Há histórias que parecem começar com um silêncio absoluto. Um silêncio que não é apenas a ausência de som — é a ausência de luz, de perspetiva, de chão. O que acontece quando a vida apaga o ecrã que julgávamos indispensável para nos orientarmos? Como se comunica quando os olhos já não podem dizer o que o corpo sente? Este episódio do Pergunta Simples é sobre um desses pontos de viragem. E é também sobre a força de uma voz que se recusa a ser reduzida a uma condição. Ricardo Miguel Teixeira perdeu a visão na passagem da adolescência para a idade adulta. Tinha 18 anos, uma vida por desenhar e uma expectativa de normalidade igual à de qualquer jovem da sua geração. Subitamente, foi confrontado com a escuridão e com o peso do preconceito. Não apenas o preconceito social — das alcunhas, do paternalismo, da exclusão — mas sobretudo o preconceito linguístico. As palavras com que a sociedade olha para a diferença: “coitadinho”, “inclusão”, “tolerância”. Palavras que parecem bondosas, mas escondem distâncias e barreiras invisíveis. Ao longo desta conversa, emergem três grandes lições sobre comunicação: Primeira lição: a linguagem não é neutra. Aquilo que dizemos molda como percebemos os outros. Ao chamar “coitadinho” a alguém, não descrevemos apenas uma condição; inscrevemos essa pessoa num lugar de subalternidade. A comunicação, aqui, torna-se uma ferramenta de poder. Ricardo lembra-nos que é possível inverter essa lógica com humor — usando a comédia como contranarrativa, desmontando estereótipos e criando espaço para uma relação mais verdadeira. Segunda lição: comunicar é também aprender a ler o corpo. Numa sociedade visual, esquecemo-nos de que a comunicação não passa apenas pela vista. Ricardo, que trabalha com bailarinos e artistas, mostra como os gestos, o ritmo, a respiração e a ocupação do espaço são formas de linguagem tão ricas quanto a palavra. Ensinar de olhos vendados, como faz nos seus workshops, é ensinar a escutar o corpo. É perceber que comunicar não é só falar, é também sentir e interpretar sinais invisíveis. Terceira lição: comunicar é criar redes. A comunicação não existe sem eco. Ninguém constrói um percurso sozinho. Amigos, família, colegas de trabalho — todos formam a teia que sustenta as histórias individuais. Ao longo da vida, Ricardo aprendeu que pedir ajuda não é um gesto de fraqueza, mas de inteligência comunicacional. Reconhecer a interdependência é reconhecer que o diálogo é sempre um exercício coletivo. Este episódio não é apenas sobre a cegueira ou sobre a superação pessoal. É sobre a forma como olhamos — e falamos — uns com os outros. É sobre o risco de transformar a diferença em rótulo e a necessidade de a integrar como normalidade. É sobre como as palavras que escolhemos podem abrir portas ou fechar mundos. Na tradição das grandes crónicas radiofónicas, esta é uma conversa que não se limita a narrar uma biografia. É um ensaio vivo sobre linguagem, sociedade e comunicação. É um convite a pensar até que ponto cada um de nós, no quotidiano, contribui para a exclusão ou para a aceitação. Ricardo Miguel Teixeira traz-nos, em registo cru e sem filtros, a memória da dor, mas também a ironia que salva. Usa o humor como ferramenta crítica e pedagógica, recusa o conforto do politicamente correto e insiste na urgência de aceitarmos a diversidade sem diminutivos, sem piedade, sem paternalismo. No fundo, este episódio responde a uma pergunta central: como comunicar melhor num mundo onde a diferença ainda é olhada de lado? Fique connosco. Vais descobrir que, às vezes, é preciso fechar os olhos para aprender a ver — e a comunicar — de forma mais humana, mais justa e mais verdadeira. Este episódio do Pergunta Simples mostra como a linguagem e o humor podem mudar a forma como olhamos a diferença. A missão do programa é simples: aprender a comunicar melhor. Partilhe a sua opinião, deixa comentários e ajuda-nos a levar estas conversas mais longe.
