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O que ler agora?

Author: Plural

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"O que ler agora?" é o podcast de livros do Plural, feito com apoio das editoras Aleph, Antofágica, Arte e Letra, Companhia das Letras, Fósforo, Luna Parque, Mundaréu, Roça Nova, Rua do Sabão, Tabla e Todavia.

A apresentação é dos jornalistas Rogerio Galindo e Irinêo Netto.

Com sede em Curitiba (PR), o Plural é o maior jornal nativo digital do sul do Brasil. Por ser uma publicação independente, é financiado sobretudo por seus leitores (e ouvintes).

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85 Episodes
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No último episódio da segunda temporada de "O que ler agora?", a escritora Luci Collin e o editor Thiago Tizzot conversam com o jornalista Irinêo Netto sobre o livro de contos "A peça intocada", um coletânea de 15 narrativas curtas que exploram as possibilidades da literatura, sejam elas formais ou de conteúdo. O livro de Luci Collin, "A peça intocada", faz parte da campanha do Plural com a Arte e Letra: você assina o jornal e ganha livros da editora curitibana. Saiba mais sobre a campanha, aqui.Collin abre o livro com a história "Matiz das armadilhas", uma história que é dedicada "ao senhor Lewis C. e sua garotinha", numa referência a Lewis Carroll e ao clássico "Alice no país das maravilhas". Nesse conto, e também em outros pontos do livro, a escritora mostra um talento espetacular para criar vozes, com seus modos de falar, gírias e musicalidade.Não por acaso, Luci Collin estudou música (é pianista) e também é tradutora (seu trabalho mais recente foi verter para o português "O bebê de Rosemary"). Além, é claro, de escrever poesia."Eu escrevo em voz alta. Vou escrevendo e fazendo as vozes", diz Collin no podcast, e emenda brincando que seus vizinhos devem pensar que ela aluga quartos dada a variedade de pessoas que circulam pela casa.Se existe um tema que amarra os contos de "A peça intocada", ele é o jogo. A escritora propõe ao leitor jogos literários diferentes. "Eu sou uma experimentalista", diz ela. "Acredito muito que o artista existe na sociedade para suscitar a reflexão."Luci Collin foi professora da Universidade Federal do Paraná por duas décadas e, como escritora, publicou 24 livros entre prosa e poesia. Ela estreou em 1984 com os poemas de "Estarrecer" e recebeu elogios de ninguém menos que Paulo Leminski. Por fim, venceu prêmios como Jabuti e o da Biblioteca Nacional. Ela publicou três livros pela Arte e Letra e um quarto, "Lição invisível", também de contos, deve sair até o fim do ano.
Muitos sabem que Caetano W. Galindo é tradutor de "Ulysses", de James Joyce (pelo qual recebeu prêmios como o Jabuti). Além disso, ele é hoje best-seller com o livro "Latim em pó", um ensaio sobre a história da língua portuguesa, publicado pela Companhia das Letras. Mais recentemente, assinou a dramaturgia de peças teatrais para Felipe Hirsch e Bete Coelho. Mas poucos sabem que Galindo também é poeta."Para mim, poesia é uma coisa meio privada", diz Galindo, neste episódio de "O que ler agora?", o podcast de livros do Plural. "Poesia é uma coisa que me dá uma satisfação de relojoeiro, de ficar fazendo e refazendo." Tanto assim que ele passou anos escrevendo "Onze poemas". Um dia, reuniu os trabalhos e propôs a ideia do livro para o editor Thiago Tizzot, que topou na mesma hora.O livro "Onze Poemas" faz parte da campanha do Plural com a editora Arte e Letra: você assina o jornal e ganha livros de autores curitibanos (são oito títulos disponíveis). Saiba mais sobre a campanha, que vai até o dia 10 de setembro de 2023, aqui. Com design de Sandro Valdrighi, "Onze poemas" é lindo como objeto: um livro pequeno, de capa dura e guardas azuis, que podem ser interpretadas como uma referência à obra do pintor Cy Twombly (1928–2011), que inspirou alguns dos versos de Galindo.Na conversa com o jornalista Irinêo Netto, o escritor fala sobre as pessoas que dizem não ler poesia porque não entendem de poesia. "Só que você não precisa entender de prosódia poética e formas complexas para ler um poema e achar bonito."E ele explica que há uma diferença entre quem não domina os mecanismos da poesia e as pessoas que dizem, simplesmente, que não entendem poesia (nesse caso, sem o "de"). "Tem uma coisa que é realmente contraintuitiva na poesia", diz Galindo. "Essas coisas não foram feitas para serem entendidas no sentido simples em que a gente entende um bilhete, ou um conto ou uma série de tevê."Ouça a conversa com Caetano W. Galindo neste episódio de "O que ler agora?".
