SOUL LUZ - MENSAGENS DEVOCIONAIS

Mensagens devocionais que vão iluminar a sua alma narradas por Johnny Marcus. 

MENSAGEM DO CABOCLO TUPINAMBÁ - NARRAÇÃO JOHNNY MARCUS

MENSAGEM DO CABOCLO TUPINAMBÁ Nos tempos de tribo, em que toda tecnologia que tínhamos eram o arco, a flecha, o machado de pedra e alguns outros utensílios, e que nossas maiores aflições eram como garantir o alimento caçado do dia para nutrir a tribo e vez por outra defendê-la de rivais territoriais, preocupávamos, acima de tudo, com a nossa continuidade, com o legado que deixaríamos aos nossos descendentes. E que não era terra. Ou qualquer materialidade. Até porque nada nos pertencia, tudo era da natureza, dela extraíamos o sustento, o abrigo, o ensinamento.  A natureza ensina… Ensina que não há árvore sem raiz, que os pássaros não cantam quando aprisionados,  que a água sempre vence os obstáculos devido a sua essência maleável.  Que o ar é invisível, para que ao menos ele, não queiramos deter. Ensina que os ventos sopram a continuidade dos ciclos, transportando sementes e microorganismos de um lado ao outro para que tudo flua naturalmente,  E ensina que tudo tem seu tempo. Não há tempestade que não cesse e que não há calmaria eterna.  O primeiro sacode e revolve as estruturas “acomodadas” e inférteis para que o segundo encontre novas possibilidades de superação e continuidade da vida. No entanto, aprendemos isso - sobre a natureza - porque nossos antecessores nos ensinaram a ler a natureza.  Lê-se a natureza observando em silêncio. Hábito cada vez mais distante dos filhos encarnados neste período da Terra.  O tempo, que sempre foi o “Deus da Razão”, agora é caro e acusado por faltar aos filhos da Terra. Então, diante dos conflitos, as tormentas e enfrentamentos, vocês, filhos da Terra, continuam num processo obsessivo em busca de facilitações, de encurtamento do trajeto, de se possível enganar a natureza.  Buscam-se respostas e responsabilidades fora, no outro, nas coisas, no mundo, e quase sempre se isenta diante os fatos. Pratique o silêncio! Quem não sabe silenciar, não escuta o coração, não entende o que é intuição e não capta a ajuda espiritual. Silencie! Pois o barulho confunde, palavras e tentativas de justificativas constantes ludibriam e paralisam. Silencie! No silêncio da boca serrada, resta-lhe o pensamento, a consciência não falha. E diante dela seja honesto, humilde e coerente. Silencie! E compreenderá que para tudo tem uma resposta em você. E que tudo tem um sentido de ser. E se ainda não compreender é porque não silenciou o sabotador dentro de você. Silencie! E então, harmonizar-se-á com o fato de que tudo tem um ciclo natural para acontecer, para ir e vir, para fluir, para ser. Silencie! Aprenderá que as tormentas sacodem, as tempestades amolecem e que como vieram se vão, o que importa é como você estará depois delas. Silencie! Para aceitar que a bonança não é acomodação, não é falta de desafios.  Mas sim a oportunidade de trabalhar ainda mais intensamente, e melhor, caso tenha amadurecido e se fertilizado durante a tempestade. Silencie! E responda: O que é que você esta deixando para os seus sucessores? Silêncio! Pratique! 

