A criança e as cidades contemporâneas
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A psicanálise considera que o infantil não abandona o adulto: nossos amores e ódios, medos, saudades, fantasias e desejos têm raízes na criança que fomos.
Levando em conta a criação freudiana de que a personalidade se forma a partir das fases pelas quais passa a sexualidade infantil, Jean Laplanche estuda o modo como os adultos interferem nesse desenvolvimento e traz a ideia da situação antropológica fundamental, onde há uma assimetria entre adulto e criança, o adulto implantando, a partir da sua sexualidade inconsciente, o sexual no incipiente aparelho psíquico da criança.
Entre outras questões que nos impactam atualmente, a infância tem sido muito afetada pela hiperconectividade. No livro “A geração ansiosa”, o psicólogo americano Jonathan Haidt defende que a “infância baseada no brincar” foi substituída por uma “infância baseada no celular”, o que tem gerado inúmeras dificuldades emocionais, entre elas ansiedade, nos jovens da
atualidade.
Atentos a essa questão, existem movimentos que buscam combater o uso excessivo de celulares por crianças e adolescentes.
Interpeladas pela sedução tecnológica das telas e redes sociais virtuais, há no atual contexto nas cidades condições de acolhimento para o lúdico, para o desenvolvimento da criatividade, para as brincadeiras com outras crianças?
Como considerar a polis contemporânea nas relações entre adultos e crianças e do lugar dado ao infantil?
Para conversar conosco sobre a criança nas cidades atuais, convidamos o pedagogo Paulo Focchi e a psicanalista Marina Bilenky.