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A palavra ódio mata? Carlos Alberto Poiares

A palavra ódio mata? Carlos Alberto Poiares

Update: 2024-05-15
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Description

A linguagem tem um efeito sobre as pessoas.


E as palavras, mesmo que pareçam inócuas, entram na nossa cabeça e produzem uma influência.


Afinal, pensamos através das palavras. Os rótulos que metemos na realidade.


Palavras, imagens, gestos.


Tudo é comunicação.


Quando as palavras e as ações se conjugam para o mal, assistimos a crimes que dificilmente conseguimos perceber.


É nesse momento em que a justiça e a psicologia se juntam.


Para julgar e para entender as circunstâncias particulares desse crime.


Os crimes com motivações de ódio estão nesta grande caixa do horror humano.


Portugal pode estar a deixar de ser a exceção e a tornar-se mais um a ter de lidar com os fenómenos mais básicos da falta de respeito pela vida humana.


Esta edição é uma busca incessante à pergunta: porquê?




TÓPICOS & TEMPOS


00:00 :00 Início


00:00:12 O efeito da linguagem na disseminação do ódio
Discussão sobre como as palavras e ações podem contribuir para crimes de ódio e a responsabilidade social associada.


00:01:30 Crimes de ódio em Portugal
Análise dos recentes casos de crimes de ódio em Portugal, incluindo propaganda nazista e violência contra pessoas vulneráveis e imigrantes.


00:02:38 Motivações por trás dos crimes
Exploração das possíveis motivações por trás dos crimes de ódio, incluindo a influência da ideologia totalitária nazista.


00:06:43 Aspectos políticos associados à violência
Discussão sobre a associação da violência com ideologias políticas e a responsabilidade política e social em lidar com esses crimes.


00:11:34 Comunicação, política e justiça
Análise da interligação entre política, justiça e comunicação, e a influência da comunicação na disseminação de propaganda e ódio.


00:13:22 Desafios na comunicação da justiça
Reflexão sobre os desafios da comunicação na área da justiça, incluindo a importância da precisão e autenticidade das informações.


00:15:26 Avaliação psicológica em casos de crime
Discussão sobre a necessidade de avaliação psicológica em casos criminais para compreender a personalidade e motivações dos envolvidos.


00:16:02 O papel da avaliação psicológica
Discussão sobre a importância da avaliação psicológica em casos criminais e a necessidade de psicólogos especializados.


00:19:04 A importância da individualização das penas
Exploração do papel da personalidade do arguido na fixação da pena e a necessidade de individualização das penas.


00:21:15 A análise do comportamento criminoso
Reflexão sobre a importância de compreender as razões e interações por trás de um crime e a necessidade de perguntas fundamentais.


00:24:10 A neutralidade da psicologia forense
Discussão sobre a neutralidade da psicologia forense e seu papel em compreender os comportamentos criminosos.


00:26:25 A importância do diálogo entre psicologia e direito
Exploração da necessidade de diálogo entre psicologia e direito, e a importância da comunicação acessível a todos os envolvidos.


00:30:08 Facilitando o diálogo entre psicologia e direito
Discussão sobre a necessidade de guias para psicólogos e juristas e a importância do diálogo entre as duas áreas.


00:31:20 O papel do psicólogo no sistema judicial
Discussão sobre a importância do papel do psicólogo como perito em processos judiciais.


00:32:30 A interseção entre direito e psicologia
Exploração da importância da interseção entre direito e psicologia na compreensão de casos criminais.


00:33:32 A evolução da abordagem à doença mental na justiça
Análise da evolução da abordagem à doença mental na justiça ao longo do tempo.


00:37:10 A responsabilidade em casos de inimputabilidade
Discussão sobre a responsabilidade de indivíduos com doenças mentais em casos criminais.


00:44:03 O impacto do discurso securitário na sociedade
Abordagem sobre o impacto do discurso securitário na sociedade e na mediatização do crime.


00:47:29 Manipulação da percepção da criminalidade
Discussão sobre a manipulação e distorção da percepção da criminalidade na sociedade.


00:47:49 Discurso político e segurança
Discussão sobre a manipulação política através do discurso populista e propaganda.


00:49:55 Aumento da criminalidade e leitura dos dados
Análise da interpretação errada dos dados de criminalidade durante a pandemia.


00:50:58 Casos sem solução na justiça
Reflexão sobre casos sem solução e a produção de conhecimento para futuras gerações.


00:53:40 Verdade judicial e histórica
Análise da diferença entre a verdade judicial e a verdade histórica em casos judiciais.




As notícias ainda me ecoam na cabeça.


A primeira informa que um jovem menor, do Porto, terá sido, alegadamente, o mandante de um crime no outro lado do atlântico, no Brasil.