08-23
05:17

O GUARDADOR DE REBANHOS (FERNANDO PESSOA) - NARRAÇÃO JOHNNY MARCUS

O GUARDADOR DE REBANHOSNum meio dia de fim de primavera Tive um sonho como uma fotografia Vi Jesus Cristo descer à terra, Veio pela encosta de um monte Tornado outra vez menino, A correr e a rolar-se pela erva E a arrancar flores para as deitar fora E a rir de modo a ouvir-se de longe.Tinha fugido do céu, Era nosso demais para fingir De segunda pessoa da Trindade. No céu era tudo falso, tudo em desacordo Com flores e árvores e pedras,No céu tinha que estar sempre sério E de vez em quando de se tornar outra vez homemE subir para a cruz, e estar sempre a morrer Com uma coroa toda à roda de espinhos  E os pés espetados por um prego com cabeça, E até com um trapo à roda da cintura Como os pretos nas ilustrações. Nem sequer o deixavam ter pai e mãe Como as outras crianças. O seu pai era duas pessoas - Um velho chamado José, que era carpinteiro, E que não era pai dele; E o outro pai era uma pomba estúpida, A única pomba feia do mundo Porque não era do mundo nem era pomba. E a sua mãe não tinha amado antes de o ter. Não era mulher: era uma mala Em que ele tinha vindo do céu. E queriam que ele, que só nascera da mãe, E nunca tivera pai para amar com respeito, Pregasse a bondade e a justiça!Um dia que Deus estava a dormir E o Espírito Santo andava a voar, Ele foi à caixa dos milagres e roubou três, Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido. Com o segundo criou-se eternamente humano e menino. Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruzE deixou-o pregado na cruz que há no céu E serve de modelo às outras. Depois fugiu para o sol E desceu pelo primeiro raio que apanhou. Hoje vive na minha aldeia comigo. É uma criança bonita de riso e natural. Limpa o nariz no braço direito, Chapinha nas poças de água, Colhe as flores e gosta delas e esquece-as. Atira pedras nos burros, Rouba as frutas dos pomares E foge a chorar e a gritar dos cães. E, porque sabe que elas não gostam E que toda a gente acha graça, Corre atrás das raparigas Que vão em ranchos pelas estradas Com as bilhas às cabeças E levanta-lhes as saias.  A mim ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as cousas, Aponta-me todas as cousas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas Quando a gente as tem na mão E olha devagar para elas.Diz-me muito mal de Deus, Diz que ele é um velho estúpido e doente, Sempre a escarrar no chão E a dizer indecências. A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia, E o Espírito Santo coça-se com o bico E empoleira-se nas cadeiras e suja-as. Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica. Diz-me que Deus não percebe nada Das coisas que criou - "Se é que as criou, do que duvido" - "Ele diz, por exemplo, que os seres cantam a sua glória, mas os seres não cantam nada, se cantassem seriam cantores. Os seres existem e mais nada, E por isso se chamam seres". E depois, cansado de dizer mal de Deus, O Menino Jesus adormece nos meus braços E eu levo-o ao colo para casa.  Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro. Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava. Ele é o humano que é natural, Ele é o divino que sorri e que brinca. E por isso é que eu sei com toda a certeza Que ele é o Menino Jesus verdadeiro. E a criança tão humana que é divina É esta minha quotidiana vida de poeta, E é porque ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre, E que o meu mínimo olhar Me enche de sensação, E o mais pequeno som, seja do que for, Parece falar comigo. A Criança Nova que habita onde vivo Dá-me uma mão a mim E a outra a tudo que existe E assim vamos os três pelo caminho que houver, Saltando e cantando e rindo E gozando o nosso segredo comum Que é o de saber por toda a parte Que não há mistério no mundo E que tudo vale a pena. A Criança Eterna acompanha-me sempre. A direção do meu olhar é o seu dedo apontando. O meu ouvido atento alegremente a todos os sons São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas. Damo-nos tão bem um com o outro Na companhia de tudo Que nunca pensamos um no outro, Mas vivemos juntos a dois Com um acordo íntimo Como a mão direita e a esquerda. Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas No degrau da porta de casa, Graves como convém a um deus e a um poeta, E como se cada pedra Fosse todo o universo E fosse por isso um grande perigo para ela Deixá-la cair no chão. Depois eu conto-lhe histórias das cousas só dos homens E ele sorri, porque tudo é incrível. Ri dos reis e dos que não são reis, E tem pena de ouvir falar das guerras, E dos comércios, e dos navios Que ficam fumo no ar dos altos-mares.Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdadeQue uma flor tem ao florescer E que anda com a luz do sol A variar os montes e os vales, E a fazer doer aos olhos os muros caiados. Depois ele adormece e eu deito-o Levo-o ao colo para dentro de casa E deito-o, despindo-o lentamente E como seguindo um ritual muito limpo E todo materno até ele estar nu.Ele dorme dentro da minha alma E às vezes acorda de noite E brinca com os meus sonhos,  Vira uns de pernas para o ar, Põe uns em cima dos outros E bate as palmas sozinho Sorrindo para o meu sono. Quando eu morrer, filhinho, Seja eu a criança, o mais pequeno. Pega-me tu no colo E leva-me para dentro da tua casa. Despe o meu ser cansado e humano E deita-me na tua cama. E conta-me histórias, caso eu acorde, Para eu tornar a adormecer. E dá-me sonhos teus para eu brincar Até que nasça qualquer dia Que tu sabes qual é. ....................................................................................Esta é a história do meu Menino Jesus, Por que razão que se perceba Não há de ser ela mais verdadeira Que tudo quanto os filósofos pensam E tudo quanto as religiões ensinam?

08-17
09:10

BOM DIA SOL - NARRAÇÃO JOHNNY MARCUS

BOM DIA SOL Eu me encontrava perto de um bosque.Ali havia árvores, pedras, grama, flores, lixo, e havia também um riacho.Foi neste momento de solidão que fiquei vendo uma coisa maravilhosa.E tudo ficou maravilhoso por causa do sol.Sentei-me diante do sol como um aluno que fica atento diante do seu professor.O sol era meu professor.Um professor diferente, que falava em silêncio, não gritava, nem impunha nenhuma ideia.Às vezes se escondia para que eu sentisse sua falta.E eu ficava ansioso, esperando que a nuvem passasse e meu professor, O SOL, novamente estivesse em minha frente.E com um rosto mais lindo que antes, ele aparecia, sempre sorrindo.Esta foi a lição que aprendi neste dia: o sol vem de longe e ilumina tudo.Ninguém é nada para ele. Tudo é igual. Tudo para ele é importante.Seus raios caem sobre as árvores, sobre a grama, sobre as águas, sobre as pedras e até sobre o lixo.E isso me comoveu.O sol deita seus raios sobre o lixo sem se sujar, sem se corromper.Percebi que a todos ele dá o seu calor.Percebi que as árvores se alegravam com seus raios, pois seus raios eram sua vida.Percebi que o sol oferecia todo o seu calor, sua luz para as pedras, e estas permaneciam indiferentes.Para todos, o sol pouco importava. Mas o sol continuava o mesmo.O sol não se diminuía perante a indiferença das pedras, não se corrompia perante o lixo.No meio disto tudo, percebi como que em um sussurro, alguém que falava baixinho.Eram as árvores, a natureza viva que dizia: gratas sol, sem você nós estaríamos mortas.Era a água que rezava: grata sol, sem você, eu seria um gelo sem vida.Eram os pássaros que cantavam: gratos sol, você veio nos acordar!Era a natureza toda formando um coral formidável.Eu não fiquei somente pensando no sol.O sol é uma criatura.Eu pensei no dono do sol.Pensei no grande sol da humanidade.O sol que penetra em todos os corações humanos, em todos os ambientes, em todas as consciências, em todos os pensamentos.Que penetra em todos da mesma maneira.Seus raios de amor atingem a todas as pessoas.Ah senhor, grande sol da minha vida!Quero ser o pássaro acordado todas as manhãs pelo calor de teus raios e pela luz da tua vida, E que eu mostre que contigo aprendi a ser sol em outras vidas.Bom dia Sol!

