Em agosto, as transações correntes do balanço de pagamentos registraram déficit de US$ 4,7 bilhões, resultado menor que o observado em agosto de 2024, quando o saldo negativo foi de US$ 7,2 bilhões. Apesar dessa melhora observada em agosto, no acumulado em 12 meses, o déficit em transações correntes alcançou US$ 76,2 bilhões, equivalente a 3,51% do PIB, 74% maior que o observado um ano antes, quando foi de US$ 43,6 bilhões (1,95% do PIB).

Em agosto, a balança comercial de bens apresentou superávit de US$ 5,5 bilhões, frente a US$ 3,7 bilhões no mesmo mês de 2024. Esse resultado refletiu o crescimento de 3,8% das exportações, que somaram US$ 30 bilhões, e a queda de 2,6% das importações, que totalizaram US$ 24,5 bilhões. Já o déficit na conta de serviços diminuiu 20,3% na comparação interanual, ficando em US$ 4,2 bilhões. Houve redução das despesas líquidas em várias categorias: transporte (-21,5%), propriedade intelectual (-18,6%), telecomunicação, computação e informações (-6,6%) e aluguel de equipamentos (-5,5%). As despesas líquidas com viagens internacionais permaneceram estáveis em US$1,2 bilhão.

Os investimentos diretos no país (IDP) registraram ingressos líquidos de US$ 8,0 bilhões em agosto, ligeiramente abaixo dos US$ 8,2 bilhões observados no mesmo mês do ano anterior. Do total, US$ 6,3 bilhões referiram-se à participação no capital, sendo US$ 2,3 bilhões em novas participações (exceto lucros reinvestidos) e US$ 4,0 bilhões em reinvestimento de lucros. No acumulado em 12 meses, o IDP somou US$ 69 bilhões (3,18% do PIB), resultado inferior aos US$ 71,2 bilhões registrados em agosto de 2024.

Na conta de renda primária, o déficit atingiu US$ 6,3 bilhões, alta de 6,4% frente ao resultado de agosto de 2024. As despesas líquidas com juros cresceram 9,3%, alcançando US$ 1,5 bilhão, enquanto os gastos líquidos com lucros e dividendos aumentaram 5,2%, somando US$ 4,9 bilhões. As reservas internacionais, por sua vez, atingiram US$ 350,8 bilhões, um acréscimo de US$ 5,7 bilhões em relação ao mês anterior, impulsionado por ganhos de paridade cambial, valorização de preços, retorno de linhas com recompra e receitas de juro.

Apesar da melhora pontual em alguns indicadores, há uma clara deterioração do cenário externo. O déficit em transações correntes, que se ampliou ao longo de 2024, segue em patamar elevado em 2025. Considerando o acumulado em doze meses, o déficit em transações correntes supera a entrada líquida de investimento direto no país desde maio. No acumulado dos últimos doze meses, o saldo negativo somou US$ 76,2 bilhões, o maior valor para o período desde 2015. Enquanto isso, o ingresso líquido de Investimento Estrangeiro Direto acumulado nos últimos doze meses, que compensa o déficit, foi de US$ 71,2 bilhões, mostrando uma deterioração do cenário externo e maior risco de dependência de operações de regularização ou uso de reservas internacionais.