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O Livro da Semana
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O Livro da Semana

Author: RW Cast - Agência Radioweb

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Toda segunda-feira uma indicação de leitura do professor de literatura Rogério Duarte, secretário-geral da União Brasileira de Escritores. Um estímulo ao conhecimento, reflexão e pensamento crítico. Com produção e apresentação de Breno Zonta.
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O livro indicado nesta semana pelo professor de literatura Rogério Duarte é o romance "Homem de papel", do escritor e diplomata potiguar João Almino. A narrativa, publicada no Brasil em março passado pela editora Record, resgata do século 19 para o 21 um conhecido personagem de um dos maiores escritores brasileiros, Machado de Assis. Trata-se do Conselheiro Aires, figura central de seus últimos dois romances, "Esaú e Jacó" e "Memorial de Aires". Ao atravessar conflitos entre liberdade e escravidão, fato e ficção, realidade e literatura, a obra, para Duarte, tem a capacidade de absorver a linguagem machadiana e suas consequências. "Ao fazer o narrador do século 19 circular com desenvoltura no 21, João Almino renova o pressuposto de que nosso futuro repete o passado, de que o Brasil é um museu deu grandes novidades, como diria Cazuza, outro grande poeta de nosso tempo".
Nesta semana, o professor de literatura Rogério Duarte indica aos ouvintes a leitura do último romance publicado pelo escritor Machado de Assis, no ano de sua morte, 1908, aos 69 anos de idade. Na forma de um diário, "Memorial de Aires" trata de uma série de episódios vividos pelo diplomata aposentado Conselheiro Aires no Rio de Janeiro, entre 1888 e 1889. Entre eles, está o encontro amoroso de Fidélia e Tristão, que é atravessado por uma reflexão fundamental sobre a abolição da escravidão no Brasil, em disputa naquele período histórico. Para Duarte, a obra pode ser lida, ainda hoje, como metáfora do nosso país: "Quem considera o Brasil como projeto de longo prazo? Quem olha para o Brasil para além de uma terra de riquezas a explorar? Quem quer ficar por aqui e lutar pela cidadania plena daqueles que foram trazidos pra cá à força? Essas são algumas das perguntas levantadas pelo 'Memorial de Aires' de Machado de Assis".
Na coluna desta semana, o professor Rogério Duarte analisa a obra machadiana Esaú e Jacó. Trata-se da história de dois irmãos gêmeos, que, embora idênticos, são o oposto um do outro, num jogo de espelhos que dá as linhas gerais do processo pelo qual passava o Brasil na segunda metade do século XIX.
Na coluna desta semana, o professor Rogério Duarte apresenta a escritora Carolina Maria de Jesus, um dos fenômenos da literatura brasileira.
O centenário da Semana de Arte Moderna (1922-2022) é celebrado em meio a polêmicas calorosas e releituras das obras que marcaram o movimento. Neste episódio, o professor Rogério Duarte analisa Macunaíma, obra-prima de Mário de Andrade.
A dica de leitura do professor Rogério Duarte, nesta semana, é o livro reportagem “Nomadland”, da jornalista estadunidense Jessica Bruder. A obra, que inspirou o último filme homônimo vencedor do Oscar em 2021, descreve a rotina migratória e extenuante de pessoas de meia idade sob o contexto da crise econômica de 2008. Em busca de emprego temporário, elas cruzam os EUA em trailers usados, renovando a tradição das famosas road trips: não mais pegar a estrada pelo prazer da descoberta, mas como única alternativa para sobrevivência. Comenta Duarte: “Sem estrutura, eles correm milhares de quilômetros, de estado em estado, à procura de ocupações temporárias, em turnos exaustivos de doze horas de trabalho; dormindo em estacionamentos de grandes cadeias de supermercado e lidando com as perdas e as frustrações de não serem os vencedores naquela cultura extremamente competitiva.” Para o professor de literatura e secretário-geral da União Brasileira de Escritores (UBE), trata-se de um livro que revela um país fraturado pela injustiça social, no qual os temas da cultura do consumo, desaparecimento da previdência social e abandono das gerações mais velhas convivem com o sentimento de solidariedade e a capacidade de ainda sonhar com um mundo melhor.
A dica de leitura do professor Rogério Duarte, nesta semana, foge ao esperado: trata-se do catálogo de uma exposição de arte do carioca Hélio Oiticica (1937 — 1980). O livro “Hélio Oiticica: a dança na minha experiência”, registra, em fotografias, as obras do artista que foram expostas entre outubro e novembro de 2020 no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp). Além de descrever os experimentos formais da proposta provocadora de Oiticica, Duarte indica aos ouvintes, para toda exposição, manter o hábito de levar o catálogo para dentro de casa, "na tentativa de reter o encanto" despertado pelas obras. “A experiência de ler um catálogo de exposição é sempre múltipla: é uma maneira de reviver aquele dia especial da visita ao museu. As imagens do catálogo evocam um mundo estético que vai muito além do cotidiano regular e monótono do trabalho. Os textos explicativos contribuem para que a nossa experiência também vá além do plano do sensível e seja, também, uma vivência refletida e formadora.”
