VIDA INTELECTUAL E VIDA ARTÍSTICA
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Há diferença entre levar uma vida intelectual e uma vida artística? Neste episódio, descubra o mínimo que você precisa saber para se manter focado e sério na vida de estudos como um artista.
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“O Segredo dos Grandes Artistas” – Mason Currey
“Cartas Exemplares” – Flaubert
“Aristóteles em Nova Perspectiva” – Olavo de Carvalho
Links para ajudar os bons poetas nacionais:
“Pavão Bizarro” – Emmanuel Santiago
“O Corpo Nulo” – Lorena Miranda Cutlak
Textos lidos no programa:
ANTÃO, O SANTO, NO SEPULCRO
Por Emmanuel Santiago
Atrás dele, fechou-se a antiga tumba;
Antão, o santo, sem dizer palavra,
mergulhando no escuro mais espesso,
num mármore, encostou o velho corpo,
porém dormir não quis: rezava apenas
e, mudo, suas preces repetia.
As orações, silente, repetia,
na escuridão total daquela tumba,
mas ali não havia o santo apenas,
pois alguém proferiu esta palavra:
“Eis-me aqui — Asmodeus!”; daí seu corpo
foi atirado contra o piso espesso.
Levou as mãos ao rosto — o sangue espesso
vertendo —, então o mal se repetia:
por dezenas de vezes o seu corpo
pelos ares voou naquela tumba;
ainda assim, não disse uma palavra:
contorceu-se no chão, gemendo apenas.
E lhe disse Asmodeus: “Desejo apenas,
para deixares este breu espesso,
que me concedas uma só palavra!”,
mas, o silêncio, o santo repetia,
reverberando fundo pela tumba
e em cada frágil fibra de seu corpo.
Asmodeus rebentou-lhe, então, o corpo,
todo fraturas, sangue e pus apenas,
retorcido de dor no chão da tumba,
sem osso nenhum ou músculo espesso,
enquanto seu carrasco repetia:
“Basta que digas uma só palavra!”
Mas Antão não diria essa palavra
por mais que torturassem o seu corpo;
assim, sua paixão se repetia
até que lhe restasse, tão apenas,
seu espírito, qual mármore espesso
lacrado no silêncio de uma tumba.
Foi no chão dessa tumba, que a palavra,
algo tão mais espesso do que o corpo,
o seu silêncio apenas, repetia.
Recomendações musicais (clique para abrir o link do Spotify):
“Mozart: Piano Sonatas K. 310, K. 333 e K. 545“, por Maria João Pires.
“Mozart: Piano Concertos“, por Finghin Collins.
“Beethoven: Complete Piano Sonatas“, por Maurizio Pollini.
“Beethoven: Violin Sonatas Nos. 05 ‘Spring’ & 09 ‘Kreutzer’“, por Wilhelm Kempff e Yehudi Menuhin.
“Schubert: Complete Works For Violin & Piano“, por Julia Fischer e Martin Helmchen.
“Chopin: The Nocturnes“, por Nelson Freire.
Não citado no programa, mas recomendado: “Bach: Concerts Avec Plusieurs Instruments“, por Café Zimmermann.