O escritor Jamil Snege (1939–2003), tema do podcast "O que ler agora?", tinha um senso de humor radical. Tanto que ele conseguiu escrever, há mais de 20 anos, um romance sobre um homem branco em crise de meia-idade, insatisfeito com o trabalho e infeliz na vida pessoal, e que envelheceu bem. O livro, não o personagem. No mundo de hoje, trata-se de um feito espetacular. O segredo para fazer isso? Senso de humor. E Snege conseguiu fazer isso com um talento incomum para rir de si mesmo – o que tornou o escritor muito bom em criar personagens que também conseguem rir de si mesmos. O romance se chama "Viver é prejudicial à saúde" e começa com o narrador-protagonista analisando o próprio reflexo. "Estou aqui, diante do espelho, examinando as mamas", começa ele. Esse narrador é, entre várias coisas, um hipocondríaco com a certeza de que vai desenvolver câncer de mama (um problema que pode, sim, ocorrer em homens, mas os casos são relativamente raros). Porém, ao longo do livro, você vê que ele tem muitos outros problemas. Problemas de verdade. O livro "Viver é prejudicial à saúde", de Jamil Snege, faz parte da campanha do Plural com a Arte e Letra. Você assina o jornal curitibano e ganha livros da editora, também curitibana. Saiba mais sobre a campanha, aqui. Nesse episódio, o podcast recebe dois convidados: Jean Snege, filho do escritor, e Thiago Tizzot, editor do livro. Na conversa, Jean fala sobre como ele acabou descobrindo o pai na leitura dos livros que ele deixou – sobretudo no romance autobiográfico "Como eu se fiz por si mesmo" – e lembra de como ele podia ser engraçado, inclusive ao falar dos próprios livros. Uma espécie de revolucionário e inconformista, Jamil Snege se recusava a publicar por grandes editoras – embora tenha recebido convites para isso. E preferia editar os próprios livros, controlando todas as etapas do processo, inclusive a ilustração da capa.Também na conversa com o jornalista Irinêo Netto, Jean e Thiago falam sobre a influência de Snege nas novas gerações de escritores. Além de tudo, falam sobre o humor de Snege, característica que era um de seus superpoderes.
"Olá, mundo", diz Lark na abertura deste episódio de "O que ler agora?", que marca a primeira experiência da cartunista com podcasts. Embora tenha uma presença marcante nas redes sociais – são mais de 80 mil seguidores só no Instagram e não tenha escapado de gravar uma live durante a pandemia, essa é a primeira vez que ela participa de uma entrevista em podcast. Com o livro "Como abraçar um fantasma", Lark está participando da campanha de assinaturas do Plural com o apoio da editora e livraria Arte e Letra. Nessa campanha, você assina o Plural nas opções trimestral, semestral ou anual, e ganha livros da Arte e Letra (um, dois ou três livros, respectivamente). Saiba mais sobre a campanha e assine o Plural, aqui.Na conversa com o jornalista Irinêo Netto, Lark fala sobre sua relação com as redes sociais, com leitoras e leitores, e sobre uma campanha extraordinária no Catarse. A meta da campanha era levantar R$ 32 mil para publicar "O livro dos pássaros", contando o desfecho de uma história em quadrinhos que começou nas redes sociais (aqui). No fim, Lark conseguiu levantar mais de R$ 500 mil (para ser exato: 528.765 reais), um sucesso estrondoso.Ao longo do episódio, Lark fala sobre as ideias e experiências que inspiraram seus livros, com destaque para "Como abraçar um fantasma" (aqui), em que ela parte das próprias experiências para contar a história de uma artista que decide largar seu emprego estável como designer para se dedicar aos quadrinhos.
