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Ismail Haniyeh, líder do gabinete político do Hamas, foi assassinado no Irão. O facto de o assassinato ter ocorrido em território iraniano, logo após a posse do novo presidente do país, e não no Catar, onde Haniyeh residia, é, ao mesmo tempo, uma provocação e uma demonstração de força. A sua morte tem duas consequências imediatas: enfraquece o Hamas e enfurece o Irão. Como responderá o Hamas à morte do seu líder, como responderá o Irão à violação do seu espaço soberano? Depois da morte do líder do Hamas, o próximo alvo poderá ser o líder do Hezbollah. O eventual assassinato de Hassan Nasrallah e uma possível invasão do Líbano iria expandir a guerra no Médio Oriente para patamares seriamente preocupantes. Esta escalada do conflito é também um desafio à presidência dos EUA, depois de Joe Biden e Kamala Harris terem insistido num acordo. Benjamin Netanyahu fez o contrário. Neste episódio, Tiago André Lopes, professor de Estudos Asiáticos e Diplomacia na Universidade Portucalense, entende que o processo de paz fica em causa com a eliminação do líder político do Hamas, considerado um dos rostos mais moderados do movimento, e um dos dirigentes que considerava que havia alguma utilidade na negociação de um acordo. A única certeza é esta: estamos mais perto do agravamento do conflito do que da sua resolução. A grande dúvida permanece: a paz interessa a quem?See omnystudio.com/listener for privacy information.
O alerta foi apenas um alerta, mas tocou num nervo sensível da actualidade política e da preocupação dos cidadãos: Portugal arrisca-se a regressar aos défices das contas públicas, avisou o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno. O ministro das Finanças, que aqui ouvimos, de Luis Montenegro ou o Presidente, desvalorizaram a previsão. Contra a opinião do governador têm as previsões da OCDE, do FMI e até do próprio Banco de Portugal, que ainda assim não inclui até agora nas suas contas o aumento da despesa inscrito no orçamento do próximo ano. Para agravar as percepções e as angústias, os jornais têm noticiado uma vaga de falências de empresas nos últimos dias. Há sinais de abrandamento ou até derrapagem em indústrias como a do calçado, dos têxteis e vestuário ou dos componentes para automóveis, que por si só representa quase 15% do produto nacional bruto. Afinal, o que está a acontecer? O país que até agora aparecia orgulhoso com as suas contas certas, o país que se destaca no mundo pela extraordinária redução da sua dívida pública, das famílias e empresas, o país que cresce acima da média europeia está a regressar à aflição dos velhos tempos? Não, calma, não estamos com um pé no fim do mundo e há vários analistas e organizações internacionais a afirmá-lo. Estamos sim, de resto como sempre, num momento de incerteza onde tudo o que corre bem pode correr mal de um dia para o outro. Para já, se a Alemanha e a França apertam o cinto e travam as exportações nacionais, a Espanha, o nosso principal comprador de bens e serviços, continua a registar o crescimento mais elevado entre as economias avançadas. A folga nas contas do Estado, ou a situação financeira das empresas, estão bem e recomendam-se. E, como notava o Banco de Portugal no seu mais recente boletim, a produtividade cresce também por causa da melhor qualificação dos portugueses e do perfil de especialização da economia em produtos com mais tecnologia e valor acrescentado. Para nos explicar a sua opinião entre o deve e o haver da conjuntura, temos hoje connosco o professor Daniel Bessa. Ex-ministro, académico, consultor de empresas com uma forte ligação ao país real, Daniel Bessa é um dos mais respeitados economistas do país.