Sera que existe um momento certo para ser mãe? Até os 40 anos, Paola não tinha certeza se queria ser mãe. Editora de beleza, primeira mulher negra a ocupar o cargo em revistas de grande circulação no Brasil, Paola mergulhava no trabalho. Mas quando engravidou aos 42 anos, ela estava pronta para acolher essa nova vida e viver o ritmo da maternidade. Ela conta aqui a sua relação ao tempo, a síndrome de Hellp que a pegou de surpresa, a cesárea e o nascimento prematuro da Maya. Paola lembra desse encontrou com a sua bebe de apenas um kilo e meio, das semanas na UTI e do puerpério coletivo que as mães vivem nessa unidade neonatal. Ouvindo Paola, lembrei que na mitologia grega tem Chronos, o Deus do tempo cronológico, e Kairos, o Deus do tempo certo, do momento oportuno - um é relativo à quantidade, o outro à qualidade. Não há tempo objetivo para ser mãe, e sim um momento oportuno, diferente para cada mulher. Obrigada Paola pela sua confiança.
A morte súbita de um bebê é uma das coisas que mais assusta os pais. Em junho desse ano, numa quinta-feira, o coração de Theo parou de bater. Ele tinha um ano e oito meses. Raiva, revolta, desespero, incompreensão é o que a gente imagina. Mas Kamila não é essa pessoa. Kamila é diferente. Ela é a mãe de Theo. Um menino que olhava para o céu, o por do sol, as arvores e os bichos. Um menino que enxergava a beleza do mundo. Tal filho, tal mãe. Para Kamila, foi uma coisa espiritual. Theo tinha aquele tempo com os pais, um tempo para fortalecer o amor nesse lar. Ela conta nesse episódio o parto dolorido, em plena tempestade, o puerpério que lembra o luto e a vida com Theo e Raul, seu marido. Ela fala da sua fé, da felicidade que um dia voltará, do convívio com a saudade e do livro que está escrevendo. Obrigada Kamila pela sua confiança e por mostrar a presença na ausência.
Eu tenho uma pergunta para você: você está vivendo a vida que sempre desejou antes de ser mãe, ou a maternidade veio mudar os seus planos? Enquanto estava trabalhando como modelo, Pati tinha um sonho : ser mãe e viver na natureza. Hoje com dois filhos, morando no meio da Patagônia depois de perder tudo num incêndio, o seu sonho está se realizando. Pati conta nesse episódio a mudança de vida, o nascimento do Benjamin e o parto domiciliar da Cora. Ela fala da lactogestação e da amamentação que durou 5 anos. A catarinense, que escreveu quatro livros infantis, compartilha suas conquistas profissionais e a convicção de que ela e seus filhos têm a melhor vida possível. Obrigada Pati por mostrar que a maternidade é uma fonte de coragem para as sonhadoras. Gravamos a distância, ela no silêncio das montanhas chilenas e eu no agito da capital paulista.
Na véspera dos 40 anos, Débora, criadora da marca de sapatos Manolita, estava prestes a fechar um ciclo, o ciclo das gravidezes e dos bebês. Era pelo menos o que achava, mas, com a chegada do seu aniversário, um desejo, velado, apareceu, e Débora engravidou. Uma menina, Ada, depois do Tito e do Antonio. Então como nasce o desejo de ter um terceiro filho? Como tomar essa decisão de passar de dois a três? Para muitas mulheres não é nada obvio. Grávida de 8 meses, Débora conta nesse episódio essa terceira gestação, fala do medo do parto vaginal e da realidade da cesárea. Ela relata a dificuldade que teve de voltar a trabalhar aos dois meses do seu primeiro filho, e o dia em que foi parar no hospital por conta de uma crise de ansiedade. Foi aí que tomou essa decisão : a decisão de nunca mais adoecer por culpa materna. Obrigada Débora pelo seu entusiasmo e vida longa a essa nova família de cinco ! Segue mais um episódio da série #MergulhoNaGravidez
Quando Yohama escutou de um médico que não poderia engravidar por conta de uma menopausa precoce, ela pensou: “quem é você para me falar o que é impossível?”. De fato, Yohama age e acredita. Para que um diagnostico não se tornasse um destino, ela se movimentou, corpo e alma. E funcionou. Yohama engravidou. Então, como, depois dessa vitória, dessa prova de energia vital, recebe-se a notícia de que seu bebê, ainda na barriga, sofre de uma mutação genética complexa e rara: a esclerose tuberosa? Yohama conta aqui a vida com o seu filho Tom, a solidão e a exclusão social que sofre por ser uma mãe atípica. Ela fala também do seu amor renovado pela profissão de atriz, da necessidade de ficção nas nossas vidas, e de como hoje usa sua voz para falar da esclerose tuberosa e incentivar a busca pela cura. Obrigada Yohama por mostrar que é crendo no incrível, vendo o invisível e recebendo o impossível que se muda o mundo.
