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Amadeu Guerra, o Procurador-Geral da República, não escondeu o seu desconforto quando os jornalistas o interpelaram esta quinta-feira para falar sobre o caso das escutas a António Costa e a membros do anterior Governo, que acabaram por vazar para a imprensa. Está tudo no comunicado, respondeu. Mas, não, não está tudo no comunicado. No texto divulgado um dia antes, o Departamento Central de Investigação e Acção Penal avisou que vai avançar com a participação criminal contra a publicação do resumo de conversas interceptadas – ou seja, os jornalistas ficam na linha de fogo, quando a jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem os iliba em casos como este. E sugere que a violação do segredo de justiça pode ter sido responsabilidade dos advogados de defesa. Como seria de esperar, levantou-se um coro de protesto contra a violação da lei e a devassa da vida privada exposta nas escutas. Os candidatos presidenciais indignaram-se. Os advogados envolvidos exigem clareza. O PSD mostrou desconforto. Mas, entre o incómodo e o protesto, uma voz que já nos habituámos a ouvir sempre que há uma crise na Justiça, destacou-se: a do Manifesto dos 50+. Fundado em Maio de 2024, este grupo de cidadãos não tem parado de exigir reformas, transparência e responsabilidade aos órgãos da Justiça, em especial ao Ministério Público. A origem do movimento é fácil de entende: Um Governo maioritário caiu por causa de uma diligência judicial que, dois anos depois, continua sem arquivar, acusar ou sequer constituir arguido o seu principal alvo: António Costa. A sua credibilidade, também: do grupo fundador fazem parte militantes do PS, PSD ou CDS, pessoas mais à esquerda e mais à direita, cientistas como Manuel Sobrinho Simões, o sociólogo António Barreto ou o constitucionalista Vital Moreira. No comunicado destes dias, o Manifesto 50 +, é duro nas palavras. Lembra que, para lá de “poder ter sido cometido um crime, o vazamento das escutas viola de forma grosseira os mais elementares direitos dos cidadãos e oferece gratuitamente à curiosidade pública, factos sem relevância criminal e que pertencem, ou ao foro da governação e do Estado, ou à reserva da vida privada dos escutados. Mas também é duro nas exigências: lembra que cabe a Amadeu Guerra, como dirigente máximo do Ministério Público, assumir as suas responsabilidades institucionais e agir com a eficácia e a veemência necessárias à investigação e repressão de mais este crime. E no rol das exigências, o Presidente não é poupado: caberia ao Presidente da República garantir o regular funcionamento das instituições democráticas, lembra o Manifesto. Afinal, o que é o Manifesto e o que move os seus promotores? Tema para a conversa com Paulo Mota Pinto, doutorado em direito, professor na Universidade de Coimbra e membro fundador do Manifesto 50+.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Os EUA têm estado particularmente empenhados na América Latina. Donald Trump ameaçou impor uma taxa de 50% a todas as importações do Brasil, para defender Jair Bolsonaro; aplicou sanções contra o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, por este ter criticado as acções militares no Caribe, supostamente contra o narcotráfico; deslocou soldados para a fronteira com o México e revogou o visto de vários políticos mexicanos; e fez depender das eleições intercalares na Argentina o resgate financeiro do país. Mais recentemente, os EUA concentraram meios militares ao largo da Venezuela, com o álibi da campanha contra o tráfico de droga, e deram vários sinais da sua disposição em acabar com o regime comunista de Nicolas Maduro. E apoiaram o candidato Nasry Asfura à presidência das Honduras, numa tentativa de interferência na política interna, a ponto de acusar as autoridades do país de tentarem manipular os votos. Num gesto de total incoerência, o presidente dos EUA libertou, esta semana, o antigo presidente hondurenho, Juan Orlando Hernández, condenado por narcotráfico pela justiça norte-americana, e que cumpria uma pena de prisão de 45 anos de cadeia. Com esta lógica de punir os rivais e críticos e de recompensar os aliados e dóceis, o que é que os EUA pretendem da América Latina? O convidado deste episódio é Andrés Malamud, investigador em ciência política do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Depois de negociações entre a Ucrânia e os EUA, no último fim-de-semana, Steve Witkoff e Jared Kushner, os enviados de Donald Trump, reuniram-se, ontem, de novo, com o presidente russo. Era suposto que