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Um tribunal francês condenou ontem Dominique Pelicot à pena máxima de 20 anos de prisão pela violação agravada da sua ex-mulher Gisèle. Este homem foi condenado também pela tentativa de violação agravada da mulher de um co-arguido e de ter recolhido imagens íntimas e sem consentimento da filha e de duas noras. Gisèle Pelicot foi sedada e violada durante dez anos sem o saber. Era através de um fórum online sobre fantasias de actos sexuais não consentidos que o seu ex-marido contactava os homens que iam a sua casa violar a mulher, que tinha drogado previamente para esse efeito. Gisèle quis que o julgamento do seu caso se tornasse público, recusando o anonimato oferecido às vítimas de violação. Esta mulher quis mudar a forma como a sociedade lida com estes casos, para que outras, quando acordarem sem memória, se possam lembrar do seu testemunho. O tribunal condenou outros 50 homens, com sentenças entre os três e os 15 anos de prisão, por violação, tentativa de violação ou agressão sexual. Este caso destrói o cliché do violador. Os abusadores são o que se pode classificar como “homens comuns” e familiares. Afinal, o que faz um abusador? Neste episódio, Marlene Matos, professora associada da Universidade do Minho, onde coordena a equipa de Vitimologia e Sistema de Justiça, ajuda-nos a perceber os contornos deste caso.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Cerca de 40% dos imigrantes com formação superior desempenha funções abaixo das suas qualificações em Portugal. No caso dos cidadãos nascidos no país, essa percentagem desce para 27%. Há dois factores que contribuem para diminuir este valor: a obtenção de um diploma numa universidade nacional e o domínio da língua. Quase metade dos imigrantes com formação superior trabalha abaixo das qualificações é o título de uma página interactiva, que pode ler hoje em público.pt, sobre o que se designa como brain waste, ou desperdício de talento, que afecta desproporcionalmente imigrantes como Tahir, que ouvimos no som de abertura. Tahir trabalhava como engenheiro civil no Paquistão. Em Portugal, passa horas a repor prateleiras e a organizar o inventário do supermercado onde trabalha. Esta é uma das histórias que pode ler nesta página, que compara a realidade portuguesa e a de outros países europeus, que resulta de um consórcio internacional, no qual participam o PÚBLICO, o El Pais, o Finantial Times, o Lightouse Reports e o Unbiased the News. Neste episódio falamos com Rui Barros, jornalista de dados do PÚBLICO, e Beatriz Ramalho da Silva, da Lightouse Reports, que nos dizem que Portugal se destaca pela positiva quando comparado com outros países do Sul da Europa.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Os jornalistas do PÚBLICO João Ruela Ribeiro e Joana Gonçalves andaram nos últimos dias pela capital da Geórgia, Tbilissi, e trouxeram-nos lições sobre as lutas do seu povo por bens preciosos que damos por adquiridos. Nas ruas, durante os protestos que se arrastam há semanas contra a decisão do Governo de suspender as negociações para a adesão à União Europeia, ou na casa da família de Ioane e de Ekaterina, sabemos que há no mundo quem lute pela democracia como quem luta por um bem vital. Quem arrisque penas de prisão, espancamentos ou a morte em nome da liberdade. Os georgianos sabem pela memória e pelas lições da Ucrânia que democracia e liberdade são valores que os aproximam à Europa e os separam da Rússia. Ou, por outras palavras, que os aproximam de nós. Mesmo que alguns de nós, seja pela abundância, pela rotina ou pelo esquecimento duvidem da Europa e simpatizem com a Rússia. O que os enviados do PÚBLICO nos trouxeram nas suas reportagens é afinal a prova de que há milhões de pessoas que arriscam as vidas para terem o que os europeus têm. É por isso impossível não simpatizar com esse povo com uma longa história e identidade que passou os últimos séculos subjugado pelo poder da Pérsia, da Turquia e, há 200 anos, da Rússia. A Rússia que os fez pagar em 2007 o duro preço de querem a democracia e a liberdade, invadindo-os e, como agora no Donbass ucraniano, ocupando a Abkásia e a Ossétia do Sul. Mas eles não desistem. Nas ruas de Tblissi, a bandeira da Europa é a bandeira da soberania popular, dos direitos civis e da liberdade que as eleições suspeitas de Outubro e as manobras do Kremlin se esforçam por matar. João Ruela Ribeiro viveu isso nos últimos dias e conta-nos o que viu, sentiu e contou em várias reportagens que fez com a Joana Gonçalves. See omnystudio.com/listener for privacy information.
