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Freud Tá On

Author: jairo carioca

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Com Freud a Psicanálise vai para além da clínica, ela também é um meio de se pensar a cultura, os fenômenos sociais e políticos, dialogando com os mais complexos saberes, sendo uma contra-resposta aos discursos totalizantes da ciência e da religião. Eis o nosso objetivo, implicar!
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“Julguei necessário formar uma associação oficial porque temia os abusos que a psicanálise estaria sujeita logo que se tornasse popular. Deveria haver alguma sede cuja função seria declarar: Todas essas tolices nada têm a ver com a análise; isto não é Psicanálise.”    FREUD, S. (1914). História do movimento psicanalítico. Rio de Janeiro: Imago, 1969. (Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, págs. 56-57.
“LILITH: O feminismo arcaico como estratégia transgressora” Ela foi considerada uma deusa “pagã”, atacada na Bíblia como uma das maiores inimigas do cristianismo, serviu pra representar a cobra que corrompeu Adão e Eva no jardim, e deu origem dos cultos do divino feminino, classificados como bruxaria séculos mais tarde, e tão combatidos pela inquisição. Ashera foi a esposa de YHWH, e como Maria Madalena, a deusa foi vítima da sociedade que valorizava apenas os homens. Vem comigo para este segundo encontro sobre feminismos no antigo testamento.
Seminário de Leitura em bell hooks Livro: “O feminismo é para todo mundo – Políticas arrebatadoras” Este livro é imprescindível para a compreensão das relações entre gênero, raça e classe. Segundo bell hooks, não há amor onde há dominação e que para acabar com o patriarcado precisamos ser claros que somos todos participantes na perpetuação do sexismo até que mudemos nossas mentes e corações, até que abandonemos o pensamento e as ações sexistas e o substituamos pelo pensamento e as ações feministas. Seguindo um dos conselhos da autora, que recomenda que o livro seja resenhado, discutido, presenteado e adotado em cursos, estaremos dando inicio ao nosso seminário de Leitura numa interface com a psicanalise. Encontro semanal, quintas-feiras, sempre às 21h. Inicio: 12 de Janeiro Encontros gratuitos e online Coordenação Jairo Carioca de Oliveira Teólogo e Mestrando em Educação atua como psicanalista desenvolvendo pesquisa na interface entre psicanálise e feminismo – estudos de gênero no Laboratório de Educação, Gênero e Sexualidades da UFRRJ. É participante do Fórum do Campo Lacaniano de Nova Iguaçu.
Seminário de Leitura Psicanalise e Cultura “LILITH: O feminismo arcaico como estratégia transgressora” Diz a lenda hebraica que certa vez enquanto o rei Salomão estudava a Torah, as letras dos livros sagrados voaram misteriosamente e isto imediatamente alertou o rei para alguma ameaça. Foi quando Salomão percebeu diante de si uma sedutora mulher de cabelos negros em seu quarto. Aquela fascinante presença feminina totalmente nua o aterrorizou, visto que nenhuma das portas de seu aposento havia sido abertas, o rei agarrou a mulher pelo braço e a arrastou para diante de um espelho. Ela não tinha reflexo. Com seu disfarce desmascarado ela desapareceu no ar, trazendo as letras do Torah de volta aos livros. Mas quem era essa mulher capaz de seduzir um homem considerado um símbolo da sabedoria pelo Judaísmo e Cristianismo? Capaz de fazê-lo se afastar, ainda que brevemente, da palavra de Deus? Ela é Lilith. Comparada à lua negra e aos impulsos sexuais escondidos, acompanha a história da civilização sendo considerada uma transgressora de papéis sociais femininos, personagem do folclore hebraico que sempre renasce no discurso contra o patriarcado. Encontro semanal, quintas-feiras, sempre às 23h. Inicio: 12 de Janeiro Encontros gratuitos e online Coordenação Jairo Carioca de Oliveira Dr. h. c. em Psicologia pelo Logos University International (Flórida-EUA), Teólogo e Mestrando em Educação atua como psicanalista desenvolvendo pesquisa na interface entre psicanálise e feminismo – estudos de gênero no Laboratório de Educação, Gênero e Sexualidades da UFRRJ. É participante do Fórum do Campo Lacaniano de Nova Iguaçu e Integrante do Coletivo Psicanalistas Unidos pela Democracia - PUD.