O tema deste episódio é o livro "Algum tempo depois", de Manoel Carlos Karam (1947–2007). Publicado pela Arte e Letra em 2014, esse romance póstumo é um exemplo notável da literatura de Karam, um catarinense que viveu quatro décadas em Curitiba. (Ele dizia que saiu de Rio do Sul rumo a Paris e parou para pernoitar em Curitiba.)Leitor e admirador de Samuel Beckett, Karam escreveu pelo menos 20 peças teatrais – uma delas, "Ovos não têm janela", foi recentemente montada em Curitiba – e 13 livros. Esse interesse pelo autor irlandês de "Esperando Godot" é evidente não só nos textos para o palco, mas também no romance "Algum tempo depois".No livro, habitamos a cabeça de um homem que trabalha num escritório de atividades suspeitas, com uma esposa que viaja para cidades europeias e volta carregada de vinhos (e ele sente saudades dela). É sobre a rotina desse homem que fala o livro, das pequenas coisas que acontecem ou deixam de acontecer ao longo da vida.Nas palavras de Bruno Karam, filho do escritor, se Paulo Leminski é rock and roll, Manoel Carlos Karam é jazz. Gênero musical que, aliás, ele ouvia enquanto escrevia (Karam era fã de Miles Davis, entre vários outros músicos).Assim como outros autores de Curitiba, Karam também foi descoberto e cultuado por figuras de destaque da literatura brasileira – gente como Joca Reiners Terron, escritor por trás da editora Ciência do Acidente, e Marçal Aquino. Karam é um escritor ousado na simplicidade (aparente) do texto. Nas palavras do editor Thiago Tizzot: "Quando você vê o trabalho que tem por trás [do texto], para construir essa aparente simplicidade, é genial".Na conversa, Bruno Karam fala sobre virar o curador da obra do pai, sobre a experiência de ler o pai e também sobre as influências musicais do autor. "Algum tempo depois", de Manoel Carlos Karam, faz parte da campanha do Plural com a Arte e Letra. Você assina o jornal e ganha livros de escritoras e escritores curitibanos (saiba mais sobre a campanha aqui)."Algum tempo depois", de Manoel Carlos Karam. Arte & Letra, 176 páginas, R$ 40. Romance. Outras informações sobre o livro, aqui.
Este episódio de "O que ler agora?" faz parte de uma série sobre escritoras e escritores que participam da campanha de assinaturas do Plural com a editora Arte & Letra. Você assina o jornal e ganha livros da editora curitibana.Saiba mais sobre a campanha, aqui. Ela vai até o dia 31 de agosto de 2023.Desta vez, a conversa é com o escritor Marcos Pamplona, que fala sobre o livro "O anjo da incerteza", uma seleção de crônicas publicadas no Plural. Recém-lançado pela Arte e Letra, o livro reúne três dezenas de textos, todos ilustrados pelo artista gráfico Frede Tizzot. Para Pamplona, a crônica – o mais brasileiro dos gêneros literários – é uma forma de revolução (ele fala mais sobre isso aqui).Poeta e editor, quatro anos atrás Pamplona estava lidando com o fim de um casamento e com uma situação política angustiante no Brasil. Depois do trauma de uma ditadura militar – ele chegou a ser preso pelo DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) nos anos 1980 –, Pamplona resolveu ir embora para Lisboa. Nessa nova vida, ele se descobriu cronista. "Comecei a escrever crônicas sobre os personagens que conheci no bairro em que eu morava, o Bairro Alto", diz. Um desses personagens é a dona Napoleontina, uma senhora de 90 anos que morava há 70 no mesmo apartamento. Um vazamento no prédio acabou aproximando os dois – e eles se tornaram amigos.Situações como essa animam os textos de Pamplona, que tem um olhar afetuoso e atencioso sobre as coisas triviais (à primeira vista) da vida. Sobre a experiência de escrever, Pamplona diz: "A felicidade não pede que a gente escreva. A felicidade pede que a gente viva".Quando a felicidade dá um tempo, ele escreve sobre memórias de infância, sobre personagens pitorescos, sobre a importância de publicar e ler livros mesmo quando você tem dificuldade de ver o quão importante isso pode ser.Na conversa com o jornalista Irinêo Netto, Pamplona fala ainda sobre as diferenças entre Brasil e Portugal, sobre as impressões que teve ao passar por Curitiba e Florianópolis depois de quatro anos fora do país. "Eu me sinto muito feliz aqui", diz ele, sobre Lisboa.
