“As pessoas ficam mais abertas se aprenderem que são feitas assim, de muitas vidas e de muitos outros”.Mia Couto é um escritor e biólogo moçambicano, vencedor do Prémio Neustadt e do Prémio Camões, e sabe bem do que fala: “Devíamos ensinar logo na escola que somos feitos de tantos outros: nós somos só 10% humanos, o resto são outros - bactérias, vírus, fungos que nos compõem a todos e que não são inquilinos, são parte de nós próprios, fazem parte desta orquestra que compõe o que é um ser humano. Então se se ensinar uma criança a perceber o mundo desta maneira, dificilmente essa criança quando for adulta vai defender qualquer coisa que seja a ideia de raça pura, ou de etnia pura, ou que ‘sou eu que tenho completamente razão’.Num ano em que se celebram os 50 anos da independência de Moçambique, o escritor moçambicano defende que “a grande questão não é reparar o que ficou para trás mas encontrar caminhos de futuro em que se olhe para as pessoas, não por aquilo que elas são biologicamente ou que reproclamam ser, mas por aquilo que defendem, pelas ideias que têm, pelos interesses que defendem, pela moral que têm - isso seria o mundo ideal”.Mia Couto viu, recentemente, mais um dos seus livros adaptados ao grande ecrã: “O Ancoradouro do Tempo” foi realizado pelo moçambicano Sol de Carvalho, baseado no livro “A Varanda de Frangipani”, cujo argumento também ajudou a adaptar, mas diz que continua a preferir o seu ofício de escritor. Está neste momento a preparar um novo livro para breve.
“Imagina que, no além, as pessoas podiam continuar a fazer coisas e o Bergman continuava a fazer filmes e a gente, um dia quando morresse, podia ver 30 filmes novos incríveis dele - e muito mais incríveis porque a morte tem que ser muito mais esperta, não é? Porque a internet na morte deve ser imediata, nem precisa de wifi, deve ser da cabeça logo”, diz Valter Hugo Mãe, entre risos.É um dos mais destacados e internacionais escritores portugueses e o seu novo livro “Educação da Tristeza” é o seu ouro mais caro: conta como é que aprendeu a superar a dor do luto e a agarrar-se à alegria. Numa altura em que a adaptação para filme de “O Filho de Mil Homens” está quase a estrear na Netflix, para além do documentário que Miguel Gonçalves Mendes fez sobre Valter Hugo Mãe, intitulado “De Lugar Nenhum”, o escritor esteve à conversa com Ana Delgado Martins para falar sobre o seu trabalho mas também sobre a importância de não se perder de vista os direitos humanos: “É como se um leão olhasse para um tigre e dissesse: ‘não, eu sou mais divino, eu fui criado por Deus e tu não, tu és um imbecil, és um animal’. O que diriam os animais uns aos outros e o que diriam a nós se pudessem falar acerca do que é ser-se mais digno”, questiona Valter Hugo Mãe.
É um dos rappers mais conceituados em Portugal e escolheu a palavra como arma de intervenção. A poucos meses do regresso dos Dealema ao palco do Coliseu do Porto para os 30 anos da banda, a 20 de Fevereiro 2026, Maze vem ao Sentido da Vida falar-nos sobre as residências artísticas que tem ajudado a desenvolver: desde a Cartografia do Medo, um projeto desenvolvido para as Maratonas da Leitura da Sertã onde quinzenalmente reúne com um grupo de pessoas para explorar o tema do medo e o converter em escrita como meio de catarse; ao Beat na Montanha, um projeto de inclusão através da arte, realizado em parceria com a Câmara Municipal da Guarda e o TMG, para ajudar a desenvolver ferramentas de sensibilidade para a música, a fotografia e o design partindo das vivências dos participantes, primeiro nas Aldeias SOS da Guarda, depois num estabelecimento prisional e agora cerca de 30 alunos de uma escola da Guarda. “Eu acho que toda a gente perde a sua criança”, diz o artista multidimensional, que além de rapper é também escritor, ativista, artista visual, formador e poeta. “Principalmente no meio artístico em Portugal em que tens de sobreviver e não é fácil, tens de ter trabalhos das 9 às 5 que te ocupam o tempo e que não te permitem ser essa criança criativa o dia todo. Tu aí minas sempre um bocadinho esse compromisso de te manteres essa criança. Eu consegui manter, consegui não me esquecer dela, resgato-a e ela vem ao de cima. É claro que há momentos em que a vida tem de ser mais virada para essa sobrevivência e muito mais pragmática, para acompanhares o ritmo que a sociedade nos impõe. Eu tive a sorte de conseguir continuar com esse criativo vivo, mas conheço muitos amigos que criaram na sua adolescência e depois se resignaram porque a vida foi realmente difícil”, conta Maze no Sentido da Vida.