Witkoff apresentasse a Putin a versão mais recente do plano de 28 pontos anunciado por Trump e que, entre outras medidas, implicava que a Ucrânia cedesse à Rússia território que está sob o seu domínio, reduzisse o seu efectivo militar e renunciasse por completo a aderir à NATO. A primeira versão do plano terá sido coordenada directamente entre Witkoff e Kirill Dmitriev, o negociador russo, sem participação ucraniana. Witkoff terá, inclusive, dado instruções sobre como influenciar Trump. Ontem, antes de receber Witkoff, Putin disse que a Rússia está preparada agora mesmo para uma guerra com a Europa e ordenou a criação de uma zona de segurança ao longo da fronteira com a Ucrânia. O presidente russo diz que os europeus fazem exigências inaceitáveis e que tentam impedir a concretização do plano norte-americano para o fim da guerra. “Eles não têm um programa de paz, estão do lado da guerra”. Pedro Ponte e Sousa, professor de Relações Internacionais da Universidade Portucalense e investigador do IPRI faz o balanço destas negociações.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Maria José Castro vive na Venezuela há 52 anos e o retrato que fez do país numa entrevista a Alberta Marques Fernandes, na RTP Notícias, resume-se em duas palavras: miséria e caos. Miséria e caos agora agravados pelo isolamento a que os portugueses (e os venezuelanos) estão condenados desde 21 de Novembro. Nesse dia, as autoridades norte-americanas avisaram as companhias aéreas internacionais que "extremassem a cautela" ao sobrevoar a Venezuela e o sul do Caribe, diante do que consideravam "uma situação potencialmente perigosa na região". Várias companhias, a começar pela TAP, suspenderam os seus voos para Caracas, o que levou o regime de Nicolás Maduro a revogar as licenças de voo da companhia nacional para a Venezuela. Para agravar a situação, o presidente Donald Trump anunciou este sábado que o espaço aéreo "sobre" e "ao redor" da Venezuela deveria ser considerado fechado "por completo". Na Venezuela vive a segunda maior comunidade portuguesa na América Latina, logo a seguir à do Brasil. Nos Consulados Gerais de Caracas e Valência estão actualmente registados cerca de 218 mil cidadãos nacionais. Mas contando com os seus descendentes, este número sobe acima do meio milhão. Dispersos pelos 23 estados da Venezuela, os portugueses são uma força importante na agricultura, na pequena indústria e principalmente no comércio do país. A Central Madeirense, uma rede se supermercados, é um dos principais grupos económicos da Venezuela, com ligações aos serviços, ao turismo e à banca. As autoridades nacionais dizem estar atentas à situação da comunidade. O isolamento que a ameaça – só duas companhias internacionais fazem hoje voos para Caracas -, agrava-se com o espectro de uma invasão terrestre pelas forças dos Estados Unidos. O Presidente da República diz por seu lado que “tem acompanhado através do Governo, permanentemente, tudo o que está a ser feito para prever os vários cenários possíveis e ter soluções". Nestes tempos sombrios para os portugueses na Venezuela, todo o cuidado é pouco. Quisemos saber como é que eles estão a reagir a esta situação e para o efeito pedimos a Emídio Sousa, secretário de Estado das Comunidades, que nos traçasse um retrato da sua situação por estes dias.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Há mais de quatro mil médicos a trabalhar à hora no SNS, dos quais 75% têm vínculo profissional com o Estado ou com o sector privado. A despesa com os prestadores de serviços médicos atingiu os 230 mil euros, em 2024, e ascendia já a 162 milhões nos primeiros oito meses deste ano. O Ministério da Saúde e a recém-criada Associação dos Médicos Prestadores de Serviços reuniram ontem, pela primeira vez. O Governo quer diminuir o valor pago à hora a estes clínicos, que varia consoante a carreira de cada um, as necessidades do sistema e a área geográfica de trabalho, e impedir que os médicos que saem do SNS trabalhem à tarefa durante três anos. A associação que representa os tarefeiros comprometeu-se a entregar um documento com as suas reivindicações até ao final do ano, sabendo-se que defende a manutenção das regras que definem o valor-hora pago, negociado com cada União Local de Saúde nos contratos de prestação de serviço. São estes clínicos quem assegura a maioria dos serviços de urgência no país e que chegaram a falar na hipótese de uma paralisação. Inês Schreck, jornalista do PÚBLICO, especializada em Saúde, é a convidada deste episódio.See omnystudio.com/listener for privacy information.