Todos os meses chega a mesma carta. O extrato, a fatura, o débito direto. E todos os meses repetimos o mesmo ritual: abrimos o envelope, olhamos para os números, franzimos o sobrolho — e seguimos em frente. Como se o dinheiro fosse somente uma rotina inevitável. Mas não é. O dinheiro é linguagem. E como qualquer linguagem, precisa de ser aprendida, dominada, comunicada. Hoje em dia, compreender como gerenciar o dinheiro: gastar, poupar e investir, especialmente no que se refere ao Dinheiro: gastar, é essencial. A literacia financeira não é uma disciplina de economia. É uma forma de comunicar melhor connosco próprios e com quem nos rodeia. Quando dizemos “não posso comprar”, não estamos apenas a recusar um consumo — estamos a dizer ao futuro: “dou prioridade à tua segurança”. Quando dizemos “eu mereço”, estamos a enviar uma mensagem ao presente: “preciso deste conforto agora, mesmo que o preço seja amanhã”. O dilema financeiro é, sempre, um dilema de comunicação e, por isso, o Dinheiro: gastar é uma habilidade que todos devemos desenvolver. E a verdade é dura: a maioria de nós fala mal esta língua. Ganhamos salários inteiros, mas pouco sobra. Temos dívidas que não sabemos explicar. Somos enganados em pequenas taxas, juros invisíveis, contratos de letra miúda. Chamamos-lhe azar, chamamos-lhe crise, mas dizemos raramente o que é: falta de literacia. Dominar o dinheiro: gastar de forma consciente pode transformar nossa relação com a economia e com nossas finanças pessoais. É aqui que entra o jornalismo — não apenas para relatar, mas para capacitar. Transformar números em histórias compreensíveis, transformar relatórios em escolhas práticas. Foi isso que o Pedro Andersson, jornalista da SIC percebeu: que um jornalista não tem só a missão de informar, tem também a de ajudar a viver melhor. Daí nasceu uma rubrica televisiva que se tornou referência nacional: o contas-poupança . Ao longo desta conversa, extraímos três lições simples e universais: A primeira é a pergunta certa: Para onde está a ir o nosso dinheiro?A segunda é o poder da escolha: cada “não” que dizemos hoje é uma mensagem de futuro.E a terceira é a liberdade: não é ser rico, é poder decidir. Falamos de casas a preços impossíveis, de carros que não precisamos de ter, de supermercados onde a inflação parece duplicar a conta. Mas também falamos de estratégias concretas: renegociar contratos, comparar preços, cortar despesas inúteis. Comunicação pura, aplicada à vida real. Este episódio não traz fórmulas mágicas. Mas deixa um espelho. E nesse espelho, cada resposta é uma pergunta que se devolve a quem ouve: sabemos explicar as nossas prioridades à família? Sabemos falar com os bancos? Sabemos ouvir os sinais que estão escondidos num extrato? A maior riqueza não é o dinheiro em si. É a capacidade de escolher — sem medo, sem pressa, sem ilusões. Porque comunicar bem com o nosso dinheiro é, no fundo, comunicar melhor com a nossa própria vida. LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO 0:12 Ora, vivam bem vindos ao pergunta simples, o vosso podcast sobre a comunicação. A pergunta do dia é, sonham em ser ricos algum dia, ganhar o euromilhões, investir na bolsa e ter sorte ou mudar para um emprego das arábias com um salário de futebolista? 0:29 Só que a maioria de nós lida com rendimentos mais modestos e com as pequenas despesas que parecem furos no nosso tanque dos rendimentos. Este programa é sobre isso, sobre o que sabemos sobre o dinheiro e o que fazemos com isso. 0:54 Todos os meses chega à mesma carta, ou OE mail, o extrato, a fatura, o débito direto. E todos os meses repetimos o mesmo ritual, abrimos o envelope ou OE mail, olhamos para os números, trazemos o sobrolho e seguimos em frente e pagamos a conta. Claro, como se o dinheiro fosse apenas uma rotina inevitável. 1:13 Mas não é. O dinheiro é uma linguagem e, como qualquer linguagem, precisa de ser aprendida, dominada e comunicada a literacia financeira. Não é uma disciplina da economia,