08-16
04:11

ORAÇÃO CELTA - NARRAÇÃO JOHNNY MARCUS

ORAÇÃO CELTAQue jamais, em tempo algum, o teu coração acalante ódio.Que o canto da maturidade jamais asfixie a tua criança interior.Que o teu sorriso seja sempre verdadeiro.Que as perdas do teu caminho sejam sempre encaradas como lições de vida.Que a música seja tua companheira de momentos secretos contigo mesmo.Que os teus momentos de amor contenham a magia de tua alma eterna em cada beijo.Que os teus olhos sejam dois sóis olhando a luz da vida em cada amanhecer.Que cada dia seja um novo recomeço, onde tua alma dance na luz.Que em cada passo teu, fiquem marcas luminosas de tua passagem em cada coração.Que em cada amigo o teu coração faça festa, que celebre o canto da amizade profunda, que liga as almas afins.Que em teus momentos de solidão e cansaço, esteja sempre presente em teu coração a lembrança de que tudo passa e se transforma, quando a alma é grande e generosa.Que o teu coração voe contente nas asas da espiritualidade consciente, para que tu percebas a ternura invisível, tocando o centro do teu ser eterno.Que um suave acalanto te acompanhe, na terra ou no espaço, e por onde quer que o imanente invisível leve o teu viver.Que o teu coração sinta a presença secreta do inefável!Que os teus pensamentos e os teus amores, o teu viver e a tua passagem pela vida, sejam sempre abençoados por aquele amor que ama sem nome. Aquele amor que não se explica, só se sente.Que esse amor seja o teu acalanto secreto, viajando eternamente no centro do teu ser.Que este amor transforme os teus dramas em luz, a tua tristeza em celebração e os teus passos cansados em alegres passos de dança renovadora.Que jamais, em tempo algum, tu esqueças da Presença que está em ti e em todos os seres.Que o teu viver seja pleno de Paz e Luz!

