O Poema Ensina a Cair

Perseguindo a ideia de Lawrence Ferlinghetti - "a poesia é a distância mais curta entre duas pessoas" - esperamos, através das escolhas poéticas dos nossos convidados, ficar mais perto deles e conhecê-los melhor. Usamos o verso de Luiza Neto Jorge “O Poema Ensina a Cair” para dar título a este podcast sobre os poemas da vida dos nossos convidados. Um projecto da autoria de Raquel Marinho. "Melhor podcast de Arte e Cultura" pelo Podes 2021 - Festival de Podcasts.

Carlos Fiolhais (II):"Temos de mudar de vida para manter a vida"

Na segunda parte da conversa com o físico Carlos Fiolhais, conversamos sobre 5 poemas e um livro, o Cosmos de Carl Sagan: "o Cosmos é um livro muito interessante e interessa a todos porque trata de tudo. O que é o universo, o cosmos? É tudo o que existe, existiu e existirá." Poemas: Jorge de Sena – Homenagem a Francisco Sanches Vitorino Nemésio – ADN Álvaro de Campos/ Fernando Pessoa – Ode Triunfal Antero de Quental – Evolução Luís de Camões - Canto V de Os Lusíadas (excerto)

11-22
01:01:35

Carlos Fiolhais (I):". Poesia e ciência são ambas dimensões humanas, são as duas actividades humanas."

Físico, professor, antigo director da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, criador do Centro de Ciência Viva Rómulo e do Centro de Física Computacional da Universidade de Coimbra, onde instalou o maior computador português para cálculo científico (Centopeia). Carlos Fiolhais, 68 anos, nasceu em Lisboa, foi baptizado no Mosteiro dos Jerónimos e em criança, porque cresceu no bairro da Ajuda, brincava no jardim da Praça do Império e na Rosa dos Ventos, já andava ali a pisar o mundo todo. Acredita que descobrir é das coisas mais humanas que há, e foi talvez por isso que estudou física – queria percorrer o caminho da aventura da ciência. Coimbra primeiro, depois doutoramento na Alemanha, e desde então a tal aventura de conhecer, partilhar conhecimento, com os alunos da faculdade mas também com o público. Podemos dizer que é um divulgador de ciência, mas também um entusiasta dessa divulgação. Poemas primeira parte: Adília Lopes – Memórias das Infâncias Jorge Sousa Braga – Poema de Amor Eugénio Lisboa – Kepler Alexandre O’ Neill – Aos vindouros se os houver António Gedeão – Poema Para Galileu

11-15
01:05:19

Luísa Freire: "Escrever poesia é um recolhimento para fora."

Luísa Freire nasceu em Castelo Branco, em 1933. É licenciada em Filologia Germânica e mestre em Literaturas Comparadas pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Lisboa, a mesma onde integrou o Instituto de Estudos sobre o Modernismo, e onde investigou a obra pessoana, sobretudo a poesia inglesa de Fernando Pessoa, que publicou e traduziu. Publicou este ano Atravessar o Frio, o primeiro de 2 volumes de poesia inédita, pela Assírio & Alvim. Considera que escrever poesia é uma forma de se conhecer melhor, de pensar as coisas, e sente-se "absolutamente filha de Álvaro de Campos", heterónimo de Fernando Pessoa. Além de continuar a escrever poesia, continua a pintar. Para Luísa Freira "a poesia é uma forma de poema" e quando pinta sente que está a escrever. Poemas: Álvaro de Campos/ Fernando Pessoa: Não estou pensando em nada Bashô: Nada a sugerir Buson: De pé, em silêncio – Issa Kobayashi: Floresce a ameixeira: Shiki: Aqui e ali Sophia de Mello Breyner Andresen: Movimento António Ramos Rosa: As palavras dizem os arcos do mar Eugénio de Andrade: No teu ombro respiro Albano Martins: Crepúsculo de Agosto Carlos de Oliveira: Espaço/ para caírem/ gotas de água Fernando Guimarães: Vens de longe. Mais perto de ti encontras Pedro Tamen: Suspendo a mão entre o A e o B, Gastão Cruz: Variação

11-08
58:02

Carlos Vaz Marques (II):"O Cesariny é uma figura que teve importância na minha imaginação, na relação com a poesia, ao ponto de eu ter tido um cão chamado Cesariny."