No dia 10 de Novembro de 2000 os leitores do Público pegaram pela primeira vez no novo suplemento de cultura do jornal. Chamava-se Y, só a letra, depois, passou a chamar-se Ípsilon, por extenso, em 2007 e, num exemplo raro de longevidade e vigor, continua a ser publicado até aos nossos dias. Exemplo raro por razões óbvias e muito pouco simpáticas: a cultura, das artes aos espectáculos, dos palcos à criação, tem sido uma das principais vítimas da crise da imprensa. O ípsilon pode hoje reclamar-se com muita probabilidade de se o mais importante suplemento de cultura em língua portuguesa. Há muitas razões capazes de explicar este estatuto e esta façanha. Em primeiro lugar, os nossos leitores, que continuam a ser a razão de ser do suplemento. Depois, a equipa da secção de cultura e os nossos colaboradores, gente com conhecimento, saber e com antenas viradas para o que se passa no país e no mundo. Mas há outra razão particular para a durabilidade do ípsilon: a sua irreverência, o seu inconformismo e a sua mania em escolher de acordo com as cabeças que o pensam. Escreve Vasco Câmara, o seu primeiro editor, no suplemento especial de 96 páginas que hoje chega às bancas (custa 9.90 euros) : “os jornais têm medo, não é figura de estilo, de desestabilizar o leitor. Ou a sua rede social. Quando, na verdade, é isso o que nos sobra: desestabilizar...”. Continua Pedro Rios, o actual editor: estarmos disponíveis para ser invadidos pelos objectos da cultura, eis o que temos tentado fazer nos últimos 25 anos. Mais do que um suplemento, o ípsilon tem sido uma montra de riscos e de apostas. Foi essa atitude que promoveu algumas das maiores surpresas da cultura portuguesa e mundial do período. É um suplemento elitista, fechado em nomes ou correntes minoritárias? Muitas vezes, sim, mas não é isso que os seus leitores querem? Ser confrontados com objectos que lhes invadam a atenção? Com o inesperado? O surpreendente? É isto ou também isto que vai ser discutido esta tarde, na discoteca Lux, em Lisboa, a partir das 14h30 num dos momentos de comemoração deste quarto de século do ípsilon. Antes, porém, marcámos encontro com os dois maiores culpados deste projecto: Vasco Câmara e Pedro Rios, o primeiro e o actual editor do Ípsilon.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Os quatro anos de “geringonça” foram os “anos em que a confiança dos portugueses nas instituições políticas foi mais alta”, escreve hoje no PÚBLICO Pedro Nuno Santos, ex-secretário-geral do PS. Pedro Nuno Santos considera que esta foi uma “experiência extraordinária, de discussão permanente, intensa e difícil entre os parceiros parlamentares e o governo que trouxe ânimo, esperança e resultados ao país”. Mas o antigo líder socialista reconhece que nem tudo correu bem e dá alguns exemplos: pouco investimento nos serviços públicos, pouca habitação construída e regulada e incapacidade de prever os efeitos das correntes migratórias. A publicação deste artigo, que pode ler online ou na edição impressa de hoje, coincide com os 10 anos da tomada de posse do Governo de António Costa que ficou conhecido como “geringonça” e que contava com o apoio parlamentar do BE, PCP e os Verdes. A palavra era usada à direita com sentido depreciativo e à esquerda com sentido oposto. Contrariamente a todos os prognósticos, o XXI Governo Constitucional cumpriu uma legislatura de quatro anos, de 26 de Novembro de 2015 a 26 de Outubro de 2019. De resto, este foi o último Governo do país a terminar uma legislatura. Esta fórmula suscitou até a curiosidade internacional. O primeiro a usar a expressão para se referir a este governo foi o colunista Vasco Pulido Valente, num artigo no PÚBLICO em final de Agosto de 2014. Ana Sá Lopes, jornalista da secção de Política do PÚBLICO, é a convidada deste episódio.See omnystudio.com/listener for privacy information.