Entre a França e o Brasil existem inúmeras diferenças culturais e nas práticas relativas à gravidez e ao parto. Em vários momentos da gestação, essa comparação deixou Fernanda, mineira que mora na França, angustiada. Nesse contexto, o que fazer e a quem ouvir ao descobrir que a sua bebê, que não virou, está pélvica? Deveria escutar o médico francês que aconselhava um parto vaginal ou dar ouvidos a família brasileira que denunciava os riscos do parto normal e preferia a cesárea? Fernanda escolheu confiar no seu médico e viveu toda a potência do seu corpo parindo. Ela conta aqui a angustia de não engravidar, as palavras da parteira que ressoam como um destino e as palavras das amigas que tranquilizam. Ela relata também como pariu sozinha a sua segunda filha e a vitoria que é dar a vida. Obrigada Fê pela sua sinceridade e por mostrar com tanta generosidade essa transformação pessoal que a maternidade pode trazer na vida de uma mulher.
Quando entrevistei a Carol, ela tinha acabado de tirar o útero e os ovários. Mas não era a primeira cirurgia preventiva a qual se submetia. Quando Carol descobre que é portadora da mutação genética BRCA 1, que implica em até 80% de chance de desenvolver câncer de mama e 60% de desenvolver câncer de ovário, ela percebe que não tem escolha. Vai ter que operar e tirar a mama, o útero e os ovários. Como se articulam a necessidade de cuidar da sua saúde e o desejo de ser mãe, de amamentar o seu filho? E como enfrentar os partos e as cirurgias preventivas quando se tem medo da dor física? Com Carol falamos da cesária que alivia a angustia, de coragem, da menopausa aos 41 anos e da família vem em primeiro lugar. Nesse mês de conscientização para o controle do câncer de mama, eu quero incentivar a prevenção. Faça por você, faça pela sua família. Cuidando de você, você cuida de quem ama e te ama.
O que você faria ao descobrir em plena gravidez que o seu bebê tem uma síndrome que não permite viver? Em vez de encarar a morte, Clara olhou para a vida e seguiu em frente com a gestação. Enquanto estivesse vivo, Gabriel seria um bebê feliz. A vida desse menino foi celebrada e vibrada. Gabriel viveu vinte minutos, no colo da mãe. Um ciclo, para Clara. Com Clara falamos do puerpério que ela viveu sem o seu bebê, de seus dois outros filhos, Vinicius e Isabela, que vieram depois, e da vida que é mais forte que a morte. Aqui não existe desespero, mas o olhar de uma mãe onde transparecem paz e graça. Vida longa para essa família unida além da separação terrestre. Eis a nossa conversa, fruto de uma conexão luminosa entre Natal e São Paulo.
A gestação, o parto e o puerpério podem constituir momentos de ruptura psíquica. Vida, morte, desconhecido, medos se misturam às mudanças hormonais e fisiológicas. Como sustentar isso? Nessa última semana de setembro, eu quis focar na saúde mental das mães e convidei Yasmin Nascimento, que é psiquiatra, para conversar. Com ela falamos de depressão antenatal, de depressão puerperal e de blues. Se você, que me escuta, está enfrentado dificuldades em relação à sua saúde mental ou conhece uma mulher mãe que esteja passando por isso, busque ajuda. Ser mãe e cuidar de si são duas coisas que andam juntas.
Alguns dias antes do Samuel nascer, Erin sentiu muita luz. Tudo estava mais vivo. É talvez porque esse menino foi muito desejado pela mãe e por Gilad, o pai. Erin e Gilad nunca estiveram juntos, nem hoje nem ontem, mas eles se amam - como amigos. Então como se faz um bebê com um amigo? Erin conta aqui a importância da família para ela, como engravidou do Samuel e chegou a fazer um contrato de parentalidade com o pai, o primeiro a ser homologado no Brasil. Ela fala da gravidez sem parceiro romântico e dos medos que sentia ao pensar como ela, uma mulher com uma deficiência auditiva, ia conseguir cuidar do seu bebê. Samuel chegou bem e veio amplificar o amor e respeito entre os pais. Esse menino de um ano e três meses vive cercado do amor dos avós, tios e do carinho da sua babá.Obrigada Erin pela sua sinceridade e por mostrar uma outra maneira de construir uma família.