08-16
05:39

SOBRE A TRANSITORIEDADE (SIGMUND FREUD) - NARRAÇÃO JOHNNY MARCUS

SOBRE A TRANSITORIEDADE (SIGMUND FREUD)Não faz muito tempo empreendi, num dia de verão, uma caminhada através de campos sorridentes na companhia de um amigo taciturno e de um poeta jovem mas já famoso. O poeta admirava a beleza do cenário à nossa volta, mas não extraía disso qualquer alegria. Perturbava-o o pensamento de que toda aquela beleza estava fadada à extinção, de que desapareceria quando sobreviesse o inverno, como toda a beleza humana e toda a beleza e esplendor que os homens criaram ou poderão criar. Tudo aquilo que, em outra circunstância, ele teria amado e admirado, pareceu-lhe despojado de seu valor por estar fadado à transitoriedade.   A propensão de tudo que é belo e perfeito à decadência, pode, como sabemos, dar margem a dois impulsos diferentes na mente. Um leva ao penoso desalento sentido pelo jovem poeta, ao passo que o outro conduz à rebelião contra o fato consumado. Não! É impossível que toda essa beleza da Natureza e da Arte, do mundo de nossas sensações e do mundo externo, realmente venha a se desfazer em nada. Seria por demais insensato, por demais pretensioso acreditar nisso. De uma maneira ou de outra essa beleza deve ser capaz de persistir e de escapar a todos os poderes de destruição.Mas essa exigência de imortalidade, por ser tão obviamente um produto dos nossos desejos, não pode reivindicar seu direito à realidade; o que é penoso pode, não obstante, ser verdadeiro. Não vi como discutir a transitoriedade de todas as coisas, nem pude insistir numa exceção em favor do que é belo e perfeito. Não deixei, porém, de discutir o ponto de vista pessimista do poeta de que a transitoriedade do que é belo implica uma perda de seu valor.   Pelo contrário, implica um aumento! O valor da transitoriedade é o valor da escassez no tempo. A limitação da possibilidade de uma fruição eleva o valor dessa fruição. Era incompreensível, declarei, que o pensamento sobre a transitoriedade da beleza interferisse na alegria que dela derivamos. Quanto à beleza da Natureza, cada vez que é destruída pelo inverno, retorna no ano seguinte, do modo que, em relação à duração de nossas vidas, ela pode de fato ser considerada eterna. A beleza da forma e da face humana desaparece para sempre no decorrer de nossas próprias vidas; sua evanescência, porém, apenas lhes empresta renovado encanto. Uma flor que dura apenas uma noite nem por isso nos parece menos bela. Tampouco posso compreender melhor por que a beleza e a perfeição de uma obra de arte ou de uma realização intelectual deveriam perder seu valor devido à sua limitação temporal. Realmente, talvez chegue o dia em que os quadros e estátuas que hoje admiramos venham a ficar reduzidos a pó, ou que nos possa suceder uma raça de homens que venha a não mais compreender as obras de nossos poetas e pensadores, ou talvez até mesmo sobrevenha uma era geológica na qual cesse toda vida animada sobre a Terra; visto, contudo, que o valor de toda essa beleza e perfeição é determinado somente por sua significação para nossa própria vida emocional, não precisa sobreviver a nós, independendo, portanto, da duração absoluta.   Essas considerações me pareceram incontestáveis, mas observei que não causara impressão quer no poeta quer em meu amigo. Meu fracasso levou-me a inferir que algum fator emocional poderoso se achava em ação, perturbando-lhes o discernimento, e acreditei, depois, ter descoberto o que era. O que lhes estragou a fruição da beleza deve ter sido uma revolta em suas mentes contra o luto. A idéia de que toda essa beleza era transitória comunicou a esses dois espíritos sensíveis uma antecipação de luto pela morte dessa mesma beleza; e, como a mente instintivamente recua de algo que é penoso, sentiram que em sua fruição de beleza interferiam pensamentos sobre sua transitoriedade.O luto pela perda de algo que amamos ou admiramos se afigura tão natural ao leigo, que ele o considera evidente por si mesmo. Para os psicólogos, porém, o luto constitui um grande enigma, um daqueles fenômenos que por si sós não podem ser explicados, mas a partir dos quais podem ser rastreadas outras obscuridades. Possuímos, segundo parece, certa dose de capacidade para o amor – que denominamos de libido – que nas etapas iniciais do desenvolvimento é dirigido no sentido de nosso próprio ego. Depois, embora ainda numa época muito inicial, essa libido é desviada do ego para objetos, que são assim, num certo sentido, levados para nosso ego. Se os objetos forem destruídos ou se ficarem perdidos para nós, nossa capacidade para o amor (nossa libido) será mais uma vez liberada e poderá então ou substituí-los por outros objetos ou retornar temporariamente ao ego. Mas permanece um mistério para nós o motivo pelo qual esse desligamento da libido de seus objetos deve constituir um processo tão penoso, até agora não fomos capazes de formular qualquer hipótese para explicá-lo. Vemos apenas que a libido se apega a seus objetos e não renuncia àqueles que se perderam, mesmo quando um substituto se acha bem à mão. Assim é o luto.   Minha palestra com o poeta ocorreu no verão antes da guerra. Um ano depois, irrompeu o conflito que lhe subtraiu o mundo de suas belezas. Não só destruiu a beleza dos campos que atravessava e as obras de arte que encontrava em seu caminho, como também destroçou nosso orgulho pelas realizações de nossa civilização, nossa admiração por numerosos filósofos e artistas, e nossas esperanças quanto a um triunfo final sobre as divergências entre as nações e as raças. Maculou a elevada imparcialidade da nossa ciência, revelou nossos instintos em toda a sua nudez e soltou de dentro de nós os maus espíritos que julgávamos terem sido domados para sempre, por séculos de ininterrupta educação pelas mais nobres mentes. Amesquinhou mais uma vez nosso país e tornou o resto do mundo bastante remoto. Roubou-nos do muito que amáramos e mostrou-nos quão efêmeras eram inúmeras coisas que consideráramos imutáveis.Não pode surpreender-nos o fato de que nossa libido, assim privada de tantos dos seus objetos, se tenha apegado com intensidade ainda maior ao que nos sobrou, que o amor pela nossa pátria, nossa afeição pelos que se acham mais próximos de nós e nosso orgulho pelo que nos é comum, subitamente se tenham tornado mais vigorosos. Contudo, será que aqueles outros bens, que agora perdemos, realmente deixaram de ter qualquer valor para nós por se revelarem tão perecíveis e tão sem resistência? Isso parece ser o caso de muitos de nós; só que, na minha opinião, mais uma vez, erradamente. Creio que aqueles que pensam assim, e parecem prontos a aceitar uma renúncia permanente porque o que era precioso revelou não ser duradouro, encontram-se simplesmente num estado de luto pelo que se perdeu. O luto, como sabemos, por mais doloroso que possa ser, chega a um fim espontâneo. Quando renunciou a tudo que foi perdido, então consumiu-se a si próprio, e nossa libido fica mais uma vez livre (enquanto ainda formos jovens e ativos) para substituir os objetos perdidos por novos igualmente, ou ainda mais, preciosos. É de esperar que isso também seja verdade em relação às perdas causadas pela presente guerra. Quando o luto tiver terminado, verificar-se-á que o alto conceito em que tínhamos as riquezas da civilização nada perdeu com a descoberta de sua fragilidade. Reconstruiremos tudo o que a guerra destruiu, e talvez em terreno mais firme e de forma mais duradoura do que antes. 

