Ludwig Wittgenstein
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Ludwig Wittgenstein é considerado por muitos o maior filósofo do século XX. Já em vida influenciou massivamente os meios acadêmicos, onde chegou mesmo a ser objeto de um culto. “Deus chegou, eu o encontrei no trem das cinco e quinze”, disse o economista John Maynard Keynes.
<figure class="wp-block-image size-full"><figcaption class="wp-element-caption">Ludwig Wittgenstein (Foto: Anônimo. Domínio público)</figcaption></figure>
Mas é uma escolha insólita. Wittgenstein renunciou a uma herança multimilionária, aparentemente porque seria um estorvo para o filosofar, mas gastou boa parte de sua vida em ofícios ordinários, como jardineiro ou professor de escola primária. Ele desconfiava do ensino acadêmico, leu muito pouca filosofia, legou só duas obras canônicas e publicou apenas um livro em vida.
Não há nada em sua obra das grandes sistematizações teosóficas de um Platão, um Tomás de Aquino ou um Hegel, nada da torrente de imagens poéticas de um Nietzsche, nem da força de mobilização planetária de um Marx. Na verdade, ele se dedicou quase que exclusivamente, obsessivamente até, a investigar uma única questão, mas uma questão da qual depende toda especulação teorética, toda criação poética, toda ação política: a linguagem. Ele não inventou, como os filósofos geralmente fazem, novas ontologias, mitologias ou utopias, mas, como Sócrates, instigou novas gerações a criticar suas ilusões, pensar com clareza e falar com precisão.
Em seu primeiro livro, o Tractatus Logico-Philosophicus, Wittgenstein explorou os limites da linguagem. O que, afinal, é possível dizer sobre o mundo? Aparentemente, muito menos do que se imagina. É como se as ciências pudessem falar sobre tudo, exceto o essencial, e tudo o que a filosofia tem a dizer sobre o essencial fosse nonsense.
Mas no seu livro póstumo, as Investigações Filosóficas, Wittgenstein praticamente desconstrói sua própria desconstrução. Os seres humanos não se ocupam apenas em distinguir, como fazem os lógicos, proposições falsas de verdadeiras, e seja lá qual for o limite da linguagem, eles a usarão para falar sobre o que bem entender: para contar piadas, dar ordens, iludir, rezar, persuadir. Nosso falar tem lógicas que a lógica desconhece. Quais são elas?
Convidados
Luiz Henrique Lopes dos Santos: professor de filosofia da USP e tradutor do Tractatus Logico-Philosophicus
Marcelo Carvalho: professor de filosofia da Unifesp e co-autor Fenomenologia, análise e gramática: comentário às observações filosóficas de Wittgenstein
Tiago Tranjan: professor de filosofia da Unifesp e co-tradutor das Investigações Filosóficas
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SEP: Wittgenstein — Leia o verbete dedicado a Ludwig Wittgenstein na Stanford Encyclopedia of Philosophy. Tradução de Gustavo Coelho, revisão de Jônadas Techio.
O Grande Teatro do Mundo — As “investigações filosóficas” de Ludwig Wittgenstein.
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