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Diário Possível (mas inventado)

Diário Possível (mas inventado)
Author: Diário Possível (mas inventado)
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© Diário Possível (mas inventado)
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Diário Possível, mas inventado é exatamente o que o nome diz: um diário que seria possível, mas é inventado, escrito a quatro mãos pela Ana Roxo e pela Tati Fadel, com produção de O mundo segundo Ana Roxo. Edição e direção geral é da Ana. As artes são da Claudia Intatilo.
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"Eu fiquei um tempo sem contar nada, eu sei, mas torci muito pra que vocês entendessem que não contando nada eu estava dizendo tudo. Eu sei, to forçando a barra, mas é só um jeito de começar."
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"Pra quem não sabe - isso é sinal que não anda vendo as lives, no final do mês eu estou me mudando. Não só mudando de casa: eu estou indo passar uma temporada no México. Eu, que nem sair de casa gosto. Eu, que até fevereiro nem passaporte tinha, vou morar em outro país. Eu estou animada, sim, mas hoje eu quero falar sobre o outro lado disso: o quanto eu tb estou triste."
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"A essa antecipação, a essa vida em suspensão, eu dou um nome - ansiedade."
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"As mágoas duram muito tempo, tipo tartarugas e papagaios. Mas claro, tem mágoas que morrem. O que mata a mágoa é o tempo, o esquecimento, mas principalmente, pelo menos no meu caso, uma boa conversa."
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"Eu gosto de pensar nas questões da linguagem porque elas são um bom exemplo de como pensar as relações entre as pessoas. Porque a linguagem é talvez a atividade na qual o humano se torna mais visível."
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"Minha tia Laura, que faz muita falta, tinha uma expressão que ela usava. Não era uma expressão, era só uma palavra: bigorna. Ela falava “bigorna” e eu já sabia ao que ela se referia: essa bigorna imensa que a gente carrega muitas vezes nas costas e por tanto tempo, que nem lembra mais que tá mais difícil pq estamos carregando uma bigorna."
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"Eu tenho um narrador, entendeu? Uma voz que narra quem eu sou, o que eu faço, as decisões que tomo."
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"Eu também notei com o passar do tempo que os medos entraram em caixinhas. O medo do cinema, como de aliens ou naves espaciais pousando perto de mim. O medo desfeito em segundos pela razão, com um cálculo de probabilidade. O medo dos abandonos, que é medo que eu tratei no divã, e que ainda preciso remexer mais porque ele aparece todo dia, de surpresa. O medo de noticiário, que foi aos poucos se transformando em raiva ou tristeza pela humanidade."
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a música desse episódio é Stranger Things, do Telsonic, vc pode ouvir aqui: https://www.epidemicsound.com/track/ebjEUbHpMT/
"Depois do papel, são justamente as correções, as superposições, aquelas intercalações puxadas pra entrelinha, os asteriscos e setas que fazem uma espécie de palimpsesto - a gente olha pro começo, pro antes de uma história, pro primeiro pensamento de uma coisa que a gente acha que nasceu pronta."
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"Nesse 7 de setembro de 2022, 7 horas da manhã, celebro meu um décimo de duração do império romano"
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Os posts são quase diários. Com trocadilhos.
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"E o episódio de Cu que a gente ia fazer, tipo O cu e o cômico, o grotesco, não lembro? desistimos?"
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"eu estaria de qualquer modo inconformada com as minhas escolhas e nesses universos paralelos todos eu estaria pensando em mudar a vida pra que ela fosse como agora ela é?"
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"não prosperei, não venci, não tive sucesso, não juntei um milhão, não viralizei, não lacrei, não iluminei, não me auto superei, não venci obstáculos, não sou referência de nada, não dei certo na vida."
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"Tem as árvores reais na minha vida e que descobri depois que são símbolos de muita coisa, o que deu a elas um outro tom na minha memória."
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"Amor é fácil - se ele for difícil tem alguma coisa esquisita, um farsante, não é ele."
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"Ser uma árvore ou um pássaro tem muitas diferenças em como viver, lidar com as coisas que acontecem."
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"Vou embora carregando essas palavras, esses sinais dos adivinhos, pensando sobre de que forma elas respondem a minha inquietação"
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"Eu passo muito tempo pensando nisso, nessa história miúda, história das pequenas coisas, muito mais do que nas grandes revoluções"
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"Quarta feira passada, meu pai morreu. Sim, faz pouco tempo e eu não sei direito ainda como falar disso."
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"A questão aqui é: apesar de eu não saber me localizar no mundo real usando mapas, eles me deixam completamente feliz de pertencer à espécie humana."
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Que episódio lindo!