08-16
10:00

ENVELHECER (HERMANN HESSE) - NARRAÇÃO JOHNNY MARCUS

ENVELHECER (HERMANN HESSE) Quanto mais envelhecia, quanto mais insípidas me pareciamas pequenas satisfações que a vida me dava, tanto mais claramente compreendiaonde eu deveria procurar a fonte das alegrias da vida.   Aprendi que ser amado não é nada, enquanto amar é tudo.  O dinheiro não era nada, o poder não era nada.   Vi tanta gente que tinha dinheiro e poder, e mesmo assim era infeliz.   A beleza não era nada. Vi homens e mulheres belos, infelizes, apesar de sua beleza.   Também a saúde não contava tanto assim. Cada um tem a saúde que sente.   Havia doentes cheios de vontade de viver e havia sadios que definhavam angustiados pelo medo de sofrer.   A felicidade é amor, só isto.   Feliz é quem sabe amar. Feliz é quem pode amar muito. Mas amar e desejar não é a mesma coisa. O amor é o desejo que atingiu a sabedoria. O amor não quer possuir.O amor quer somente amar. 

08-16
02:19

DECISÃO (WALT DISNEY) - NARRAÇÃO JOHNNY MARCUS

DECISÃO E assim, depois de muito esperar, num dia como outro qualquer, decidi triunfar...Decidi não esperar as oportunidades e sim, eu mesmo buscá-las.Decidi ver cada problema como uma oportunidade de encontrar uma solução.Decidi ver cada deserto como uma possibilidade de encontrar um oásis.Decidi ver cada noite como um mistério a resolver.Decidi ver cada dia como uma nova oportunidade de ser feliz.Naquele dia descobri que meu único rival não era mais que minhas próprias limitações e que enfrentá-las era a única e melhor forma de as superar.Naquele dia, descobri que eu não era o melhor e que talvez eu nunca tivesse sido.Deixei de me importar com quem ganha ou perde.Agora me importa simplesmente saber melhor o que fazer.Aprendi que o difícil não é chegar lá em cima, e sim deixar de subir.Aprendi que o melhor triunfo é poder chamar alguém de"amigo".Descobri que o amor é mais que um simples estado de enamoramento, "o amor é uma filosofia de vida". Naquele dia, deixei de ser um reflexo dos meus escassos triunfos passados e passei a ser uma tênue luz no presente. Aprendi que de nada serve ser luz se não iluminar o caminho dos demais.Naquele dia, decidi trocar tantas coisas...Naquele dia, aprendi que os sonhos existem para tornarem-se realidade.E desde aquele dia já não durmo para descansar.Simplesmente durmo para...sonhar.

08-16
03:44

VOCÊ APRENDE - NARRAÇÃO JOHNNY MARCUS

Depois de algum tempo, você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança.  E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo.  E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la, por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais. Descobre que se levam anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pelo resto da vida.  Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.  Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos.  Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos.  Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser. Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.  Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve.  Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha.  Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama, contudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo. Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado.  Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás.Portanto... plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!               