Livro: “O feminismo é para todo mundo – Políticas arrebatadoras” Este livro é imprescindível para a compreensão das relações entre gênero, raça e classe. Segundo bell hooks, não há amor onde há dominação e que para acabar com o patriarcado precisamos ser claros que somos todos participantes na perpetuação do sexismo até que mudemos nossas mentes e corações, até que abandonemos o pensamento e as ações sexistas e o substituamos pelo pensamento e as ações feministas. Seguindo um dos conselhos da autora, que recomenda que o livro seja resenhado, discutido, presenteado e adotado em cursos, estaremos dando inicio ao nosso seminário de Leitura numa interface com a psicanalise. Encontro semanal, quintas-feiras, sempre às 21h. Inicio: 12 de Janeiro Encontros gratuitos e online Coordenação Jairo Carioca de Oliveira Teólogo e Mestrando em Educação atua como psicanalista desenvolvendo pesquisa na interface entre psicanálise e feminismo – estudos de gênero no Laboratório de Educação, Gênero e Sexualidades da UFRRJ. É participante do Fórum do Campo Lacaniano de Nova Iguaçu.
Acima de tudo o que se pode falar sobre Freud é que este sustentava o inusitado da psicanálise. Para os que amam padrão, regras, manuais, ortodoxia, não conseguiriam estar com Freud e sua psicanalise. Seu critério na condução dos tratamentos não era o padrão, mas a descoberta: era preciso que ela acontecesse e, para isso, era preciso dispensar o já esperado. Ouçam três historias com personagens diferentes atravessados pela ética da psicanalise sustentada por Freud. Que com sua pratica conduzia o seu analisando a constatar que o desejo pode ser sustentado e que uma clínica normalizadora, sem a presença do analista como Real como propôs Lacan - deixa o Real desbussolado.
O primeiro ponto a salientar sobre a origem da moralidade segundo a teoria freudiana é que se trata de um tema pelo qual Freud se interessou desde cedo, conforme carta de Freud a Fliess de 1897, na qual ele informa que "um pressentimento me diz que muito em breve eu descobrirei a fonte da moralidade". E ao explicitar a noção de sagrado afirma: Sagrado é algo baseado no fato de que os seres humanos, em prol da comunidade maior, sacrificaram uma porção de sua liberdade sexual e de sua liberdade de participar de perversões sexuais. O horror ao incesto [...] é baseado no fato de que, como um resultado da vida sexual comunal [...] os membros da família permanecem juntos permanentemente e se tornam incapazes de se aproximar de estranhos. Portanto, incesto é antissocial – a civilização consiste de uma renúncia progressiva a isso.  Vamos falar um pouco desse tema...
No dia 17 de Outubro de 2018, o advogado estadunidense Mike Godwin, criador da Lei de Godwin, que critica a banalização das comparações com o nazismo, autorizou pelo Twitter comparações entre Bolsonaro com Hitler. O avanço das politicas fascistas se dá no ódio ao diferente (outro), criando assim uma falsa ideia de “maioria nacional única”, que é personificada no homem, branco, heterossexual, num culto à masculinidade, uma negação do feminino, uma ascensão da cultura do estupro, uma aversão a gays, e todas as minorias. Precisamos urgentemente resistir a barbárie.
A psicanalise propõe Uma nova concepção da sexualidade, pois sobre a sexualidade humana, não há nada natural nisso. A grande subversão da psicanálise, que escandalizou Viena no início do século XX, foi o fato de Freud basear toda compreensão da atividade sexual humana na descoberta da sexualidade infantil. Um dos polos que mais geram resistência à teoria freudiana da sexualidade é precisamente sua concepção de uma sexualidade plural, exuberante, desconcertante e, além disso, essencialmente calcada nas vivências primevas da infância. Afinal, o que produz o corte entre o animal e o humano?