A 25 de Novembro de 1975, forças militares antagónicas defrontaram-se no terreno, com a vitória do chamado Grupo dos Nove, a ala moderada do Movimento das Forças Armadas, (MFA), cujo ideólogo era Melo Antunes, que ouvimos na abertura do episódio, e do qual também fazia parte Vasco Lourenço. O presidente Costa Gomes, Ramalho Eanes e Jaime Neves são outros nomes associados a este evento, que consolida a democracia e põe termo ao Processo Revolucionário em Curso, o famoso PREC. Como não se cansa de dizer o historiador Pacheco Pereira, o 25 de Abril não tem qualquer comparação com o 25 de Novembro. “O 25 de Abril foi uma data fundadora que acabou com 48 anos de ditadura, e com três guerras coloniais” e o “25 de Novembro foi uma data correctora, comparável à derrota do golpe de 11 de Março, que teve o mesmo papel”. Meio século depois, os partidos políticos de direita querem uma equiparação total entre a comemoração dos 50 anos do 25 de Abril e o cinquentenário do 25 de Novembro (até nos arranjos florais). Hoje, a data será assinalada com uma parada militar, que o presidente da República classificou como um regresso ao passado, e uma sessão que dividirá a meio as bancadas parlamentares. O convidado deste episódio, Filipe Garcia, jornalista da Lusa, que publicou recentemente a Breve História do 25 de Novembro, diz que esta é uma história que não se resume a um dia e que “tão pouco é simples de contar”. Mas é isso que Filipe Garcia vai fazer.See omnystudio.com/listener for privacy information.
o seu discurso inaugural da COP30, a cimeira das nações unidas para o clima que acabou este fim-de-semana em Belém do Pará, o presidente do Brasil, Lula da Silva, deixou no ar um apelo para que os delegados chegassem a grandes consensos para o futuro. O mais ousado de todos seria avançar com um roteiro, iniciado na COP do Dubai, em 2023, que apontasse para o fim do uso de combustíveis fósseis. Recorde-se que estes combustíveis são responsáveis por dois terços das emissões mundiais de dióxido de carbono para a atmosfera. O desejo de Lula, porém, embateu de frente com o lobby dos países produtores de petróleo e não se cumpriu. Não foi o único fracasso. A vontade de inscrever o tema da desflorestação, a chaga que em meio século devastou mais de 20% da área da amazónia, a maior e mais importante floresta tropical do mundo, também ficou no papel. Num e noutro caso, a presidência brasileira da COP promete manter estes dois temas na discussão nos onze meses que ainda lhe restam. Mas se estes grandes desígnios falharam, o mundo deu mais alguns passos para definir princípios para avaliar as metas de adaptação à crise climática ou para que os países ricos apoiem os mais frágeis numa transição justa para políticas mais sustentáveis – os gastos neste plano vão triplicar até 2035. Ou seja, deram-se passos, mas não os que a crise climática exige. Ainda assim, no final da COP, o seu presidente, André Correa do Lago”, dizia: “Ao sairmos de Belém, esse momento não deve ser lembrado como o fim de uma conferência, mas como o início de uma década de mudança". Será caso para tanto? Como podemos avaliar a COP? Contamos para esse efeito com a presença da Aline Flor. A Aline é editora do Azul, o espaço do Público dedicado ao ambiente e à crise climática, e esteve estes dias em Belém a acompanhar a COP30.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Miguel Matos, deputado do Partido Socialista, voltou a despejar um balde de água fria sobre qualquer possibilidade de haver incertezas na aprovação do Orçamento do Estado para 2026. O orçamento, disse, é mau, mas o PS compromete-se a abster-se na votação final global e a rejeitar qualquer proposta dos partidos da oposição que altere as suas contas essenciais. Ou seja, as propostas que possam alterar o saldo positivo de 0,1% do PIB inscrito no documento apresentado pelo Governo têm o chumbo garantido. O que é que isto significa para a vida dos portugueses? Duas coisas: como já se sabia e agora se confirma, este será um orçamento sem estados de alma. Vai ser aprovado sem qualquer espectro de crise política no horizonte. E vai ser aprovado nos termos e condições que o Governo expos logo no momento da sua apresentação à Assembleia. O debate na especialidade que ontem se iniciou parece por isso ter-se transformado numa mera formalidade sem consequências. E vai ser assim apesar de os partidos se terem empenhado em apresentar propostas de alteração. Ao todo, são mais de 2000. Algumas que parecem apenas pretender mostrar serviço dos partidos, outras de alcance real, como o fim de mais portagens ou o aumento de pensões a partir de Janeiro. Mas, com o PS a recusar viabilizar propostas do Chega e a defender a preservação do excedente orçamental para não dar álibis ao Governo, tudo parece apontar para que o debate na especialidade que se iniciou esta quinta-feira seja um passeio no parque para o Governo. Para percebermos se havia ou não margem para se aprovarem propostas com impacte nas contas do orçamento e tentar entender melhor a estratégia orçamental do Governo, convidámos para este episódio o jornalista Sérgio Aníbal, da secção de Economia do Público. O Sérgio é um jornalista especializado na área da macroeconomia.See omnystudio.com/listener for privacy information.