Uma rapariga de 17 anos morreu, em S Paulo.


Há ainda mais 5 casos em investigação, na forma tentada.


O traço comum destes casos é que foi usada uma rede social para espalhar propaganda nazi com forte componente de ódio.


Com um apelo ao recurso a massacres violentos tal como são vistos a miúde nos Estados Unidos.


Nos últioms dias aconteceram mais dois casos de violência em Portugal contra pessoas vulneráveis e migrantes em Portugal.


O mesmo padrão: o ódio, a violência, a ausência de empatia e humanidade mínima.


Quando este tipo de caso é investigado e chega a tribunal entram em cena os psicólogos forenses.


Cabe-lhes explicar o que está na cabeça destas pessoas.


O porque fizeram o que fizeram. O para o que fizeram.


Carlos Alberto Poiares é jurista, licenciado em direito e doutor em Psicologia.


Junta os saberes da lei e da psicologia e estuda os fenómenos de exclusão social e delinquência juvenil.


Fui em busca dos porquês. A começar pelo caso do jovem do Porto.


LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO


JORGE CORREIA (00:00:12 ) – Ora viva um. Bem vindos ao Pergunta Simples o vosso Podcasts sobre Comunicação. A linguagem tem um efeito sobre as pessoas e as palavras, mesmo aquelas que nos pareçam mais inócuas, entram na nossa cabeça e produzem alguma influência. Afinal, pensamos através das palavras, os rótulos que metemos na realidade palavras, imagens, gestos, tudo isto é comunicação. Quando as palavras e as acções se conjugam para o mal, assistimos a crimes que mal conseguimos perceber. É nesse momento em que a justiça e a psicologia se juntam para julgar e para entender as circunstâncias particulares desse crime. Os crimes com motivações de ódio estão nesta grande caixa do horror humano. E Portugal pode estar a deixar de ser a exceção e a tornar se mais um, a ter de lidar com os fenómenos mais básicos da falta de respeito pela vida humana. Esta edição é uma busca incessante à pergunta por que? As notícias dos últimos dias ainda me ecoam na cabeça. A primeira informa que um jovem menor do Porto terá sido, alegadamente, o mandante de um crime no outro lado do Atlântico, no Brasil.


JORGE CORREIA (00:01:30 ) – Uma rapariga de 17 anos morreu em São Paulo. E há ainda mais cinco casos a investigação na sua forma tentada. O traço comum nestes casos é que foi usado uma rede social para espalhar propaganda nazi com forte componente de ódio, com um apelo ao recurso a massacres violentos, tal como são vistos em miúdo nos Estados Unidos. Nos últimos dias aconteceram mais dois casos de violência em Portugal contra pessoas vulneráveis e imigrantes. O mesmo padrão o ódio, a violência, a ausência de empatia e humanidade. Quando este tipo de caso é investigado e chega a tribunal, entram em cena os psicólogos forenses. Cabe lhes tentar explicar o que está dentro da cabeça destas pessoas, porque fizeram o que fizeram e para que é que o fizeram. Carlos Alberto Poiares é jurista e licenciado em Direito e doutor em Psicologia. Ele junta os saberes da lei e da psicologia e estuda os fenómenos da exclusão social e da delinquência juvenil. Fui em busca dos porquês, a começar pelo caso do jovem do Porto. Trata se daqueles fenómenos que.


CARLOS ALBERTO POIARES (00:02:38 ) – Felizmente, no nosso país não estamos habituados a ver.


CARLOS ALBERTO POIARES (00:02:42 ) – São mais notícias que vêm dos Estados Unidos ou de outros pontos que achamos sempre muito distantes do nosso. Mas de vez em quando isto também nos cai dentro de casa. E este é um exemplo, primeiro lugar, do que é a capacidade organizativa de uma pessoa muito jovem, utilizando as tecnologias que tem, como todas, a vantagens e inconvenientes. Aqui eu uso a tecnologia para criar uma parceria, para se afirmar também porque há sempre um desejo de reconhecimento social quando estes casos aparecem com nome assinatura, ainda por cima quando se prevê a transmissão em directo que paga, ainda para mais como forma de divulgar os seus feitos, feitos esses que, tendo sido gorado o segundo, que era o assassínio de um sem abrigo, de uma pessoa muito vulnerável, o que ainda agrava mais a responsabilidade, mas já tinha sido usado e levou à morte de uma rapariga. Portanto, nós estamos aqui a assistir a um panorama incomum em Portugal, infelizmente já vulgarizado noutras paragens, que tem uma base de crime de ódio subjacente. Repare quando isto passa de uma situação de uma rapariga, eu não sei quais seriam os alguns aspetos específicos que houvesse ou não dessa rapariga, mas agora estamos a falar de um crime contra

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Jorge Correia