Está a indústria automóvel europeia em crise? A pergunta que entrou nas agendas da imprensa internacional, começou a alastrar no final de 2023 e, um ano depois, a resposta parece evidente: sim, está em crise. Há fábricas a fechar na Alemanha e na Bélgica, há planos de cortes severos de custos nas grandes construtoras e há demissões gestores até há bem pouco tempo considerados como estrelas no universo empresarial. Foi o caso do CEO da Stelantis, o português Carlos Tavares. A crise que se foi agravando com a pandemia abrandou em 2023, mas este ano voltou à ordem do dia. O mercado europeu está em queda e o músculo exportador de marcas como a Volkswagen ou a BMW está a claudicar na área industrial do futuro, a dos carros eléctricos. Entre as principais 15 marcas mundiais deste sector, só uma é europeia, o que expõe uma realidade preocupante: a Europa deixou-se ultrapassar pelos americanos e, em especial, pelos chineses. O plano inclinado desta indústria transformadora que emprega 13,8 milhões de europeus está a arrastar um dos mais importantes sectores exportadores de Portugal: o automóvel. No país emprega seis mil pessoas, e no ano passado exportou 14,3 mil milhões de euros, o que corresponde a 15,6% do total das vendas de bens transaccionáveis ao exterior. Depois de anos de crescimento e consolidação, a indústria regista uma queda de 3,2% até Outubro face a 2023. O que basta para que se liguem os sinais de alarme: o prolongamento da crise europeia vai ter um preço elevado na economia portuguesa. O que fazer perante a ameaça? A indústria nacional está preparada para novos desafios? Como pode aproveitar os incentivos que começam a discutidos para recolocar o sector automóvel europeu na posição de liderança que ocupou até agora? Para falarmos sobre o estado do sector, as suas ameaças e oportunidades, convidámos para este episódio José Couto, presidente do Conselho de Administração da empresa Microplásticos, uma fábrica de componentes, e presidente da AFIA - Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Em 2002, Augusta Duarte Martinho deixou de ser vista pela vizinhança do prédio da Rinchoa, concelho de Sintra, onde habitava. Desapareceu, apenas, e ninguém soube ou quis saber o que lhe tinha acontecido. Os seus restos mortais seriam descobertos nove anos depois na cozinha da sua casa. Não foram familiares, vizinhos ou os serviços da segurança social que a encontraram. Foi o fisco, mandado a sua casa para executar uma penhora por dívidas vencidas. Esta semana, foi conhecida em Lisboa mais uma história lúgubre que revela a condição de solidão e abandono de tantos portugueses idosos e frágeis nas grandes cidades. Uma mulher de 92 anos e o seu filho de 63 foram descobertos sem vida pelas autoridades dentro da casa que habitavam. Supõe-se que primeiro morreu o filho; depois, a mãe, acamada por doença e incapaz de se locomover. Desta vez, o alerta foi dado pelos vizinhos, que estranharam o desaparecimento do homem e ficaram alarmados com o cheiro dos cadáveres em avançado estado de decomposição. A revelação, chocante, confronta-nos pelo menos com três ordens de problemas: as condições desumanas em que vive uma parte dos nossos cidadãos mais idosos; as falhas de acompanhamento dos serviços públicos; e a dissolução das redes comunitárias das grandes cidades. Sem família próxima, sem amigos, sem vizinhos, muitos idosos ficam entregues a si próprios. A história desta semana em Lisboa é a prova desse abandono e dessa solidão. Casos como estes exigem reflexão e medidas. Não apenas da parte dos poderes públicos, também da própria sociedade. Para nos ajudar a perceber o que está em causa convidámos Fernando Bessa Ribeiro, Doutorado em Ciências Sociais, Professor Associado com Agregação do Departamento de Sociologia do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho e investigador integrado do CICS.Nova, um centro interdisciplinar dedicado à área da saúde.See omnystudio.com/listener for privacy information.