O aumento global do consumo de alimentos ultraprocessados é uma grande ameaça à saúde pública. Artigos científicos publicados, esta semana, na revista The Lancet, da autoria de 43 especialistas internacionais, comprova que estes alimentos, ricos em aditivos químicos, açúcares, gorduras e sal, têm vindo a substituir alimentos e refeições frescas. Como consequência disso, aumentam os casos de obesidade, diabetes de tipo 2, doença cardiovascular, depressão e morte prematura. Os cientistas estão convencidos de que a melhoria das dietas em todo o mundo não pode depender apenas da mudança de comportamento do consumidor e que são necessárias políticas para reduzir a sua produção, marketing e consumo. Incluir informação sobre os ingredientes nos rótulos frontais das embalagens, limitar anúncios dirigidos a crianças ou proibir alimentos ultraprocessados em escolas e hospitais são algumas das medidas propostas. Os investigadores garantem que as multinacionais que dominam o mercado só têm em vista o lucro, em detrimento da saúde pública. O convidado deste episódio é Nuno Borges, professor da Faculdade de Ciências da Nutrição e da Alimentação da Universidade do Porto e membro da direcção da Associação Portuguesa de Nutrição.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Todos os dias morrem palestinianos alvejados pelo exército de Israel na faixa de Gaza ou vítimas de ataques de colonos na Cisjordânia. O plano de 20 pontos de Donald Trump nem trouxe a paz nem garantiu o fim da guerra. O facto de o Conselho de Segurança da ONU ter aprovado uma resolução com base neste plano do presidente dos EUA melhora as condições para um efectivo plano de cessar-fogo para Gaza? É isso que importa saber. A resolução defende a criação de uma Força Internacional de Estabilização, uma força policial palestiniana, treinada de propósito e com autoridade para assumir, por exemplo, a segurança das regiões de fronteira, e menciona a criação de um Conselho de Paz, um organismo de transição para supervisionar o órgão de governo do enclave. Em Israel, cresce o número de palestinianos torturados e mortos nas prisões, o governo extremista de Benjamin Netanyahu pretende instaurar a pena de morte e recusa qualquer solução que tenha em conta a criação de um estado palestiniano. Em Washington, os EUA vendem caças F-35 à Arábia Saudita, o que pode fazer com que Israel perca a supremacia aérea na região. O que é tudo isto significa para o futuro da Palestina? A convidada deste episódio é a Joana Ricarte, especialista na política do Médio Oriente, professora e investigadora na Universidade de Coimbra.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Depois dos caças dinamarqueses, dos países baixos e suecos, Volodymir Zelensky anunciou, ontem, em Paris, durante um encontro com o seu homólogo francês, a compra de 100 caças Rafale e outro armamento. A compra, explicou Macron, será financiada através do "mecanismo comum" que venha a ser acordado, na sequência da utilização dos activos congelados russos, mas esta garantia não reúne consenso entre os países europeus. “A UE precisa de encontrar formas de manter a independência financeira da Ucrânia, a partir de agora e durante os próximos anos, até que esta guerra termine”, afirmou o presidente francês. Bruxelas calcula que o país precise de quase 136 mil milhões de euros até 2027. Com problemas de financiamento e de rearmamento, a Ucrânia continua debaixo de fogo inimigo. Ontem, um ataque russo fez três em mortos em Kharkiv e destruiu navios, instalações portuárias e eléctricas em Odessa. Trinta e seis mil pessoas ficaram sem energia. As forças ucranianas atacaram uma importante refinaria de petróleo na região russa de Samara, além de um depósito de drones. Com dificuldades financeiras, de recrutamento e rearmamento militar, a Ucrânia está a ficar mais vulnerável. Acresce que a ajuda internacional ao país parece estar a entrar num novo paradigma. Neste episódio, Tiago André Lopes, professor de Estudos Asiáticos e Diplomacia na Universidade Lusíada do Porto, faz o ponto da situação do conflito.