Adolescência tardia: por que o amadurecimento emocional está sendo adiado?
Update: 2025-11-01
Description
A adolescência é um período de intensas transformações físicas, cognitivas e emocionais. Tradicionalmente, ela era compreendida como a transição da infância para a vida adulta, ocorrendo entre os 12 e os 18 anos.
No entanto, nas últimas décadas, pesquisadores, psicólogos e educadores vêm observando um fenômeno crescente: a adolescência tardia. São jovens que, mesmo na faixa dos 20 ou 30 anos, ainda apresentam comportamentos típicos da adolescência. Então, o amadurecimento emocional, que outrora era esperado ao final da adolescência tradicional, agora parece estar sendo adiado.
O que é a adolescência tardia?
A adolescência tardia é uma extensão do período de transição entre a infância e a vida adulta, marcada por uma demora no desenvolvimento emocional, na autonomia e na assunção de responsabilidades típicas da vida adulta. Embora biologicamente o indivíduo seja adulto, muitos ainda mantêm atitudes, expectativas e padrões de comportamento que remetem à adolescência.
Esse conceito não é uma invenção recente. Por isso, a psicologia do desenvolvimento já vem identificando há algum tempo a emergência de uma nova fase intermediária, que alguns chamam de "adultescência" ou "emerging adulthood", termo criado pelo psicólogo Jeffrey Arnett.
Mudanças sociais e culturais que influenciam esse fenômeno
O atraso no amadurecimento emocional não pode ser entendido sem considerar o contexto social e cultural em que vivemos. Então, as últimas décadas trouxeram transformações profundas nas estruturas familiares, no mercado de trabalho e nas formas de socialização.
Essas mudanças impactam diretamente o modo como os jovens se desenvolvem e constroem suas identidades. A adolescência tardia, portanto, não é um simples capricho geracional, mas um reflexo de um mundo que também mudou.
A pressão e as exigências do mercado de trabalho
Antigamente, era comum que os jovens começassem a trabalhar cedo e assumissem responsabilidades familiares ainda na juventude. Hoje, com a exigência crescente de formação acadêmica, especializações e experiências diversas, o ingresso pleno no mercado de trabalho ocorre cada vez mais tarde.
Esse cenário prolonga a dependência financeira dos pais e adia projetos de vida como sair de casa, casar ou ter filhos. A autonomia, portanto, fica comprometida, o que afeta diretamente o amadurecimento emocional.
O papel da família na manutenção da dependência
A estrutura familiar também contribui para a adolescência tardia. Muitos pais, em vez de promoverem a independência de seus filhos, acabam por reforçar comportamentos de dependência. Essa superproteção, embora bem-intencionada, impede que os jovens desenvolvam habilidades essenciais para a vida adulta, como resiliência, responsabilidade e capacidade de tomar decisões.
Além disso, em muitos lares, a ideia de "criança eterna" é alimentada, com os pais tratando filhos adultos como se ainda fossem adolescentes, o que gera uma dificuldade real de se verem como adultos, além de gerar traumas.
As redes sociais e o narcisismo juvenil
O uso intensivo das redes sociais criou um ambiente em que o reconhecimento externo se tornou um dos principais validadores da autoestima. Por isso, muitos jovens constroem identidades digitais idealizadas, buscando curtidas e aprovação constante.
Esse cenário favorece o desenvolvimento de um narcisismo juvenil, em que o outro é visto mais como espelho do que como sujeito. Esse padrão relacional superficial dificulta o amadurecimento emocional, já que o processo exige enfrentamento de frustrações, reconhecimento das próprias limitações e a construção de vínculos mais profundos.
As características da adolescência tardia
Os indivíduos que vivenciam uma adolescência prolongada geralmente compartilham algumas características comuns, que ajudam a entender por que esse período se estende tanto.
Essas características não são necessariamente patológicas, mas apontam para desafios no desenvolvimento que precisam ser acolhidos e trabalhados.
Dificuldade em assumir re...
No entanto, nas últimas décadas, pesquisadores, psicólogos e educadores vêm observando um fenômeno crescente: a adolescência tardia. São jovens que, mesmo na faixa dos 20 ou 30 anos, ainda apresentam comportamentos típicos da adolescência. Então, o amadurecimento emocional, que outrora era esperado ao final da adolescência tradicional, agora parece estar sendo adiado.
O que é a adolescência tardia?
A adolescência tardia é uma extensão do período de transição entre a infância e a vida adulta, marcada por uma demora no desenvolvimento emocional, na autonomia e na assunção de responsabilidades típicas da vida adulta. Embora biologicamente o indivíduo seja adulto, muitos ainda mantêm atitudes, expectativas e padrões de comportamento que remetem à adolescência.
Esse conceito não é uma invenção recente. Por isso, a psicologia do desenvolvimento já vem identificando há algum tempo a emergência de uma nova fase intermediária, que alguns chamam de "adultescência" ou "emerging adulthood", termo criado pelo psicólogo Jeffrey Arnett.
Mudanças sociais e culturais que influenciam esse fenômeno
O atraso no amadurecimento emocional não pode ser entendido sem considerar o contexto social e cultural em que vivemos. Então, as últimas décadas trouxeram transformações profundas nas estruturas familiares, no mercado de trabalho e nas formas de socialização.
Essas mudanças impactam diretamente o modo como os jovens se desenvolvem e constroem suas identidades. A adolescência tardia, portanto, não é um simples capricho geracional, mas um reflexo de um mundo que também mudou.
A pressão e as exigências do mercado de trabalho
Antigamente, era comum que os jovens começassem a trabalhar cedo e assumissem responsabilidades familiares ainda na juventude. Hoje, com a exigência crescente de formação acadêmica, especializações e experiências diversas, o ingresso pleno no mercado de trabalho ocorre cada vez mais tarde.
Esse cenário prolonga a dependência financeira dos pais e adia projetos de vida como sair de casa, casar ou ter filhos. A autonomia, portanto, fica comprometida, o que afeta diretamente o amadurecimento emocional.
O papel da família na manutenção da dependência
A estrutura familiar também contribui para a adolescência tardia. Muitos pais, em vez de promoverem a independência de seus filhos, acabam por reforçar comportamentos de dependência. Essa superproteção, embora bem-intencionada, impede que os jovens desenvolvam habilidades essenciais para a vida adulta, como resiliência, responsabilidade e capacidade de tomar decisões.
Além disso, em muitos lares, a ideia de "criança eterna" é alimentada, com os pais tratando filhos adultos como se ainda fossem adolescentes, o que gera uma dificuldade real de se verem como adultos, além de gerar traumas.
As redes sociais e o narcisismo juvenil
O uso intensivo das redes sociais criou um ambiente em que o reconhecimento externo se tornou um dos principais validadores da autoestima. Por isso, muitos jovens constroem identidades digitais idealizadas, buscando curtidas e aprovação constante.
Esse cenário favorece o desenvolvimento de um narcisismo juvenil, em que o outro é visto mais como espelho do que como sujeito. Esse padrão relacional superficial dificulta o amadurecimento emocional, já que o processo exige enfrentamento de frustrações, reconhecimento das próprias limitações e a construção de vínculos mais profundos.
As características da adolescência tardia
Os indivíduos que vivenciam uma adolescência prolongada geralmente compartilham algumas características comuns, que ajudam a entender por que esse período se estende tanto.
Essas características não são necessariamente patológicas, mas apontam para desafios no desenvolvimento que precisam ser acolhidos e trabalhados.
Dificuldade em assumir re...
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