O livro desta semana é um clássico da literatura que inspirou mudanças culturais e comportamentais em várias regiões do mundo. Referência de transgressão, rebeldia e loucura, o romance “On the road”, do estadunidense Jack Kerouac (1922 — 1969), publicado em 1957, hoje é considerado uma das principais obras do movimento literário conhecido como “geração beat”. Com uma prosa espontânea, parecida com fluxo de consciência, a história retrata a amizade do narrador, Sal Paradise, com Dean Moriarty, que abusa de sexo e drogas ao ritmo ágil do gênero musical bebop jazz. De acordo com o professor de literatura Rogério Duarte, esses jovens desencantados com o estilo de vida do chamado “American way of life”, que promete felicidade pelo enriquecimento conquistado pelo trabalho, atravessam o país, expostos a uma travessia também interna, de elevação espiritual e prazer radical nada convencionais. “Aqueles jovens sabiam muito bem que os sorrisos artificiais da classe média escamoteavam as injustiças sociais, o racismo e a violência da sociedade norte-americana. Por isso, sem acreditar no sonho, vagam de cidade em cidade pelos bares, envolvidos em paixões passageiras ao som do bebop. Muita confusão, muita bebedeira, muitas brigas e pequenas contravenções. Para eles, o trabalho e enriquecimento pessoal não dão sentido à vida. O que eles querem é estar na estrada, sempre à procura ‘daquilo’”, destaca.
Na última sexta-feira (14/1), despediu-se da vida o poeta amazonense Thiago de Mello, aos 95 anos. Uma das maiores referências da poesia brasileira, tornou-se conhecido, principalmente, pelo livro "Faz escuro mas eu canto" (1965), indicação do professor de literatura Rogério Duarte nesta semana, em homenagem ao autor. O verso que dá título à obra foi o tema da edição de 2021 da Bienal de Arte de São Paulo e se cristalizou como um sentimento de resistência e esperança frente às arbitrariedades da ditadura militar brasileira (1964 —1985), musicado pela cantora Nara Leão. O livro tem prefácio do poeta chileno, seu amigo Pablo Neruda. No poema mais lembrado, "Os estatutos do homem", Thiago de Mello inverte o sentido dos atos institucionais promulgados pelo regime, em defesa da liberdade e do amor entre as pessoas. Comenta Duarte: "Para o autor, a poesia é veículo de um mundo sonhado, mas que não é irreal, porque vive dentro dele, se transporta para sua poesia e, na sequência, se transborda pelas vidas dos leitores, que sempre foram muitos. Talvez a grande herança que Thiago de Mello nos deixa seja a capacidade de dar forma concreta à utopia".
Entre o início do século XVI e meados do século XIX, cerca de cinco milhões de africanos foram capturados, transportados à força ao Brasil e escravizados pelo resto de suas vidas, com participação central da Coroa Portuguesa e da Igreja Católica. Os detalhes desse capítulo, que perdurou cerca de três séculos no Brasil e explica boa parte de nossas desigualdades atuais, estão na trilogia “Escravidão”, do jornalista paranaense Laurentino Gomes. É a indicação do professor de literatura Rogério Duarte nesta semana. “Está mais do que na hora de investigar a escravidão a fundo e acabar com todos os clichês e generalizações vagas a respeito do assunto. Está na hora de analisar todos os dados possíveis e acabar com o tabu de falar sobre a escravidão e, claro, sobre sua consequência evidente: o racismo.” O volume inicial da série parte do 1º leilão de pessoas escravizadas em 1444, em Portugal, atravessa 250 anos de História e termina na morte de Zumbi dos Palmares, em 1695. O 2º livro se dedica ao século XVIII, quando a corrida pelo ouro em Minas Gerais intensifica a exploração de pessoas escravizadas. O 3º volume, que encerra a trilogia, é esperado em 2022. “Quem conhece a obra de Laurentino Gomes sabe que ele combina fluência da linguagem jornalística com riqueza e profundidade de dados históricos. Eu acredito que essa seja a primeira grande virtude dos textos do autor: a facilidade do acesso.”