Segunda parte da conversa com Carlos Vaz Marques, jornalista, editor e tradutor. Conversamos sobre alguns dos poemas de que mais gosta, e reflectimos sobre os que os poemas sugerem. Por exemplo, a ideia de cair ou não "verticalmente no vício" de que fala Mário Cesariny, ou a ideia de entrar ou não resignado "nessa noite tranquila", de que nos fala Dylan Thomas. Para livro de não poesia, o nosso convidado escolheu o Livro do Desassossego, e até sugeriu uma espécie de jogo que cada um de nós pode fazer on-line, para criar a sua própria edição deste livro de Fernando Pessoa. Poemas segunda parte: Camilo Pessanha - Singra o navio Álvaro de Campos - Olha, Daisy, quando eu morrer Cesário Verde – De Tarde Mário Cesariny – Pastelaria Não Entres Resignado Nessa Noite Tranquila, de Dylan Thomas (tradução de Carlos Vaz Marques) Livro: Livro do Desassossego

11-01
01:14:30

Carlos Vaz Marques (I): "A poesia está no início. Eu acho que a seguir aos livros de aventuras da infância, aquilo que me motivou durante mais tempo na adolescência foi descobrir poetas e poesia."

Carlos Vaz Marques, 60 anos, vem dizendo que ganha a vida a fazer perguntas, mas hoje em dia, além de jornalista, é também editor e tradutor. Estudou Línguas e Literaturas Modernas, foi professor durante 2 anos, trabalhou na Rádio universidade Tejo, no JL, no semanário O Jornal, e na TSF durante muitos anos, rádio onde criou esse espaço de entrevistas chamado Pessoal e Transmissível, o programa de comentário cujo nome está impedido de dizer e que permanece até hoje, e um programa diário de sugestões de leitura chamado Livro do Dia. Na primeira parte desta conversa, dá-nos conta de alguns dos poemas de que mais gosta, do primeiro encontro com a poesia através das palavras do avô materno que sabia o Canto IX dos Lusíadas de cor, das primeiras leituras de ficção com os livros de Enid Blyton, da forma curiosa que escolheu para se relacionar com o mundo: "Há duas formas de nos relacionarmos com o mundo. Uma é esperar que o mundo venha ter connosco, outra é irmos ao encontro do mundo. E no meu caso, até pelo treino de jornalista, sempre fujo muito de me centrar muito em mim próprio." Poemas primeira parte: 1: Luís de Camões – Sete anos de pastor Jacob servia Labão 2: Ruy Belo – Algumas proposições sobre pássaros que o poeta remata com uma referência ao coração 3: Jorge de Sena – Carta a meus filhos sobre os fuzilamentos de Goya 4: Alberto Caeiro, Poema VIII, O Guardador de Rebanhos 5: Herberto Helder – Li algures que os gregos, A faca Não Corta o Fogo

10-25
01:23:47

Mia Couto: "Eu não vejo a poesia como um género literário, acho que a poesia é uma forma de olhar o mundo, é uma sensibilidade, é uma forma de perder fronteira"

Escritor, poeta, filho de poeta, biólogo, um dos nomes maiores da literatura escrita em português, Mia Couto acaba de lançar o livro A Cegueira do Rio, edição Caminho. Sobre o livro, deixou aos futuros leitores esta mensagem escrita à mão numa livraria de Lisboa: “uma visita ao fim da escrita, esse lugar onde os rios já são fronteira e nos ensinam a sermos pontes para chegar aos outros”, fim de citação. Neste podcast conversamos sobre o novo romance, mas também sobre poesia , essa forma de perder fronteira que Mia Couto considera ser necessário recuperar. É escritor de romances mas também poeta e é assim que se assume antes de qualquer coisa, "isso não sai de mim de maneira nenhuma".

10-23
50:01

Zeferino Coelho (II):"A poesia teve um papel muitíssimo importante na luta anti-fascista."

Segunda parte do podcast com Zeferino Coelho, lendário editor português, um dos fundadores da Caminho e editor de José Saramago, sobre quem conversamos longamente. A luta anti-fascista é outro dos temas desta segunda parte, assim como a poesia como instrumento de resistência ao regime do Estado Novo. Por exemplo quando um poema de Alexandre O’ Neill dito por Mário Viegas num protesto de estudantes, fez os presentes ficarem no lugar em vez de fugirem à polícia, como queriam inicialmente. Poemas segunda parte: Ricardo Reis – Para ser grande sê inteiro Ricardo Reis – Tirem-me os deuses Mário Cesariny – You are welcome to Elsinore Miguel Torga – Dies Irae Carlos de Oliveira - Acusam-me de mágoa e desalento Manuel Bandeira – Vou-me embora para Pasargada Livro: Ensaio sobre a Cegueira, José Saramago

10-18
01:00:21

Zeferino Coelho (I): "A nossa hipótese de sobrevivermos ao quotidiano é através da poesia."

