#191 – Mulheres na Ciência
Description
Em 2025 o Podcast Oxigênio completa 10 anos. Nesse tempo, produzimos mais de 200 episódios, várias séries e participamos de duas semanas nacionais de ciência e tecnologia. Também abrigamos inúmeros projetos da Especialização em Jornalismo Científico do Labjor e do Programa Mídia Ciência, da FAPESP. Aos poucos, passamos a fazer parte das playlists do pessoal que gosta de podcast, que gosta de ciência e, que gosta de podcasts de ciência. Ficamos conhecidos também nos cursos de jornalismo, inclusive, sendo objeto de pesquisas acadêmicas.
Queremos continuar crescendo. Sempre. Trazendo mais colaboradores, ampliando e diversificando o nosso público e quem sabe, influenciando mais pessoas a gostarem de temas científicos. Conversando e compartilhando esses assuntos, acreditando e confiando mais na ciência. E fazendo do podcast um meio de comunicação cada vez mais popular, mais agregador e mais acessível a um público maior e mais diverso.
Para celebrar esses 10 anos, tivemos a ideia de fazer episódios em parceria com outros podcasts. Com isso pretendemos apresentar outros podcasts e levar nossas ideias para outros ouvintes de podcast.
Este projeto de 10 anos, começa com este episódio de hoje, que fizemos em parceria com o Café Com Ciência, uma iniciativa do CBioClima, com apoio da FAPESP e da UNESP – Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho. Este é também um episódio especial, em homenagem ao mês das Mulheres. A entrevistada do programa é a Profa. Clarisse Palma da Silva, professora do Departamento de Biologia Vegetal da Unicamp e coordenadora de equidade, diversidade e inclusão do CBioClima.
A apresentação é de Daiane Carreira, bióloga e pesquisadora, da Gabriela Andrietta, filósofa e comunicadora e do Thiago Ribeiro, biólogo, geógrafo, doutorando em Geociências e Meio Ambiente e membro do Oxigênio, que se juntou às meninas do Café Com Ciência neste episódio que vai tratar de temas como ciência, biodiversidade e como as mudanças no clima podem afetar o nosso dia a dia. Além de um destaque para a questão da representatividade das mulheres na ciência. Prepare o seu cafezinho e venha ouvir este episódio de dupla celebração!
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Roteiro
Gabriela: Olá a todas e todos, bem-vindos ao podcast Café com Ciência, uma iniciativa do CBioClima com o apoio da Unesp e da FAPESP.
Daiane: Nós vamos falar sobre ciência, biodiversidade e como as mudanças do clima podem afetar o nosso dia a dia. Eu sou a Daiane Carreira, bióloga e pesquisadora.
Gabriela: E eu sou Gabriela Andrietta, filósofa e comunicadora.
Daiane: Prepara o seu cafezinho que nós vamos começar.
Gabriela: A nossa convidada de hoje é a professora doutora Clarice Palma da Silva. Clarice é a professora do departamento de biologia vegetal da Unicamp. É pesquisadora nas linhas de genômica e evolução das plantas neotropicais. Também é coordenadora de equidade, diversidade e inclusão do CBioClima e líder do LEEG, o Laboratório de Ecologia Evolutiva e Genômica de Plantas da Unicamp. Além dessa incrível trajetória acadêmica, a Clarice nos confessou que um dos seus hobbies é tricotar. Muito obrigada, professora, pela sua a participação.
Clarisse: Muito obrigada, Gabi. Estou muito contente de estar aqui hoje. Queria agradecer a Daiane e o Thiago também. Acho que vai ser um uma tarde muito boa.
Daiane: E hoje, gente, nós estamos realizando uma edição especial do podcast Café com Ciência em homenagem ao mês das mulheres. E além de ser uma edição especial, nós temos aqui a participação, a parceria do podcast Oxigênio com o Thiago, um dos membros do Oxigênio. Então, Thiago, seja muito bem-vindo.
Thiago: Obrigado, Daiane, Gabi, Clarice, nossos ouvintes, que tão acompanhando. É uma honra poder participar dessa edição comemorativa, em homenagem ao mês da mulher. E a gente do Oxigênio também está muito feliz de poder contribuir com essa pauta que é muito importante, né?
Thiago: Aí, aproveitando essa edição de comemorações, essa parceria é uma primeira parceria de várias que a gente vai fazer ao longo de 2025, em comemoração aos 10 anos do Oxigênio. Esse que é um podcast produzido pelo Labjor, o Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo, que é feito em parceria com a Rádio Unicamp. Então, desde já, a gente agradece demais.
