Como comunicar a guerra de hoje e a paz de amanhã? Manuel Poejo Torres
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Comunicar a Guerra, Pensar a Paz: O Mundo Explicado sem Eufemismos
Num tempo em que a guerra voltou ao continente europeu e a ameaça nuclear regressou ao vocabulário político, comunicar tornou-se tão decisivo quanto negociar, tão estratégico quanto deter armamento. A forma como entendemos o conflito — e a forma como os líderes o explicam — determina a capacidade de uma sociedade se proteger, se posicionar e, sobretudo, de construir paz.
Nesta conversa profunda com um dos mais atentos analistas de geopolítica e segurança internacional, exploramos não apenas o que acontece nas frentes militares, mas aquilo que raramente chega ao espaço público: a lógica das decisões, o medo que move líderes, a propaganda que molda percepções e a fragilidade das democracias perante um mundo multipolar, competitivo e cada vez mais turbulento.
A Guerra Não Desapareceu — Apenas Mudou de Forma
A guerra do século XXI já não é apenas feita de tanques, artilharia ou drones. É feita de comunicação, de opinião pública, de gestos diplomáticos e de ameaças que pairam mais do que disparam.
O conflito na Ucrânia tornou visível uma realidade que muitos preferiam não ver: o regresso do imperialismo territorial, a competição entre grandes potências e a erosão lenta da ordem internacional construída após a Guerra Fria. E, como explica o especialista entrevistado, esta realidade é o resultado direto de um mundo onde já não existe uma potência única capaz de impor regras — e onde vários Estados procuram afirmar a sua posição, mesmo à força.
“Falamos Demasiado de Guerra e Demasiado Pouco de Paz”
Esta frase, dita logo no início da nossa conversa, resume uma das grandes preocupações: a paz tornou-se um bem adquirido, quase dado por garantido, e deixou de ser pensada como projeto político.
Hoje discutimos armamento, sanções, alianças, ofensivas e contra-ofensivas, mas muito raramente discutimos planos reais de paz.
A diplomacia parece muitas vezes refém de hesitações, cálculos eleitorais e receios de perder posição. Faltam líderes com visão e coragem para assumir compromissos difíceis. Falta clareza estratégica. Falta, em suma, o que sempre faltou antes dos grandes pontos de viragem da História: vontade de mudar o rumo.
Propaganda: A Arma que Já Não Precisa de Mentir
A propaganda moderna não opera através de falsidades grosseiras — opera com ângulos, omissões e narrativas cuidadosamente organizadas.
Divide sociedades, instala ruído, confunde consensos. E, como lembra o convidado, é um mecanismo estrategicamente desenhado, não um acidente.
Hoje, qualquer conflito é também uma batalha pelo centro emocional das populações. A pergunta já não é “quem dispara primeiro?”, mas sim “quem controla a interpretação do que acabou de acontecer?”. E esta disputa é tão séria como qualquer avanço militar.
Num ambiente onde autocracias investem fortemente em desinformação, países democráticos só sobrevivem se investirem tanto em educação mediática quanto investem em equipamento militar.
A Ameaça Nuclear: Entre a Política e o Medo
Há uma década, a maioria das sociedades ocidentais consideraria inaceitável ouvir líderes políticos falar com leveza sobre o uso de armas nucleares. Hoje, essa retórica tornou-se comum.
A ameaça nuclear voltou a ser utilizada como instrumento de coerção psicológica — não necessariamente para ser usada, mas para moldar decisões, atrasar apoios, dividir alianças e impor limites invisíveis.
E, como explica o analista, esta ameaça não é apenas militar: é emocional. Desestabiliza, silencia, intimida.
Perante isto, a resposta das democracias deve ser equilibrada, firme e prudente. Nem ceder ao medo, nem alimentar a escalada.
Europa: Entre a Vulnerabilidade e a Oportunidade
A União Europeia confronta-se com uma verdade desconfortável: não tem poder militar proporcional ao seu peso económico. E num mundo onde a força voltou a ser a linguagem dominante, esta assimetria torna-se perigosa.