A primeira vez que eu vi a Aline foi pela tela de um computador. Eu estava na França no casamento da sua melhor amiga, e ela, em Uberlândia, grávida, acamada, passando muito mal. Aline sofreu uma complicação nas suas gravidezes chamada hiperêmese gravídica. Isso causa náuseas e vômitos severos provocando perda de peso e desidratação. Foram, em cada gestação, seis meses sem poder levantar da cama, sem poder se alimentar direito. Aline conta aqui o seu dia a dia grávida, as noites que passava sentada por conta da azia. Ela relata ter engordado ao ponto de não se reconhecer. Ela fala também das cesárias felizes que teve e da mudança que essa jornada trouxe: a maternidade lhe mostrou o caminho da leveza. Obrigada Aline pela sua honestidade e pela conversa que tem cheiro de cafezin com bolin. Gravamos a distância, ela em Minas Gerais e eu em São Paulo.
Quem já passou pelo puerpério sabe da desordem emocional e física que caracteriza essa fase.Talvez por ser ginecologista obstetra, Carol não tinha medo de parir. E de fato ela viveu dois partos felizes. O que ela temia de verdade era o puerpério. Como mais de 25% das mães no Brasil, Carol sofreu uma depressão após o seu primeiro parto. Ela conta a sensação de não existir mais como indivíduo, de não se reconhecer e o sentimento de estar privada de liberdade. Até mesmo a liberdade de morrer. E a saudade que sentia do seu trabalho. Por isso quando engravidou da sua segunda filha, seis anos depois, Carol se preparou para o puerpério. Ela relata aqui o papel essencial da terapia nesse processo e como encontrou o seu equilíbrio continuando trabalhando e amamentando a sua bebê. Sem renunciar ao seu trabalho, Carol estava em paz, ela era ela. Obrigada Carol pela sua sinceridade e por ser uma mãe que cuida das futuras mães.
Sei que deixei vocês na expectativa semana passada. Então não vou me alongar. Tilie volta contando a paz que sentiu ao descobrir a sua gravidez, uma gravidez que não foi só dela e do Beto, mas de uma família inteira e de seus amigos. Tilie relata como desconstruiu o seu medo do parto, os desafios da amamentação e da displasia no quadril da Brisa. O relato dessa maternidade tão esperada é cheio de entusiasmo. Entusiasmo, em grego, significa “inspirado por Deus”. Vida longa a Brisa, Tilie e Beto.
Você conhece a dor de uma mulher que sonha em ser mãe? A dor do “indetectável”? Acredito que muitas mulheres, que tentaram ou que estão tentando engravidar, já leram essa palavra no laudo do Beta HCG. A palavra que significa o ventre vazio, sem sinal de vida alheia. E vem diversas perguntas: “O que há com o meu corpo? O que as outras mulheres têm que eu não tenho? Será que Deus está me punido por algo? Quando vai ser a minha vez?”. Tilie esperou a sua vez. Foram quatro anos, dez FIVs e nove “indetectáveis”. Ela conta aqui como encarou os resultados negativos das FIVs, cada qual um luto imperceptível para a sociedade. Ela relata como pensou na possibilidade de nunca ser mãe, o câncer que descobriu em meio ao tratamento, e onde encontrou a força de continuar tentando. Tilie nunca perdeu esperança - pois como esperar sem esperança? O relato da Tilie é marcado pelas dores, físicas e emocionais, mas é muito mais do que isso. É um caminho de fé, um hino ao amor conjugal, familiar e à amizade. Obrigada Tilie por esse presente e por mostrar que o caminho para engravidar é uma cura.
Imagina estar grávida de seis meses e a empresa onde você trabalha há sete anos te liga falando: “eu queria te avisar que hoje é o seu último dia de trabalho, daqui alguns minutos o seu computador vai ser desligado”. Quando Pauline recebeu essa ligação ela morava em um veleiro, no mar de Miami, e assumia a responsabilidade financeira da família. O que aconteceu após a conversa, ela não lembra. Mas o seu marido a encontrou em estado de choque, deitada no barco — o cachorro latindo ao lado dela. A notícia interrompeu a tranquilidade da gestação e o assunto « gravidez » foi embora. Pauline tinha então sessenta dias para sair do país e trinta dias de plano de saúde. Ela não viu mais médico, o pré-natal parou. E onde ela ia parir? Pauline conta aqui a vida de aventureira no veleiro, a sombra de um aborto feito doze anos atras, a mudança de país, grávida de oito meses, o parto domiciliar que projeta ter e a nova vida no Brasil à espera de Alaya. Eu não consigo não pensar: se existisse uma licença-paternidade decente, será que a mulher grávida estaria exposta à tal violência econômica do mercado de trabalho? Acredito que não. Bem vinda nessa nova seria da Onda que #MergulhoNaGravidez Obrigada Pauline pela sua confiança.