O Governo de Luís Montenegro completou ontem nove meses em função, no mesmo dia do último debate quinzenal do ano. Com o orçamento aprovado, e com o cenário de eleições antecipadas mais longínquo, o mais previsível é que 2025 seja sinónimo de uma nova fase política. Veremos. Nestes nove meses, o governo empenhou-se em medidas como a valorização das carreiras da função pública, o fim das manifestações de interesse, a revogação das medidas do programa socialista Mais Habitação ou o pacote de apoios para a Comunicação Social. Nesta transição governamental ficou evidente, também, o desejo de substituir as chefias do Estado. As demissões e exonerações têm sido uma constante destes nove meses, em particular no Ministério da Saúde. Este período de mudanças começou com a demissão de Fernando Araújo do cargo de director executivo do SNS, em Abril, e prolongou-se até ao afastamento, mais recentemente, de Francisca Carneiro Fernandes da presidência do Centro Cultural de Belém, como ouvimos no som de abertura. Neste episódio, Patrícia Silva, cientista política da Universidade de Aveiro e autora de Jobs for the boys?, fala-nos na necessidade de clarificar os processos das nomeações para a administração pública.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Na Faixa de Gaza, já foram mortas, pelo menos, mais de 44 mil pessoas e feridas mais de 105 mil. Nunca tantas crianças morreram em tão pouco tempo, cerca de 20 mil, no período de um ano. Não há memória de um número tão grande de crianças amputadas ou órfãs. Cerca de 90 % da população sofre de fome ou está em risco de insegurança alimentar aguda. O que Israel está a fazer é um genocídio, concluiu um relatório da Amnistia Internacional, divulgado na semana passada. O ministro dos Negócios Estrangeiros israelita rejeitou as acusações e considerou que o relatório era falso e baseado em mentiras. De acordo com a UNOPS, o Gabinete das Nações Unidas para os Serviços de Projectos, há 2,1 milhões de pessoas a viver "num verdadeiro inferno e "mais de 70 por cento da infra-estrutura civil — casas, hospitais, escolas, água e instalações sanitárias — foi destruída ou severamente danificada". Neste episódio do podcast P24, ouvimos o director executivo da UNOPS e subsecretário geral das Nações Unidas, o português Jorge Moreira da Silva, que nos diz que em Gaza não estamos diante de uma crise humanitária, mas sim de uma crise de humanidade. Siga o podcast P24 e receba cada episódio logo de manhã no Spotify, na Apple Podcasts, ou noutras aplicações para podcasts. Conheça os podcasts do PÚBLICO em publico.pt/podcasts. Tem uma ideia ou sugestão? Envie um email para podcasts@publico.pt. See omnystudio.com/listener for privacy information.
