A violência sobre as mulheres nas catacumbas da internet
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A reportagem do P3 deste domingo sobre o grupo da rede social Telegram onde uns 70 mil portugueses trocam imagens de mulheres é arrepiante. E é-o por duas razões evidentes: primeiro pelo número de homens com interesse e disponibilidade para manifestar um machismo doentio sobre a protecção do anonimato; segundo, e ainda mais importante, por provar uma vez mais, e sem margem para dúvidas, como nas profundezas da internet se violam sem castigo os mais básicos direitos de personalidade, como o direito à intimidade e à vida privada. A reportagem de Mariana Durães revela-nos um submundo doentio, perigoso e humilhante, onde registos privados, por vezes íntimos, de milhares de mulheres são expostos sem consentimento e em geral sem conhecimento. Por vezes pelos seus maridos, namorados ou amigos.
Como explica a investigadora dos temas associados à violência sexual Maria João Faustino, essa violência contra as mulheres não é uma criação da internet. Mas a internet criou um labirinto onde essa, e outras violências, cresceram de forma exponencial. Ali, o negócio criminoso prospera numa escala impossível de estimar. Quantas mulheres fotografadas sem autorização na praia estarão a ser usadas para esse negócio? É duro questioná-lo, mas tem de ser dito: como podemos garantir que as nossas filhas, irmãs, mães, esposas, amigas ou colegas de trabalho não terão sido usadas para o alimentar? Nas catacumbas da internet, nomes falsos, esquemas informáticos, servidores instalados no fim do mundo e outros expedientes tornam estes crimes difíceis de rastrear e de punir.
Vamos saber como chegou a jornalista Mariana Durães a este submundo. E o que viu e leu por lá. Ela é a nossa convidada deste episódio.
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