E se o amor fosse, ao mesmo tempo, a maior bênção e a maior armadilha da nossa vida? Se a infância que tivemos, as presenças ou ausências que sentimos, moldassem para sempre a forma como comunicamos no amor, nas amizades e até na vida profissional? Porque nos sabotamos no amor e na comunicação? Andreia Vieira A comunicação começa antes das palavras. Começa no olhar de uma mãe, no colo de um pai, no toque de quem nos cuida. É nesse silêncio inicial que se constrói o alicerce invisível da confiança. Quando esse chão falta, todo o diálogo futuro treme — e às vezes passamos a vida a repetir padrões, a sabotar relações, a confundir cuidado com controlo, presença com posse, amor com medo. Porque nos sabotamos no amor e na comunicação? É uma questão central que muitos enfrentam ao longo da vida. O episódio de hoje mergulha nesse território íntimo e universal: a comunicação nos afetos. E lembra-nos que comunicar não é apenas falar ou trocar mensagens rápidas num ecrã. É saber ouvir, dar espaço ao silêncio, ler gestos, interpretar olhares. É aceitar que também comunicamos quando não dizemos nada. Mas como se aprende isso? Como se evita a autossabotagem que destrói tantas relações? E será possível amar sem medo? A psicologia mostra-nos que as nossas histórias de infância deixam marcas invisíveis que moldam a forma como confiamos — ou desconfiamos. Quando não nos sentimos validados em crianças, arriscamos crescer a procurar provas de amor em cada gesto do outro, testando até à exaustão, muitas vezes afastando quem mais gostaríamos de manter perto. É uma espécie de profecia auto-realizável: “eu sabia que isto não ia correr bem”. E o que fazer? É aqui que a comunicação volta a ser chave. Comunicar não é apenas falar — é reconhecer emoções, nomear medos, negociar limites. É ter a maturidade de dizer: “hoje não consigo conversar, amanhã retomamos”. É assumir responsabilidade emocional: eu sei que estou em baixo, mas isso não me dá direito a despejar no outro. Neste episódio aprendemos pelo menos três lições fundamentais sobre comunicação: Primeira: os vínculos constroem-se na autenticidade. Falar é importante, mas ouvir é ainda mais. Dar espaço ao silêncio é, muitas vezes, o gesto mais humano de todos. Segunda: as emoções — mesmo as difíceis, como a raiva — podem ser transformadas em energia de proximidade, se forem comunicadas com clareza em vez de usadas como arma. Terceira: numa era de amores líquidos, de relações descartáveis e ‘apps’ que prometem tudo em segundos, comunicar exige desacelerar. Requer tempo, presença e coragem para enfrentar os medos que carregamos. O episódio abre também uma reflexão cultural sobre o papel dos homens e das mulheres no século XXI. Entre o peso dos papéis tradicionais e a sedução de discursos radicais que circulam online, muitos homens sentem-se perdidos. E muitas mulheres oscilam entre a autonomia conquistada e a tentação de repetir velhos padrões. Como comunicar nesse novo terreno? Como encontrar equilíbrio entre vulnerabilidade e força, entre presença e liberdade? Não há receitas mágicas. Há consciência, reflexão e diálogo. Há o trabalho de olhar para dentro e de, em vez de procurar mudar o outro, perceber o que em nós precisa de cuidado. Este episódio é um convite a revisitar a forma como comunicamos nos afetos, nas relações e até connosco mesmos. Porque comunicar melhor é, afinal, amar melhor — e amar melhor é, sem dúvida, viver melhor.