08-16
06:16

O AMOR DE DEUS - NARRAÇÃO JOHNNY MARCUS

O AMOR DE DEUS  É através do amor, que encontramos o caminho que nos leva a Deus. É através do amor, que entendemos o verdadeiro significado da vida. A vida é a grande manifestação do amor de Deus. A vida é a grande oportunidade de se aprender a amar.Aprender a amar é o grande trabalho a ser realizado. O amor traz consigo os sentimentos da compaixão e da caridade.Vivemos para amar. O amor é a única grande força que pode nos unir.Quando o amor nos une, nos mostra também que somos todos iguais e aí, aprendemos que somos um só.Descobrimos, então, que a nossa alegria é a alegria de todos, e que a nossa tristeza é a tristeza de todos. Que a nossa luz é a luz de todos, que a nossa escuridão é a escuridão de todos. Aprendemos que tudo que fazemos aos outros  estamos fazendo a nós mesmos. Se ajudamos aos nossos irmãos, estamos também nos ajudando. Se damos a mão a quem precisa, também nos apoiamos nela, pois ninguém chegará ao fim do caminho sozinho. Enquanto o último de nós não encontrar seu caminho, a grande porta não se abrirá. Ajudar aos outros é ajudar a si mesmo.Amar aos outros é também amar a si mesmo.O amor é a única força que se renova.Quanto mais se dá, mais se torna forte.Só ensinando podemos aprender; só dando podemos receber.Fortalecendo nosso irmão, também receberemos dele a força de que precisamos para seguir nosso caminho.Dando de comer a quem tem fome, fortalecemos ao nosso irmão.Ele nos ajudará a chegar mais rápido ao nosso destino. Iluminando os olhos de quem precisa,  eles também nos ajudarão a enxergar o nosso caminho.Ninguém pode guardar para si um pedaço da luz. Se a luz é trancada ela se transforma em escuridão.A luz só vive em um coração aberto.Quem ama vive na paz, e a paz é luz.A tempestade só reina na escuridão, ela nunca vem enquanto o sol está brilhando. Vivemos na luz, vivemos na paz.Quem vive na luz ilumina os caminhos escuros, e pode guiar aqueles que ainda não encontraram  o verdadeiro caminho.Ela nos afasta dos sentimentos escuros do nosso coração e ilumina nossa alma.E um coração iluminado é como uma casa limpa, onde não vivem seres que se alimentam da escuridão.Se o nosso coração está iluminado, não existe nele nenhum sentimento de ganância,  nem de ódio e nem de tristeza.A nossa alma é como um jardim, onde só devemos plantar aquilo que pretendemos colher.Quem planta flores e distribui sementes,  está ajudando a tornar seu próprio caminho  mais perfumado e mais feliz. Quem planta e distribui espinhos, poderá rasgar as roupas e machucar as próprias mãos em sua caminhada.Quem anda por um caminho iluminado sabe, com certeza, aonde deve pisar, e tem fé que chegará ao seu destino.O caminho é um só para todos. Quem cuida de sua estrada ajuda a todos que por ali passarão.Quem tem verdadeiramente fé, não guarda nenhuma dúvida em seu coração.A fé é certeza, e a certeza nos mostra um só caminho.Quem não tem fé, vive em muitos caminhos e não sabe por onde seguir.E aí então perde muito tempo andando por muitos lugares.Só se pode receber ajuda quando se tem fé em quem está nos ajudando.E quando também somos sinceros em nossas próprias necessidades. Só podemos receber ajuda  se realmente estamos querendo ser ajudados, e para isso temos que nos colocar em condicões de receber.Para receber ajuda temos que ter fé.E a fé é a certeza.Quem precisa de ajuda não sabe qual é o caminho a seguir, e por isso precisa se deixar guiar sem dúvidas nem resistências.Só se dá valor a um presente quando se precisa dele.Pedir aquilo de que não se precisa é tirar do outro a oportunidade de receber o que ele esperava.Pedir o que não se tem necessidade  é juntar coisas que pesarão e atrapalharão a nossa viagem.Aquilo que não serve para você pode servir para alguém que está a seu lado. Carregar aquilo de que não se precisa é carregar um peso inútil.Dando o que você não usa, estará esvaziando o seu coracão, para receber aquilo de que realmente precisa.Saber separar aquilo que queremos, daquilo que realmente precisamos, é o início de um caminho de aprendizado, de paz e de amor.Quem aprende a amar aprende a estar perto de Deus.O Deus de Luz e Paz.O verdadeiro e único... Amor. 