Manuel Sans Segarra foi médico e cirurgião especializado em cirurgia geral e digestiva, com um foco em cirurgia oncológica. Octogenário, já reformado, trabalhou durante grande parte da carreira num hospital de Barcelona e acredita no poder da ciência para fazer evoluir a medicina e melhorar a vida dos pacientes, mas a sua vida deu uma volta inesperada quando testemunhou a Experiência de Quase Morte (EQM) de um dos seus pacientes que tinha recuperado de um estado de morte clínica. O relato tocou-o de tal forma que o motivou a investigar e a aprofundar as noções de EQM, questionando as suas crenças e explorando áreas da ciência e da consciência que antes nunca tinha considerado. Dessas décadas de investigação surge o livro “A supraconsciência existe – Vida Depois da Vida”, uma nova compreensão sobre a consciência humana e a vida depois da morte: “Comprovei que é possível contactar com a Supraconsciência e poder, desse modo, controlar o ego, a nossa identidade falsa, que gosto de denominar o “não-eu”, inibindo as suas quatro potentes armas: a ignorância, o apego ao material, o egoísmo e o medo. Uma conversa em espanhol, com tradução em simultâneo da jornalista e escritora Virginia Lopéz.
Balolas Carvalho é uma mulher dos sete ofícios: jornalista, produtora, impact storyteller - até andou em digressão na Europa com artistas como os Metallica, Eros Ramazzoti ou a banda de Keanu Reeves. Mas, como a própria diz, faltava-lhe propósito.“Eu preciso de propósito, preciso de sentir que a minha vida faz algum sentido, e por muito que eu ame música e ame andar na estrada, eu preciso de sentir que estou a contribuir para algo que possa ter um impacto positivo na vida das pessoas, além do entretenimento. Não consigo dedicar a minha vida a uma banda quando posso dedicar a uma causa”, contou Balolas ao podcast Sentido da Vida. A escolha compensou: largou tudo para ir para o Egito, onde conheceu a realizadora jordana Tanya Marar, que faria com ela o mini-documentário “Fragmented”, uma curta-metragem sobre um jornalista-ativista palestiniano que escapou ao genocídio em Gaza, nomeada na 68.ª edição do prestigiado Festival de Cinema de São Francisco. Também relacionado com Gaza, está agora em pós-produção o documentário “Bukra” que Balolas Carvalho começou a fazer com a realizadora Diana Antunes há cinco anos sobre o campo de refugiados de Jenin, na Palestina. Jenin era a capital da resistência à ocupação militar não-violenta, onde viviam 16 mil pessoas num quilómetro quadrado e onde existia o Teatro da Liberdade. O campo de Jenin foi completamente destruído há poucos meses.