Foi o editor de José Saramago, o único Nobel português de Literatura, e ainda hoje tem orgulho quando se lhe referem assim. Zeferino Coelho, 79 anos, nasceu em Paredes, uma pequena vila do distrito do Porto, em 1945. Filho mais velho de 5 irmãos, foi criado pelo avô, o que terá contribuído para poder estudar e fazer um percurso escolar que o levaria primeiro a Guimarães e depois, no ano lectivo de 62-63, à recém-criada Faculdade de Letras da universidade do Porto, para tirar o curso de Filosofia. Só na adolescência se consolida como leitor, e deve-o à biblioteca itinerante da Fundação Calouste Gulbenkian, que visitava Paredes quinzenalmente. A entrada na Faculdade trar-lhe-ia o admirável mundo novo da luta antifascista, a ousadia da troca de ideias em cafés do Porto, como o Piolho. Acabaria por aderir ao PCP aos 20 anos, partido onde trabalhou de 72 a 76. Passou pela editora Inova, entes de ajudar a criar a Caminho, onde se mantém até hoje. Foi ele que decidiu publicar o livro Levantado do Chão, de José Saramago, que havia sido recusado antes por outras editoras, e esse facto, marcou a sua vida e a da editora. Poemas primeira parte Sophia de Mello Breyner Andresen – Arte poética 2 Sophia de Mello Breyner Andresen – Senhora da Rocha Sophia de Mello Breyner Andresen – Crepúsculo dos Deuses D. Dinis – Ai flores, ai flores do verde pino João Roiz de Castelo Branco – Cantiga partindo-se Luís de Camões – Babel e Sião Antero de Quental – A um crucifixo

10-11
01:19:30

Dia Mundial do Professor - Leitura de poema de João Miguel Fernandes Jorge

No Dia Mundial do Professor, Raquel Marinho partilha a leitura de um poema de João Miguel Fernandes Jorge chamado "Durante um Exercício de Filosofia" publicado no livro Antologia dos Poemas, edição Relógio D´Água.

10-05
07:10

Milhanas (II): "A coisa que mais me comove é o silencio numa multidão, uma multidão em silencio."

Nesta segunda parte da conversa com Milhanas, continuamos a conversar sobre os poemas de que mais gosta e, mais uma vez, partimos da poesia para conversar sobre os temas que interessam, inquietam, preocupam mas também motivam e movem a nossa convidada. Poemas: Carlos Drummond de Andrade - Os ombros suportam o mundo Carlos Drummond de Andrade - Congresso internacional do medo Almeida Santos - Se tardas amor, não venhas Natália dos Anjos - Rezando pedi por ti Álvaro Duarte Simões - Barro divino

10-04
52:03

Milhanas (I): "A poesia transforma-se à medida que eu me transformo, e isso é quase uma atitude egoísta. É egoísta porque o meu amor pela poesia é sobre mim."

Chama-se Milhanas, tem 22 anos, e estreou-se na cena musical portuguesa em 2023 com o disco De Sombra a Sombra. A ligação à poesia, conta-nos, deve-se a uma professora de Literatura do secundário que lhe permitiu uma interpretação mais livre dos poemas, contrariando a análise teórica e pragmática que conhecia até essa altura.Desde a adolescência que leva a cabo uma espécie de diálogo com os poemas que vai lendo: quando gosta e se sente tocada pelas palavras de um poeta, escreve de volta em resposta e diálogo que o que acabou de ler. De vez em quando, essas respostas podem ser letras de canções, na maioria das vezes ficam na gaveta. Gostaria, um dia, de fazer um disco que incluísse em todas as canções um verso de um poema de que gosta. Já experimentou esse modelo neste primeiro trabalho usando estas palavras de António Barahona no refrão: "que Deus te pague o silêncio que me deste" Neste podcast, conversamos sobre este percurso de proximidade com a palavra escrita, a que lê e a que vai experimentando, sobre música, sobre a importância da arte na sociedade actual. Poemas: Alexandre O' Neill - Um Adeus Português Fausto - O que a vida me deu Maria do Rosário Pedreira - Ainda bem que não morri de todas as vezes José Saramago - Não me peçam razões Daniel Faria - Estranho é o sono que não te devolve

09-27
01:00:51

Milhanas lê Maria do Rosário Pedreira

A cantora e compositora Milhanas é a próxima convidada do podcast "O Poema Ensina a Cair. Maria do Rosário Pedreira é uma das suas escolhas. Hoje, a partir das 20h.

