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Que farei com este livro?
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Que farei com este livro?
Author: Catarina Duarte Almeida
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© Catarina Duarte Almeida
Description
N'Os Lusíadas há moças desnudas numa ilha, n'Os Maias beijos na boca proibidos e, spoiler alert, o Baltasar acaba num churrasco da Inquisição naquele livro do Saramago. O genérico é de uma beirã madura e bonita que faz biscoitos aos domingos, o conteúdo é da neta que até se safa na compreensão escrita. Que farei com este livro?, um programa para jovens e seniores que não passam d'O Ramalhete.
Cover art por @ajuliadacosta
Cover art por @ajuliadacosta
42 Episodes
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O último episódio da saga sobre a poesia contemporânea traz o maior poeta da segunda metade do século XX. Quem o diz é António Ramos Rosa e não há como discordar. Herberto Helder, o poeta obscuro, foi beber do surrealismo português e da poesia experimental mas depressa desenvolveu uma poética muito própria. Recusava entrevistas, retratos, aparições, prémios. Em 2004 editou Ou o Poema Contínuo, de onde se retira o poema de hoje, lido pelo locutor Diogo Barbosa.
Obscura ou límpida, mainstream ou underground, lede poesia.
O slogan Vá de Metro, Satanás seria hoje provavelmente aceite, nem que fosse em nome da inclusão do demo. Mas em 1959, quando se inaugurava o CentíMetro, vulgo Metro lisboeta, não era bem assim. O irreverente poeta e publicitário Alexandre O'Neill descendia de uma família de aristocratas fugidos da Irlanda no século XVIII que se espraiaram pelo globo após a perseguição aos católicos. Amante de boa conversa, comida e de camas variadas, o autor de O Adeus Português escrevia para fugir dessa invenção atroz a que chamava dia-a-dia.
Perfilados de Medo, escrito em pleno Estado Novo, é hoje lido pela radialista Tânia Rocha.
António Ramos Rosa, professor, escritor, tradutor e crítico literário, defendia a sua real profissão como sendo a de poeta. Empregado numa firma comercial, este funcionário cansado estreia-se nas letras em 1958 quando edita O Grito Claro, livro do qual foi retirado o poema em análise neste episódio. O nome do poeta surge ligado a publicações literárias dos anos 50, como A Árvore, Cassiopeia ou Cadernos do Meio-Dia, importantes revistas nos domínios da teorização e da criação poética da altura.
Recusai-vos também a ser mais uma peça da engrenagem estatal; embriagai-vos em horário comercial com o melhor da poesia nacional.
Visitação é, nos textos bíblicos, a visita de Maria a Santa Isabel, grávida de João Baptista. No poema de Ana Luísa Amaral é a filha, personificação da inspiração, quem interrompe a mãe de mansinho para ir adormecer no seu colo.
Ana Luísa Amaral foi professora, tradutora e autora de ficção, ensaios e literatura infantil. Em Visitações, ou o poema que se diz manso, editado no livro Às vezes o Paraíso, de 1998, encontramos as características marcantes na poesia contemporânea: o retrato do quotidiano e a figuração do poeta.
Um poema para ouvir e conhecer na voz da locutora Isabel Simões.
Eugénio de Andrade, o pseudónimo de José Fontinhas, o poeta que privou com António Botto e com Miguel Torga vê em 2023 ser celebrado o centenário do seu nascimento. O autor de As mãos e os frutos é um dos escritores portugueses mais lidos e traduzidos, mantendo ao longo de uma longa e fecunda carreira uma certa unidade de temas e de recursos formais. As Palavras Interditas (1951) é o poema do episódio desta semana lido na voz fresca de Alice Franklin.
O nosso Pessoa dizia que a língua portuguesa era a sua pátria, mas foi Vasco Graça Moura quem se serviu de todas as armas para defender a língua camoniana. Um dos nomes centrais da poesia contemporânea da segunda metade do século XX e líder do movimento contra o Acordo Ortográfico de 1990, Graça Moura estreou-se nas letras no início dos anos 60. Em 2002 edita Antologia dos Sessenta Anos, onde inclui este Blues da Morte de Amor que é lido pelo advogado e radialista Pedro Nora.
Contra ou a favor desse Acordo Ortográfico, leiam livros. E hoje, especialmente, ide ao teatro.
Se Pessoa queria um Quinto Império inspirado nos grandes feitos do passado, o Portugal futuro de Ruy Belo faz-se de mudanças carregadas pela capacidade volitiva das crianças. O Portugal Futuro é o título do poema a analisar neste segundo episódio dedicado à poesia contemporânea. Palavras de Ruy Belo lidas na voz do radialista Luís Franklin.
O episódio desta semana inicia o estudo da poesia contemporânea, expressão artística que começa a surgir por volta de 1945, quando o modernismo estava já na sua terceira fase. A Terra do Nunca, um poema de Nuno Júdice, faz as honras de abrir esta saga poética. Um episódio que conta com as habituais vozes das beiras e a moderna voz da radialista Inês Ferreira.
As saudosas Publicações Europa-América anunciavam esta novela como "o mais popular romance de Camilo e talvez, em toda a literatura portuguesa, a obra que maior ressonância encontrou na alma do povo". Seja nesta ou em outras edições há total concordância: Amor de Perdição é a obra mais representativa da segunda geração romântica em Portugal.