Quando era jovem e estudava para ser médico, Luís Portela teve um esgotamento. Foi um psiquiatra amigo da família que o ajudou a recuperar, ensinando-o a meditar. O homem forte da farmacêutica BIAL é hoje presidente da Fundação Bial, conhecida por financiar projetos de investigação científica, muitos deles em ângulos mortos da ciência, como a psicofisiologia e até mesmo a parapsicologia.“Fazia-me impressão que a humanidade, sob o ponto de vista da fé, aceitasse tudo e mais qualquer coisa. E quando não entendiam as coisas chamavam de mistérios, milagres - e era uma coisa que não se dava muito bem comigo. Até porque essa mesma humanidade, num outro extremo do ponto de vista científico, dizia que nada disso existia e que não era nada (...) Parecia-me que era adequado o caminho do meio: as pessoas admitirem os fenómenos descritos desde a Antiguidade e procurarem estudá-los, não para demonstrar que são verdade ou que são mentira, apenas para levantarem o véu da ignorância, para perceberem o que é”, conta Luís Portela ao podcast Sentido da Vida com Ana Delgado Martins. Luís Portela foi médico no Hospital de São João, professor universitário, e quando tudo parecia querer lançá-lo numa carreira académica na medicina, abraçou a herança que trazia do tempo do avô, tirando a Bial do vermelho e questionando aquele que seria o seu próprio propósito. Nos últimos 31 anos, a Fundação Bial já financiou quase 2 mil investigadores de todo o mundo a aplicarem o rigor do método científico a temas pouco explorados na ciência. Também financiada pela Fundação, a série “Para Além do Cérebro”, exibida na RTP e RTP Play, explora a mente humana, abordando temas como a telepatia, experiências de quase morte e mediunidade, com contribuições de 50 especialistas mundiais nas áreas de neurociências, psicologia, psiquiatria, física e parapsicologia. Para Luís Portela, o poder do pensamento é fundamental: “Se percebermos que mesmo bem intencionados, de repente estamos a pensar negativo - não é só querer bater no outro ou querer fazer uma maldade qualquer, muitas vezes é apenas pensar ‘eu não sou capaz de fazer isto’ - e estamos a carrilar para nós e para quem está à nossa volta energias de característica negativa que vão fazer com que as coisas corram mal e corram mal aos outros. Se percebermos esta trapalhada, se percebermos que estamos a dar um contributo negativo à escala mundial, se calhar vamos ter mais cuidado”, remata. Detentor da Medalha de Mérito da Ciência, atribuída pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Luís Portela é também Comendador da Ordem do Mérito, de que mais tarde veio a receber a Grã-Cruz. Tem também vários livros publicados, como “Da Ciência ao Amor” ou “Ser Espiritual - Da Evidência à Ciência”.Uma conversa serena e profunda com um homem que cruza dois mundos que pareceriam ter tudo para colidir: a ciência e a espiritualidade.
“Tenho desejos e depois vou ver se consigo transformá-los em filmes”. Denise Fernandes nasceu em Lisboa em 1990, com pais de origem cabo-verdiana, e foi criada no sul da Suíça. A sua primeira longa-metragem, “Hanami”, foi rodada com a população local da Ilha do Fogo, em Cabo Verde, e acompanha o crescimento de Nana, uma jovem que vive nesta ilha vulcânica remota, enquanto muitos à sua volta partem em busca de novas oportunidades. O filme venceu, para surpresa da jovem realizadora, o prémio de Melhor Longa-Metragem Nacional no Indie Lisboa e venceu também prémios em Locarno ou Chicago: “Nem sabia o que era cinema - eu sabia que o cinema ia ser a minha linguagem, porque eu queria contar através do cinema. Mas eu só queria fazer um filme”.Sobre aquilo que aprendeu sobre o sentido da vida ao fazer este filme, a realizadora conclui: “Aprendi a acreditar no seguir, no seguir as próprias intuições - mesmo quando tudo parece tão impossível de apanhar, é tentar seguir”.