Apesar disso, a Europa tem vantagens únicas:
- capacidade económica para modernizar as suas defesas;
- alianças históricas que multiplicam o efeito da sua ação;
- e, sobretudo, uma rede de Estados democráticos cujo valor estratégico reside no coletivo e não no individual.
Mas falta ainda algo fundamental: coragem política para agir antes de ser tarde.
A Ética da Guerra: A Linha que Nos Define
No final, chegamos ao ponto mais difícil: a ética.
O que separa uma guerra justa de uma guerra injusta?
O que é aceitável negociar?
Que compromissos violam princípios fundamentais?
E como explicar a uma criança porque é que um país decidiu invadir outro?
A resposta do convidado é simples e trágica:
as guerras deixam sempre lições — mas as sociedades nem sempre as aprendem.
A história mostra que a Europa só foi corajosa em momentos de desespero. É urgente quebrar esse padrão.
Lições que Ficam
- A paz não é natural — é construída.
- A guerra renasce sempre que a coragem política desaparece.
- A propaganda moderna vence pela dúvida, não pela mentira.
- A ameaça nuclear é sobretudo psicológica e estratégica.
- As democracias enfraquecem quando imitam autocracias.
- Sem educação mediática, não há defesa possível.
- A Europa precisa de visão — não apenas de verbas.
- A ética não é luxo: é a fronteira que nos impede de nos tornarmos como os regimes que criticamos.
Porque Esta Conversa Importa
Num tempo de ruído, medo e incerteza, precisamos de vozes que consigam explicar, com clareza e rigor, como funciona o mundo — e o que depende de nós para que esse mundo não se torne mais perigoso.
É isso que esta entrevista oferece: contexto, profundidade e, acima de tudo, um convite à responsabilidade cívica.
Se este artigo o ajudou a compreender melhor o que está em jogo, partilhe-o.
Deixe o seu comentário, traga as suas dúvidas, participe na conversa.
Só uma sociedade informada consegue resistir ao medo — e escolher a paz.
LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO
Esta transcrição foi gerada automaticamente. Por isso, ela pode não estar totalmente precisa.
0:00
Como comunicar a guerra de hoje e a paz de amanhã?
A guerra é tão natural quanto a paz, faz parte da imperfeição da natureza humana.
0:19
Pessoa 2
Ora, vivam bem vindos ao pergunta simples, o vosso podcast sobre comunicação?
Hoje falamos de guerra, de paz e, acima de tudo, de como se comunica um mundo que já não é estável.
Um mundo onde a diplomacia hesita, onde a propaganda acelera e onde a ameaça militar, incluindo a ameaça nuclear.
0:39
Volta a moldar as decisões políticas.
O meu convidado é Manuel pués de Torres, analista geopolítico e investigador em segurança Internacional.
Alguém que conhece por dentro os bastidores da nato, a lógica da dissuasão, o Tabuleiro da diplomacia e aquilo que raramente se explica ao público.
0:57
Que a guerra não é apenas força, é também narrativa, psicologia e comunicação estratégica.
Nesta conversa, vamos tentar perceber o que está realmente a acontecer na Ucrânia, o que está em jogo nas negociações.
Porque é que falamos tão pouco de paz?
Como funciona a propaganda Moderna?
1:13
Que riscos esconde a ameaça nuclear?
E como é que tudo isto mexe com as democracias, com a opinião pública e com a vida de cada um de nós?
Se esta conversa vos fizer pensar e vai fazer, subscrevam o canal.
Deixem o vosso comentário.
E partilhem com quem precisa de ouvir estas explicações.
1:34
Manuel pues de Torres, posso apresentar te como um especialista em estratégia militar, em guerra híbrida, em diplomacia, em política Internacional, em comunicação também, porque a comunicação está aqui no meio disto tudo.
Longa experiência junto da nato.
1:50
Como é que nós conseguimos conversar e comunicar sobre um tema tão difícil?
Como a guerra, que é o sítio onde morrem pessoas.
2:01
Pessoa 1
É verdade, são tudo perguntas simples de resposta, muito complexa.
Mas acima de tudo e em primeiro lugar, um agradecimento pelo convite, por estar aqui contigo e para podermos falar de algo que é fundamenta
















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