A CULTURA DO ESTUPRO

A CULTURA DO ESTUPRO

2022-07-1808:55

Assusta saber que há uma “cultura do estupro” em nosso país. Mas quando você tem mulheres estupradas a cada oito minutos, você tem algo que reflete certo comportamento. Estupro é ato de repetição. Esse termo tem sido usado por feministas para apontar comportamentos sutis ou explícitos que silenciam ou relativizam a violência sexual contra a mulher. Cultura não significa algo positivo, nem legítimo. A filósofa Marilena Chauí a definiu como “toda produção simbólica de uma sociedade” e o sociólogo Denys Cuche, em seu livro “A Noção de Cultura nas Ciências Sociais” explica que a noção de cultura se revela então o instrumento adequado para acabar com as explicações naturalizantes dos comportamentos humanos. A natureza, no homem, é inteiramente interpretada pela cultura. Isso significa dizer que se é cultural, nós criamos. Se nós criamos, podemos mudá-los. Vamos debater sobre isso nesse áudio criado num improviso enquanto aguardava a abertura do Teatro Municipal do Rio, no dia 12 de Julho, em resposta a um amigo se seria o estuprador um doente mental, portanto, alguém com certa patologia. O áudio viralizou e foi citado numa reportagem do Jornal O Globo, na pág. 31 no caderno Saúde na reportagem “Maldade ou Loucura, Um caso a ser diagnosticado” como contraponto a alegação da defesa do médico estuprador de que o mesmo possui uma doença mental. Me acompanhem...
A psicanálise, por valorizar uma clínica na qual o sujeito é o protagonista que transmite um saber sobre o seu sofrimento, deixa de lado diagnósticos que enquadram e silenciam o sujeito, por outro lado, a psicopatia não coincide com nenhuma das entidades nosológicas da clínica estrutural (neurose, psicose e perversão), o que torna ainda mais difícil a sua operacionalização. A canalhice não é um diagnóstico como a psicopatia, e a psicanalise vai discorrer sobre ela, havendo duas menções pontuais ao “canalha” e à “canalhice” em elaborações lacanianas. Embora a possível associação entre o psicopata e o canalha não seja, por si só, evidente, são figuras nas quais é possível entrever um parentesco. O psicopata, tal como o canalha, tem a capacidade de, ao ocupar o lugar de grande Outro, mandar sobre o desejo e o gozo do pequeno outro. Nesse ponto, Lacan vai marcar um limite para a psicanálise, alertando aos psicanalistas que a psicanálise é uma prática na qual a impossibilidade também está incluída, sendo o canalha um grande exemplo dessa limitação. No livro estou falando com as paredes, e na entrevista Televisão Lacan faz referência ao canalha. Ele fala disso numa discussão a respeito dos quatro discursos – o discurso do mestre, da histérica, da universidade e do psicanalista – e aí, chega a dizer que haveria quase que um quinto discurso que, ainda que não tenha sido trabalhado por ele como os quatro já citados, parece-lhe bastante relevante: o discurso do canalha. Lacan, de modo categórico, afirma que não devemos aceitar um canalha em análise.
Estupro é crime, mas isso não quer dizer que estupradores sejam necessariamente doentes, são pessoas comuns que carregam dentro de si culturas, tradições, inclusive uma noção sobre a relação de gênero. Isso se deve a uma cultura machista em que a mulher é vista como um ser de segunda classe, suscetível a violência e sem perspectiva, nessa cultura não é permitida a autossuficiência da mulher. Na cultura machista, igreja e estado caminham de mãos na pauta da repressão da Sexualidade Feminina. A doutrina dos sacramentos apresenta o corpo masculino como a matéria para a realização do sacramento da ordem e é justamente em torno do sacerdócio que se estrutura o poder institucional. Um poder, nesta visão, originado diretamente da relação entre Cristo e sua Igreja. Uma relação, portanto, estruturalmente mediada por relações de gênero. No Estado, a família não é apenas instituição social, mas também política. É através da família que o Estado regula a sexualidade, então o sexo, é também, uma questão politica. Dai que propor uma educação que fale de gênero e sexualidades, é propor uma pedagogia da indignação, isto é, desafiar o Estado e a família como mecanismos instrumentalizados na cultura machista para a repressão da sexualidade. Todo Estado opressor é um macho estuprador.
Este curso se propõe a discutir a noção de caso-limítrofes em uma perspectiva psicanalítica, de maneira a contribuir para a compreensão dos quadros de sofrimento psíquico que se apresentam como verdadeiros desafios aos psicanalistas na contemporaneidade. Situações clínicas onde as subjetividades em questão não mais encontram meios de repre-sentação do excesso pela via da linguagem, restando a alternativa de inscrição no registro corporal, e que fazem os psicanalistas hesitarem entre os diagnósticos estruturais de neurose, psicose e perversão, obrigando-nos, portanto, a rever também os dispositivos que norteiam sua direção do tratamento.