Depois do estágio na SIC, em 1995, a jornalista Susana André apanhou Emídio Rangel à porta da casa-de-banho e disse-lhe que merecia ser contratada. Felizmente, o antigo diretor da SIC ficou bem impressionado com a abordagem confiante, analisou o seu trabalho e ofereceu-lhe um contrato. Desde então, Susana André tem assumido o jornalismo como uma missão, destacando-se nas Grandes Reportagens em locais como Angola, Venezuela, Etiópia, Turquia, Guiné Bissau, Jordânia, Hungria, Polónia, Alemanha, Israel, Gaza ou nos territórios Palestinianos. Recentemente, a série de reportagens documentais “Jangadas de Pedra” sobre ilhas remotas da Europa, que passou no final do Jornal da Noite da SIC, conseguiu o inimaginável: bater recordes de audiências e ficar à frente de um jogo do Benfica ou de reality shows. “Muitas vezes há aquele discurso de que as pessoas querem ver o mais fácil. Não é exatamente assim”, explica a jornalista, que viajou por locais remotos como as Ilhas Faroé para contar histórias profundamente humanas que vão do envelhecimento à solidão, da globalização ao impacto do aquecimento global. Uma longa conversa que também correu temas como a educação, a inteligência artificial, a desinformação ou o potencial do jornalismo "das boas referências”.
Tem a melhor gargalhada de Portugal, não se coíbe de dançar kizomba ou de ver a Madonna na primeira fila - “quis ver ao natural, ali de perto” -, tem mais de 45 livros publicados e agora, em 2025, lança o seu primeiro livro infantil: “Mãos pequenas, coração grande”, uma história sobre a importância da ternura, da empatia e do cuidado pelo outro. Aos 90 anos, Helena Sacadura Cabral foi a primeira mulher em muita coisa, incluindo ter entrado para os quadros técnicos do Banco de Portugal. Escreveu em jornais, revistas, esteve na televisão, esforçou-se por “nunca depender de ninguém” e esteve no podcast Sentido da Vida a falar sobre o que quer para o país... e para si. “’Tá bem, tu pensas assim, fazes assim; tu pensas assado, fazes assado. Mas acho que é possível sempre encontrar pontos de apoio que unam as pessoas e só quando houver isso é que é possível haver rotação de governos sem haver ruptura, de coisas que se começam e depois não se acabam", diz a economista que diz odiar a política partidária, tendo ambos os filhos, Miguel e Paulo Portas, sido políticos. “A corrupção de que tanto se fala também é um produto consequente da forma como nós vivemos”, remata. O que gostava Helena Sacadura Cabral de ver no país? “Um grupo de pessoas que se reunissem à volta de uma mesa, independentemente do que pensassem". Uma conversa sobre felicidade - “tem de se ter predisposição” -, sobre trabalhar para o que se quer e sobre liberdade de pensamento – ou como diz a Helena, “tenho muita pena, mas eu quero ser eu”.
Viagens a glaciares? Andar de burrito? Encontros imediatos com lobos? E tudo devagar. Esta semana no podcast Sentido da Vida, viagens sustentáveis de aventura e natureza com Diogo Tavares, para libertar o selvagem que há em si... sem ser no escritório. “O que pode fazer muito bem ao ser humano é ir com frequência visitar a natureza, porque recentra-nos no sítio onde devemos estar. Nós temos muito o pensamento que controlamos tudo, está tudo supercontrolado neste estúdio, nesta cidade, está tudo humanizado... se quisermos sentir a terra, vai dar-nos um trabalhão. Na natureza não controlamos nada, ela é que nos tolera”, diz o líder de viagens. Sempre que não anda pelos Himalaias, Patagónia ou Islândia - para não falar do planalto mirandês ou dos trilhos da transumância no Soajo, no Minho –, Diogo vive numa auto-caravana entre Lisboa e Porto. “A nossa sociedade está muito montada para acumular, para tu teres mais, e isso só nos tira os movimentos, tira-nos a possibilidade de nos podermos mexer”. Esta semana, viaje na imaginação - a pé, de bicicleta, a burricar ou só nos headphones - com Diogo Tavares.
