Discoverreciferock 20250509RESENHA: Nuda – EP Menos Cor, Mais Quem
RESENHA: Nuda – EP Menos Cor, Mais Quem

RESENHA: Nuda – EP Menos Cor, Mais Quem

Update: 2008-05-21
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Nuda - EP Menos Cor, Mais Quem


Nuda – EP Menos Cor, Mais Quem (SMD/Independente)



Escute: Nuda – Colibrilho

[audio:http://media.trama.com.br/tramavirtual/mp3/m_48/241938.mp3]


Pode parecer fácil, mas muitas vezes é uma tarefa inglória “traduzir” uma obra musical para os leitores. Sobretudo se tal obra dialoga com elementos à primeira vista tão díspares e de encaixe tão inusitados numa primeira audição. Com o Nuda e seu EP “Menos Cor, Mais Quem” sinto a obrigação de recorrer a dois termos de caráter um tanto “sofisticado”, ou pelo menos, assim como o grupo em questão, longe do usual: HISTOLOGIA – Anatomia microscópica de tecidos e órgãos; estudos dos tecidos orgânicos. E HISTOGÊNESE – (Embriol.) – Formação e desenvolvimento dos diferentes tecidos do embrião.


Agora vamos trocar em miúdos. Ou ser reducionista mesmo, já que o trabalho da gente muitas vezes – quase sempre – é reduzir o trabalho alheio em algumas poucas definições, em sua maioria equivocadas. Pois aqui vai mais uma: imagine se Thom Yorke tivesse nascido no Brasil, ou formado o Radiohead após ser influenciado pelos ritmos brasileiros. O Nuda é mais ou menos isso.


Lançando mão de um lirismo assustador, com letras que beiram a perfeição, o Nuda parece uma banda formada por gente que leu muito, e no caso não se limitou “apenas” à leitura de partituras. Alguns exemplos: em “Colibrilho (Gota e Muda)”, em que uma guitarra bem fase Radiohead-The Bends se faz traduzir em MPB, extrai-se o seguinte verso: “eu quero o brilho de um colírio clarear o sou do ser do vão de ver”. E a coisa não fica “só” nisso.


Em “Deus, Às Estéticas”, canção que reúne no mesmo “mói” (palavra tão cara ao grupo) Jair Oliveira e novamente Thom Yorke, eles dizem: “e ela passa devagar no compasso de me ter a divagar/ puta e santa em furta cor de invadir o mais furtivo invasor/ com ela eu sambo em qualquer tom cinza-azul ou Tom Jobim”. Já deu para perceber que não estamos diante de uma banda qualquer, mas de um grupo que trabalha suas letras com tanto carinho como trata de seu som.


Se suas letras são sofisticadas, sua música é ainda mais difícil de ser classificada. Porque a generalização, o recorte de um Thom Yorke abrasileirado ainda é muito pouco para traduzi-la. Aí vem “Duns”, para confundir ainda mais com um baião com nuances de (de novo!) Radiohead. E outro acerto literário, talvez o maior deles: “do par, a parte que te cabe não me cabe tocar não/ pra que de arrebanhar o vasto se eu já desvendo encanto à imensidão”.


Todas as composições são da dupla Rapha (voz e guitarra) e Scalia (bateria), e é de fato assustador o manancial de repertório lingüístico e musical que o Nuda apresenta nos pouco mais de 22 minutos do EP. E, como eles não partilham da cartilha da obviedade, optam por abrir o disco com sua faixa mais fraca, “Alumia”, que pode perfeitamente afugentar o ouvinte da viagem que seria prolongar a audição deste “Menos Cor, Mais Quem” em todo o seu percurso. Deixe passar a estranheza que causa a faixa de abertura e se permita se aventurar pelo todo.


Afinal, o Nuda não é apenas um Thom Yorke brasileiro. É também… Ou seja, para decifrá-lo, seria necessário um exercício de histologia e de histogênese. Às vezes é melhor aproveitar sem tentar decifrar…


Cotação – ótimo


www.myspace.com/sitionuda


Nuda

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Hugo Montarroyos