"Relacionar-se é caminhar na neblina sem a certeza de nada." (Zygmunt Bauman) Insegurança no relacionamento, ciúmes incontroláveis, brigas indesejáveis, perda do desejo e do afeto, falta de apetite sexual, traições virtuais, sexos ocasionais, linguagem agressiva, violência e toxicidade, imaturidades emocionais e uma lista quase infinita de coisas que cada vez mais torna a possibilidade de um relacionamento saudável, algo que só existe em livros infantis de contos de fada. As relações afetivas na atualidade se baseiam no tudo que se tem, mas nada se retém, vivemos a era da liquidez, e desde então, muitas coisas se perderam. Entre as coisas perdidas estão as habilidades necessárias para estabelecer relações de confiança, as para o que der e vier, na saúde e na tristeza, aquela velha promessa dita nos altares religiosos, quase um mito. Se algo no outro não me agrada, então eu o substituo por uma promessa maior de felicidade e prazer, como se fora o amor um objeto encontrado e por isso, procurado à exaustão. O amor líquido é um amor "até segundo aviso", com um fantasma de eliminação imediata pairando e por isso mesmo, de ansiedade permanente. Mas o amor é um produto de um longo e muitas vezes difícil esforço e de boa vontade. O amor deve ser primeiro aprendido, para só então ser praticado, pois como se pode lutar contra as adversidades do destino sozinho, sem a ajuda de um companheiro (a) de vida, para compartilhar os altos e baixo? Nenhuma relação é infalível, é verdade, mas afinal, a vida também não o é! Será que a psicanalise tem algo a dizer sobre isso? Me acompanhe nestes dias e juntos vamos pensar este tema.
A ideia de uma psicanálise aberta ao público, especialmente àqueles que não têm condições de pagar por um tratamento, teve como expoente o próprio Freud: “Se a psicanálise, ao lado de sua significação científica, tem valor como procedimento terapêutico, se é capaz de fornecer ajuda àqueles que sofrem em sua luta para atender às exigências da civilização, esse auxílio deveria ser acessível também à grande multidão, demasiado pobre para reembolsar um analista por seu laborioso trabalho.” Mas é preciso ressaltar que uma psicanálise como política social de saúde pública não equivale a uma Clínica Aberta, cuja experiência se pretende às margens, por encontrar-se deslocada das instituições do Estado. Sem entrarmos nos pormenores dos possíveis impasses que uma psicanálise como direito comportaria, o que pretendemos ressaltar é que uma Clínica Aberta não se constitui como uma política pública, apesar de seu caráter político e público. O psicanalista pauta sua estratégia clínica pela singularidade dos significantes de cada sujeito, cabendo uma margem de liberdade na tática, mas no sentido da política da direção de um tratamento sob o desejo do analista. Dessa forma, que fique claro: uma Clínica Aberta não substitui nem pretende preencher as lacunas do Estado e a defasagem de políticas sociais públicas por meio da filantropia ou do trabalho voluntário, como uma espécie de “braço esquerdo do Estado”. A Clínica Aberta, como dispositivo, sustenta-se a partir da ética analítica, o que contradiz o esforço neurótico por um Outro supostamente todo-consistente, ponto em que o desejo é escamoteado.
Apesar de ser um ateu convicto e de sempre ter professado seu ateísmo, Freud, paradoxalmente, manifestou grande interesse pelo estudo do fenômeno religioso e empenhou-se seriamente em empregar elementos-chave da teoria psicanalítica para interpretar as origens e a natureza da religião. Seu posicionamento, porém, diante da religião, é frequentemente divulgado em sua forma exclusivamente crítica e negativa. Por outro lado, Lacan reuniu em torno de si muitos católicos, em especial os jesuítas, que começaram a se aproximar da psicanálise através de seu ensino e contribuíram muito para ela com suas publicações. Assim, tanto em Freud quanto em Lacan, há algo na religião que os intriga, este (des) encontro com a psicanálise que se torna uma questão instigante, pois enquanto esta se fundamenta na imanência do mundo empírico para empreender uma abordagem teórico-clínica do psiquismo humano e sua constituição a partir da cultura, a religião se dirige à transcendência e mantém acesa no homem a esperança de entrar em contato com o divino através da mediação de um sistema de crenças e rituais. A religião que Freud presenciou tinha como característica a renúncia ao gozo. Já a religião contemporânea, pode ser definida como terapia. A verdade que a religião traz perde espaço, e o que se sobressai são seus efeitos de bem-estar. A cada dia são “inventadas” novas Igrejas e seitas de diversas orientações. Contudo, todas parecem atuar no mesmo ponto: prometem dar conta de toda vida do sujeito, e operam numa esfera antes não explorada. A promessa recai diretamente na resolução da angústia e do sofrimento humano, e também na melhora das condições de vida do sujeito. Miller, diante da religião, hoje sugere que temos então na religião as condições prévias do que temos na clínica. Consideramos o estudo do sujeito religioso como algo que pode nos acrescentar sobre o gozo e, consequentemente, pode nos dizer muito sobre o sujeito que atendemos no consultório. Como a religião opera sobre o gozo na contemporaneidade? O que causa a forte irrupção de gozo hoje? O estudo do sujeito religioso pode nos dizer algo sobre o sujeito que atendemos nos consultórios? Vamos estudar esses contrapontos.