Uma ditadura com mais de meio século desmoronou-se em 12 dias. A queda de Bashar al-Assad, que se exilou na Rússia, pode ser o fim de uma guerra civil que dura há 13 anos e que provocou 300 mil mortos e cinco milhões de refugiados. Os festejos que se seguiram quer na Síria, quer entre a diáspora, recordam imagens semelhantes de afegãos livres do regime taliban, em 2001, e de iraquianos satisfeitos com o derrube de Saddam Hussein, em 2003. Mas o que se passou a seguir no Afeganistão e no Iraque nada teve a ver com a ideia de libertação. Será diferente na Síria? O derrube inesperado de Bashar al-Assad é também uma derrota do Irão e da Rússia, os seus principais aliados, e terá implicações na geopolítica do Médio Oriente. Os bombardeamentos de Israel a arsenais de armas estratégicas, entre as quais químicas, para impedir que os rebeldes se apoderassem delas, é já uma consequência disso. Quem é e o que defende o Hayat Tahrir al Sham, ou HTS, que, de forma tão inesperada e tão rápida tomou o poder em Damasco? Este grupo jihadista descende de um ramo da Al-Qaeda na Síria, que se recusou a aliar ao Estado Islâmico, e promete moderação. Será? Neste episódio, Manuel Poêjo Torres, investigador no Instituto de Estudos Políticos (IEP) da Universidade Católica e na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, e consultador da NATO, ajuda-nos a perceber o impacto no Médio Oriente do que está a acontecer na Síria.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Poucos sírios terão pregado olho na noite de sábado para domingo. Bashar al-Assad, o ditador que herdou o poder do pai há 24 anos e que escolheu destruir a Síria, matar centenas de milhares de sírios e levar milhões a fugir em vez de ouvir manifestantes desarmados não esperou em Damasco pela chegada dos rebeldes. Assad fugiu do país, as forças da oposição entraram na sua capital e o Estado-maior das Forças Armadas comunicou aos militares que ainda não tinham despido a farda que o regime acabou. Neste P24 ouvimos a jornalista do PÚBLICO Sofia Lorena.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Mário Soares nasceu faz neste sábado 100 anos. A efeméride está a ser celebrada um pouco por todo o país. Se no seu tempo de vida esteve longe de ser uma figura histórica consensual, hoje é considerado por amplas camadas da opinião como uma figura central do Portugal democrático. A sua competência como primeiro-ministro por três vezes é discutida e discutível. A sua visão da liberdade, da democracia pluralista e parlamentar, o seu combate contra os extremos da política, fossem da esquerda radical ou da direita que a quis proibir nos dias quentes de 1975, ou a sua visão sobre a necessidade e integração de Portugal na Europa são alicerces fundamentais do país que se fez depois de Abril de 1974. Sem o seu combate e a sua tolerância, o país seria muito provavelmente diferente do que é. Seria seguramente pior. Mário Alberto Nobre Soares nasceu em Lisboa em 1924 e ainda antes de fazer 20 anos estava já na linha da frente dos movimentos oposicionistas contra o Estado Novo de António de Oliveira Salazar. Licenciou-se em direito, mas a luta pela liberdade ficou sempre à frente de uma carreira como jurista ou como académico. Foi preso doze vezes pela PIDE e passou os últimos quatro anos da ditadura no exílio. Pelo meio, construiu o Partido Socialista a partir de uma base de republicanos de velha cepa e socialistas moderados. No 25 de Abril, o partido estava ainda cru e incapaz de dispor de uma rede pelo país. Mas em 1975, muito por obra de Soares, ganhou as eleições para a Assembleia Constituinte, liderou o combate contra a deriva esquerdista das ruas ou dos círculos militares e esteve do lado dos vencedores do 25 de Novembro. Mas, mesmo nessa condição, opôs-se aos radicais da direita que queriam empurrar os comunistas para o mar. Soares, como todos os grandes homens, esteve longe de ser perfeito. Os seus erros, as suas fraquezas, as suas debilidades executivas ficaram por demais provadas na sua carreira. Mas a sua imagem de lutador, de defensor das liberdades, de obstáculo intransponível a todas as tentações autocráticas, da esquerda ou da direita, prevaleceu. Se não passa no teste para herói pelo que governou, é-o sem dúvida pelo legado de tolerância, pluralismo e liberdade que deixou ao país. Numa altura em que os populismos e as demagogias de pendor nacionalista e autoritário voltam emergir, Mário Soares é um exemplo tão necessário como o foi no Processo Revolucionário em Curso. Na altura contra as pulsões da esquerda revolucionária, hoje contra a direita retrógrada e revanchista. Teresa de Sousa, jornalista do Público deste a fundação, que com Soares partilhou o exílio em Paris e acompanhou de perto o seu percurso desde os alvores da revolução é a nossa convidada para nos falar de Mário Soares. Em 2011, quando a crise do Lehmann Brothers e a austeridade da "troika" obscureciam o horizonte, Teresa de Sousa e Mário Soares escreveram o livro Portugal tem Futuro.See omnystudio.com/listener for privacy information.
