A frase "o pensamento é uma forma de sentir" sugere que qualquer teologia é, na verdade, uma expressão do sentimento individual do autor ou pregador, culminando em um livro ou pregação. O que fica oculto é que o próprio ato de pensar já implica em uma imagem distorcida de dEUs, pois por trás das palavras sempre se esconde o "EU" daquele que sente e pensa.
Acredito que a leitura dos existencialistas e o processo de analise psicanalítica, colocaram-me na aporia de que sou o unico responsável por fazer da minha história o que quero dela. Ontem, antes da missa, me pus de joelhos olhando para a cruz no fundo do presbitério e me questionei: o que ainda me faz querer orar? Inicialmente, pensei apenas no rito, no costume de sempre faze-lo, sem muito por atencão no que rezo. Mas, logo também entendi, que no Templo ainda algo de transcendente e misterioso corta o humano. Fiquei sem muito o que dizer, como no silencio de Zacarias, mas com a angustia de colocar em palavras o que ainda não consigo dizer atraves delas. A palavra por si já é um autoengano, um plagio de uma realidade que não deciframos senão passando pela experiência dela.
A confissão, ato de revelar segredos e angústias, funciona como uma terapia. Ao expor no privado o indizível em público, ela resgata a imagem do "eu" fragilizado pelo erro. Confessar-se é nomear a si mesmo, recuperando o significado perdido diante da falha. É no ato de confessar que o sujeito se reintegra, elaborando suas experiências para encontrar o significante perdido.
A palavra "sacralizada" num rito religioso pode evocar a cura tanto para o fiel quanto para o pregador, através da similitude com a realidade que ambos vivenciam.
Cinismo e existencialismo se aproximam ao defender o uso responsável da liberdade. Sem negar completamente a possibilidade de encontrar sentido em valores religiosos, o cinismo e o existencialismo ajudam a interpretar a vida como batizado de forma crítica e colada na realidade
A imaginação é a capacidade de criar imagens e ideias na mente, as quais podem gerar afetos, influenciar escolhas livres e moldar a forma como vivemos, como nos relacionamos com a fé e até mesmo como nos vestimos.
Ajudar é um ato de fé na imagem do outro. É "dar fé", confiar, ainda que a imagem do outro te engane! É o autoegano assumido!
A palavra é um autoengano. É a ilusão de um "EU" dito, mas sua imagem é moldada pelo OUTRO.
O EU do pregador é um perigo: quando brilha mais que o Evangelho, a mensagem se perde no suposto saber concedido por quem o ouve.
Associando livremente, exploro as complexidades da vida pastoral e revelo aspectos do inconsciente que influenciam minha jornada como padre
O padre é o herói que se consome no fogo de sua própria fantasia, entregando-se ao sacrifício em busca de um ideal que só ele vê.
Na visita as pessoas enfermas no hospital, busco meu EU, encontrando no nelas a imagem fantasiosa de um padre sempre disponível.
A teologia se torna especulação fantasiosa quando sustenta a discussão sobre modelos de Igreja complexos e distantes, desviando-se do simples e direto seguimento de Jesus e de seus ensinamentos essenciais sobre amor e compaixão.
A capelania hospitalar, mesmo com falhas humanas na administração da Unção dos Enfermos, não diminui a eficácia da Graça de Deus, que é infinita e transcende qualquer limitação. No entanto, é preocupante que o essencial no Sacramento ainda não seja uma visita solidaria e humana ao paciente.
"O 'Deus lhe pague' após visitas nos hospitais já é pago se estou implicado no que faço.
O vazio existencial, nascido de questionamentos sobre o sentido da vida, pede um olhar para dentro de si mesmo e para as escolhas já feitas, para não cair no logro da fantasia de algo irreal.
O vazio surge da ausência de significado, uma lacuna silenciosa entre o que foi e o que poderia ter sido, de uma coisa não inscrita na história.
Quando a Palavra não é mais ouvida ou quem a pronuncia se cala, resta o Ato
Dizer não gera angústia quando se espera reconhecimento e desejo ser aceito
Na vida do padre, o "muito" é a fantasia de ocupar um lugar desejado pelos fiéis. O "pouco" emerge quando seu eu confronta a realidade, revelando-se aprisionado na ilusão que ele mesmo criou