08-16
08:36

A SABEDORIA DO BAMBU CHINÊS - NARRAÇÃO JOHNNY MARCUS

A SABEDORIA DO BAMBU CHINÊSO bambu, quando plantado por semente, tem uma maneira tão peculiar de brotar e crescer que chamou a atenção dos chineses, e que se tornou uma grande lição de sabedoria. A semente, depois de colocada no solo, demora muito tempo para apresentar sinais externos de que vai vingar. No início, a semente se transforma num bulbo e depois de algum tempo surge um pequeno broto. Este broto permanece inalterado sob o solo por um longo período. Somente depois que as raízes já atingiram dezenas de metros, ao longo de cinco anos de incessante trabalho, é que o broto começa a se projetar para fora da superfície. Aí, em pouco tempo, o bambu cresce vertiginosamente e atinge a altura de 25 metros!Ao observar o comportamento do bambu, os chineses aprenderam a importância da paciência e da determinação. Muitas vezes, queremos que as coisas aconteçam rapidamente e ficamos impacientes diante da demora dos resultados. Se a preocupação for mostrar resultados imediatos, corre-se o risco de sacrificar as bases, o alicerce, e, com isso, coloca-se tudo a perder. Reconhecer o que o momento presente exige e confiar: este é o segredo do bambu chinês. O bambu simplesmente faz o que tem que ser feito, no momento que tem que ser feito. E faz tudo com serenidade, segurança e coragem. Não pensa nos resultados nem sofre por antecipação. O bambu, assim como o sábio, tem confiança plena no processo, nos movimentos da Natureza e na perfeição do universo.Um detalhe que chama atenção é que cada pé do bambu chinês se desenvolve isoladamente e não em touceiras como se vê em outras partes do mundo. Existe um espaço de cerca de um metro entre um bambu e outro.O bambu chinês é humilde, precisa de pouco espaço, não é “espaçoso”, não toma espaço de ninguém. O bambu cresce reto, “na dele”. Para os taoístas, o espaço do outro é sagrado porque considera sagrado o seu próprio espaço. O sábio quer crescer com retidão, sem desvios, sem interferir na vida alheia, sem fazer intervenções no processo natural da outra pessoa. Tanto o bambu quanto o sábio não querem ocupar o espaço do outro, não fazem comparações, não competem, estão satisfeitos com o que têm porque possuem uma qualidade fundamental: o senso de suficiência.Os chineses têm uma frase sobre o suficiente que é surpreendentemente simples e óbvia: “Quem se satisfaz com o suficiente, sempre tem o suficiente”. Para o bambu, o espaço que ele conta para crescer é mais do que suficiente. O sábio também não quer nada além da sua necessidade. O filósofo italiano Sêneca disse: “Só desejarás a justa medida das riquezas: primeiro, o necessário; segundo, o suficiente”. O bambu está satisfeito com tudo, por isso não sofre com sua situação. O bambu é sereno, despojado, cresce reto e satisfeito com seu espaço. É livre e feliz. O sábio que segue seu exemplo, também.O bambu chinês tem muita personalidade: é firme sem ser rígido, elegante sem ser chamativo, altivo sem ser arrogante. Mas ele é, acima de tudo, uma planta simples. Quem já viu pinturas de aguadas chinesas (shie-i) ou japonesas(sumi-ê), percebeu que o bambu é um tema freqüente. As imagens que representam o bambu se caracterizam pela simplicidade. Duas ou três pinceladas fazem o caule e um mesmo tanto de pinceladas retratam as folhas. Estes poucos traços de pincel são cercados por um grande espaço em branco, na folha de desenho. O resultado é de uma beleza que impressiona. Sob o aspecto formal, a pintura chinesa retrata o mesmo despojamento da planta, com economia de traços. O bambu é um modelo de simplicidade e por isso, ele é tão apreciado pelos orientais.Se o talo do bambu não tivesse divisões, as fibras seriam compridas, iriam sem interrupções desde a raiz até o topo. Mas se as fibras do bambu fossem tão compridas e sem divisões, elas esticariam demais e o caule poderia se dobrar com qualquer vento. Os nós do bambu têm a função de dividir e de limitar o comprimento das fibras do caule. Com isso, os antigos chineses perceberam que o que dá resistência ao bambu são as divisões, os limites.Transpondo essa imagem para realidade humana, os sábios perceberam que são os limites que garantem a integridade da vida. As limitações são necessárias para a organização do mundo e para controlar as circunstâncias do cotidiano. Nada na vida é inesgotável e a falta de limites, em qualquer área, leva o ser humano à indefinição, à exaustão, e em alguns casos, até à autodestruição. O homem tem livre-arbítrio, mas não tem possibilidades ilimitadas. Isso não é próprio à natureza humana. Os limites auto-impostos com consciência são a base da ética e da formação do caráter. Quando os chineses falam em limites, eles estão se referindo a limites corretos, a atitudes moderadas. Num violão, se as cordas estiverem frouxas, não conseguimos tirar nenhum som; se as cordas forem esticadas demais, elas se arrebentam. Existe uma tensão correta para que as cordas consigam vibrar e produzir música. Existe um limite correto para tudo.Talvez uma das características mais conhecidas do bambu seja curvar-se no vendaval para não quebrar. Os antigos chineses aprenderam a importância da flexibilidade ao observar como essa planta se comporta numa ventania. Perceberam que uma árvore rígida quebra-se com um vento muito forte.  O bambu não. Ele se curva e depois que o vendaval passa, volta intacto à posição original.A flexibilidade é a capacidade de se adaptar às circunstâncias da vida, significa não ter posturas rígidas em termos físicos ou psíquicos. Uma pessoa de moral rígida demais também pode se “quebrar” como um carvalho ao vento. Segundo os sábios orientais, a rigidez é sinal de morte. Uma pessoa rígida não vive, está morta, é como o tronco de uma árvore seca. Flexibilidade é sinal de vida. Uma planta viva é flexível, uma planta morta é rígida. Um bebê é flexível e cheio de vida, o idoso é mais duro e sem a mesma vivacidade da criança.  Flexibilidade também envolve o conceito de não-resistência. No sentido mais profundo, flexibilidade significa capacidade de não resistir às coisas naturais que nos acontecem. Por exemplo, o bambu não resiste à força do vento. É a não-resistência que evita danos. No taoísmo, existe a expressão Wu-wei que se refere à não-resistência. Wu-wei significa deixar-se levar pelo movimento natural. Tentar evitar alguma coisa natural é se opor aos impulsos da vida.A maior qualidade do bambu é o vazio interior. Se o bambu tivesse o talo maciço, ele seria pesado, rígido, inflexível. Com isso, os taoístas perceberam que é o vazio que garante as qualidades do bambu. O vazio é um dos conceitos fundamentais do pensamento oriental.Para a maior parte das pessoas, o vazio tem um sentido negativo. Significa nulidade, inexistência, zero. Para os orientais é o oposto. Se o bambu tem suas virtudes por causa do caule oco, então o vazio tem um sentido positivo. O vazio é a origem de boas qualidades, é algo que se valoriza e permite a existência das coisas. Basta pensarmos de modo inverso. Se o elevador estiver lotado, não podemos entrar. Se nossa mente estiver entulhada de preocupações, não podemos pensar direito. É dessa forma que os sábios antigos viam o vazio. Não pela ausência, mas sim pelas possibilidades que ele abre, pelos benefícios que ele traz. É uma visão positiva e não negativa. Um antigo texto chinês, o Tao Te Ching, diz: “O vaso é feito de argila, mas é o vazio que o torna útil. Abrem-se portas e janelas nas paredes de uma casa, mas é o vazio que a torna habitável”. O vazio é invisível. Apesar de óbvio, esse detalhe é fundamental porque mostra que as coisas mais importantes são invisíveis. Os sábios sabem que existem coisas mais profundas do que as aparências. Para os mestres orientais, o vazio é universal, onipresente. Percebiam que o Sol flutuava no céu, no vazio, que a lua flutuava no escuro da noite, no vazio. Para os mestres orientais, “universo”, “o todo” e” vazio” são conceitos correspondentes. Tudo nasce no (e do) vazio e tudo volta para o vazio. O mesmo vazio do bambu”. 

