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Greve nas federais

Greve nas federais

Update: 2024-05-292
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No episódio de hoje do Chutando a Escada, Filipe Mendonça conversa com Maria Caramez Carlotto, professora da Universidade Federal do ABC (UFABC) e presidenta da Associação dos Docentes da UFABC. Eles discutem a greve nas universidades federais brasileiras, que começou em 15 de abril e envolve tanto professores quanto técnicos administrativos. Aperte o Play!


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Participaram deste podcast:



Capa do episódio:



Transcrição do episódio 345, “Greves nas federais”


[00:00:00 ] Filipe Mendonça: Seja bem-vindo e seja bem-vinda a mais uma edição do Estão da Escada. Aqui é Filipe Mendonça e hoje eu converso com a Maria Carlotto.


[00:00:08 ] Maria Carlotto: Oi, Filipe. Eu sou Maria Carames Carlotto. Eu sou professora da Universidade Federal do ABC, entrei em 2015 e em 2016 assumi a presidência da Associação dos Docentes da UFABC, numa conjuntura muito tranquila, né? 2016, 2020, peguei até a pandemia, saí, já tinha achado que tinha dado a minha contribuição, voltei para a direção do sindicato para contribuir de maneira muito lateral, aí fui para a vice-presidência, porque era um cargo tranquilo, e acabei tendo que assumir a presidência numa outra conjuntura muito tranquila, que é a greve docente. Então, estou agora presidente da Associação dos Docentes da UFABC.


[00:00:52 ] Filipe Mendonça: Bom, e hoje a gente fala então sobre a greve nas universidades federais brasileiras, que teve início em 15 de abril e tem mobilizado tanto professores quanto técnicos administrativos. As duas categorias estão em greve. Inclusive, os técnicos administrativos entraram em greve um pouco antes. As duas categorias, grosso modo, pedem reajuste salarial. Então, o principal sindicato dos professores tem uma proposta de reajuste. Na verdade, o correto seria chamar de recomposição, porque as propostas não pedem ganhos reais considerando a defasagem dos últimos anos e os técnicos administrativos a mesma coisa eles pedem ali uma recomposição do salário equivalente à inflação acumulada no período.


Também existem outras reivindicações, como a melhoria nas condições de trabalho e o fim do corte de verbas nas universidades. É importante destacar a grande preocupação com os cortes orçamentários que as universidades vinham sofrendo, especialmente desde o governo Temer, impactando diretamente o ensino, a pesquisa e a extensão. E pedem, obviamente, portanto, o reajuste do orçamento das universidades para que elas consigam devolver à sociedade o principal produto das universidades, que é a formação de qualidade. Especificamente, a greve docente tem algumas particularidades. você tem ali o Andes Sindicato Nacional, que é o Sindicato Nacional das Instituições Federais de Ensino Superior. Você tem também o SINASEFE, que é o Sindicato Nacional dos Servidores Federais em Educação, que tem uma carreira muito parecida, mas que tem algumas especificidades. E aí você tem o engodo, que é um sindicato chamado PROIFES, que é a Federação de Sindicatos de Professores e Professoras, que percentualmente representa uma parcela bem pequena da categoria. E aí foi justamente o PROIFES que assinou, no dia 27 de maio, na segunda-feira dessa semana, um acordo com o governo federal, prevendo um reajuste bem abaixo do que as categorias têm pedido, começando a partir de 2025.


Então, até ontem, até o dia 28 de maio, 50 universidades, institutos e centros de educação federais ainda permanecem em greve mesmo após a assinatura do acordo. Negociações entre a categoria e o governo federal continuam, mas ainda sem um horizonte definido que pode colocar fim à greve.


Bom, mas antes da gente ouvir a Maria, eu quero te pedir, se você puder, para apoiar o Chutando a Escada. Para isso é muito simples. Basta entrar em www.chutandoaescada.com.br/apoio e lá você vai encontrar várias formas de ajudar.