A crise política instalou-se em França. Michel Barnier foi nomeado primeiro-ministro, em Setembro, e derrubado ontem, com a aprovação de uma moção de censura, apresentada pelos partidos de esquerda, reunidos na Nova Frente Popular, que obteve os votos do partido de extrema-direita, a União Nacional (ou Rassemblement National, em francês). No final de contas, este foi o Governo mais efémero da Vª República. O que desencadeou a moção de censura foi a intenção do Governo de recorrer a um artigo da Constituição francesa, que permite forçar a aprovação de uma lei sem o voto favorável na Assembleia Nacional. Em causa estava a aprovação da lei de financiamento da segurança social. Barnier fez cedências de última hora, suspendendo as alterações aos medicamentos reembolsados pelo Estado, uma das “linhas vermelhas” de Marine Le Pen, mas o seu partido manteve-se intransigente. O passo seguinte cabe a Emmanuel Macron. O presidente francês não pode convocar novas eleições legislativas, porque as últimas tiveram lugar em Junho passado, e não é possível realizar novo sufrágio até Junho de 2025. Barnier já avisou que não aceita ser reconduzido e o líder socialista, Olivier Faurre, exige um primeiro-ministro de esquerda. A França Insubmissa, à esquerda, e a União Nacional, à direita, pedem a destituição de Macron. Neste episódio, João Carvalho, cientista político e investigador do Iscte, analisa as consequências desta crise, o que resta do macronismo e antecipa o que poderá ser um futuro governo.See omnystudio.com/listener for privacy information.
O presidente sul coreano, Yoon Suk Yeol, declarou a lei marcial e cinco horas depois afirmou que a iria suspender. O recuo do presidente surgiu na sequência da aprovação, na Assembleia Nacional, de uma resolução exigindo o fim da medida. A declaração de lei marcial proibiu "todas as actividades políticas" e atribuiu ao presidente o controlo sobre os meios de comunicação, o que provocou várias manifestações no exterior do parlamento. As Forças Armadas sul-coreanas proibiram o acesso dos deputados à Assembleia Nacional, enviaram soldados para dentro do edifício e puseram helicópteros a sobrevoar a zona. Yoon Suk Yeol acusa a oposição, de centro-esquerda, de “actividades anti-estatais”, de “conspiração para uma rebelião” e de simpatizar com a Coreia do Norte. O líder da oposição rejeitou as acusações e defendeu que “não há razão para declarar a lei marcial”. A decisão do presidente também foi criticada pelo líder do seu próprio partido político. E o mais provável é que seja sujeito a um processo de destituição, como já reclamaram vários deputados. Esta foi a primeira vez que um presidente sul-coreano declarou lei marcial desde o fim da ditadura militar no país, no final da década de 1980. Para nos explicar o que se passa na Coreia do Sul, convidamos Tiago André Lopes, professor de Estudos Asiáticos e Diplomacia na Universidade Lusíada do Porto, que considera que a destituição do presidente “abre uma porta muito perigosa politicamente para a Península Coreana e pode estimular a Coreia do Norte” a uma eventual evasão do país vizinho”.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Em Julho deste ano, a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, reconhecia que há doentes estrangeiros que vêm a Portugal apenas para fazerem tratamentos bastantes dispendiosos no SNS. O tema entrou na agenda política em força pela voz do Chega, que, através da deputada Marta Silva, questionou o Governo na Assembleia da República. Mas, continuava a ministra, “para podermos intervir, temos de ter os números” dos não residentes que procuram os hospitais ou os centros de saúde para se tratarem. Na semana passada, a Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS), avançou então com esses números: no ano passado, foram mais de 102 mil pessoas não residentes em Portugal tratadas no SNS. Entre essas pessoas, 43 