08-16
13:14

TAO - A SABEDORIA DO SILÊNCIO INTERIOR - NARRAÇÃO JOHNNY MARCUS

TAO – A SABEDORIA DO SILÊNCIO INTERNO Pense no que vai dizer antes de abrir a boca. Seja breve e preciso, já que cada vez que deixa sair uma palavra, deixa sair uma parte do seu Chi (energia). Assim, aprenderá a desenvolver a arte de falar sem perder energia.Nunca faça promessas que não possa cumprir. Não se queixe, nem utilize palavras que projetem imagens negativas, porque se reproduzirá ao seu redor tudo o que tenha fabricado com as suas palavras carregadas de Chi.Se não tem nada de bom, verdadeiro e útil a dizer, é melhor não dizer nada. Aprenda a ser como um espelho: observe e reflicta a energia. O Universo é o melhor exemplo de um espelho que a natureza nos deu, porque aceita, sem condições, os nossos pensamentos, emoções, palavras e ações, e envia-nos o reflexo da nossa própria energia através das diferentes circunstâncias que se apresentam nas nossas vidas.Se você se identifica com o êxito, terá êxito. Se você se identifica com o fracasso, terá fracasso. Assim, podemos observar que as circunstâncias que vivemos são simplesmente manifestações externas do conteúdo da nossa conversa interna. Aprenda a ser como o universo, escutando e reflectindo a energia sem emoções densas e sem preconceitos.  Porque, sendo como um espelho, com o poder mental tranquilo e em silêncio, sem lhe dar oportunidade de se impor com as suas opiniões pessoais, e evitando reações emocionais excessivas, você tem a oportunidade de uma comunicação sincera e fluída.Não se dê demasiada importância, e seja humilde, pois quanto mais se mostra superior, inteligente e prepotente, mais se torna prisioneiro da sua própria imagem e vive num mundo de tensão e ilusões. Seja discreto, preserve a sua vida íntima. Desta forma libertar-se-á da opinião dos outros e terá uma vida tranquila e benevolente invisível, misteriosa, indefinível, insondável como o TAO.Não entre em competição com os demais, a Terra que nos nutre dá-nos o necessário. Ajude o próximo a perceber as suas próprias virtudes e qualidades, a brilhar. O espírito competitivo faz com que o ego cresça e, inevitavelmente, crie conflitos. Tenha confiança em si mesmo. Preserve a sua paz interior, evitando entrar na provação e nas trapaças dos outros. Não se comprometa facilmente, agindo de maneira precipitada, sem ter consciência profunda da situação.Tenha um momento de silêncio interno para considerar tudo que se apresenta e só então tome uma decisão. Assim desenvolverá a confiança em si mesmo e a Sabedoria. Se realmente há algo que não sabe, ou para que não tenha resposta, aceite o fato. Não saber é muito incómodo para o ego, porque ele gosta de saber tudo, ter sempre razão e dar a sua opinião muito pessoal. Mas, na realidade, o ego nada sabe, simplesmente faz acreditar que sabe.Evite julgar ou criticar. O TAO é imparcial nos seus juízos: não critica ninguém, tem uma compaixão infinita e não conhece a dualidade. Cada vez que julga alguém, a única coisa que você faz é expressar a sua opinião pessoal, e isso é uma perda de energia, é puro ruído. Julgar é uma maneira de esconder as nossas próprias fraquezas.O Sábio tolera tudo sem dizer uma palavra. Tudo o que o incomoda nos outros é uma projeção do que não venceu em si mesmo. Deixe que cada um resolva os seus problemas e concentre a sua energia na sua própria vida. Ocupe-se de si mesmo, não se defenda. Quando tenta defender-se, está a dar demasiada importância às palavras dos outros, a dar mais força à agressão deles.Se aceita não se defender, mostra que as opiniões dos demais não o afetam, que são simplesmente opiniões, e que não necessita de os convencer para ser feliz. O seu silêncio interno torna-o impassível. Faça uso regular do silêncio para educar o seu ego, que tem o mau costume de falar o tempo todo.Pratique a arte de não falar. Tome algumas horas para se abster de falar. Este é um exercício excelente para conhecer e aprender o universo do TAO ilimitado, em vez de tentar explicar o que é o TAO. Progressivamente desenvolverá a arte de falar sem falar, e a sua verdadeira natureza interna substituirá a sua personalidade artificial, deixando aparecer a luz do seu coração e o poder da sabedoria do silêncio.Graças a essa força, atrairá para si tudo o que necessita para a sua própria realização e completa libertação. Porém, tem que ter cuidado para que o ego não se infiltre… O Poder permanece quando o ego se mantém tranquilo e em silêncio. Se o ego se impõe e abusa desse Poder, este converter-se-á num veneno, que o envenenará rapidamente.Fique em silêncio, cultive o seu próprio poder interno. Respeite a vida de tudo o que existe no mundo. Não force, manipule ou controle o próximo. Converta-se no seu próprio Mestre e deixe os demais serem o que têm a capacidade de ser.   

08-16
09:23

Recommend Channels