Este episódio é o segundo de uma série de oito em que o podcast de livros do jornal Plural fala sobre obras publicadas pela editora independente Arte & Letra, de Curitiba. Os oito títulos fazem parte de uma campanha em que você assina o Plural e ganha livros da Arte e Letra. Saiba mais, aqui.Thiago Tizzot se define como um "fazedor de livros". Além de escrever, ele também é o editor por trás da Arte & Letra e o dono da livraria homônima, que fica num endereço charmoso de Curitiba.Como autor, Tizzot é mais conhecido por escrever livros de fantasia, apesar de ter publicado uma bela coletânea de contos chamada "Esqueletos que dançam". Mais recentemente, ele lançou o romance "A sombra da torre", um dos temas deste episódio de "O que ler agora?". A história de "A sombra da torre" se passa na terra de Breasal, um universo fictício em que Tizzot ambienta todos os seus livros fantásticos desde "O segredo da guerra" e passando por "Ira dos dragões" e "Três viajantes". Na conversa com o jornalista Irinêo Netto, Tizzot fala (de um lado) sobre a vida de editor e (de outro) sobre os desafios de escrever várias histórias que se passam em um mesmo mundo que tem uma lógica própria e é dominado pela magia. "A sombra da torre", de Thiago Tizzot, foi publicado pela Arte & Letra. Outras informações sobre o livro, aqui.
Este episódio é o primeiro de uma série de oito em que o podcast de livros do jornal Plural fala sobre obras publicadas pela editora independente Arte & Letra, de Curitiba. Os oito títulos fazem parte de uma campanha em que você assina o Plural e ganha livros da Arte e Letra. Saiba mais, aqui."Anedonia", do cartunista Benett, é uma antologia de cartuns sobre o amor. Ou melhor, sobre a impossibilidade do amor.De acordo com o dicionário, anedonia é a “perda da capacidade de sentir prazer”. O que é um paradoxo porque a leitura de "Anedonia" é, sem dúvida, prazerosa.No programa, o jornalista Irinêo Netto conversa com Benett (os dois são amigos de longa data) sobre o livro e sobre como o cartunista cria as suas tirinhas. Durante o bate-papo, Benett admite que não gosta de desenhar. O que ele gosta mesmo é de pensar nas piadas."Anedonia" foi publicado pela Arte & Letra. Outras informações sobre o livro, aqui.
"O que ler agora?" encara um clássico no episódio 63: "Bartleby, o escrivão", de Herman Melville. Mais conhecido por sua obra-prima "Moby Dick", que também foi tema do podcast de livros de Plural (no Episódio 35), Melville publicou a novela "Bartleby" em 1853. Sem entregar muito do enredo, caso você não conheça: numa época em que documentos importantes tinham de ser copiados à mão, com pena e inteiro, lá em meados do século 19, há escritórios que existem para cumprir esse papel.O narrador do livro, cujo nome não é revelado, é o dono de um desses escritórios. E é ele que contrata Bartleby para o seu time de escrivães, que conta também com Turkey ("peru", em inglês), Nippers ("pinças") e Ginger Nut ("bolinho de gengibre").Bartleby começa bem, mas logo adota uma atitude bizarra. Diante de um pedido trivial do chefe, ele responde: "Prefiro não". Essa recusa de fazer o que lhe pedem é a marca do personagem, a ponto da bela edição da Antofágica, com design gráfico de Letícia Lopes, destacar essa frase na quarta capa do livro.Aos poucos, a recusa de Bartleby vai tomando conta de tudo. Enquanto seu chefe (o narrador) não sabe exatamente como reagir à situação.No podcast, os jornalistas Rogerio Galindo e Irinêo Netto conversam sobre como Melville era incrível para criar personagens e sobre como "Bartleby, o escrivão" tem algo que remete às sitcoms americanas em geral e à série "The Office" em particular.