09-27
01:00

Rosa Maria Martelo (II):"A Fiama descreve essa sensação de que é possível que a natureza nos aponte o nosso lugar e aquilo que somos, que nos diga o que somos."

Nesta segunda parte do podcast com a professora catedrática de Literatura Rosa Maria Martelo, continuamos a conversa sobre alguns dos poemas de que mais gosta, que incluem autores como Luiza Neto Jorge, Fiama Hasse Pais Brandão, Wallace Stevens, Mário Cesariny e Herberto Helder. Conversamos também longamente sobre o livro Finisterra, de Carlos de Oliveira, autor sobre quem Rosa Maria Martelo fez a tese de doutoramento com a tese Carlosde Oliveira e a Referência em Poesia.

09-20
01:11:18

Rosa Maria Martelo (I):"As pessoas que sabem como é que se produz sentido têm sentido crítico, e é muito mais difícil manipulá-las. Por isso é que as Humanidades são importantes."

Rosa Maria Martelo nasceu em Vila Nova de Gaia, em 1957. É professora catedrática aposentada da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora integrada do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa. Doutorada em Literatura Portuguesa com a tese Carlos de Oliveira e a Referência em Poesia, tem-se debruçado particularmente sobre a Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea, as Poéticas do Século XX e a Literatura Comparada, como domínios de investigação. Neste podcast conversamos sobre alguns dos poemas de que mais gosta e um livro de ficção. Através destas escolhas, ficamos a conhecer melhor a relação da nossa convidada com a palavra, que é precoce, e, por exemplo, a importância que atribui ao estudo das Humanidades no tempo em que vivemos: "Quando as pessoas aprenderam a analisar um poema de Camilo Pessanha bem, e perceberam como é que ele funciona, são muito mais difíceis de enganar, por exemplo pela propaganda política, pela manipulação. As pessoas que sabem como é que se produz sentido, têm sentido crítico e é muito mais difícil manipulá-las. Por isso é que as Humanidades são importantes. No tempo em que vivemos é muito importante que as Humanidades cumpram o seu papel, desempenhem o seu papel na sociedade em que estamos, porque é por aí que nós conseguimos criar espírito crítico." Poemas primeira parte: Poetry - Marianne Moore O céu, a terra, o vento sossegado - Luís de Camões, Rimas Manhãs Brumosas - Cesário Verde, O Livro de Cesário Verde Vénus II - Camilo Pessanha, Clepsidra Ode Marítima - Fernando Pessoa/ Álvaro de Campos

09-13
01:29:22

Lena D'Água: "O meu pai trouxe a música à minha vida porque trazia discos quando ia com a Selecção. Trazia-me discos lá de fora, discos que não havia cá."

A voz dela acompanhou várias geraçõese marcou indelevelmente a história do rock português. Lena D’ Água, 68 anos, está, uma vez mais, de volta com o disco Tropical Glaciar, autoria de Pedro da Silva Martins, assim como o anterior Desalmadamente, de 2019. Poemas: Tu sabes- Lena D'Água Paz poeta e pombas – Zeca Afonso É ao mar que eu pertenço – José Fanha O que a vida me deu – Fausto Essa Mulher – Ana Terra Eu não me entendo – José Luís Gordo O Negócio (para Marc Chagall) – José Fanha Agostinho da Silva – Somente o traço que ficou no céu importa agora O Nosso Livro – Florbela Espanca

09-06
01:54:22

Poetas ao Domicílio - Maratona de Leitura da Sertã

Em 2023, a Maratona de Leitura da Sertã iniciou a actividade Poetas ao Domicílio, organizada pela Associação Cultural Casa de Gigante, de Miguel-Manso, e pel' O Poema Ensina a Cair, de Raquel Marinho. Ao longo de 3 dias, 9 poetas visitaram vários domicílios, leram poesia, conversaram com quem os quis perto, escutaram histórias deste e doutro tempo. Estiveram presentes André Tecedeiro, Francisca Camelo, João Paulo Esteves da Silva, Margarida Vale de Gato, Raquel Serejo Martins, Ricardo Marques, Rita Taborda Duarte e Vasco Gato.

