Discoverlado bconheça a história da Justa Trama
conheça a história da Justa Trama

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Update: 2024-05-09
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Hoje é track #tbt, dia de retomar algumas produções antigas pertinentes ao contexto atual. Dessa vez compartilho com vocês o podcast que gravei, em 2020, com a Nelsa Nespolo, da cooperativa Justa Trama. À época, quem possibilitou minha ida à Porto Alegre para gravar pessoalmente com a Nelsa foi a Mercur. Eles tinham acabado de estabelecer uma parceria de produção com a cooperativa para produção da bolsa térmica 100% natural. Eu já conhecia o trabalho da Nelsa, mas não sua história completa. Nesse episódio, que é meu preferido do já extinto Backstage, é possível entender sobre como a Nelsa chegou na Justa Trama e sobre seu trabalho de construção de redes produtivas que não sejam marcadas pela verticalidade e relações exploratórias, do campo à confecção.

Esse episódio é pertinente no atual contexto, pois o avanço do agro sobre os territórios tem sido uma ameaça constante à produção de algodão agroecológico, que no Brasil é produzido em sistema consorciado, ou seja, juntamente com alimentos como feijão, milho e fava. A produção de algodão agroecológico é uma forma de ampliar a capacidade de subsistência na roça, sobretudo frente às inconstâncias climáticas, nas quais as estações já não são mais constantes e momentos de chuvas prolongadas alternados com os de secas prolongadas têm significado uma equivalente inconstância na produtividade das safras.

Nesse sentido, embora calamidades como a que estamos presenciando no Rio Grande do Sul escancarem o descaso do poder público com a severidade das consequências das alterações do clima, elas também servem para expor que o greenwashing político é parte e parcela das práticas do Estado, assim como o são das corporações transnacionais e do próprio agronegócio. Rifar o bioma regulador de chuvas do país não viria sem um preço — não para os políticos, é claro, mas para a população que, sem sombra de dúvidas, é quem menos se beneficia e mais é prejudicada pelas “externalidades” oriundas dos acordos entre o Capital e o Estado, mesmo que ela não perceba dessa maneira.

Ao mesmo tempo, o fato do Estado fazer nada ou muito pouco calamidade após calamidade também reafirma a necessidade de uma perspectiva autonomista em termos de organização comunitária, a despeito das diversas barreiras que atrasam e desanimam articulações desse tipo. No podcast com a Nelsa, falamos um pouco sobre isso, dado que, como operária, ela tem uma trajetória de articulação em movimentos de base, inclusive de muito envolvimento com o então extinto orçamento participativo. Embora vocês vão ouvir que tudo estava longe de ser perfeito, a experiência foi oportuna.

Por fim, a cooperativa Justa Trama está em um dos locais mais afetados pelas enchentes, a Vila Nossa Sra Aparecida, e estão se articulando para apoiar aquelas e aqueles que perderam tudo na comunidade. Vocês podem saber mais no Instagram e, se viável, enviar algum valor para colaborar com as necessidades imediatas.

Espero que gostem do papo, aprendam com ele, compartilhem com pessoas amiga e deixem seu <3 para eu saber que vocês curtiram.

Até a próxima,Marina Colerato



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