Você sabia que na Suécia existe a licença parental há mais de 50 anos? Lá, foi comprovado que as mulheres que se beneficiaram da presença paterna quando crianças tem melhor saúde mental na idade adulta. É comprovado também que o bullying diminui nas escolas. Aqui no Brasil a licença paternidade é de cinco dias - só. Isso diz muito sobre uma sociedade que não considera que o lugar do pai seja perto do recém-nascido. Para comemorar essa semana do dia dos pais, eu convidei Ismael dos Anjos, jornalista e embaixador da CoPai, união que defende o aumento do prazo legal da licença paternidade. Com Ismael falamos de modelo de paternidade, dos benefícios para as mães, os filhos e os próprios pais da presença deles nos primeiros meses de vida do bebê. Falamos também da criação dos meninos negros no Brasil e sonhamos um futuro melhor para a nação. Gravamos no sol do inverno paulista.
Quando você foi criada com um modelo de mulher independente talvez a questão da maternidade não seja uma coisa óbvia. E você pensa: “será que é possível ser mãe e feminista?” Inspirada pelo discurso feminista da avó, Ana Luiza não sabia se queria ser mãe. Ela, que sempre pensou em trabalhar, temia o fato de se entregar 100% à maternidade. E de fato Ana Luiza, mãe de três meninos, abraçou com toda a sua alma esse papel, no qual se revelou ser muito boa. Ela conta aqui as gravidezes e os partos pelo mundo: um parto na Inglaterra, uma gravidez em Portugal, um parto caseiro e um outro num hospital americano. Três filhos, três experiências diferentes. Ela relata um percurso de vida através da maternidade, os sustos dos diagnósticos médicos, o prolapso que sofreu, o desejo do terceiro bebê. Ana Luiza que, se descobriu nessa função materna, hoje, com os filhos já um pouco crescidos, pensa no novo capítulo da sua vida: o seu trabalho artístico instigado pela maternidade. Gravamos a distância entre a Califórnia e São Paulo.
Em francês, mãe se fala “mère” e avó, “grand-mère”, literalmente “grande mãe”. Assim na maternidade trata- se de ser mãe e na grande maternidade de ser avó. Existe uma imagem romântica da avó que ama e cuida. Mas será que ela reflete toda a realidade? Se a maternidade é algo complexo e construído com o tempo, por que a “grande maternidade” não seria? Decidi convidar uma avó para falar da sua experiência. Nesse episódio, Edy conta, sem tabu, a alegria que sentiu quando soube que ia ser avó e o sentimento de ciúmes que a acometeu quando o primeiro neto nasceu. Ela relata como entrou no papel de vó que tanto gosta, como hoje concilia a sua vida profissional agitada com o fato de ser avó do Rocco e do Leon.
Quando você entra na conta Instagram de Lena Mattar o que aparece te dá água na boca. Lena é comunicadora gastronômica. Como foi a gravidez dela? Como ficou a sua relação com a comida? A realidade é que Lena é uma pessoa prática que se adapta aos desafios. E foi assim quando descobriu a endometriose e os miomas que poderiam impedir a gravidez. Grávida, ela ainda teve que lidar com o resultado positivo a uma doença genética que poderia comprometer a vida da sua filha. Como é viver esperando por mais de dois meses a confirmação de um diagnostico gravíssimo? Lena conta aqui os dois anos e meio para engravidar, a angústia e o silêncio durante a gravidez que só foi anunciada com quase 6 meses, e a cesárea, tranquila e emocionante. Ela relata os desafios que vieram depois: a volta ao trabalho, a introdução alimentar, a questão do segundo filho quando você mora fora. Assim a maternidade parece ser para Lena um exercício de aceitação e de flexibilidade. Precisa de outras qualidades para ser mãe? Gravamos num dia de primavera em Barcelona e de outono em São Paulo.
Querer ou não querer ser mãe, poder ou não poder ser mãe são questões diferentes. Às vezes a temporalidade não bate e o desejo nasce quando a possibilidade já se foi. Daniela ficou na duvida se queria ou não ter filhos. A fotografa e comissária de bordo estava feliz, independentemente da maternidade, mas a experiência a chamava. Então surgiu a outra questão: ela, que se aproximava dos 40 anos, e sofria de uma endometriose profunda, ia poder engravidar? Daniela conta aqui o diagnostico, a confiança que nunca a abandonou, o parto natural que ela abraçou mergulhando nas ondas das contrações, a conquista que representou dar à luz ao Arthur. Ela em plena harmonia com o seu corpo, a sua natureza e a sua história. Daniela relata também o puerpério delicado com um bebê que não mama facilmente e dorme pouco. Ela mostra como a sua tranquilidade e sua sabedoria ajudaram a lidar com a tristeza que a acometeu após o parto. Obrigada Daniela por mostrar que a idade e a experiência podem ser aliadas para enfrentar os mistérios da fertilidade.