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Em circunstâncias normais, o país do futebol devia estar a celebrar a vitória categórica de 9-1 da selecção nacional sobre a Arménia e ainda mais a nona qualificação para uma fase final do Campeonato do Mundo, no próximo ano. Mas, tanto como o reconhecimento de um jogo que reconciliou a equipa nacional com o país, no final falou-se também das dúvidas que a fase de qualificação colocou em cima da mesa. Com um grupo fraco pela frente, Portugal teve de esperar pela última partida para se qualificar. E os fracassos dos embates contra a Hungria e, ainda mais, contra a República da Irlanda, deixaram no ar perguntas. A primeira, a mais importante: será que com este desempenho, Portugal pode continuar a considerar que tem condições para se bater pelo título mundial? E outra, decorrente da primeira, que continua a gerar um debate apaixonado: será a selecção, de facto, resultado de uma escolha que premeia os melhores? Ou por opção do treinador, a equipa nacional tornou-se uma corte povoada pelos mesmos de sempre, como tivessem uma espécie de estatuto de nobreza que lhes garante um lugar na ficha de jogo? Há anos que o país discute esta questão, pelo menos desde o mundial do Catar. Jogadores que outrora eram indiscutíveis pela sua efectiva qualidade de jogo, acusam hoje o peso da idade mas continuam a ocupar lugares, deixando de fora jovens que na opinião dos especialistas tinham mais condições para jogar. Exemplos: Cristiano Ronaldo ou Bernardo Silva, no primeiro caso, Rodrigo Mora e Giovanni Quenda, como exemplos do segundo. Sabe-se que o país tem uma extraordinária dívida de gratidão aos jogadores que hoje estão nos 30 ou muito para lá dos 30. Mas, de alguma forma, a renúncia à juventude revela o conservadorismo arreigado na sociedade portuguesa. Os incumbentes parecem ter um direito natural a existir, os que emergem e revelam as suas capacidades, são relegados para segundo plano. Será esta a melhor forma de defender o interesse e a capacidade de competir da selecção? E, de passagem, será esta a melhor forma de proteger a imagem de jogadores que estão já longe da sua melhor condição? Por tudo o que, por exemplo, Cristiano Ronaldo fez pela equipa nacional, por tanto o que o país lhe deve, faz sentido expor o seu natural declínio físico, sujeitando-o a tantas críticas? Temas para uma conversa com Nuno Sousa, jornalista e editor da secção do Desporto do PÚBLICO.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Paddy Cosgrave, o fundador da Web Summit apareceu na noite do dia 10 no palco da MEO Arena, em Lisboa, como uma estrela de rock. Dezenas de milhares de pessoas, na maioria jovens vindos dos quatro cantos do mundo, estavam à sua frente para celebrar o maior evento de tecnologia do planeta. Ele é sem dúvida o símbolo dessa celebração. Uma estrela, portanto. Mas entre nós, há uma pergunta que vai para lá do brilho da festa e que se repete a cada ano que passa: a Web Summit é assim um acontecimento tão importante para Portugal? Será que os, pelo menos, 25 milhões de euros que o estado gasta na sua realização valem a pena? Comecemos pelos números desta edição. Segundo a organização, a Web Summit registou este ano um recorde de 71.386 participantes de 157 países, estando presentes 1857 investidores de 86 países. Foi tanta gente e gente tão importante na hierarquia das empresas que o aeroporto de Lisboa não foi capaz de acomodar os 107 voos em avião privado que foram requeridos. Mas, mais importante, é avaliar o impacte que esta grande feira mundial de tecnologia e de inovação teve, ou não teve, no ecossistema nacional. Outro número, que parece quase uma façanha: há dez anos, Portugal tinha apenas criado um unicórnio, ou seja, uma empresa da nova geração avaliada nos mil milhões de dólares – ou 863 milhões de euros; entretanto, nasceram mais seis. Infelizmente, cinco mudaram de sede para onde há mais capital de risco e uma cultura de inovação mais consolidada. Mas todas mantêm operações em Portugal e empregam milhares de jovens altamente qualificados. A única que se mantém firme em Portugal, a Feedzai, assinou há dias um contrato com o Banco Central Europeu de 237,3 milhões de euros, para "fornecer" o principal mecanismo de prevenção e detecção de fraude com o euro digital. Que impacte teve a Web Summit na abertura do país às novas tendências da economia digital? Tema para a conversa com o jornalista do Público Vítor Ferreira. O Vítor faz parte da secção da Economia e conhece em profundidade os meandros da Web Summit e do universo do empreendedorismo português.