mil não estavam abrangidas por seguros, protocolos, convenções internacionais, acordos de cooperação ou pelo Cartão Europeu de Seguro de Doença. O número pode ser preocupante e deixar no ar a ideia que os contribuintes que fazem descontos em Portugal estão a alimentar um fluxo de turismo de saúde abusivo e ilegal. Porque na grande maioria dos casos, os hospitais têm uma enorme dificuldade em receber os valores dos tratamentos que prestam. Enviar uma factura para um endereço no Brasil, em Angola ou na Alemanha e esperar pelo seu pagamento é quase sempre uma tarefa condenada ao fracasso. Mas, há um outro lado da moeda que o relatório do IGAS não preenche. Das 102 mil pessoas tratadas em Portugal, quantas serão turistas que, de forma natural, precisaram de cuidados médicos? Recorde-se que, no ano passado, Portugal foi visitado por mais de 26 milhões de estrangeiros. Depois, quantas dessas pessoas são imigrantes que trabalham e descontam cá, ainda que não tenham concluído o seu processo de regularização? O relatório não fornece estas respostas, mas os indícios acumulados pelos hospitais e as provas recolhidas na internet dão conta da existência de redes organizadas que ensinam ou organizam viagens de estrangeiros para aproveitarem a generosidade do SNS. Pela lei, nenhuma pessoa pode ser impedida de entrar num hospital e receber tratamento, seja estrangeiro ou não, possa pagar ou não. Uma nota mais: quem o faz, não são os pobres, mas quem tem informação e dinheiro para viajar até Portugal para, dessa forma, beneficiar com a qualidade do SNS e evitar os altos custos da saúde nos seus países de origem. Como se resolve este problema? Como conseguimos manter a universalidade do SNS e ao mesmo tempo evitar abusos dos que o procuram pelo facto de ser gratuito? Para nos falar sobre estas questões, temos neste episódio Xavier Barreto, presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares.See omnystudio.com/listener for privacy information.
A Austrália já tinha liderado uma frente de contestação às grandes plataformas digitais quando lhes exigiu que pagassem pelas notícias dos jornais que utilizam. Agora volta a liderar o movimento, proibindo as redes sociais de aceitar registos de menores de 16 anos. Na França ou em alguns Estados dos Estados Unidos da América já havia restrições ao acesso às redes a menores de 14 anos sem a permissão dos pais. Na Austrália, a lei dispensa a sua intervenção: passa a ser proibido, ponto final. Como seria de esperar, desde que a iniciativa foi colocada na agenda política até à sua aprovação, esta sexta-feira, na câmara baixa do Parlamento, a polémica foi permanente. Se 77% dos australianos apoiam a proibição proposta pelo governo de centro-esquerda, advogados de defesa de direitos dos mais jovens e defensores da liberdade de expressão estão contra. Os defensores da lei lembram que a saúde mental dos jovens é um problema nacional da Austrália e que muitos desses problemas nascem e crescem no bulliyng ou na violência das redes. Sonya Ryan, mãe de uma jovem de 15 anos que foi assassinada por um pedófilo de 50 que se fazia passar por um jovem nas redes, disse que a aprovação da lei é um “momento monumental na protecção das nossas crianças dos horrorosos crimes online”. A lei, que terá um ano experimental para suprir alguns buracos, vem relançar um tema de importância crescente no debate sobre os jovens. Psicólogos, pais e políticos têm-no alimentado, mas regra geral os receios dos danos de uma proibição tendem a sobrepor-se às certezas dos danos que as redes causam aos mais jovens. Afinal, em que ponto está a discussão? É nossa convidada neste episódio do P24, Sónia Rodrigues, presidente da direcção da Associação AjudAjudar. É também psicóloga e investigadora do Centro de Investigação em Psicologia para o Desenvolvimento da Universidade Lusíada do Porto.