Consciência negra é entender que não somos uma coisa só, mas que nossos destinos estão entrelaçados. Não é pensar igual, nem caminhar sempre o mesmo caminho. Quem tenta transformar nossa diferença em uma massa homogênea é o coturno que pisoteia a mãe com os filhos no colo, esmaga o pescoço do nosso irmão e tenta nos manter no chão imobilizados. é o sistema de poder racista que tenta nos categorizar e prender ao que eles entendem que é o nosso lugar. Pra quem tenta quebrar as hierarquias impostas pelo poder branco, a violência é certeira e os assassinos são impunes. ontem um júri nos Estados Unidos absolveu um assassino racista. o olhar racista da polícia agora é ampliado pelo olhar racista de câmeras de reconhecimento facial. uma criança negra foi morta no fogo cruzado e uma criança guarani foi atacada pelo pit bull de um fazendeiro. O poder branco, materializado nos Estados Nacionais faz girar suas engrenagens para manter negros, indígenas e demais povos racializados em uma posição subalterna. pra isso eles usam a violência e o medo ou cooptam aqueles do nosso lado dispostos a agir como capitães do sistema em troca das migalhas que caem da mesa dos senhores. mas resistimos: contra o mundo branco que nos quer ver mortos ou escondidos na área de serviço; contra os que reduzem nossas vidas a números em planilhas e aceitam a fome, a doença e o desemprego que assolam nosso povo como danos colaterais aceitáveis; contra quem nos mede em arrobas. somos um povo forjado na dor do desenraizamento de muitos povos. mas criamos novas raízes do outro lado do mar e crescemos. Devagar, às vezes envergando, mas sem nunca quebrar, crescemos. e vamos romper as barreiras de concreto que tentam nos prender, limitar nosso espaço, nos sufocar. as bases do sistema branco vão tremer e suas torres vão cair. não tememos destruir, pq sabemos que fomos nós que construimos.
Isso pra nós é consciência negra.

Viva Zumbi! Viva João Cândido! Viva o povo preto! Viva o 20 de Novembro!