No Episódio 62 de "O que ler agora?", que vai ao ar nesta segunda-feira (24), o podcast de livros do Plural fala sobre "O que é meu", de José Henrique Bortoluci.Os jornalistas Rogerio Galindo e Irinêo Netto conversam, entre outros temas, sobre a dificuldade de se classificar uma obra que consegue costurar vários gêneros literários: biografia, ensaio, memórias… e acaba sendo classificada como autoficção."O que é meu" foi comparado aos livros de Annie Ernaux, a Nobel de Literatura que escreveu "O lugar" e "Os anos", entre vários outros títulos. De certa forma, assim como Ernaux, Bortoluci procura olhar para a própria história e extrair dela elementos que permitam entender um contexto maior. Nesse caso: o do Brasil dos últimos 50 anos.Doutor em Sociologia, professor da Fundação Getúlio Vargas e, agora, um autor reconhecido, Bortoluci viu os direitos de seu livro serem vendidos para dez países diferentes antes mesmo de "O que é meu" ser lançado no Brasil.
No episódio 61 de "O que ler agora?", os jornalistas Rogerio Galindo e Irinêo Netto conversam sobre o romance "Páradais", da escritora mexicana Fernanda Melchor.O livro, publicado no Brasil pela Mundaréu, foi selecionado para o Booker Prize International 2023, na Inglaterra, o prêmio literário mais importante do mundo para literaturas que, originalmente, não foram escritas em inglês, e são traduzidas e publicadas no mercado anglófono. Numa entrevista para a Rádio Nacional da Argentina, a escritora Fernanda Melchor diz que o estilo cinematográfico de "Páradais" é proposital. Por estilo cinematográfico, pode-se considerar o ritmo da narrativa, dividida em três atos e centrada nos dois personagens principais: Franco e Polo, um branco e um negro. Um rico e outro pobre. Ambos adolescentes.De uma espécie de convivência desesperada (chamar os dois de amigos seria um exagero), e por motivos diferentes, eles começam a arquitetar um crime: entrar na casa de uma das famílias ricas que vivem no mesmo condomínio de Franco. O mesmo condomínio onde Polo trabalha como jardineiro. Polo porque precisa de dinheiro. Franco porque quer violentar a mãe da família. (Ou, para o usar o verbo que os personagens usam no livro: porque ele quer "comer" a mãe de família.)
No Episódio 60, Mitie e Tami Taketani conversam com Rogerio Galindo sobre HQs e sobre a importância de obras que partem de fatos históricos para abordar o passado do Brasil – que é sobretudo o passado dos povos negros e escravizados. Mais especificamente, Mitie e Tami (mãe e filha) falam sobre "Mukanda Tiodora", HQ inspirada na personagem histórica que dá título à obra, uma mulher negra que viveu no Brasil do século 19 e que produziu uma série de cartas que inspiraram o trabalho de D'Salete.As cartas foram descobertas pela historiadora Maria Cristina Cortez Wissenbach, junto de outros documentos da época. Mitie Taketani é proprietária da Itiban Comic Shop, uma livraria especializada em quadrinhos e um dos pontos culturais mais importantes de Curitiba. A livraria faz 34 anos em 2023. Tami Taketani, filha de Mitie, trabalhou ao lado da mãe e do pai, mas hoje é fotógrafa e videomaker do Plural.Na segunda parte do programa, as Taketanis falam sobre a HQ "Escuta, Formosa Márcia", de Marcello Quintanilha.