A primeira dica de leitura de 2022 é o romance "O peso do pássaro morto", da jovem escritora paulistana Aline Bei. A obra ganhou o prestigiado Prêmio São Paulo de Literatura de 2018, na categoria "melhor romance de autor com menos de 40 anos". O professor de literatura Rogério Duarte destaca a relação da narradora com três personagens da história. O primeiro deles é seu Luis, sábio vizinho da infância da protagonista, que está perdendo a visão para uma catarata mas ajuda a menina a encarar sua primeira grande perda na vida. A segunda relação marcante da narrativa envolve o filho pequeno da narradora, Lucas, nos olhos de quem ela enxerga uma desconfortável crueldade quando este captura passarinhos. Por fim, a interação singela com o cachorro Vento, que a mulher adota na estrada a caminho de Ouro Preto (MG) e se torna um companheiro inseparável, que transcende o espaço e o tempo. Estas personagens amarram a história junto com uma redação que a narradora escreveu ainda na escola, com o título "A cura não existe" e cujo conteúdo é revelado apenas no final. Comenta Duarte: "No conjunto, 'O peso do pássaro morto' é a história sofrida de uma mulher que inscreve, na forma de poesia, todas as experiências dolorosas e que foram silenciadas por muito tempo, mas que têm conquistado voz na literatura contemporânea."
A dica de leitura do professor Rogério Duarte, nesta semana, é "John Lennon em Nova York — os anos de revolução", biografia do jornalista e escritor James A. Mitchell. A obra retrata a passagem intensa do cantor e compositor britânico (1940 — 1980) pela cidade estadunidense nos anos 1970, após se separar dos Beatles. Com o propósito de fazer música engajada com as lutas sociais daquele período tenso, Lennon se envolve com a juventude que lutava contra a Guerra do Vietnã e com os Panteras Negras que combatiam o sistema vigente em defesa da população negra. Diante de contradições e disputas daquele contexto, Duarte questiona: "John Lennon não abre mão da qualidade estética pra fazer arte política, e essa exigência nos coloca muitas perguntas que ainda são válidas: em que medida uma composição inserida na lógica de mercado consegue questionar essa própria lógica? Já nos distantes anos 1970, não terá o próprio mercado transformado em mercadoria as causas políticas? A arte pode mudar o mundo, afinal?"
No episódio desta semana, o professor Rogério Duarte indica aos ouvintes a leitura dos 18 contos do livro “Urubus”, da escritora e tradutora niteroiense Carla Bessa. Vencedora do Prêmio Jabuti de 2020 na categoria Contos, a obra entrelaça a história de personagens que deslocam o leitor do lixão carioca, onde vive o “homem-chorume”, a uma praça ou padaria de Copacabana. “É como se o olhar de Carla Bessa partisse de fora, partisse do extremo; como se o conjunto do livro e da cidade fosse determinado pela existência desse ser incômodo, desse ser maldito das profundezas urbanas.” Duarte também destaca as descrições expressivas da autora para o período da manhã, “momento carregado de possibilidades e expectativas que, muitas vezes, se frustram.” É o caso de um velho com muita dificuldade para andar, mas que decide sair do apartamento, ver gente e atravessar a rua. “Os contos se erigem a partir desses instantes decisivos, que são determinados por detalhes fortuitos e inesperados. E os 'Urubus' do título abrem e fecham o livro, como se nos lembrassem o tempo todo que estão à espreita”.
Em clima natalino, nesta semana, o professor de literatura Rogério Duarte indica o conto "O peru de Natal", de Mário de Andrade (1893 —1945).
O livro desta semana é a segunda coletânea de contos da escritora paulista Maria Fernanda Elias Maglio. Vencedora do gênero na edição de 2018 do tradicional Prêmio Jabuti, em sua nova obra a autora conta histórias que convocam o leitor a uma experiência de intensa alteridade. Para o professor de literatura Rogério Duarte, nos contos de “Quem tá vivo levanta a mão'', Maglio, que atua como defensora pública do estado de São Paulo, ilumina detalhes brutais da realidade brasileira, para os quais a maioria das pessoas prefere não olhar. Produzir literatura em uma sociedade tão violenta, segundo Duarte, é crucial para encontrar um senso de comunidade humana, que supere a atual indiferença com os outros: “Numa sociedade feita de fantasmagorias, como a nossa, de ideais de beleza, de mercantilização das pessoas e das ideias; num mundo em que a suposta realização do consumo obscurece a necessidade urgente de colocar as pessoas em primeiro lugar, esses contos são urgentes. É preciso abrir os olhos e perceber que as obsessões modernas nos roubaram a atenção que deveríamos dar a quem mais precisa. Não estamos de mãos dadas e precisamos dar as mãos agora”.