“Devemos chorar, as pessoas têm muito medo de estar tristes e de chorar, mas estar triste é adaptativo”.Melanie Tavares é psicóloga e acaba de lançar o livro “De Tanto Sofrer, Esqueci-me de Viver - Não deixe que os traumas e as feridas emocionais condicionem a sua vida”. Ela sabe do que fala - aos 10 anos, Melanie Tavares presenciou a morte súbita de uma amiga, um evento traumático que moldou a sua vida e as suas escolhas e que fez com que, anos mais tarde, se dedicasse à Psicologia.Na sua vida, têm sido muitos os desafios, incluindo um filho já adulto com síndrome do X-frágil: “Não partilho nada da ideia de que sou uma abençoada porque o meu filho tem uma deficiência, porque isso implica que ele esteja numa condição desfavorável para eu ser abençoada. Nós não somos abençoados porque alguma coisa nos corre mal. Agora, que eu acho que o Martim teve sorte na família em que calhou, e eu tive uma sorte tremenda de ter o Martim em vez de outro menino qualquer que eu não conheço, isso não tenho dúvida nenhuma”, diz a psicóloga.“O sentido da vida é vivê-la, mais à esquerda ou mais à direita, com mais apertões, com mais largueza, com mais inspira respira não pira, com mais afetos, mas é esta construção também das coisas más que nos acrescentam: aprendizagem, vivências, calo. Nós quando temos um calo já não dói”.
"Às vezes os adultos deviam sentar-se com as crianças e dizer assim ‘eu não sei’". Joana Rita Sousa, filósofa e perguntóloga, é fundadora da filocriatividade, dinamiza oficinas de Filosofia para e com crianças e jovens e, no seu dia-a-dia, percorre o país a convidar os mais novos a desenvolver o pensamento crítico. "Até para fazermos perguntas às inteligências artificiais, temos de saber fazer perguntas, temos de saber contextualizar a pergunta, portanto há um exercício de pensamento do qual não nos podemos demitir a não ser que queiramos ser só papagaios, só a repetir coisas", explica Joana nesta conversa que passou pelos medos de parentalidade perfeita, pelos desafios da educação, e de como uma cabeça em cima dos ombros não é sinónimo de saber pensar.
Começou a nadar por recomendação médica, ainda em criança, após ser diagnosticado com um síndrome raro que lhe dava uma esperança de vida de 20 anos. Aos 23 anos e cheio de energia, Alexandre Couto estuda engenharia aeroespacial no Técnico e já foi seis vezes campeão nacional de natação adaptada. “Acho que vem muito dos meus pais, porque ensinaram-me que eu sou completamente normal e acho que é essa a mensagem: é quererem viver o máximo que puderem. A vida é mais bonita do que os problemas todos que possamos ter”, diz o nadador tirsense no podcast Sentido da Vida. “Acho que é muto mais giro aproveitarmos a vida no limite do que estar a viver por viver, a passar os dias por passar”.
Rita Redshoes é cantora e compositora, mas é também escritora, com cinco livros publicados.“Crescer À Sombra” é o primeiro romance da autora, uma homenagem à infância e às dores de crescimento, que se podem transformar durante a vida: “Há muitos artistas tímidos e eu desconfio que seja assim uma espécie de vingança, do género: eu era assim o patinho feio da escola, não conseguia socializar, estava sempre ao canto na escola e um dia vou dar a volta a isto!”, recorda Rita sobre a sua própria vida.Quando era pequena, muitas vezes chegava a casa e tinha ídolos da bola a jantar com o pai, antigo jogador de Sporting, Belenenses ou Estoril, com muitos anos como treinador em Alvalade e também no Alverca. Fez o curso profissional de música, mas tem também uma licenciatura em psicologia e revelou que vai fazer, finalmente, o estágio final para poder dar consultas também.“Eu não dou por garantido: ‘ok, agora tenho uma carreira’. É um país muito pequeno e por isso, do ponto de vista do artista que vive só da sua arte, nenhuma carreira está sempre em alta”, explica a convidada desta semana no Sentido da Vida.