Vale a pena ser bom? Ou, num mundo cada vez mais polarizado, ser bom é quase um luxo ingénuo?Vale a pena parar, ouvir, acolher a diferença, quando tudo à nossa volta parece empurrar-nos para trincheiras de preto e branco, de certezas absolutas, de opiniões gritadas sem tempo para reflexão?É a velha questão da comunicação: comunicar é conquistar? Ou comunicar é escutar, é abrir espaço, é criar pontes? Neste episódio do Pergunta Simples viajamos pelo território onde a comunicação se encontra com a liderança, com a vida em equipa, com as nossas escolhas pessoais e até com a forma como a sociedade se organiza. Não é apenas uma conversa sobre empresas ou carreiras — é uma reflexão sobre como nos podemos relacionar melhor uns com os outros. Porque comunicar é isso: um exercício constante de traduzir complexidades em algo que faça sentido, que crie entendimento, que nos permita avançar juntos. Falamos de como a bondade, longe de ser fraqueza, pode ser uma das mais poderosas ferramentas de comunicação. Num mundo em que agressividade gera agressividade, insistir na gentileza é uma forma de resistência. E aqui surge a primeira lição clara desta conversa: comunicar com generosidade abre espaço para que o outro se revele. Não se trata de convencer, de impor, mas de criar condições para que as diferentes vozes se sintam seguras para participar. Quantas vezes o mais inteligente da sala é precisamente quem está calado? Quantas vezes falhamos por não saber ouvir? A segunda lição está ligada à liderança. Durante décadas acreditámos que o líder tinha de ter todas as respostas, que era quem decidia sozinho o rumo de uma organização. Mas hoje sabemos que não é assim. Liderar é criar o espaço certo para que os talentos floresçam, para que as diferenças se transformem em riqueza coletiva. É perceber que nem todos têm o mesmo perfil — há os criativos, os analíticos, os voluntariosos, os pragmáticos. O desafio da comunicação está em conseguir juntar tudo isto sem deixar que as diferenças se transformem em guerra. Liderar é sobretudo comunicar com clareza, com humildade e com sentido de propósito. A terceira lição desta conversa leva-nos ao campo mais pessoal: a comunicação começa em nós. O sucesso não é apenas a carreira, os títulos, os lugares conquistados. O sucesso é a forma como alinhamos a nossa vida com os nossos valores e como conseguimos comunicar esse alinhamento ao mundo. É saber parar para pensar, redefinir o caminho, mudar de opinião quando necessário. É ter a coragem de arriscar, mesmo com medo, e de partilhar histórias que toquem os outros. Porque comunicar não é despejar conteúdos — é ressoar no coração de quem ouve. No fundo, este episódio é um convite a repensar o que significa comunicar num tempo em que as redes sociais alimentam a polarização, em que os algoritmos reforçam bolhas e em que a pressa parece ter substituído a escuta. Mas também é uma janela de esperança: se acreditarmos na inteligência coletiva, se soubermos envolver todos — dos chefes aos “índios”, dos entusiastas aos críticos — podemos criar um verdadeiro sentimento de pertença, uma cultura de colaboração que faz nascer soluções mais fortes, mais rápidas e mais humanas. Ao longo desta conversa, fica claro que comunicar é muito mais do que falar. É criar condições para que os outros possam falar. É abrir espaço para a diversidade de perspetivas. É ter a humildade de admitir que não temos todas as respostas. E é, acima de tudo, não esquecer que por trás de cada cargo, de cada função, de cada etiqueta, há sempre uma pessoa — com medos, com sonhos, com valores, com a sua própria história para contar. Se quisermos resumir: comunicar melhor passa por três gestos simples mas transformadores — ouvir mais do que falar, explicar sempre o porquê e alinhar a nossa vida com o que realmente tem significado. É isso que dá credibilidade, é isso que dá força à palavra, é isso que distingue um comunicador de alguém que apenas emite sons.
A ciência começa sempre por uma pergunta. Vida eterna: Podemos reverter o envelhecimento? Porquê? Como? Para quê? Podem escolher a melhor. Perguntas que parecem simples, mas que abrem mundos inteiros de investigação. Maria Manuel Mota gosta de lembrar que a boa ciência nasce assim: não de respostas imediatas, mas da capacidade de formular perguntas certas, no momento certo, com os olhos bem abertos para o que ainda não sabemos. É a partir desta ideia que nasce o GIMM Fest, um novo encontro internacional em Lisboa que, na sua primeira edição, é dedicado ao envelhecimento e à longevidade. Durante três dias, especialistas de todo o mundo juntaram-se para discutir um tema que nos toca a todos: como vivemos mais tempo e melhor. Em Portugal, a esperança média de vida subiu de 60 anos, nos anos 70, para mais de 80 hoje. Não tarda e estamos nos 90, ou 100. Mas a questão já não é somente quantos anos acrescentamos à vida. É como garantir que esses anos são vividos com saúde, qualidade e propósito. Dirigir um festival científico é apenas uma pequena parte do que Maria Manuel Mota faz. Todos os dias lidera uma comunidade de mais de 500 cientistas na Fundação GIMM, instituição criada a partir da fusão do Instituto de Medicina Molecular com o