A dica de leitura desta semana é um mergulho na experiência poética da professora de língua portuguesa Valéria Paz. No livro “Era vida e se quebrou”, a autora reúne poemas, microcontos de até 50 palavras e nanocontos de até 50 letras. Em todas as formas literárias, dores antigas da autora são atravessadas pelo contexto de enclausuramento da pandemia de Covid-19. Destaca o professor de literatura Rogério Duarte: “Valéria Paz é ácida, irônica e melancólica em frases curtas. Pequenas sentenças de morte em vida, que nos foram dadas em 2020”. Segundo Duarte, também secretário-geral da União Brasileira de Escritores (UBE), emerge da linguagem concisa e intensa do livro um sentimento profundo de perda ou falta. Diante desse confronto, a autora descobre vozes internas ocultas e questiona a capacidade da poesia para capturar os afetos humanos, estilhaçados. “Eu escolhi ‘Era vida e se quebrou’ como livro desta semana porque ainda acredito que é possível catar os cacos por meio da literatura, apesar de tudo”.
O tema do livro desta semana é envelhecimento. Afinal, o que conhecemos sobre essa experiência que é tornar-se velho e aproximar-se da finitude? A coletânea de 30 contos breves da escritora carioca Alê Motta, “Velhos”, nos aproxima de algumas respostas. Publicada pela editora Reformatório em 2020, quando a idade avançada recebeu o alerta de “grupo de risco” para Covid-19, a obra tematiza a maturidade sem idealizações. Segundo o professor de literatura Rogério Duarte, Motta representa os velhos como pessoas de carne e osso, que fizeram boas e más escolhas na vida. Metidos em todo tipo de situação, "eles têm vida sexual, lutam por seus direitos e sabem se defender, mas também perdem a memória, se suicidam e são abandonados nos asilos”, resume. Para Duarte, também secretário-geral da União Brasileira de Escritores (UBE), atravessar essas diferentes experiências de velhice, narradas no livro, rompe os limites superficiais do tempo e revela aos leitores uma consciência fundamental: “Os velhos de Alê Motta já existem, eles estão entre nós. Mas eles se transformam em personagens da literatura por causa de um gesto breve, de um pequeno detalhe: eles são os velhos que nós seremos ou que nós já somos”.
Entre os maiores escritores do século XX, o autor do livro desta semana é um dos poucos ainda vivos. Hoje aos 92 anos de idade, o tcheco Milan Kundera ficou conhecido por seus romances, especialmente "A insustentável leveza do ser". Publicada em 1983 e reeditada em 2008 no Brasil pela editora Companhia das Letras, a obra é a indicação do professor de literatura Rogério Duarte no episódio desta semana. Em uma Tchecoslováquia soviética acossada pelas revoltas de massa de 1968, conhecidas como o período da "Primavera de Praga", as personagens da história enfrentam desafios políticos e comportamentais que despertam reflexões sobre a natureza do amor e o sentido da existência humana. Sintetiza Duarte: "O romancista critica tanto a restrição da liberdade individual nos países comunistas, quanto a liberdade teatral e consumível das nações capitalistas. (...) De um lado, a opressão política no mundo socialista; de outro, a mercantilização do pensamento crítico nos países capitalistas. O interesse do livro, para mim, está aí: nas contradições daquela geração, que imaginava ter nas mãos a mudança do mundo."
Nesta semana, o professor de literatura e secretário-geral da União Brasileira de Escritores (UBE) Rogério Duarte indica “O filósofo no porta-luvas”, romance do paulistano Juliano Garcia Pessanha. Carregada de ironia, a obra convida o leitor a mergulhar na discussão de temas profundos da filosofia a partir das experiências cotidianas vividas pelo narrador e protagonista da história Frederico e de sua percepção em movimento sobre a realidade. Para Duarte, os textos de Pessanha se destacam porque “combinam a elevação abstrata da reflexão teórica com o cotidiano mais rasteiro, estabelecendo pontos de contato entre esses planos tão diferentes. (...) Uma das linhas de força desse livro é exatamente essa combinação, que resulta em uma prosa fluente; mas densa, sintética e sarcástica, ao mesmo tempo”.
Nesta semana, o professor de literatura Rogério Duarte indica o novo livro da premiada jornalista e escritora Eliane Brum: "Banzeiro Òkòtó: uma viagem à Amazônia centro do mundo". Recém-publicada pela editora Companhia das Letras, a obra combina a imersão pessoal da autora, que em 2017 decidiu se mudar para a região amazônica do município de Altamira no estado do Pará, com uma investigação jornalística crítica, tanto sobre as intervenções humanas para enriquecer com a destruição da maior floresta tropical do planeta, quanto sobre as violências históricas cometidas contra o destino dos resistentes "povos-floresta". Para Duarte, também secretário-geral da União Brasileira de Escritores (UBE), a autora gaúcha se destaca como uma das principais intérpretes do Brasil contemporâneo: "Eliane Brum é de uma clareza feroz. (...) O projeto de se reflorestar vai muito além do autoconhecimento individualista de quem mora na cidade. Eliane Brum se reflorestou porque se percebeu parte integrante de um todo que é muito maior do que ela, um todo do qual ela faz parte. Seu projeto individual se espraiou na imensidão da floresta e se coletivizou."
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