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Donald Trump, em entrevista à estação de televisão norte-americana Fox: “Eles [a BBC] alteraram o meu discurso no [dia] 6 de Janeiro [de 2021], que foi um discurso lindo, que foi um discurso muito calmo, e fizeram-no parecer radical”. Vai daí, de duas uma: ou a televisão pública britânica se retrata e pede desculpas, ou vai avançar com uma cçãojudicial com um pedido de indemnização de 863 milhões de euros – ou seja, mil milhões de dólares. Na aparência, o que aconteceu por estes dias em torno de um documentário emitido pela BBC, parece normal: o trabalho foi feito com a manipulação das palavras do presidente norte-americano para tentar provar a sua culpa nos atentados contra o Capitólio, e o visado dessa manipulação tem o direito de exigir na justiça a reparação de danos pessoais. Só que, por detrás desta aparente normalidade, reforça-se uma tendência de fundo que se insere na sistemática campanha de pessoas, partidos e associações da extrema-direita para deslegitimar o jornalismo. Afinal, a BBC já fez prova do reconhecimento do seu erro, que levou à demissão de Tim Davie, director-geral da estação, e de Deborah Turness, directora executiva de Informação da emissora. Na realidade, como escreveu Pedro Adão e Silva no Público desta quarta-feira, o que está em causa não é “uma simples crítica a um órgão de comunicação, mas uma estratégia global, concertada para substituir a busca da verdade pela propaganda”. Sim, os media erram – na sua edição impressa, o Público tem um espaço para expor os seus erros diários. Mas uma coisa é reconhecer o erro, assumi-lo e corrigi-lo, até com a demissão dos responsáveis, outra coisa é encontrar no habitualmente exemplar jornalismo da BBC um indício de que “o poder é escrutinado com maior ou menor ferocidade tanto quanto os ocupantes estão próximos ideologicamente da maioria dos jornalistas”, como escreveu Maria João Marques. Para falarmos sobre a campanha de descredibilização do jornalismo que assume um papel estratégico no discurso de Viktor Órban ou de Donald Trump, convidámos Felisbela Lopes, Doutorada em Ciências da Comunicação pela Universidade do Minho em 2005 e Professora Catedrática do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho.See omnystudio.com/listener for privacy information.
CGTP e UGT vão juntar-se — o que não acontece desde os anos da troika —, no próximo dia 11 de Dezembro, numa greve geral contra a proposta do Governo de alteração das leis do trabalho. Entre essas mudanças figuram o aumento da duração dos contratos a termo, a alteração ao regime que permite reconhecer contratos com plataformas digitais, a reposição do banco de horas individual, a facilitação do despedimento por justa causa, a alteração no regime de amamentação ou a atribuição de horário flexível aos trabalhadores com filhos menores de 12 anos. A chamada reforma do Trabalho XXI do actual Executivo não é consensual. A ministra do Trabalho, Maria do Rosário Palma Ramalho, diz que este anteprojecto pretende adaptar a legislação ao tempo em que vivemos e que é numa fase de pleno emprego, na qual não existe grande pressão, que se devem “pensar as coisas de forma reflectida”. No entanto, para sindicatos e para os partidos de esquerda, trata-se de um retrocesso histórico dos direitos de quem trabalha e um passo na direcção da precariedade absoluta. João Leal Amado, professor da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, é o convidado deste episódio.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Angola declarou a independência há precisamente 50 anos, como ouvimos Agostinho Neto fazê-lo no som de abertura. Acabavam assim quase cinco séculos de domínio colonial português e começava uma nova era de euforia e de incerteza. A seguir, Angola viveu 27 anos turbulentos de guerra civil, que devastaram o país. O conflito armado entre MPLA e UNITA só chegou ao fim em 2002. João Lourenço sucedeu a José Eduardo dos Santos como presidente de Angola, mas a esperança de mudança ficou por concretizar e cresceu o descontentamento social. Neste país, onde o ordenado mínimo não garante o mínimo de sobrevivência, aumentou o número de pessoas que procura alimento nos restos de comida deixados no lixo, e que também são vendidos como fonte de rendimento. Entre as fileiras do MPLA, as críticas a João Lourenço também sobem de tom. Uma petição pública exigiu a destituição imediata do chefe de Estado e alguns militantes recorreram à via judicial para afastar o presidente. “O país entrou no colapso social, onde a fome, a miséria e a pobreza extrema assolam mais de 25 milhões de angolanos”, escreveu Valdir Cónego, militante e anunciado pré-candidato à liderança do MPLA, na providência cautelar que submeteu ao Tribunal Constitucional, com o objectivo de pedir a suspensão de Lourenço das funções que ocupa no partido. Sedrick de Carvalho, jurista, jornalista, e activista, condenado a quatro anos e seis meses de prisão no Processo 15+2, é o convidado deste episódio.See omnystudio.com/listener for privacy information.
