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UTÓPICOS Podcast de Filosofia
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UTÓPICOS Podcast de Filosofia

Author: Luisa Costa Gomes

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Utópicos é o novo podcast da escritora Luísa Costa Gomes. João Pedro Leão, físico, filósofo e patafísico é residente nas conversas sobre tudo.
32 Episodes
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Continuamos hoje a conversa sobre o paradoxo que nunca foi para talvez esclarecer melhor o que lhe falta para ser um paradoxo…Eis um pequeno resumo do que ficou para trás: na sequência do artigo de Einstein que introduzia os princípios da Relatividade Restrita, Langevin proferiu em 1911 uma conferência em Bolonha em que nunca fala de gémeos, nem de paradoxo, mas sim de um projéctil, uma bala de canhão, tirada do Júlio Verne. “De facto, escreve During no seu artigo Le Paradoxe Introuvable, “o paradoxo só aparece quando a situação põe em cena o carácter falsamente permutável dos dois observadores em movimento relativo. Se o movimento é, de facto, relativo, não se percebe porque é que o gémeo viajante não havia de se considerar imóvel em relação à Terra em movimento, de modo que tudo o que fosse válido para o seu gémeo, seria também válido para si próprio.” É justamente esta falácia que Langevin denuncia, afirmando uma assimetria essencial entre os dois observadores e promovendo a noção einsteiniana de tempo local. Assistindo à conferência de Langevin estava Bergson, que havia de ler a sua conferência “A intuição filosófica” daí a umas horas. Preocupou-o nessa altura a questão da “unidade do tempo material no seio de um universo caracterizado por uma pluralidade de ritmos de duração”. No mesmo ano de 1911 e para acentuar o engraçado da coisa, numa conferência em Zurique, Einstein imagina “um animal fechado numa caixa e cujos movimentos fisiológicos cumprissem a função de um relógio”, acrescentando, com a melhor das intenções, mais achas à confusão reinante. É só em 1918 que Herman Weyl introduz os gémeos em Espaço, Tempo, Matéria e Max Born fará menção de gémeos em 1920 num livro sobre a Teoria da Relatividade. Quanto ao paradoxo, é Von Laue que o introduz, logo em 1911, atribuindo-o a Langevin. O matemático francês Paul Painlevé formula-o por ocasião da visita de Einstein ao Colège de France em 1922, motivando uma discussão acesa, que acabará pelo acordo entre os dois físicos. Aí, Painlevé substitui o astronauta viajante pelo condutor de um comboio e os gémeos por dois comboios rápidos. Bergson, no entanto, não se convence e não se conforma e volta ao paradoxo, sem tomar em linha de conta a assimetria fundamental proposta por Einstein. Em Duração e Simultaneidade, Bergson adopta a formulação já caduca de Painlevé, e volta aos gémeos, que agora se chamam Pierre e Paul. A música é do Carl Stalling Project e chama-se CARL STALLING SELF-PARODY
O PARADOXO DOS GÉMEOS

