seu estado de saúde mental. Um filme de 1975 desnuda um manicômio norte americano e todo o pensamento médico sobre a “loucura”. Choques elétricos, violência física, violência psicológica e a tão falada e propagandeada lobotomia. Curioso como um marginal, um bandido, o que recebe a alcunha de mais perverso dos humanos é um dos únicos no filme a reconhecer a humanidade do internos, dos loucos, dos malucos. Busca fazer com que eles tenham uma vida mais leve, mais feliz. Um estranho no ninho obriga a nos depararmos com aquilo que grande parte da sociedade tenta esquecer de uma maneira irreverente e contundente. Você se vê afeiçoado aos excluídos, você sente suas dores, você sofre com as injustiças. No país que produziu Nise da Silveira, como será que andam nossos manicômios? Como tratamos a saúde mental para além do hype sobre Setembro Amarelo na internet? Quanto o projeto de sociedade que compartilhamos não produz as disfunções da mente? São perguntas incontornáveis e que parecem ser feitas por estranhos no ninho de uma sociedade “saudável”. Solta o play, família!
De repente uma cena bizarra. Um carro, um ford, todo preto, lindíssimo. Ele cruza as ruas largas norte americanas. Não é tão veloz quanto antes. Parece ter menos glamour. Suas rodas não estão tão lustradas. Seu motor cheio de cilindros e com um ronco indefectível, já não ronca mais. O ford está sendo puxado por cavalos. Seu dono não tem dinheiro para gasolina e se recusa a vender seu bem por um preço que considera injusto. Também tem poucas ofertas, o antes aquecido mercado automobilístico está completamente retraído. Seja bem vindo a Nova York dos anos trinta, selva de concreto que assiste empresários falidos e pais de família passando fome e frio pelas ruas! A crise de 29 gerou uma depressão que durou longos anos, culminando com quase 25% da população norte americana desempregada. O antigo estado liberal clássico falido. A liberdade econômica precisava de uma mãozinha, nem um pouco invisível. O new deal mudou o paradigma norte americano na relação estado sociedade. Um novo acordo, uma nova política e velhos favorecidos. Tudo isso e muito mais no nosso episódio sobre o New Deal. Solta o play, família!
Ah, o desenvolvimento, o crescimento econômico irrestrito... Vamos às compras. Seu Ford-T novinho, preto e clássico. Dançar um jazz aos finais de semana. Um sorvete depois do almoço. E aquela roupa nova que acabou de ser lançada, tem que ser aquela. Consumo desenfreado, compra e venda alucinantes. Assim nascia o American Way Of life, de um Estados Unidos que cansara de ficar restrito ao próprio continente. Era preciso exportar, mas, antes da cultura, o que exportava era trigo, aço, petróleo, carvão. Exportava também dinheiro para uma Europa completamente devastada pela Primeira Guerra Mundial. Os Estados Unidos são o máximo! Algumas baixas na Primeira Guerra, mas vá lá, tudo compensado pelo crescimento econômico desenfreado, os famosos e loucos anos 20. Entre a euforia de um mercado auto regulado, liberal clássico e um estado interventor keynesiano, havia uma pedra no caminho. No meio do caminho havia uma pedra, chamada de crise de 1929. O crash da bolsa de valores denuncia toda uma estrutura econômica catastrófica. A primeira crise de tamanho global. A lenha na fogueira nazifascista. Mas, para compreendê-la, precisamos recuar no tempo e no espaço. Como os EUA puderam se tornar o principal império econômico? Como se chegou até a crise? Algumas interpretações sobre o processo, tudo isso e muito mais, em mais um episódio do Navio dos Loucos. Solta o play, família!
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Comentários (2)

João Kviatkoski

Muito bom

Aug 28th
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Daniel Laporte

Uma curta e divertidíssima aula de História!

Jun 5th
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