Bom, greve sempre é um transtorno, suspensão das aulas gera um impacto grande, é verdade, mas a greve é necessária porque é grave, e a Maria vem aqui contar para a gente tudo o que está acontecendo. Então, sem mais delongas, vamos para o papo.


[00:04:02 ] Intervenção musical


[00:04:22 ] Filipe Mendonça: Para quem nos ouve e não sabe, as universidades federais brasileiras estão no meio de uma greve, uma greve muito difícil, e a gente conversa com a Maria para ela contar um pouquinho para a gente o que tem acontecido, explicar um pouquinho quais são as demandas, as pautas e para que rumo pode ir o movimento grevista agora, nessa semana, considerando a assinatura do acordo que foi feita no dia de ontem, no dia 27 de maio de 2024.


Antes de entrarmos na agenda, Maria, me conta… que greve é essa? Qual a importância dela? O que o movimento paredista busca com essa greve? Se você puder explicar um pouco para nós, dando um panorama geral, para que o ouvinte entenda o que está acontecendo, eu acho importante.


[00:05:09 ] Maria Carlotto: Filipe, eu acho que eu posso começar dizendo que essa é uma greve histórica. Para a gente ter a dimensão do tamanho dessa greve, o Brasil tem 63 universidades federais. O levantamento feito pelo Comando Nacional de Greve ontem, dava conta de que das 63, 59 estão em greve, e duas têm greve aprovada para os próximos dias. Esse eu acho que é o primeiro dado para a gente começar a avaliar o tamanho desse movimento.


Essa greve começou no dia 15 de abril e veio não crescendo, praticamente ininterrupto e continua crescendo. Como eu falei, tem duas universidades que ainda vão entrar em greve nos próximos dias.


Qual é a pauta desse movimento histórico? A greve tem cinco eixos. O primeiro é a reposição salarial. Veja, nós a partir de um levantamento do DIEESE, nós concluímos que as perdas salariais entre 2016 e o final do governo Lula, considerando a inflação projetada, seria da ordem de 50%. Considerando que o que foi dado para nós no acordo firmado no ano passado, o reajuste emergencial de 9%, descontando isso, a gente chegou no índice de 22,71 %, que considerava-se ainda um resquício do acordo de 2015 que impactou até 2019.


A situação, a partir daquele momento, foi que a despeito de um orçamento que, se tivesse sido implementado na sua integralidade, teria sido o pior da história, muito pior do que esse, o fato é que as universidades conseguiram sobreviver àquele período, até porque a coisa era tão brutal que as emendas parlamentares compensavam um pouco aquela situação.


Hoje, nós não temos essas emendas parlamentares para as universidades e as universidades estão funcionando a pleno vapor, inclusive com demanda represada da época da pandemia. Essa situação faz com que a gente esteja hoje precisando, esse é um cálculo da Andifes, da Associação Nacional de Dirigentes de Instituições Universitárias Superiores, de uma reposição mínima de 2,5 bilhões.


Então, um segundo eixo da nossa greve é a reposição orçamentária das universidades para a gente seguir funcionando, cumprindo o nosso papel básico. Depois tem outros três eixos. A reestruturação da carreira: a nossa carreira foi muito destruída por um outro acordo afirmado pelo PROIFES em 2012; a questão dos aposentados que foram muito atingidos por esse acordo de 2012 e que, se não tiver reposição salarial em 2024, ficam realmente numa situação muito complicada;  e o revogaço, ou seja, a revogação de uma série de medidas.


[00:07:59 ] Esses são cinco eixos da nossa greve. Não é só salário, é uma greve em defesa da educação, é uma greve histórica, porque a gente vem de período de muito ataques desde o governo Temer. Desde 2015 você tem um corte de orçamento importante. A partir do governo Temer, além do corte dos ataques orçamentários, você tem os ataques simbólicos. Então a gente vem de um período muito difícil e com muitas expectativas para esse governo, expectativas que vêm sendo frustradas. E isso tem mobilizado um movimento muito enraizado, muito enraizado no corpo da comunidade universitária,

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Filipe Mendonça e Geraldo Zahran