Freud indicou que as instituições e sociedade são indissociáveis, e que pode haver exclusões do sujeito dentro de um instituição regida por um saber, sendo assim, o discurso Psicanalitico deve estar pronto a incluí-lo, mas sem palavras, discurso que foca o saber no lugar da verdade, isto é, que trata do saber sobre a singularidade subjetiva em seu estado nascente, no próprio ato da palavra falada. Desta forma, torna-se necessário compreender os discursos dentro do espaço escolar, não por uma perspectiva Psicanalítica, sendo essa apenas uma forma de análise, mas a partir de uma ação sobre as regulações e silenciamento ocorrido nestes espaços.
No texto “Vivendo de Modo Criativo” Winnicott discorre sobre o amor e a criatividade, afirmando que uma relação amorosa saudável constitui uma experiência transicional, na qual os parceiros amorosos, sem abrir mão do gesto criativo e espontâneo, são capazes de ter um relacionamento com o outro externo. Para Freud, nós não saímos ainda do conto de fadas; daí que o amor verdadeiro, é um amor que não é real. No entanto, ambos chegam a conclusão de que viver feliz para sempre é um clarear de seus próprios conceitos a respeito de sua forma de amar e da sua individualidade. O amor ou o sentimento amoroso adulto é, por excelência, ambivalente; trazendo em seu cerne situações conflitivas suportáveis. O amor consiste, assim, na possibilidade de expressar o self verdadeiro na relação com o outro, aceitando sua diferença, uma vida própria, na companhia do outro, com sentido e digna de ser vivida. Isso é a riqueza do fenômeno amoroso.
Com Winnicott e Lacan é possível haver um diálogo atravessado pelo viés da continuidade e da falta. De forma epistolar, ambos os psicanalistas formulam conceitos que discutem o Manejo da Experiência de Sofrimento na Prática Clínica.
O Cuidado, a Ternura e a Carícia Estes três sentimentos – o cuidado, a ternura e a carícia – são fundamentais para a qualidade da relação a dois, assim como para as demais relações familiares. Entretanto, como um texto, literalmente erótico, pode se tornar sagrado? É preciso ir além de sua linguagem sensual plurissignificativa, seu contexto histórico e cultural que dialogam com interpretações da sexualidade humana presentes no decorrer histórico de todo o cristianismo, reafirmando a sublimidade do amor, expresso em linguagem físico-cultural. O livro mostra a vitória do amor e da sexualidade sobre a repressão social e também sobre a sedução da riqueza e do poder. Nele, uma jovem negra é assediada por dois homens: O Rei, que representa a elite monárquica, proprietária de terras e que explora o trabalhador do campo, o outro homem é o Camponês, pastor do campo e verdadeiro amor da jovem. Através da Psicanalise podemos ver nas Sagradas Escrituras a possibilidade de ler a nós mesmos e a nossa vida, como escreveu a psicanalista Julia Kristeva “um diálogo que não é trágico e nem filosófico: vincula uma dimensão real e simbólica. É tensão e prazer, repetição e infinito; não é só uma comunicação, mas encantamento; diálogo que canta, invocação”. E conclui Julia Kristeva: “Deus e o Desejo sempre estiveram lá, é uma questão de contemplá-los como eles estão implicitamente presentes na experiência psíquica individual”. O pano de fundo é Eros/Tanatos, o amor e a morte como antítese. Só depois de ver que tipo de amor evoca o Cântico dos Cânticos, é que entendemos melhor o significado de sua inserção como Poema Sagrado.
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