O PARADOXO DOS GÉMEOS

2021-11-2637:38

Em Junho de 1905 Einstein publicou um artigo intitulado “Sobre a electrodinâmica dos corpos em movimento”, em que introduz a Teoria da Relatividade Restrita e a sua aplicação à electrodinâmica. Nesse artigo, Einstein dá um exemplo para ilustrar o conceito de dilatação do tempo, imaginando que se dois relógios tivessem sido sincronizados e um deles se afastasse e depois regressasse, descobrir-se-ia que o relógio que tivesse viajado estaria atrasado em relação ao que tivesse ficado no mesmo sítio. Einstein considerava tal conclusão uma consequência natural da relatividade restrita. Este artigo fundador deu origem, entre outras coisas, a rios de tinta de reflexão, debate e controvérsia sobre o enigma dos relógios que depois se veio a chamar Paradoxo de Langevin e a partir de 1922, Paradoxo dos Gémeos. Einstein nunca falou em gémeos, apenas comentou, numa conferência de 1911, que “se puséssemos um ser vivo numa caixa, poderia acontecer que esse ser vivo, depois de uma duração qualquer arbitrária de voo, poderia ser devolvido ao local de origem em condições quase inalteradas, enquanto os organismos correspondentes que tivessem ficado nas suas posições originais já há muito teriam dado lugar a novas gerações. Para o organismo que se move, a duração da viagem seria um mero instante, desde que o movimento se tivesse dado a uma velocidade próxima da velocidade da luz". Conversa entre Luísa Costa Gomes e João Pedro Leão. A música usada no início deste episódio é do CARL STALLING PROJECT (Music from Warner Brothers Cartoons 1936-1958) e chama-se There They Go Go Go.
Luís Moniz Pereira tem uma já longa carreira dedicada à investigação em Inteligência Artificial, é Professor Emérito de Ciência da Computação da Universidade Nova de Lisboa entre muitas outras coisas e um dos seus interesses mais recentes é a Moral Computacional. Escreveu em parceria com António Lopes uma colecção de artigos em Máquinas Éticas, cujo intrigante subtítulo é Da Moral da Máquina à Maquinaria Moral. Este é o link para o livro: https://novafcteditorial.pt/shop/outros-horizontes/maquinas-eticas-da-moral-da-maquina-a-maquinaria-moral/
Pedro Manuel é artista e professor de teatro e performance. Vive em Amesterdão há dez anos. Foi para a Holanda estudar teatro e acabou por fazer o doutoramento na Universidade de Utrecht com o título “Teatro sem Actores - Ensaiando Modos de Co-Presença”. Na apresentação deste trabalho, Pedro Manuel escreve: "Costumo dizer que comecei a pesquisa com o título, “Teatro sem Actores”, mas que acabei o doutoramento no subtítulo, “Ensaiando Modos de Co-Presença”. A premissa da tese é: considerando que há exemplos relevantes de discursos históricos e de espectáculos contemporâneos sem actores profissionais e sem presença humana, como é que estes casos desestabilizam uma ideia que temos do teatro e da performance como sendo uma arte definida pela co-presença entre humanos, actores e espectadores? Esta é a perspectiva da tese que fala do teatro “sem” actores, mas senti também necessidade de ultrapassar esta falta, esta ausência, e reflectir sobre como é que este tipo de teatro também é “com” outros agentes, nomeadamente, com espectadores, não-actores, animais, máquinas."
Não sabe que sentido dar à sua vida? Tudo lhe parece confuso e desencorajante? Não percebe nada de metafísica, do seu casamento, de gestão de empresas, de microcirurgia, de decoração de interiores, de moral budista, de energias renováveis, do funcionamento da memória, de arqueologia espacial? Não é feliz? Sabe que a felicidade é uma ciência? Não sabe? Mas sabe que o tédio e até a ignorância pura podem levar às suas ideias mais brilhantes? Há sempre uma ted talkà sua espera. Em 7, 11, 15, no máximo em vinte minutos a sua vida muda para sempre. Radicalmente. Bom dia, hoje falamos do horror das ted talks com João Pedro Leão.
Hoje conversamos com Isabel Castanheira, que foi professora de Filosofia no Ensino Secundário e se dedica há trinta anos a gerir uma quinta onde faz agricultura biológica e permacultura, entre muitas outras actividades culturais e de formação.  
Falo hoje com o físico e divulgador científico Carlos Fiolhais sobre a nova consciência do ar. Sabemos hoje mais da sua composição e perigos do que sabíamos antes da pandemia. A conversa centra-se na história deste "elemento" tão pouco elementar, sobretudo desde a descoberta do oxigénio por Priestley e Lavoisier.
Conversa com Carlos Alberto Augusto, compositor, designer sonoro e especialista em comunicação acústica sobre as qualidades do som e do silêncio, o ruído e o que ele nos faz.
Conversa com Margarida Gil, realizadora de cinema e televisão, pintora e ceramista, sobre a actividade e as técnicas da cerâmica entendida  como escultura.
Jorge Vala é doutorado em Psicologia Social, professor catedrático do ISCTE e investigador do ICS da Universidade de Lisboa. Publicou recentemente o ensaio Racismo, Hoje (Portugal em Contexto Europeu) na Fundação Francisco Manuel dos Santos.  
Homo Domesticus

Homo Domesticus

2021-06-1028:28

A propósito de um post que publicou no Facebook, falo hoje com Miguel Lobo Antunes, formado e reformado em Direito,  gestor cultural entre muitas outras coisas, sobre as novas  competências do Homem Doméstico, adquiridas na ausência da empregada: do cozinhar e aspirar ao passar a ferro, aos extremos de  dobragens complexas de lençóis de elásticos, boxers e pólos.
Conversa com Isabel do Carmo, médica, professora e activista política, sobre umas contas do Tribunal de Contas que fizeram a  alegria dos sectores PPP e privado.  As PPP são assim tão mais poupadinhas?  Cada vez se torna mais clara a avidez com que os investidores olham para o sector da Saúde e cada vez mais é preciso reconhecer  o papel vital do Serviço Nacional de Saúde na defesa de todos nós.
O Esperanto é uma língua construída, criada no final do século XIX pelo oftalmologista judeu-polaco L.L. Zamenoff. O seu objectivo era transformá-la numa segunda língua universal e descreveu-a primeiro no livro A Língua Internacional do Dr. Esperanto. Hoje falo com Yvette Rato, que a par do aperfeiçoamento em línguas faláveis, resolveu meter-se a aprender o Esperanto. 
A Fragilidade Branca