Em uma cidadezinha no interior da Bolívia no fim da década de 1980, a adolescente de 16 anos Genoveva Bravo Genovés sobrevive à escola de freiras, aos conflitos com as colegas de classe e à família disfuncional.Enquanto sonha em fugir desse lugar que não vê futuro nem felicidade, Genoveva atravessa situações que envolvem o misticismo popular boliviano, os ensinamentos do catolicismo, o narcotráfico e os ideais neoliberais que dominam a cidade.O romance “98 segundos sem sombra”, da escritora boliviana Giovanna Rivero, chegou ao Brasil no final de 2022 e é o destaque desta semana do podcast de livros “O que ler agora?”. O episódio conta com a participação da jornalista Cecília Zarpelon.
A australiana Jessica Au chega ao Brasil com esse romance curto sobre uma viagem de mãe e filha para o Japão. Um livro intimista, bonito, que explora as relações entre duas mulheres que têm muita coisa diferente, apesar da proximidade. A jornalista Luciana Mello é a convidada do episódio.
Um dos mais premiados jornalistas do país, que sempre contou histórias de dramasd causados pela pobreza e pela exploração sexual de crianças, chega agora à literatura. Mauri König estreia na ficção com "Ensaio sobre o que nós somos", publicado pela Kotter. Neste episódio, Rogerio Galindo e Aline Reis falam sobre o livro.
No episódio 56 de "O que ler agora?', Rogerio Galindo e Irinêo Netto conversam sobre o romance "Felizes os felizes", de Yasmina Reza. Publicado pela editora Âyiné e com tradução Mariana Delfini, o romance é dividido em capítulos que abordam um personagem cada um (e são 18 personagens retratados no livro).Três desses personagens ganham um segundo capítulo e, à medida que a narrativa avança, as peças que pareciam avulsas vão se unindo umas às outras, criando um panorama divertido e inteligente da França contemporânea (ou de uma parte da França contemporânea).Sem nenhum receio, dá para afirmar que Yasmina Reza é uma das duas melhores escritoras francesas vivas – a outra atende pelo nome de Annie Ernaux.
Por que o escritor Itamar Vieira Junior faz tanto sucesso?Escrito por Rogerio Galindo e publicado pelo PluralAlguma coisa aconteceu com “Torto arado”. Não faz muito tempo, Itamar Vieira Junior era um desconhecido na literatura nacional. Tinha lançado dois livros de contos e só. Em 2018, seu primeiro romance venceu o prêmio LeYa em Portugal e, em seguida, foi comprado pela Todavia para lançamento no Brasil. Em 2019, quando o livro foi publicado ainda não estava claro o barulho que ia fazer. Mas fez.Do final de 2020 para cá, livro e autor entraram numa maré impressionante. “Torto arado” venceu o Jabuti de melhor romance e o Oceanos, um dos mais importantes prêmios para literatura de língua portuguesa. Itamar Vieira Junior foi convidado para ser colunista do jornal “Folha de S.Paulo” e para uma entrevista no programa “Roda Viva”. Numa matéria do UOL, ele foi chamado de “maior autor brasileiro”.Uau. Fazia tempo que nada do gênero acontecia no Brasil. Portanto, é justo analisar a obra de Itamar Vieira Junior para tentar entender, afinal de contas, o que é que está acontecendo. O que explica o sucesso de “Torto arado” e por que, de repente, ele aparece na mesinha de cabeceira de Lula ao mesmo tempo que é eleito o “hit do verão” pelo site “Glamurama”?O centro da trama de “Torto arado” tem duas irmãs pobres e negras na Chapada Diamantina, interior da Bahia. Crianças, elas encontram um facão com uma aura meio sagrada na mala da avó – e num acidente terrível, uma das meninas decepa a própria língua, ficando impossibilitada de falar pelo resto da vida.Durante dois terços do livro, são elas as narradoras da história, que acontece numa fazenda em que os trabalhadores não têm direito a quase nada. Eles trabalham não em troca de dinheiro, mas apenas para poder morar ali. Eles não podem construir casas de alvenaria, para que não sejam duradouras. Há limites para a roça que podem plantar e, evidentemente, o patrão (que mal aparece por lá, governando por meio de um capataz) pode tudo, quase como um rei absolutista.Embora as meninas Bibiana e Belonísia sejam o centro da história, a intenção claramente é de um panorama da vida agrária da região. Itamar Vieira Junior é funcionário do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e parece conhecer bem as fazendas do interior profundo. Mais do que isso, Vieira Junior é defensor ferrenho da reforma agrária, e vê na história uma oportunidade de mostrar os contrastes que o incomodam entre a pobreza e a riqueza no Brasil rural, entre os que mandam e os que sobrevivem.Contam-se histórias de líderes de religiões afro (o que se pratica na região é o jarê, uma espécie de variante do candomblé); de mulheres vítimas de maridos violentos, sem ter para onde correr; de gente que mal tem o que comer; de mulheres fortes sobrevivendo à seca, ao infortúnio e a desmandos de todo tipo; e dos jovens que mal chegam à vida adulta e já estão casados, com filhos e com seu destino escrito.Com o tempo o leitor percebe, porém, que Itamar Vieira Junior prepara uma virada. Que um personagem com ideias e leituras inusitadas começa a politizar os trabalhadores e a levá-los para um caminho de luta contra a sujeição. Embora não seja o caso de contar mais do que isso, fica evidente que “Torto arado” não é apenas a história da pobreza centenária, mas também o relato de uma tentativa de subverter essa situação – com traços de martírio em nome do desenvolvimento social.Talvez não seja tão difícil assim entender por que “Torto arado” fez tanto sucesso. O livro foi lançado em um momento de extrema desilusão da esquerda brasileira – um momento em que avanços sociais foram perdidos e em que os piores temores de quem saiu de uma ditadura nem tanto tempo atrás voltaram a assombrar os leitores mais afinados com a pauta progressista.“Torto arado” é um romance, evidente, mas tem ares de manifesto. Nenhuma das escolhas do autor parece ter sido feita à toa.O livro é narrado por mulheres e tem mulheres como personagens mais fortes (num momento em que o feminismo e a luta contra a sujeição da mulher são assuntos mais caros aos leitores progressistas.O livro se passa no Brasil rural, tentando discutir as raízes históricas de nossa desigualdade e recuperar a ideia do sertanejo forte, virtuoso, que se opõe em caráter ao patrão, o arquétipo do oligarca visto como mal maior da nação na narrativa de esquerda.A trama recupera práticas que têm sido objeto de estudo e resgate nas universidades e na comunidade negra, como as religiões de origem africana (a terceira parte, inclusive, é narrada por uma entidade sobrenatural do jarê).Etnicamente, o livro fala de negros que sentiam vergonha de se ver como negros mas que, com o incentivo de um personagem mais instruído, passam a se enxergar como quilombolas, cidadãos de direitos históricos que devem ser recuperados.Itamar Vieira Junior é um romancista que parece acreditar piamente que sua literatura deve tomar partido, deve ser socialmente engajada – e em nenhum momento parece ter pudores de falar disso desabridamente. Em certos momentos, o tom de homilia se deixa sentir como uma mão pesada que chega a incomodar (como deixou clara a polêmica entre o autor e a jornalista Fabiana Moraes).Embora em certos momentos Vieira Junior pareça ser um herdeiro de Gabriel García Márquez, ele acaba se aproximando muito mais de um novo Graciliano Ramos, mas com tons ainda mais políticos, mas claramente militantes. O que para muita gente é um alívio, mas para muitos outros é um incômodo.Em todo caso, o fenômeno é interessante, não importa a opinião que se tenha sobre o livro. Há muito um romance nacional não ganhava tanto espaço na mídia e não mexia com tanta gente. Se é em função de méritos literários ou de posturas políticas, o futuro dirá.“Torto arado”, de Itamar Vieira Junior, foi publicado no Brasil pela editora Todavia.(Texto lido por Luciana Nogueira Melo.)
