Ciência e energia são a chave para o futuro, mas com um preço a pagar, analisam revistas francesas
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A ciência como motor para os desafios do futuro e o controle da energia como fator de desigualdade social são alguns dos temas abordados pela imprensa semanal francesa.
O fórum "Futurapolis Planète 2025", organizado pela revista Le Point, destacou o papel central da ciência na resposta aos desafios de amanhã. Durante o evento, ficou claro que, diante das crises, a ciência não é pano de fundo, mas sim um fio condutor, e que o conhecimento deve estar no centro da tomada de decisões públicas.
A discussão sobre energia evidenciou a necessidade de repensar a capacidade das redes para absorver o aumento da demanda resultante de aparelhos cada vez mais dependentes da eletricidade, da chegada dos veículos elétricos e da exigência de supercomputadores para a Inteligência Artificial.
O uso crescente de sistemas algorítmicos também gera um “custo invisível” relacionado à água: grandes quantidades são utilizadas para o resfriamento de data centers.
Energia e domínio
A questão do controle da energia e sua ligação intrínseca ao poder é o foco do economista Lucas Chancel em seu livro Énergie et inégalités (Energia e desigualdades, em português), analisado pela revista Nouvel Obs.
Chancel, que codirige o laboratório sobre desigualdades globais da Paris School of Economics, argumenta que a energia está no centro dos interesses das sociedades desde os primeiros homens na Terra.
Historicamente, o progresso técnico — com o uso da máquina a vapor e dos moinhos — permitiu economizar força física e liberar tempo para os humanos. Essa energia, que concede poder (em inglês, power significa ambos), é, simultaneamente, um meio de emancipação e um instrumento de alienação e dominação.
Desde o período neolítico, o excedente calórico foi apropriado por minorias e utilizado como “vetor de dominação”. O desafio central, portanto, reside na propriedade e no controle de quem detém a energia.
O autor mostra que a história está repleta de intervenções públicas bem-sucedidas — como a nacionalização do setor na França do pós-guerra ou as cooperativas nos Estados Unidos — que provam não existir uma “lei natural” conduzindo à oligopolização do setor, e que o voluntarismo do poder público é fundamental.