Instituto Gulbenkian de Ciência. O seu trabalho é recrutar talento, abrir espaço para novas ideias e garantir que cada investigador tem as condições necessárias para formular as suas perguntas e procurar respostas. Um retrato de liderança que junta ciência de ponta e gestão humana, num ambiente onde a colaboração conta tanto como a competição. Mas Maria Manuel Mota é, antes de tudo, investigadora. O seu nome está associado ao estudo da malária, uma doença que continua a matar centenas de milhares de pessoas todos os anos. Passou por Londres e por Nova Iorque, trabalhou com alguns dos nomes maiores da biologia do parasita Plasmodium e ajudou a desvendar como este organismo microscópico invade o fígado humano e se espalha pelo sangue. Nesta conversa ouvi Maria Manuel Mota falar da importância da intuição e até do acaso na investigação, sem nunca perder o rigor científico. Ouvimos histórias de como uma descoberta pode nascer de um detalhe esquecido ou de uma conversa inesperada. E percebemos como o trabalho de laboratório se cruza com temas que dizem respeito a todos: envelhecer, viver mais tempo, viver melhor. Tópicos falados00:12 Abertura — Perguntas, respostas e o espaço entreBoas-vindas e missão do Pergunta Simples: comunicar melhor através de boas perguntas.00:29 Quem é a convidada e o GIMMApresentação da cientista e do centro com +500 investigadores em Lisboa.01:29 GIMM Festival: envelhecimento e longevidadeO que é o festival, por que começa neste tema e o foco em viver mais e melhor.02:14 Liderar 500 cientistasRecrutar talento, criar cultura de colaboração e dar condições para investigar.02:54 Malária em focoPercurso internacional, o Plasmodium e o fígado como palco da infeção.03:09 Intuição, acaso e rigorComo detalhes e conversas inesperadas disparam descobertas científicas sólidas.15:46 Mentores e o “velcro” das celulas na viagem até ao fígadoA influência de Victor Nussenzweig e a experiência que explicou a viagem do Plasmodium até ao fígado.23:24 Perfuração celular: do filme à provaDo registo em vídeo à demonstração de que o parasita perfura células para chegar ao fígado.30:21 Como funciona o Fest (cientistas → público)Dois dias à porta fechada, síntese para a sociedade e perguntas-chave para orientar a investigação.35:26 Propósito, liderança e perguntas finaisViver com sentido, desafios de género na ciência e questões em aberto (inclui memória imunitária). LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO 0:12 Ora, vivam bem vindos ao pergunta simples, o vosso podcast sobre comunicação. As férias deverão acabaram e estamos de volta para uma nova série de programas, sempre à volta das perguntas e das respostas e de tudo aquilo que está no meio delas,
“Os adolescentes não são o problema. O problema é quando não lhes damos condições para florescer. Eles têm uma enorme capacidade de reflexão e consciência — só precisam de espaços seguros para o mostrar.” – Tânia Gaspar
Quando pensamos em Chelas, Marvila ou na Cova da Moura, o que nos vem à cabeça? Crime? Exclusão? Estigma?A verdade é que, na maior parte das vezes, os bairros periféricos só aparecem nas notícias por más razões. Mas quem lá vive tem uma história muito mais rica para contar — feita de cultura, solidariedade, música, resistência e sonhos. Quem conta as histórias do bairro? António Brito Guterres [ESSENCIAL] Neste episódio do Pergunta Simples, revisitamos uma das conversas mais marcantes do último ano: a entrevista a António Brito Guterres, assistente social, investigador em estudos urbanos e contador de histórias. António tem dedicado a vida a dar voz a quem raramente a tem. “Se as narrativas não saltam o muro, essas pessoas deixam de existir para os outros”, lembra. Ele é uma figura central para compreender a questão de quem conta as histórias do bairro? António Brito Guterres [ESSENCIAL] Ao longo da conversa, atravessamos temas que tocam fundo na vida em comunidade e na forma como nos vemos como sociedade: 📍 Narrativas invisíveis – porque é que a comunicação sobre os bairros continua a ser reduzida a duas categorias: crime e acidente. 🏘️ Urbanismo e desigualdade – como o desenho da cidade pode reforçar exclusão e perpetuar ciclos de pobreza. 🎵 Rap e resistência – de Plutónio a Bispo, como a música se tornou poesia, identidade e ponte cultural. 🚓 Segurança e fricção – a relação tensa entre polícias e comunidades, entre perceção mediática e realidade vivida. 🌱 Esperança e futuro – os sonhos das novas gerações e o que significa oferecer trampolins em vez de gaiolas. Mais do que um retrato sociológico, António Brito Guterres traz uma reflexão poderosa sobre quem tem o direito de contar histórias. E sobre como a comunicação pode ser ferramenta de emancipação — ou de silenciamento. Esta é uma reedição especial da série [ESSENCIAIS], que recupera os episódios mais comentados e partilhados do Pergunta Simples nos últimos 12 meses. Se ainda não ouviu esta conversa, o verão é a altura certa para descobrir. 🎧 Ouça ou veja o episódio completo aqui: 🎦 YouTube 🎧 Spotify 🍎 Apple Podcasts 📺 RTP Play 🌐 Website 💡 E não se esqueça: subscreva o canal, ative o sino, deixe o seu comentário e ajude-nos a continuar a criar conversas que fazem diferença.