A Fragilidade Branca

2021-05-2044:43

A propósito do discurso presidencial na Assembleia da República  em mais uma comemoração protocolar do 25 de Abril. Sobre a conciliação, a reconciliação, a auto-flagelação, o colonialismo, o racismo, a Nossa História,  a História deles, e como com bom senso, falinhas mansas e paninhos quentes se vai lá. Etc.etc.etc.  Com João Pedro Leão.
Hoje falamos com Paulo Moura, que viajou por algumas das grandes cidades de crescimento recente na Ásia à procura dos sonhos de quem lá vive. Bangalore, Jacarta, Manila, Seul, Saigão, Hong Kong, Macau, Shenzen, Chongking, Xangai e Pequim foram o circuito percorrido. O que quer essa nova classe média emergente, a que aspira quem se muda para a cidade, o que quer dizer para eles "uma vida melhor"?
Independentemente das definições e dos números que serão sempre ambíguos e aproximativos, uma coisa sabemos ao certo: as línguas francas, o inglês, o mandarim, o hindi, o castelhano, contribuem de tal modo para o entendimento geral que representam a morte das línguas, dos dialectos e dos falares locais. Mas um falante na Índia poderá facilmente comunicar no dia-a-dia em quatro ou cinco línguas, enquanto o Ocidente se orgulha de ser vagamente bilingue. Só a Papua Nova Guiné conta hoje com cerca de 800 línguas em vias de extinção. Na Indonésia, setecentas. Na Nigéria, quinhentas e vinte e duas. No mundo fala-se pouco mais de sete mil línguas, 40% delas em perigo, com menos de mil falantes. Hoje falamos com Ricardo Salomão, especialista em Política da Língua, sobre a vida e a morte das línguas, a sua capacidade de adaptação, de apropriação de termos globais, a tradução das línguas umas nas outras, experiências de ressuscitação e as formas de agir pela manutenção da  diversidade e da complexidade da comunicação, para que as línguas francas não matem as outras.
Continuamos hoje aqui nos Utópicos a conversa sobre a possibilidade de uma Banca Ética, desta vez com o economista Jorge Bateira. Vamos concentrar-nos um pouco mais nas associações, cooperativas e mútuas, tentando perceber as suas potencialidades e limitações. Segundo um estudo apresentado ao Parlamento Europeu em 2019 pela Fondazione Finanza Etica com sede em Itália, entre 2007 e 2017, 23 bancos éticos e sustentáveis sediados na Europa viram crescer os seus activos a uma taxa média anual de 9,66%, o que quer que isso queira dizer. Destes 23 bancos nenhum tem origem ou opera sequer em Portugal. Estaremos condenados a não usufruir das, apesar de tudo, poucas iniciativas válidas e promissoras que vão surgindo pelo mundo fora?
Hoje nos Utópicos falamos com Francisco Louçã, economista e um dos fundadores do Bloco de Esquerda, sobre a possibilidade de uma Banca Ética. Este é o primeiro de dois podcasts dedicados ao assunto. O próximo, uma conversa com o economista Jorge Bateira, será transmitido para a semana. As minhas perguntas a Francisco Louçã serão cândidas mas, espero, também prementes e pertinentes. Será o conceito de Banco Ético uma contradição em termos? Será um banco sempre escabrosamente predatório? Estaremos condenados para sempre ao escândalo financeiro, ao abuso de poder, à corrupção e à destruição do sistema democrático que ela implica? E será a nacionalização da Banca ou o seu controlo público a única alternativa ao que temos agora?
Para quê tanto papel?

Para quê tanto papel?

2021-04-1540:06

Conversa com o editor VLADIMIRO NUNES, da Ponto de Fuga, sobre os novos rumos da edição, a mudança de modelo que constitui a edição digital e principalmente o print-on-demand, o modo de cortar no processo todos os elementos e intervenientes não essenciais à fabricação de livros e ao que mais interessa, à leitura! Edição de áudio de João Reis.
Sobre o tempo

Sobre o tempo

2021-04-0859:42

Conversa com João Pedro Leão.  Falamos do tempo e de como é que ele se fabrica, do instante e da duração, da memória, da mudança da nossa percepção  do tempo -  e também, já agora, sobre se ele de facto passa.
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