Que Camilo era safado já se sabe, o que se desconhece é que era coisa de família. Neste episódio trata-se dos últimos capítulos da narrativa, do desfecho trágico de Simão, Teresa e da valente e sempre Leal Mariana.
Ide aos teatros e às exposições, às salas de cinema e às boas bibliotecas.
Mais um episódio desta saga camiliana: Amor de Perdição inicia-se com uma entrada encontrada pelo autor sobre a prisão e o degredo de Simão Botelho. Um homem cuja vida Camilo resumiu na frase Amou, perdeu-se e morreu amando. Mas até ao seu final, Simão troca cartas com Teresa, auxilia-se do seu fiel escudeiro João da Cruz, destila ódio por Baltasar Coutinho e claro, cai nas graças da bela e valente Mariana.
Atentai ao consumo desenfreado, à pegada ecológica e às más leituras.
Se há alguém cuja vida foi uma autêntica novela romântica, esse cavalheiro é Camilo Castelo Branco. Na obra mais representativa do ultraromantismo português, Camilo veste a pele de autor e narrador para contar a história trágica de Simão, Teresa e da valente Mariana. Uma a uma, as personagens são dissecadas para, mais adiante, servirem para análise da trama escrita nas lajes da Cadeia da Relação.
Ide aos teatros, aos concertos, aos cinemas. Enfim, embebedai-vos.
Que Amor de Perdição - Memórias duma família é o livro mais lido de Camilo Castelo Branco já toda a gente sabe. O que muitos desconhecem é que a trama foi escrita inteiramente quando o autor se encontrava preso na Cadeia da Relação pelo crime de adultério. A safadeza deste homem é proporcional ao seu génio, já que deixou escritas mais de 260 obras ao longo de 40 anos, que incluiam romances, novelas, ensaios e até umas coisas ao estilo do rival Eça de Queirós que não deram em nada.
Como sempre, mantenham a leitura em dia, a redução da pegada ecológica e o consumismo.
No último episódio da saga sobre o texto vicentino, analisa-se em pormenor a crítica e o cómico de linguagem, situação e carácter ao longo da exposição, conflito e desenlace. A peça mais bem estruturada de Gil Vicente não traz indicações de atos ou cenas mas calou as línguas pérfidas que o queriam difamar lá no século XVI. Ide ao teatro. Se puderem experimentar pisar as tábuas, melhor ainda.
Que Gil Vicente é o primeiro dramaturgo português, já sabemos. O que ainda desconhecemos são as personagens da farsa escrita para calar as más línguas em 1523. Mas não desesperem: este episódio traz as personagens que compõem o elenco, atentando especialmente às personagens femininas. Boas leituras, sem descurar a diversão numa qualquer pista de dança digna.
Quem, a partir de hoje, voltar a dizer que Gil Vicente é o pai do teatro português leva uma reguada bem merecida. Antes deste cavalheiro surgir na corte de D. Manuel I, já havia teatro, embora feito e produzido de maneira diferente. O que Gil Vicente faz é edificar a coisa. O teatro e sabe-se lá mais o quê, que este homem parece ter tido muitos e distintos ofícios. Como sempre, não descurem na leitura, na hidratação e nas idas ao teatro.
Pedalar está na moda, mas os semaforeiros do conto de Mário de Carvalho já o fazem desde o início do século XX. Numa rua da invicta foi instalado um engenho movido a pedal, um semáforo manobrado por uma família em que todos são camisola amarela. Neste conto de Mário de Carvalho cruzam-se duas famílias, unidas por um ódio antigo, que servem como desculpa para criticar os vícios da sociedade portuguesa.
Quem também pedala que se farta são os alunos da Escola Secundária da Gafanha da Nazaré, que adornam este episódio com as vozes de quem integra o projectoGAFe Bike Lab. Sem esquecer de beber água, sigam o exemplo destes gafanhões em https://pt-pt.facebook.com/gafebikelab/
Maria Judite de Carvalho é a flor discreta da literatura portuguesa, dizia Agustina Bessa-Luís. George, o conto em análise neste episódio é um desdobrar da personagem principal para reflectir sobre a condição feminina, a passagem inexorável do tempo e a complexidade da natureza humana. Como sempre, não descurem a hidratação, a leitura de boa poesia e os afagos largos aos animais de estimação.
É finito, jovens e seniores que não passam d'O Ramalhete. Termina aqui o estudo deste drama de Garrett, ingratamente desprezado. O terceiro e último ato é o desenlace da trama: Manuel e Madalena tomam o hábito e Maria, agora filha ilegítima, morre de vergonha. Pratiquem meditação, exercício e leitura de boa prosa. A boa prosa é aquela que não está no top de vendas do Continente. Um beijo repenicado nas vossas mães.
Românticos, neste ato as coisas começam a ficar feias. De regresso à antiga habitação de D. João de Portugal, D. Madalena vai confessar o seu maior pecado a Frei Jorge. E, ao palácio, chega um Romeiro que se identifica como Ninguém. Será este o Mr. Nobody original, ou o Jaco van Dormael é também fã do nosso Garrett? Não descurem a leitura de poesia e a visualização de bom cinema.
É chegada a hora de analisar as cenas de Frei Luís de Sousa. Começamos com o primeiro ato, com um cenário bonito e as personagens ainda relativamente sãs da marmita. E por falar em sanidade, não descurem a meditação nem a hidratação. Que este 2022 tenha um rumo diferente destas tragédias de Garrett.
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