Erika Fatland escreve sobre os 60 mil km de fronteira da RússiaDa Redação do PluralA antropóloga Erika Fatland percorreu os 60.932 quilômetros de fronteira da Rússia, o maior país do mundo, e falou sobre a experiência no livro “A fronteira – Uma viagem em torno da Rússia”, a ser lançado pela editora Âyiné no dia 23 de fevereiro (de 2023).ara se ter uma ideia das dimensões da Rússia e do trabalho de Erika Fatland em “A fronteira”, a circunferência da Terra tem “meros” 40.075 quilômetros. Em seu esforço de pesquisa, a antropóloga procurou analisar a influência russa sobre seus vizinhos (aqui vai a lista completa) Azerbaijão, Belarus (ou Bielorrússia), Cazaquistão, China, Coreia do Norte, Estônia, Finlândia, Geórgia, Letônia, Lituânia, Mongólia, Noruega, Polônia e Ucrânia. Sem contar a Passagem do Nordeste, que embora não seja um país e sim uma via marítima, também é analisada no livro.E Erika Fatland percorreu esses lugares lançando mão de vários meios de transporte – ela andou a cavalo, voou de avião turboélice, além de ter apelado até para renas e caiaques.A pesquisa na origem de "A fronteira" ocorreu entre 2015 e 2017 (ano em que o livro saiu na Noruega). Em um prefácio à edição brasileira, Fatland destaca as mudanças constantes nesses territórios de fronteira, em parte por causa das invasões orquestradas pelo governo russo. Por isso, a antropóloga trata o livro como “um instantâneo” da fronteira da Rússia no período abordado pela autora.“A fronteira” é então um livro sobre a Rússia e sobre a história russa, com um detalhe peculiar: Erika Fatland não chegou a entrar em território russo. Entre as proezas da autora, está a descrição de culturas, indivíduos e paisagens que ela encontrou ao longo da pequisa."A fronteira – Uma viagem em torno da Rússia", de Erika Fatland. Tradução de Leonardo Pinto Silva. Âyiné, 692 páginas, R$ 159,90.(Texto lido por Irinêo Netto.)
Neste episódio, Rogerio Galindo e Irinêo Netto conversam sobre "Friday Black", o livro de contos de Nana Kwame Adjei-Brenyah, publicado pela editora Fósforo. O autor americano de família ganesa é um dos nomes mais badalados da literatura americana contemporânea. Discípulo de George Saunders ("Lincoln no limbo"), Adjei-Brenyah desponta com contos quase impossíveis de classificar, que falam de raça e violência, pais e mães, vida e morte.
“A história invisível”, de Sofia Nestrovski, é um retorno à infânciaEscrito (e lido) por Cecília Zarpelon, publicado pelo Plural.Admito que comecei a ler “A história invisível”, de Sofia Nestrovski, sem muitas expectativas. A sinopse, de uma garotinha que em seu aniversário de sete anos deseja ficar invisível (e consegue) na busca de combater o tédio, não havia chamado minha atenção.Mas creio que, dentre muitos outros, esse foi um dos motivos que me fez apreciar o modo como Sofia Nestrovski conduz a história da personagem principal. Iniciei a leitura acreditando que seria uma obra infantil e não podia estar mais errada. De cara, o leitor é apresentado à personagem que vai acompanhá-lo no livro: Sofia, de sete anos, que “passa os dias conversando com as próprias ideias” e buscando aventuras para se livrar do tédio que a assombra.Após se tornar “invisível, órfã e livre”, como queria, Sofia passa a perambular por um mundo mágico onde tem a chance de visitar o interior de uma grande árvore, conversar com animais e aprender a enxergar tudo aquilo que normalmente não é visível: os pensamentos de um peixe e os diálogos que podem existir entre as pedras, por exemplo.Com uma escrita errática, parece que o leitor está dentro da cabeça de uma criança, neste caso de Sofia, escutando seus pensamentos frenéticos e questionamentos perspicazes.O que surpreende na obra é justamente o fato de Nestrovski escrever como se fosse Sofia narrando seu próprio mundo, sonhos, desejos e medos, e o sentimento nostálgico que traz de volta ao leitor experiências da infância.Não sei se perdemos ou aprendemos a esquecer esse jeito de pensar de criança, mas o livro é uma ótima forma de relembrar que, na infância, tudo é indefinido e um mistério. E, nas palavras de Nestrovski, se nada é definido, então tudo é possível. “A história invisível”, de Sofia Nestrovski (2022). Fósforo, 104 páginas, R$ 64,90 ou R$ 44,90 (e-book). Com ilustrações de Danilo Zamboni.
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