Emigrou ao contrário, porque o país em que nasceu está em guerra. Iryna Shev nasceu em Kiev, veio viver para Portugal com dez anos e mudou-se de volta para a Ucrânia quando sentiu que era injusto assistir de longe à invasão. Como correspondente da SIC, tem testemunhado muitas atrocidades nestes três anos de guerra. “Eu nos períodos de maior trabalho, para conseguir ter alguma sanidade mental e conseguir ter algumas horas de sono, desligo o meu alarme das sirenes. Ou seja, eu às vezes nem dou conta que bombardearam aqui ao pé porque estou a dormir ferrada, porque estou tão cansada de estar a trabalhar e disto tudo que eu desligo completamente. E depois ralho mentalmente comigo: ‘tu não podes desligar esta porcaria, isto é literalmente aquilo que te pode salvar a vida””, conta Iryna no podcast Sentido da Vida. A jornalista e autora do podcast “Manual de Sobrevivência” traça um mapa das relações historicamente conturbadas entre Ucrânia e Rússia, explica como o sentido de humor ajuda a lidar com uma guerra, e também como se sente, literalmente, numa roleta russa: “Antigamente os meus amigos diziam-me ‘mantém-te segura’ e eu no início respondia 'sim, obrigada, eu mantenho-me'. Mas depois passei a responder ‘olha, deseja-me sorte, isto é tudo uma questão de sorte’”. Numa altura em que a UE recomenda que cada família europeia tenha um kit de emergência com alimentos, medicamentos, água e rádio a pilhas, Iryna Shev conta-nos como a Ucrânia tem resistido e revitalizado a identidade do seu país - e também todo o sofrimento e resiliência que isso implica.
"Quando me dizem ‘estou a chorar de felicidade’, isso é uma coisa incrível... Tu recebes pelo espetáculo, mas aquele tipo de resposta bate qualquer cachê”. Rui Sousa é marionetista profissional desde 2000 e recuperador das tradicionais artes das marionetas de fios e Teatro Dom Roberto, elevado a Património Imaterial Cultural Nacional desde 2021. Já passou por teatros, agrupamentos escolares, festivais em Portugal mas também em Espanha, Bélgica, Tunísia, Brasil ou Macau, tem muitos prémios no currículo, e tem acima de tudo a certeza de que “a arte é um bom elixir para a vida”. Chegar ao outro através da arte, esta semana no Sentido da Vida.
Esta semana celebra-se o Dia Mundial da Poesia e esse é só um dos pretextos para conversar com a Cláudia Monteiro. Consultora de comunicação, produtora de festivais, poeta e, sobretudo, pessoa que conecta pessoas, quer através de projetos como Poesia no Mercado, onde escreve poemas a pedido numa banquinha em espaços públicos, quer através do Street Wisdom, uma caminhada criativa gratuita que ajuda quem quiser a encontrar o seu caminho através das reviravoltas da vida. A importância de superar medos, as viagens de aventura a locais remotos (como a última que fez à Patagónia, com quatro dias em autonomia completa, a dormir à beira de glaciares), e um dos seus poemas preferidos, da autoria de Danusha Laméris, intitulado “Pequenas Gentilezas”. É este o sentido da vida.
“Hoje há uma perceção, um sentimento cultivado por algumas correntes políticas, de que o outro é uma ameaça e não um desafio”.André Costa Jorge é o diretor-geral do Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS-Portugal) e também um dos responsáveis pela Plataforma de Apoio aos Refugiados. Numa altura em que migrantes económicos e refugiados voltam a estar na ordem do dia, falamos sobre formas de ajudar a sermos uma sociedade inclusiva, com capacidade e estruturas de acolhimento adequadas.
Hugo Messias é astrofísico e trabalha no maior observatório do mundo, o ALMA, no Chile. Foi um dos cientistas envolvidos no projeto que captou a primeira fotografia de sempre a um buraco negro e falou connosco, a partir das Canárias, sobre as dificuldades de ser investigador - há doutorados em astrofísica que desistem e vão trabalhar para bancos! - e dos mistérios que o universo reserva para todos nós.
Já ouviu falar em síndrome de impostor? Esta semana no Sentido da Vida, a psicóloga clínica Filipa Jardim da Silva ensina-o a parar de se sentir uma fraude.