A tensão nuclear entre EUA e URSS foi omnipresente na segunda metade do século XX, durante a famosa Guerra Fria, enterrada na década de 90. Mas o recente apelo de Donald Trump à realização de testes nucleares reacende o debate sobre a ameaça nuclear. O presidente dos EUA justificou os ensaios com o argumento de que outras nações também estão a testar as suas próprias armas nucleares, mas isso não é verdade desde 2017, ano do último teste realizado pela Coreia do Norte. A Rússia não realiza testes nucleares há 35 anos, quando era então a URSS. A consequência mais provável dos testes nucleares determinados por Trump será a de incentivar outros países a fazê-lo também. O míssil balístico intercontinental desarmado, lançado pelos EUA, na última quarta-feira, não será um caso isolado. Como seria de esperar, Vladimir Putin já ordenou que fossem estudadas propostas de possíveis ensaios com armas nucleares. Há um ano, Tomé Ribeiro Gomes, cientista político e professor da Universidade da Beira Interior, questionava, num artigo no PÚBLICO, se o maior risco da reeleição de Trump não seria a proliferação nuclear. Tomé Ribeiro Gomes, o convidado deste episódio, mantém a mesma opinião um ano depois?See omnystudio.com/listener for privacy information.
No dia 3 de Abril de 2021, a deputada Mariana Mortágua do Bloco de Esquerda interpelava o Governo sobre as razões que tinham levado a autoridade fiscal a prescindir de impostos na venda de seis barragens da EDP aos franceses da Engie. Quatro anos e meio depois, a pergunta foi respondida pelo Ministério Público: não há razões nenhumas que expliquem essa renúncia. Num despacho conhecido por estes dias, o Ministério Público arquiva alegados crimes fiscais imputados à EDP, mas exige à autoridade tributária a cobrança de 335 milhões de euros no espaço de um ano. A EDP pode recorrer da decisão e anulá-la. Mas até lá o que fica na opinião pública é a prova de que o Estado português, sempre exigente na cobrança de impostos aos cidadãos, fez orelhas moucas sobre os impostos associados a um negócio de 2200 milhões de euros. O que aconteceu para que essa lassidão da autoridade fiscal, essa desistência, tivesse sido contrariada pelo Ministério Público? A EDP vai ter de pagar IMI sobre as barragens, primeiro, e foi obrigada pelo Ministério Público a entregar 335 milhões de euros ao fisco, depois, porque teve pela frente um adversário poderoso: o Movimento Cultural Terras de Miranda e os municípios de Miranda do Douro, Mogadouro e Vimioso, onde ficam as mais importantes das barragens vendidas pela EDP. Num raro exemplo de cidadania, o Movimento forçou não apenas a autoridade fiscal mas também a Justiça a agir. Para aprofundar as causas e as consequências do que se passou, convidámos o advogado António Preto, que representou os municípios neste processo contra o Estado. E que, até ver, conseguiu que 200 milhões de euros passem para os cofres pobres dos municípios das Terras de Miranda.See omnystudio.com/listener for privacy information.









(voltou aquele problema de ficheiro “não escutável” .... cuidado se estiverem a conduzir e o programa de podcasts ficar parado)
Não gostei do comentário de hoje.