Tenho medo que essa felicidade nunca mais volte. Foi o que Gabriela Barros me disse, sem hesitar. A partir daí, a conversa deixou de ser apenas sobre teatro, televisão ou humor — e tornou-se uma reflexão sobre viver intensamente um momento… e aceitar que ele pode não se repetir. Falámos da Gabriela que guarda mistério na vida pessoal para poder ser qualquer pessoa em cena, que usa o humor como ponte e escudo, que enfrenta críticas sem perder a vontade de arriscar e que quer ensinar à filha a arte de rir de si mesma e do mundo. “Quem me faz rir já me ganhou.” Entre vulnerabilidade e confiança, Gabriela Barros revela-se magnética — dentro e fora de cena.
O humor ainda nos pode salvar? Nuno Markl reflete sobre ironia, redes sociais, limites da comédia e a urgência de rir com inteligência num mundo literal e polarizado. Uma conversa franca, divertida e cheia de lucidez — agora em reedição especial no Pergunta Simples.
O médico psiquiatra Júlio Machado Vaz – uma das vozes pioneiras em Portugal a falar abertamente sobre relações e sexualidade – ensina-nos a importância de praticar a escuta ativa e a empatia na comunicação íntima
Como se toma uma boa decisão… sem saber tudo? A política pode viver com dúvidas? A ciência deve hesitar? E nós — cidadãos comuns — conseguimos agir em tempos de incerteza?
Aprende a conversar sem conflitos com quem pensa diferente. Descobre como comunicar e entender ideias opostas: Como Falar com Alguém que Pensa o Oposto de Ti.
A inteligência artificial chegou.Não é preciso ser técnico para perceber que alguma coisa mudou.Hoje, um motor de busca já acerta nos nossos desejos antes de termos tempo de os dizer.Um algoritmo sugere um vídeo, outro mostra um produto, outro escreve um texto inteiro — e tudo parece funcionar com uma espécie de magia silenciosa.Mas será mesmo magia? O nosso convidado sabe que não. E sabe porquê.Bernardo Caldas é uma das pessoas mais lúcidas que conheço sobre o tema.Lidera equipas de dados e IA numa das maiores fintechs europeias, criou o projeto Data Science for Good, e tem pensado a fundo — com inteligência, mas também com alma — sobre os impactos reais da inteligência artificial no mundo onde vivemos. Nesta conversa, começamos com uma pergunta simples, mas provocadora:E se a IA te conhecesse tão bem como o teu melhor amigo?Assustador? Fascinante? Ambos? O Bernardo ajuda-nos a perceber porque é que esta tecnologia — que parece tão intuitiva — é, na verdade, o resultado de padrões.Padrões de linguagem, de comportamento, de atenção.A IA não “sabe”, não “sente”, não “pensa” no sentido humano — mas aprende a imitar tão bem que nós acreditamos. E o problema começa aí. Falamos do que distingue imitação de criatividade.Do que está por trás dos modelos generativos que escrevem, desenham e respondem com uma fluidez que nos desconcerta.E de como estes sistemas — criados para gerar conteúdo “credível” — não têm maneira de saber se estão a dizer a verdade.Podem escrever um disparate com toda a segurança de um professor catedrático. Mais à frente, mergulhamos na questão da responsabilidade.Se a máquina erra — quem responde?Se um algoritmo toma decisões médicas, jurídicas ou políticas — onde está o humano no processo? Discutimos o impacto da IA nas profissões: não só nos trabalhos manuais, mas nos intelectuais.Sim, programadores, consultores, copywriters, jornalistas — ninguém escapa.O Bernardo diz-nos que o trabalho que sobrevive é aquele onde há contexto, empatia e julgamento.Mas até os psicólogos estão em risco — e ele conta um estudo surpreendente que mostra como, em certos casos, as pessoas acham que um chatbot