Gabriela: A gente que agradece. E nessa edição comemorativa do Dia das Mulheres, eu queria reforçar que no CBioClima, a maioria das integrantes são mulheres, pesquisadoras, doutorandas, pós-doutorandas, mestras. Então, eu queria te perguntar, professora Clarice, como você vê o papel das mulheres na ciência hoje?
Clarisse: Bom, eu acho que essa é uma pergunta bastante relevante, né? Bastante importante, ainda mais se a gente pensar no dia comemorativo do Dia das Mulheres. Mas o ponto talvez principal da gente pensar na representatividade feminina é a gente pensar de uma forma, de uma visão um pouco mais ampla, que é a diversidade na ciência como um todo, né?
Clarisse: Então a gente tem esse recorte homens e mulheres (gênero), enfim, que talvez seja um guarda-chuva maior, mas a gente não pode esquecer também que está correlacionado, né, a diversidade não só de gênero, de raça, etnia, classe, e regionalidade, quando a gente pensa em regionalidade tanto de dentro do Brasil, que é um território muito grande, né? Mas territorialidade, regionalidade, é mundial também. A gente vê diferenças em relação ao Global Sul, Global Norte, aos países desenvolvidos, não desenvolvidos, enfim.
Clarisse: Então, quando a gente pensa na representatividade da mulher, a gente pode pensar num global, de todas essas representatividades. E a importância dessa diversidade, nessa ideia mais ampla, é de que a gente precisa para a ciência, no mínimo, né, mas obviamente que para todas as áreas na ciência e na pesquisa, uma visão ampla. A diversidade amplia as soluções, ela aumenta pontos de vista e isso ajuda a resolver os problemas que a gente tem.
Clarisse: É impossível alguém pensar que vai conseguir resolver um problema com o único ponto de vista, né? Se a base [é a pluralidade] aí para a ciência. Então, esse eu acho que é o grande ponto. Eu acho que você falou bem em relação a nossa questão aqui no CBioClima. A gente tem muito orgulho, né? São poucos os centros de pesquisa da FAPESP, que são coordenados por mulheres. Como a Patrícia é a nossa coordenadora. É pouco para dizer quase nenhum, né? Acho que tem mais um ou outro, então é realmente bastante sub-representado. Mas a gente tem essa felicidade e foi pensado, né, quando a Patrícia organizou, quando ela me convidou também com essa ideia. Então a gente fica muito contente de ter essa possibilidade de levantar essa bandeira da representatividade feminina, mas junto com esses outros pontos também.
Daiane: Então, fazendo um gancho nessa questão da representatividade, recentemente a Capes (Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) fez um levantamento mostrando que mais da metade dos estudantes de pós-graduação são mulheres, mas quando nós olhamos os cargos de liderança, gestão e docência, ainda são ocupados majoritariamente por homens e, se fizermos um recorte racial, nós vamos ver que a desigualdade ela é ainda maior.
Daiane: Esse também foi um estudo que, inclusive republicado e mostrado também pelo Instituto Serrapilheira, eles viram que menos de 5% das professoras universitárias e apenas 15% das líderes no governo federal são mulheres negras. Na sua opinião, professora, quais são os principais obstáculos que têm perpetuado essa desigualdade e como essa falta de representatividade pode acabar afetando as futuras gerações de meninas, mulheres, cientistas, pesquisadoras.
Clarisse: É, eu acho que esses dados são bastante importantes, né? E eu contribuo aqui que a gente tem essa inequidade tanto a nível global, né? Então, a gente sabe que pela UNESCO aí cerca de 33% das pesquisadoras são mulheres. E se a gente pensar no nível mais local, né, a gente fez esse levantamento na Unicamp, a gente tem um uma porcentagem de 36% das docentes são mulheres. E isso é vai bem de encontro com esse dado, dentro da Unicamp a gente tem esse efeito tesoura, que é o que você relatou no governo e praticamente em todas as instâncias, né?
Clarisse: Então, a gente tem as mulheres, em algumas carreiras, a gente tem as mulheres entrando no mesmo nível que homens, algumas até mais. Algumas não, né? No STEAM, as tecnologias, matemática, engenharias, o preconceito ainda mais arraigado anteriormente ao nível de elas não entrarem, né? Mas a grande maioria entra e depois vai começar a ter os cortes, né? Por isso que a gente chama de tesoura.
Clarisse: E aí, eu poderia elencar talvez uma página inteira de obstáculos. Talvez o principal obst