08-29
56:24

Maria Antónia Oliveira - Alexandre O' Neill, Uma Biografia Literária

Maria Antónia Oliveira, biógrafa, autora do livro Alexandre O' Neill, Uma Biografia Literária, segunda edição revista e aumentada, edição Assírio & Alvim, é a convidada de Raquel Marinho para uma conversa sobre a vida e a obra do poeta português que morreu neste dia, 21 de Agosto, em 1986. Nas palavras da biógrafa, O' Neill era fascinado pela banalidade e pelo lugar comum e não gostava de pessoas demasiado conscientes da sua importância. Sobre ele, Baptista Bastos disse "parecia um miúdo com um berlinde na mão".

08-21
01:57:00

Catarina Gomes - "Um Dedo Borrado de Tinta"

Catarina Gomes nasceu em Lisboa, em 1975. É autorade quatro livros de não-ficção e do romance Terrinhas, vencedor do Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís. Foi jornalista do Público durante quase 20 anos, tendo recebido alguns dos prémios nacionais mais importantes da área, como o Gazeta. Foi duas vezes finalista do Prémio de Jornalismo Gabriel García Marquez e recebeu o Prémio Internacional de Jornalismo Rei de Espanha. O seu mais recente livro chama-se “Um Dedo Borrado de Tinta – Histórias de quem não pôde aprender a ler”, edição Fundação Francisco Manuel dos Santos. Nele, ficamos a conhecer Horácio Bernardo Rocha, IsabelFortuna, Conceição Cameira, Maria José Ferreira, Emília de Jesus Mota e Olívia do Nascimento Almeida. Homens e mulheres que não puderam aprender a ler, e quenasceram numa aldeia do distrito da Guarda chamada Casteleiro onde, em 2011, mais de 40% dos habitantes com mais de 10 anos eram analfabetos. O ensino era um privilégio para alguns, poucos, esimultaneamente um lugar de medo. Conhecemos, neste livro, ditados como “pelo sangue entra a letra”, que nos dá uma ideia de como os castigos físicos e psicológicos eram prática comum, ou ainda, um outro, que nos revela como se privilegiava o trabalho em detrimento da aprendizagem: “o saber não dá pão”. 


08-02
42:03

Benjamim (II): "Comove-me a vitória de alguém, alguém conseguir fazer alguma coisa. É das coisas que mais me comove."

Segunda parte da entrevista a Benjamim, músico, compositor, cantautor e produtor musical. Poemas segunda parte: - Construção – Chico Buarque - Moonlight Drive / Passeio ao Luar - Jim Morrison - Testamento - Ana Luísa Amaral - Uma vez quiseram-me louca a arder - Cláudia R. Sampaio - Um caso - Inês Fonseca Santos - Na hora de pôr a mesa - José Luís Peixoto Livro além da poesia: O Retorno, Dulce Maria Cardoso, edição Tinta da China

07-26
52:34

Benjamim (I): "A antropologia foi muito boa porque é uma janela para o mundo, é uma janela para analisar a sociedade. É uma maneira de olhar para o mundo."

Conhecemo-lo por Benjamim mas chama-se Luís Nunes. Cantautor, escritor de canções, produtor, compositor, músico multi-instrumentista, nasceu em Lisboa em 1986. Estudou Antropologia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova, depois rumou a Londres para estudar Engenharia de Som, e foi lá que assinou os primeiros trabalho, em inglês, e como Walter Benjamin.   De volta a Portugal instalou-se no Alentejo, construiu o estúdio que é hoje a sua principal ferramenta de trabalho, e passou a apresentar-se como Benjamim. É assim que o conhecemos e aos vários trabalhos que assinou em nome próprio ou em colaborações, ou ainda, muito importante faceta do meu convidado, como produtor. Lançou recentemente um projecto ambicioso chamado Berlengas. É um disco, mas também um filme e um bailado, que nos propõe uma viagem imaginária às Berlengas ou, diria eu, a qualquer outra ilha para onde quiséssemos fugir. Primeiro criou uma paisagem musical, depois convidou o realizador Bruno Ferreira a assinar um filme inspirado na música que lhe deu a ouvir. O resultado acaba por ser um filme/bailado, mas também um disco com 20 faixas, onde podemos encontrar ideias, no meio das letras, bonitas assim, e vou citar Eu acerto sempre por acaso/Mas o ocaso sei de cor. Poemas primeira parte: - A solução – Bertolt Brecht - Árvore Envenenada – William Blake - Pequena ode a um carro eléctrico – David Mourão-Ferreira - A Morte solitária de Hattie Carrol – Bob Dylan - Jeremias, O Fora da Lei – Jorge Palma

07-19
01:10:21

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