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Portugal é um país seguro. Portugal é um dos países mais seguros do mundo. Mas é preciso não "viver à sombra da bananeira" de uma performance passada. O primeiro-ministro anunciou uma comunicação ao país sobre o tema da segurança interna para o horário nobre dos Telejornais. Naturalmente, as perguntas e a ansiedade multiplicaram-se. O que teria acontecido? Teriam as forças de segurança descoberto redes criminosas que põem em causa a segurança dos cidadãos? Andaria no ar uma ameaça que justificava aviso aos portugueses, obrigando-nos a mobilizar-se e a preparar-se para um cenário gravoso? Estaria em causa uma mudança radical na política ou de meios para atacar a criminalidade como a que se exibiu há semanas nos conflitos nos bairros da cintura de Grande Lisboa? Não. Nada disso. Luís Montenegro limitou-se a dizer o que costumamos ouvir em conferências de rotina do comandante da PSP ou, vá lá, da ministra da Administração Interna. Como pode ser interpretada a gestão política do primeiro-ministro num tema sensível com é o da segurança? Com anúncios destes, Luís Montenegro tranquiliza a população ou, pelo contrário, reforça as suas percepções sobre a insegurança do país? Para encontrar respostas, recebemos neste episódio do P24 o anterior ministro da Administração Interna, o socialista José Luís Carneiro. Deputado e opositor de Pedro Nunes Santos nas últimas eleições internas do Partido Socialista, José Luís Carneiro, 53 anos, é licenciado em Relações Internacionais e mestre em Estudos Africanos.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Décadas de progresso na saúde podem vir a ser revertidas devido à emergência em que vivemos. Os eventos meteorológicos e climáticos mais frequentes e extremos afectam a saúde: aumentam o risco de mortes, de doenças, fazer surgir e propagar doenças infecciosas e emergências sanitárias. O impacto destas ameaças na força de trabalho e nas infra-estruturas de saúde tem vindo a ser um tema recorrente e cada vez mais presente, mas há riscos: como podem as alterações climáticas serem combatidas por quem não acredita nelas? São as alterações climáticas a maior ameaça à saúde humana neste século? O P24 está em Coimbra, em mais uma edição da conferência Cidade Azul. Neste episódio recebemos o presidente do Conselho Português para a Saúde e Ambiente, Luís Campos.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Israel aceitou a proposta de cessar-fogo com o Hezbollah, apresentado pelos Estados Unidos e pela França. A administração norte-americana e a União Europeia, por intermédio do seu responsável pela política externa, exerceram pressão sobre a Benjamin Netanyahu para que aceitasse os termos da proposta. Joana Ricarte, especialista no Médio Oriente, considera que esta decisão se deve à pressão interna e ao receio de que Joe Biden, em fim de mandato, altere a sua política face a Israel, como fez face a Ucrânia, algo que poderia ter impacto no país, num momento que a economia está estrangulada pelo esforço de guerra. A professora e investigadora da Universidade de Coimbra acrescenta que o cessar-fogo no Líbano pode ser uma condição para a manutenção da guerra em Gaza.See omnystudio.com/listener for privacy information.
O número de ovinos mortos pelo novo surto da doença da língua azul ascendeu a quase 200% acima dos valores do período homólogo relativo ao ano passado, havendo dias em que o número de cadáveres recolhidos variou entre 2500 e 3000. Em anos normais, oscila entre 500 e 600 animais. A doença, que afecta principalmente as ovelhas e os borregos, já terá deixado milhões de euros de prejuízo aos agricultores do sul do país.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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(voltou aquele problema de ficheiro “não escutável” .... cuidado se estiverem a conduzir e o programa de podcasts ficar parado)
Não gostei do comentário de hoje.