O episódio 22 com a investigadora feminista Manuela Tavares abre uma janela para um momento de força coletiva e ativismo no Portugal do pós 25 de Abril de 1974 que aos olhos de hoje parece excepcional. Dado o conservadorismo político que está a surgir com cada vez mais força em Portugal e no mundo, procurei no relato da Manuela Tavares pistas para continuar o trabalho feminista. Os recentes ataques aos direitos humanos são alarmantes e para compreendê-los fui conversar com uma das mulheres que esteve presente nas lutas feministas no momento de ruptura com a ditatura em Portugal. A Manuela foi uma das mulheres que em 1976 fundou a UMAR, na altura chamada União de Mulheres Anti Fascistas e Revolucionárias e hoje União Mulheres Alternativa e Resposta. Com as mulheres do bairro do Pragal teve a coragem e audácia de ocupar um palácio para construírem uma creche que as ajudasse a criar os seus filhos. Participou no primeiro momento de ativismo político no parlamento português, como parte da campanha da despenalização do aborto, que durou anos e da qual participou ativamente.  Em 2011, publicou o livro 'Feminismos, Percursos e Desafios (1947-2007)'. Na conversa com a Manuela encontrei energia e força e uma história tremenda de entreajuda, amizade, e amor entre mulheres e pelas mulheres. Fiquei emocionada e muito inspirada com este percurso. A voz da Manuela é calma e reconfortante, talvez exatamente o que precisamos agora. 

Episode 22 with feminist researcher Manuela Tavares opens a window onto a moment of collective strength and activism in post-April 25, 1974 Portugal that, in today's eyes, seems exceptional. Given the political conservatism that is emerging with increasing force in Portugal and the world, I sought in Manuela Tavares' account clues to continue the necessary feminist work. The recent attacks on human rights are alarming, and to understand them, I spoke with one of the women who was present in the feminist struggles at the moment of rupture with the dictatorship in Portugal. Manuela was one of the women who, in 1976, founded UMAR, at the time called the Union of Anti-Fascist and Revolutionary Women. With the women of the Pragal neighborhood, she had the courage and audacity to occupy a palace to build a daycare center to help them raise their children. She participated in the first happening of political activism in the Portuguese parliament, as part of the campaign for the decriminalization of abortion, which lasted for years and in which she actively participated. In 2011, she published the book 'Feminisms, Paths and Challenges (1947-2007)'. In my conversation with Manuela, I found energy and strength and a tremendous story of mutual support, friendship, and love among women and for women. I was moved and very inspired by this journey. Manuela's voice is calm and comforting, perhaps exactly what we need now.