foi mais empático do que um terapeuta humano. Depois passamos para o tema que mais me inquieta:a economia da atenção.Porque é que os nossos feeds estão cheios de raiva, medo e teorias da conspiração?Porque é que a moderação desapareceu do radar? A resposta, segundo o Bernardo, está na forma como os algoritmos são treinados: não para informar, mas para prender.A verdade é irrelevante se a mentira for mais clicável.E isto coloca a democracia em risco real. A certa altura da conversa, ele diz uma coisa que me ficou: “O maior perigo da IA não é o apocalipse das máquinas.É deixarmos de acreditar em tudo.” É esta a verdadeira crise: a erosão da confiança pública.Não sabemos o que é real. Não sabemos em quem acreditar.E se não confiamos em nada — também não conseguimos decidir nada em comum.A democracia desliga-se. Mas nem tudo é distopia.O Bernardo também nos fala do lado esperançoso:De como a IA, se bem pensada, pode ser inclusiva.De como pode ajudar uma avó em Trás-os-Montes a resolver um problema complicado com linguagem natural.De como pode aliviar tarefas mecânicas e devolver-nos o que há de mais humano: a conversa, a atenção, o sentido. No fim, voltamos às emoções.Pode uma IA sentir? Ter consciência? Vontade própria?A resposta dele é clara: não.E, curiosamente, isso até nos pode dar algum descanso. Esta é uma conversa que não pretende fechar nada —mas que abre muitas janelas para pensar o que vem aí.E pensar, neste caso, é mesmo urgente. Se gostares, partilha este episódio com alguém que acha que inteligência artificial é só “coisa de engenheiros”.Ou com alguém que acha que já não há nada a fazer.Porque há.Mas temos de começar por perceber. LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO 0:12 Ora, vivam bem vindos ao pergunta simples, o vosso podcast sobre comunicação?
Vivemos num tempo acelerado, de respostas rápidas, notificações constantes e poucas pausas para pensar. A informação chega em excesso, a comunicação tornou-se instantânea e, muitas vezes, vazia. Perguntar parece ter-se tornado um ato quase subversivo. Questionar o mundo, o tempo, a vida, até a nós próprios, pode soar estranho, deslocado ou até incómodo. Mas talvez seja justamente esse desconforto que precisamos de recuperar. É nesse gesto simples e revolucionário — o de fazer perguntas — que entra a filosofia. Neste episódio do Pergunta Simples, falamos com António Castro Caeiro. É professor universitário, tradutor, ensaísta e uma das vozes mais singulares da filosofia contemporânea em Portugal. Mas mais do que títulos, Caeiro é alguém que pensa o mundo com palavras, com o corpo e com uma atenção rara às perguntas certas. Convida-nos a desacelerar, a escutar, a habitar o tempo e a linguagem com mais cuidado. Nesta conversa, há espaço para dúvidas sem fim, para silêncios reveladores e para a beleza difícil das ideias que resistem à simplificação. 🎦 YouTube https://www.youtube.com/@pergunta.simples?sub\_confirmation=1 🎧 Spotify https://spoti.fi/3kb07qm 🍎 Apple https://bit.ly/3i6P5a3 📺 RTP https://www.rtp.pt/play/p7644/pergunta-simples 🌐 www.perguntasimples.com
Todos nós temos um professor que nos marcou. Descubra nesta reflexão: O que torna um professor inesquecível.
Gabriela Barros fala sobre humor, representação e vulnerabilidade numa conversa intimista e divertida. Do Taskmaster ao Pôr do Sol, exploramos o que é preciso para fazer rir com precisão. Uma atriz com ritmo, verdade e escuta, num episódio essencial do Pergunta Simples sobre a arte de estar em cena.
Descubra os segredos para se destacar ao falar em público. Aprenda como fazer uma boa apresentação em público?
