Então, vive
Description
Às vezes, basta uma música antiga pra abrir uma porta no tempo.
Aquela que tocava no rádio da cozinha, enquanto o cheiro do café se espalhava pela casa.
Ou aquela que embalava as tardes de domingo, quando o mundo parecia mais simples, e o tempo… mais lento.
Um perfume antigo também tem esse poder.
O cheiro do talco da avó, da roupa estendida no sol, da chuva caindo na terra.
Cheiros que moram guardados num canto da alma, e quando escapam, fazem a gente voltar pra lugares que nem existem mais.
E as fotografias…
Aquelas de bordas brancas, meio tortas, com sorrisos de verdade.
Gente que talvez já se foi, mas continua ali — viva no instante em que o clique parou o tempo.
A vida é feita disso:
de lembranças que a gente revive quando o coração pede abrigo.
E é ali, entre uma lembrança e outra, que vem a consciência:
o tempo está passando depressa demais.
A infância virou lembrança.
Os pais envelheceram.
Os amigos seguiram caminhos diferentes.
E a gente, sem perceber, virou memória também — nas histórias de alguém.
Estamos nos últimos dias de outubro.
E talvez seja a hora de lembrar que a vida é breve demais pra ser adiada.
Abraça hoje.
Liga hoje.
Diz “eu te amo” hoje.
Porque o amanhã não promete nada — e o hoje, tão cheio de vida, logo vai morar também nas gavetas do passado.
Então, vive.
Com simplicidade, com gratidão, com presença.
Porque um dia… alguém vai ouvir uma música antiga, sentir um perfume no ar…
e vai lembrar de você.