Há perguntas que mudam tudo. Mudam o rumo de uma conversa. Mudam uma decisão. Às vezes, mudam mesmo uma vida. A tua. Ou a de alguém que te ouviu perguntar no momento certo. Mas o que é, afinal, uma pergunta poderosa? Não é uma pergunta para parecer esperto. É uma pergunta que cria espaço. Espaço para o outro pensar. Para se ouvir. Para ver com mais nitidez. Vivemos rodeados de respostas apressadas, diagnósticos de bolso e certezas com prazo de validade de 30 segundos. Mas talvez o mais transformador — hoje mais do que nunca — seja isto: Fazer uma pergunta com verdadeira curiosidade. Vamos explorar juntos a temática de Como Fazer Boas Perguntas? e entender sua importância. Hoje falo-te disso. Do poder da pergunta certa. De como se faz. E do que ganhamos quando deixamos de querer saber tudo — e começamos a querer entender melhor. O que é uma pergunta poderosa? Não é técnica. Não é estratégia. É uma forma de estar. É uma pergunta que não invade, não obriga, não empurra. É leve no gesto, mas profunda no efeito. Não tenta mostrar o que tu sabes. Tenta revelar o que o outro ainda não tinha visto. Ou o que talvez já soubesse — mas ainda não tinha dito em voz alta. E quase sempre… são perguntas simples. – O que é que ainda não foi dito? – O que te parece que te está a travar? – O que mudou, desde que começaste a pensar nisto? – O que é que ainda não foi dito? – O que te parece que te está a travar? – O que mudou, desde que começaste a pensar nisto? São perguntas que, quando bem feitas, não assustam. Desarmam. E o mais curioso é que não têm resposta imediata. Porque fazem pensar. Queres experimentar? Pensa numa decisão recente em que hesitaste. Agora, pergunta-te: “Se eu não tivesse medo… o que faria?” Fica aí. Vê o que aparece. Não forces. Só escuta. Este é o efeito de uma boa pergunta. Não resolve. Mas revela. E às vezes, é tudo o que precisamos. As perguntas que puxam por nós… e as que nos encolhem Já estiveste numa reunião onde alguém pergunta: “Porque é que ainda não trataste disto?” O ambiente muda. O corpo encolhe. A resposta encolhe. A conversa fecha. Agora imagina o mesmo momento, mas com outra pergunta: “O que te está a bloquear?” Ou: “O que é que ainda precisas para avançar com isto?” O conteúdo pode ser o mesmo. Mas o tom, o impacto e a disposição do outro… são totalmente diferentes. Há perguntas que abrem. E há perguntas que fecham. E depois, há aquelas perguntas que parecem neutras — mas são só julgamentos com ponto de interrogação no fim: “Não achas que devias ter feito diferente?” “Estás mesmo certo disso?” “Porque é que só falaste agora?” Estas perguntas não querem saber. Querem vencer. E quando sentimos isso, protegemo-nos. A pergunta poderosa, ao contrário, não exige resposta certa. Cria espaço para uma resposta verdadeira. Como se aprende a perguntar melhor? Como tudo o que importa: com prática. Fazer boas perguntas não é talento. É treino. É afinação. É como afinar o ouvido para a música. Ou o paladar para o vinho. Começa por escutar. Por reparar. E por parar de querer ter razão. Exercício simples: Escolhe uma conversa que vai acontecer esta semana — uma reunião, uma conversa difícil, um jantar. Prepara duas perguntas que gostavas de fazer. Só isso. Mas faz isto: – Escreve-as antes. – Lê-as em voz alta. – E pergunta a ti próprio: isto convida ou acusa? Se a pergunta for sincera — leva-a contigo. Se for uma opinião disfarçada de pergunta… deixa-a em casa. Outra prática que resulta bem: quando deres por ti prestes a dizer “eu acho que…” — trava. E tenta isto: “O que te faz pensar assim?” “Queres contar-me como chegaste a essa conclusão?” Ao fazer isso, estás a trocar julgamento por curiosidade.
Descubra como se forma uma ilusão convincente e suas consequências. Entenda "Como nasce uma mentira com cara de verdade
Filipa Martins, que esteve na Ucrânia em plena guerra, explora reflexões sobre o que nos impede de compartilhar experiências. Que histórias ainda não ousámos contar?
Pest
Não consegui parar de ouvir e quando acabei comecei outra vez.